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Prof.

Luiz Paulo Neves

Metodologia Científica
Segurança do Trabalho
LUIS PAULO NEVES

Metodologia do Trabalho Científico


Fundamentos metodológicos e normas para
apresentação de trabalhos acadêmicos

Ensino a Distância — E a D

Revisão 07/2008
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 1
1 DEFINIÇÃO 2
2 O CONHECIMENTO 5
3 A CIÊNCIA 7
4 A PESQUISA 9
5 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA 12
5.1 PESQUISA PRELIMINAR 12
5.2 PESQUISA TEÓRICA 12
5.3 PESQUISA APLICADA 12
5.4 PESQUISA DE CAMPO 13
5.5 FASES DA PESQUISA 13
5.6 COLETA DE DADOS 13
6 ANTEPROJETO DE PESQUISA 14
7 PROJETO DE PESQUISA 15
7.1 PARTES DO PROJETO DE PESQUISA 15
8 NOÇÕES DE TEXTUALIDADE 20
9 CONCEITUAÇÃO DE TRABALHOS MONOGRÁFICOS 23
10 PRODUÇÃO DO TRABALHO MONOGRÁFICO 24
10.1 DETERMINAÇÃO DO TEMA-PROBLEMA DO TRABALHO 24
10.2 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO 25
10.3 LEITURA E DOCUMENTAÇÃO 26
10.4 A CONSTRUÇÃO LÓGICA DO TRABALHO DISSERTATIVO 27
10.5 A REDAÇÃO DO TRABALHO 28
11 ELEMENTOS E ESTRUTURA DE TRABALHO DE
CONCLUSÃO DE CURSO, MONOGRAFIA, DISSERTAÇÃO E
29
TESE
11.1 ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS 30
11.1.1 Capa 30
11.1.2 Lombada 30
11.1.3 Folha de rosto 30
11.1.3.1 Modelos de notas explicativas para Folha de Rosto 31
11.1.4 Errata 32
11.1.5 Folha de aprovação 32
11.1.6 Dedicatória, agradecimento e epígrafe 32
11.1.7 Resumo 33
11.1.8 Lista de ilustrações, lista de tabelas, lista de abreviaturas e
33
símbolos
11.1.9 Sumário 34
11.2 ELEMENTOS TEXTUAIS 35
11.3 ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS 36
11.3.1 Referência 36
11.3.2 Glossário (opcional) 36
11.3.3 Apêndices (opcional) 36
11.3.4 Anexos 37
11.3.5 Índice (opcional) 37
11.4 REGRAS DE APRESENTAÇÃO 37
11.4.1 Formato 37
12 ELEMENTOS DE APOIO AO TEXTO 40
12.1 CITAÇÕES 40
12.1.1 Sistema numérico 40
12.1.2 Sistema autor-data 40
12.1.3 Citação direta ou textual 42
12.1.4 Citação indireta 43
13 NORMAS PARA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS –
44
ABNT
13.1 ELEMENTOS ESSENCIAIS 44
13.2 ELEMENTOS COMPLEMENTARES 44
13.3 LOCALIZAÇÃO 45
13.4 MODELOS DE REFERÊNCIAS 45
13.4.1 Monografia no todo 45
13.4.2 Monografia considerada em parte 47
13.4.3 Dissertações e teses 47
13.4.4 Publicações periódicas 48
13.4.4.1 Publicações periódicas como todo 48
13.4.4.2 Parte de publicações periódicas 48
13.4.5 Eventos (congressos, seminários, simpósios, etc.) 49
13.4.6 Vídeos, DVD’s, filmes, fitas de vídeo 49
13.4.7 Documentos de acesso exclusivo em meio eletrônico 50
14 OUTROS TRABALHOS: CONCEITUAÇÃO E
51
ESTRUTURA
14.1 RESENHA 51
14.1.1 Tipos de resenhas 51
14.1.2 Estrutura de uma resenha 52
14.2 RESUMO 52
14.2.1 Definição 52
14.2.2 Tipos de resumo científico 53
14.2.3 Redação do resumo 53
14.2.4 Modelos 53
14.2.4.1 Resumo em monografias 53
14.2.2.2 Resumo em artigos científicos 54
14.3 RELATÓRIOS 54
14.3.1 Relatório técnico-científico 55
14.3.2 Relatório de estágio 57
14.4 ARTIGOS CIENTÍFICOS 57
14.4.1 O que pode ser conteúdo de um artigo? 58
14.4.2 Estrutura 58
14.5 COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA 59
14.6 PAINEL 59
14.6.1 Estrutura 59

