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Harry Beckwith
Todo marido e toda mulher sabem disto: seres humanos não são racionais.
Saber disso é essencial para ser um bom marketeiro, mas apenas se você entende uma
questão relacionada:
Seres humanos são irracionais, mas de maneiras que você pode prever.
Considere, por exemplo, o paradoxo do “bom” x “melhor” x “o melhor”:
Alguns quilômetros ao sul do centro de Minneapolis, vá até a Lake Street, dirija mais alguns
metros e olhe para a direita para ver um local famoso: o restaurante que um dia serviu o melhor
café da manhã do mundo.
Até Janeiro deste ano, o Calhoun Grill prometia tal refeição apenas em um banner em
frente à loja do tamanho de uma picape. Indo até o restaurante, você esperaria encontrar filas de
pessoas esperando no frio do lado de fora.
Mas nunca havia filas do lado de fora – ou do lado de dentro – até o almoço. Por volta do
meio-dia, entretanto, você teria que dar seu nome à recepcionista… e esperar.
Por que as pessoas não queriam o “Melhor Café da Manhã do Mundo”, mas eram loucas
por um almoço que os donos do restaurante nem mesmo anunciavam?
Décadas atrás, a lenda da propaganda David Ogilvy observou que os marketeiros gastavam
muito tempo tentando provar que eram a escolha superior.
O que nós fazemos quando temos várias opções? Nós ficamos paralisados. Escolhas nos
deixam preocupados em fazer a escolha errada. Como todo bom vendedor de roupas sabe, mostre
a um cliente um bom par de sapatos pretos e ele irá comprá-lo. Entretanto, mostre-o quatro bons
pares e há uma grande chance de que ele saia de mãos vazias.
Nós não somos computadores, diz a Apple. Nós somos os não-computadores, as máquinas
para as pessoas que odeiam computadores.
Nós não somos um café, diz o Starbucks. Nós somos “o terceiro lugar”, o lugar que você se
encontra quando não está no trabalho ou em casa.
Diga-me que você é melhor e eu vou pedir para você se comparar aos outros.
Mas o problema com todas aquelas estratégias é que cada uma delas envolvia vender
toalhas – e toalhas em lojas de departamento são mais abundantes que conchas na praia. Com
tantas toalhas para escolher, um comprador de toalha prefere não escolher a errada.
Felizmente, uma funcionária da Macy´s chamada Bernice Fitzgibbon sabia que não poderia
vender “melhores toalhas”. Mas ela poderia vender “não-toalhas”; um tipo tão diferente que o termo
toalha simplismente não se aplicava.
Estas não eram toalhas, dizia ela aos nova-iorquinhos naqueles memoráveis anúncios. Elas
eram “blotters”, as toalhas oversize populares na Europa que serviam a um propósito diferente.
Por que comprar apenas mais uma toalha entre tantas quando você poderia ter uma
blotter.
As blotters da Macy´s sumiram das lojas do centro da cidade como se elas tivessem ouvido
alguém gritar “Fogo!”.
Então, como um ótimo café-da-manhã sugere e uma blotter prova, “melhor” não é bom, e
“o melhor” não é melhor – por mais irracional que pareça. Apenas diferente é melhor – e é muito,
muito melhor.