REFERÊNCIAS 62

ANEXOS 65

ANEXO A - CAPA 65

ANEXO B – FOLHA DE ROSTO 66


1

APRESENTAÇÃO

Este manual pretende oferecer ao aluno subsídios para os diversos aspectos e


elementos característicos do trabalho acadêmico e científico. Contém conteúdos referentes à
fundamentação e aplicação da Metodologia Científica, bem como os que descrevem a
normalização e padronização para referência e apresentação dos trabalhos acadêmicos.
Como se trata de um curso de Educação a Distância, o critério para seleção e
apresentação dos conteúdos foi o de possibilitar ao aluno a consulta, a pesquisa e o
aprofundamento de forma independente. Nesse sentido, buscou-se uma linguagem adequada e
uma estrutura que facilitasse o uso e a assimilação desses conteúdos. Ao final, é oferecida ao
aluno a relação da referência consultada e outras que podem ajudá-lo a aprofundar os
conteúdos aqui apresentados.
Esta é uma disciplina que tem por objetivo oferecer instrumentos para o trabalho de
estudo e pesquisa. Nesse sentido, é de fundamental importância, pois é através dessas
ferramentas que podemos nos empenhar na construção do conhecimento e na sua divulgação e
partilha para os demais interessados.
Em geral, os alunos não dão a devida importância a essa disciplina. Além disso, é
preciso reconhecer que ela é árdua e exigente. Decorre então que muitos não se dedicam a ela
como deveriam. Só depois, quando precisam dos ensinamentos da Metodologia Científica, é
que se ressentem por não ter dado o devido valor e ter aprendido os instrumentos necessários
para uma desenvolver bem suas atividades acadêmicas e profissionais.
O fundamental em uma disciplina como essa é a compreensão dos diversos
instrumentos que propiciam o trabalho de pesquisa e o entendimento dos mecanismos de
referência das produções acadêmicas decorrentes dessa pesquisa. De posse dessa
compreensão e entendimento, torna-se fácil a consulta e a utilização desse manual. Em outras
palavras, não se pede decorar esses conteúdos, mas compreendê-los e saber consultá-los para
bem utilizá-los.
Com a esperança de que esse objetivo tenha sido atingido com a apresentação deste
material, desejamos bom trabalho, empenho e muito estudo. De um bom profissional espera-
se que tenha bom domínio das suas ferramentas de trabalho. É o propósito deste manual.

Prof. Ms. Luís Paulo Neves


2

1. DEFINIÇÃO

Mas afinal o que é Metodologia Científica? A palavra metodologia vem de método: o


estudo e a pesquisa acerca dos métodos para as diferentes formas de trabalho científico. Neste
caso, o aprendizado dos diversos métodos e possibilidades para bem conduzir a pesquisa e
alcançar os resultados pretendidos.
E método, o que é? Trata-se de uma palavra grega que, etimologicamente, pode ser
assim dividida: a) meta = através de; b) hodos = caminho, vias. Em outras palavras, método
quer significar caminho através do qual é possível atingir um dado objetivo, um termo, um
determinado fim, proposto de antemão.
A essa definição devemos ainda acrescentar que método contrapõe-se ao acaso e à
sorte, pois possui uma ordem manifesta num conjunto de regras que são explícitas, como
também são explícitas as razões pelas quais tais regras são adotadas. Tais regras ou normas
oferecem garantias de facilidade, rapidez, eficácia. Não é apenas um caminho, mas um
caminho que pode abrir outros que melhor possibilitem alcançar os objetivos buscados ou
mesmo objetivos não propostos.
Nesse sentido, o leitor já percebeu que sempre se utiliza de métodos nas mais variadas
atividades do seu dia-a-dia. E isso por que há meios, modos, caminhos para se chegar a um
dado lugar, para se preparar um café, para tratar de um assunto delicado e mesmo para
divertir-se.
O que acontece é que nem sempre nos perguntamos se essa forma de proceder, nessas
e em outras atividades, é o melhor modo de fazer. A menos que algo dê errado ou que
tenhamos um objetivo muito específico, não paramos para avaliar o como fazemos o que
fazemos.
E é justamente nesse ponto que entra a Metodologia Científica, para apresentar e
discutir o como fazer. Porque ao fazermos uma pesquisa e construirmos conhecimento, todos
seguimos modos, caminhos consagrados pela experiência de todos os que nos antecederam.
São métodos que já mostraram seu valor, sua fecundidade na resolução de problemas. Além
disso, a crítica e a avaliação sempre estão presentes, por isso muitos métodos e procedimentos
foram abandonados e substituídos por outros melhores.
3

Por exemplo, até pouco tempo era comum a extração de dentes. Hoje esse
procedimento só é utilizado em último caso. Tudo o que for possível fazer para recuperar um
dente é feito antes de adotar um procedimento mais radical. E o mesmo poderíamos dizer de
outras áreas de conhecimento.
Em outras palavras, trata-se do aprendizado das diversas formas de se fazer uma
pesquisa, alcançar os resultados buscados e publicá-los, torná-los conhecidos, pois só assim
serão válidos.
E aqui entramos em outro ponto: o que significa dizer que a metodologia é científica?
Também nesse momento o leitor pode se adiantar e dizer que é por se tratar de fazer ciência.
Em sentido geral, podemos dizer que sim. Porém há muitas formas de produção de
conhecimento que cabem nesse qualificativo de ciência. Não é a mesma coisa uma pesquisa
na área de medicina, que na área de astronomia e na de literatura. São métodos muito
diferentes. Além disso, estamos falando de metodologia científica. Ou seja, dos instrumentos
que irão embasar a prática dessas e de outras áreas de conhecimento.
Então o que propriamente significa científico no caso da metodologia?
Segundo Umberto Eco (1977), um estudo é científico quando atende alguns quesitos.
Em primeiro lugar, deve tratar de um objeto reconhecível e definido de tal maneira que possa
ser reconhecido por outros. Claro que não se trata apenas de algo físico. Quando falamos de
números matemáticos, termos de economia – como a inflação –, e de questões morais, não se
trata de objetos palpáveis mas perfeitamente reconhecíveis por qualquer pessoa.
Porém – e me permito utilizar o próprio exemplo de Umberto Eco (1977, p. 21) – se
me proponho a estudar centauros eu devo torná-lo identificável. Uma possibilidade é dizer em
qual literatura mitológica estarei me baseando (neste caso, a grega); ou então aventarei a
hipótese de que tal criatura venha existir num mundo possível e deixar bem clara essa
condição hipotética e os limites que ela impõe; agora, se pretendo afirmar que centauros
existem, terei então de apresentar provas cabíveis dessa tese que quero defender: fósseis,
fotografias, hábitos como, por exemplo, onde e em que momento ele costuma beber água etc.
Enfim, deverei apresentar todos os dados necessários para que meu objeto de pesquisa possa
ser identificado por outros pesquisadores. Percebe-se então que a última alternativa não é
cientificamente válida para centauros.
Um segundo quesito implica dizer do objeto de estudo algo que ainda não foi dito ou
rever sob uma ótica diferente o que já se disse. Também é cientificamente válida, e muito útil,
uma compilação das opiniões e afirmações já ditas acerca de um dado objeto de estudo.
4

É claro que durante o curso de graduação não se espera que o aluno diga algo
absolutamente original. Mesmo por que ele está aprendendo a estudar com mais eficiência e a
fazer pesquisa. Espera-se dele que demonstre o aprendizado das habilidades requeridas para
sua área de estudos. Nesse sentido, não há problema em não produzir algo que seja diferente
do que já foi dito. Aos poucos, e isso deve acontecer já na graduação, o aluno irá se interessar
por uma dada área de pesquisa e irá então começar a produzir um conhecimento próprio.
Começará então a estar apto para oferecer uma contribuição original.
Um terceiro quesito apresentado por Eco (1977, p. 22) afirma que a pesquisa deve ser
útil aos demais, e o será se os trabalhos científicos posteriores sobre o mesmo tema tiverem de
levá-lo em conta.
E por fim, quarto quesito, a pesquisa deve fornecer elementos para a verificação e a
contestação das hipóteses apresentadas. Ou seja, devo proceder de forma a permitir que outros
continuem a pesquisa, para contestá-la ou confirmá-la.
Com isso esclarecemos o que significa qualificar um método de científico. Trata-se de
caminhos rigorosos, sistematizados, ordenados com o intuito de atingir determinados fins que
dizem respeito à nossa busca por conhecimentos válidos. Deve-se, além do rigor, tornar o
objeto de estudo reconhecível e passível de verificação pelos demais. Nesse sentido, são
contrários à postura científica conhecimentos fechados, reservados a uns poucos ditos
iniciados, saberes obscuros que não possam ser divulgados, partilhados e questionados.
5

2. O CONHECIMENTO

Esta palavra já apareceu diversas vezes neste texto: métodos são caminhos buscados
para alcançar conhecimentos de forma objetiva, eficaz e eficiente. Mas e o conhecimento,
como podemos defini-lo?
A palavra “conhecimento” é bastante conhecida. Mas como outras palavras familiares,
nem sempre temos dela uma noção mais apropriada. Tentemos então aprofundá-la.
Como os demais animais, o ser humano sabe coisas. Ao longo de sua experiência de
vida, vai adquirindo uma série de saberes que utiliza em seu dia-a-dia, com o intuito de
garantir sua sobrevivência e de resolver as pequenas tarefas necessárias para o seu viver.
Todo ser humano tem então saberes, fruto da sua capacidade para conhecer. Um
lavrador adquiriu conhecimentos que o capacitam para cultivar a terra. Da mesma forma, uma
mãe aprendeu como cuidar de uma criança, de forma a garantir-lhe o crescimento.
Percebe-se então que conhecimento está estreitamente relacionado com a vida, com a
garantia das condições para a existência, seja nos seus aspectos materiais, seja em outras
questões que dizem respeito ao bem-estar. Por exemplo, também se aprende com a
experiência a se relacionar com os demais, qualquer que seja o nível do relacionamento.
Logo, podemos afirmar que o conhecimento se dá quando vamos além das
experiências vividas e pensamos sobre elas, relacionamos umas com as outras e delas
extraímos informações relevantes para nossa vida, saberes de que necessitamos para viver
melhor.
Sendo assim, todos aprendemos a buscar conhecimentos e a utilizá-los conforme deles
necessitamos. A própria busca de conhecimentos nos torna mais aptos para conhecer e para
melhor utilizá-los.
É preciso destacar que esse processo de conhecimento pode se dar de forma
espontânea, como acontece em nossa vida diária, ou de forma mais organizada, como alguém
que aprende um ofício.
Mas, se além disso, esse conhecimento for buscado de forma mais sistematizada, com
métodos específicos e mais eficientes, com rigor cada vez maior, então temos um tipo de
conhecimento que denominamos de científico. O conhecimento ensinado pelas diferentes
6

graduações são formas de conhecimento científico, com métodos e práticas próprias, com o
intuito de atingir os objetivos específicos de uma dada área de conhecimento.
Até aqui falamos de conhecimento em geral e de conhecimento científico. É costume
denominar de senso comum a isso que aqui foi chamado de conhecimento geral, ou seja, essa
busca de conhecimento inerente a todo ser humano, com o objetivo de organizar e garantir sua
subsistência.
O senso comum é um tipo de conhecimento que resulta do uso espontâneo da razão,
mas que também é fruto dos sentidos, da memória, do hábito, dos desejos, da imaginação, das
crenças e tradições. Como interpretação do mundo, o senso comum nos orienta na busca do
sentido da existência, ao mesmo tempo em que nos dá condições de operar sobre ele.
Mesmo sendo racional, nem sempre o senso comum faz uso refletido da razão. Por se
tratar de um conjunto de concepções fragmentadas, muitas vezes incoerentes, condiciona a
aceitação mecânica e passiva de valores não-questionados e se impõe sem críticas ao grupo
social. Às vezes se torna fonte de preconceitos, quando desconsidera opiniões divergentes.
Porém não deve ser visto como algo desqualificado de valor. É um erro sobreestimar o
conhecimento científico em detrimento do chamado senso comum. Qualquer pessoa que vai a
uma feira fazer compras possui conhecimentos e habilidades que a capacitam para analisar e
selecionar os produtos, bem como para fazer contas e escolher o que vai levar e o que vai
deixar de comprar.
O que acontece é que o conhecimento científico busca métodos e sistematicidade que
superem dificuldades e preconceitos na busca de conhecimentos objetivamente válidos. Nem
sempre no dia-a-dia fazemos isso. Ao contrário, na maioria das vezes o conhecimento
cotidiano se dá de forma espontânea, sem o rigor e o controle que se busca na produção de
conhecimentos científicos. Pode-se afirmar então que o conhecimento científico vai além do
senso comum e o acomoda às suas investigações.
7

3. A CIÊNCIA

O que hoje se conhece com o trabalho das diferentes ciências é fruto dos esforços de
vários pensadores ao longo da história da humanidade. Se lançarmos um olhar para o passado,
veremos que na antiguidade os seres humanos eram marcados pelas diferentes experiências
religiosas. Não que isso não ocorra agora, mas era uma experiência que extrapolava o âmbito
das necessidades subjetivas, determinando as formas de relação e organização social. Isso
ainda acontece hoje, mas de um modo menos marcante, dada a pluralidade cultural em que
vivemos hoje.
No passado, as religiões determinavam a forma como eram compreendidos os
fenômenos da vida. Nesse sentido, eram oferecidas explicações para o porquê dos
acontecimentos e até mesmo acerca da origem do ser humano e do próprio universo.
Em seguida, o ser humano, por uma série de motivos que não cabe aqui discutir,
passou a fundamentar-se mais na sua capacidade racional de compreensão do que nas suas
crenças. Num primeiro momento conciliando conhecimentos racionais e os oriundos de suas
crenças religiosas e, depois, pautando-se cada vez mais pelas respostas que conseguia obter
apenas pelo uso de suas faculdades racionais.
Mesmo assim, as primeiras respostas que conseguiu elaborar eram ainda muito
pautadas pelas questões de origem religiosa. Só depois foi focando-se em questões e
problemas que traziam a característica de serem investigados empiricamente.
Dessa forma, se no início buscava-se a essência do ser humano, depois essa questão
passou a ser vista como metafísica. Ou seja, especulações que não encontram seu fundamento
na experiência sensível, no que nossos órgãos dos sentidos podem comprovar empiricamente.
E esse é o paradigma que ainda hoje fundamenta a prática científica.
Auguste Comte, grande pensador do Século XIX, ao discutir essas questões propôs
uma curiosa interpretação do desenvolvimento da racionalidade humana. Pode parecer um
tanto simplista, mas muito influenciou o modo de ver de várias gerações de entusiastas da
ciência e ainda o faz até hoje.
8

Para fundamentar seu pensamento, Comte (MORA, 2001, p. 609) propõe que se pode
entender a história da humanidade como dividida em três estágios ou estados: o estado
religioso, o metafísico e o positivo.
Comte os compara às fases pelas quais passa o ser humano. Na primeira fase da nossa
vida somos marcados pela religião, acreditamos em deus e pautamos nossa conduta por aquilo
que nos ensina a doutrina religiosa. Na adolescência e juventude passamos a acreditar em
formas ocultas e/ou de energias, essências do mundo e forças metafísicas que interfeririam na
realidade das coisas. E por fim, na idade adulta, passamos a crer apenas naquilo que vemos e
tocamos e já não estamos tão dispostos a prestar nossa adesão a qualquer doutrina que se
coloque como verdadeira. Precisamos avaliar sua relevância.
Da mesma forma, a humanidade passou também por essas três fases. No estado
religioso, predominaram instituições e formas de organização e explicação religiosas. Em
seguida a humanidade passou para o estado metafísico, em que as explicações religiosas
foram substituídas por explicações racionais que se propunham buscar a essência das coisas,
baseando-se em forças e/ou elementos invisíveis que responderiam pela ordem de tudo que
existe.
Por fim, a humanidade teria atingido um estado maior de maturidade e entrado na fase
do estado positivo. Positivo pode-se ser entendido como o que não admite dúvidas, o que se
baseia em fatos e na experiência, algo afirmativo, decisivo, certo, real. Com isso a
humanidade teria atingido o ponto mais alto de sua capacidade de conhecer, por ter chegado
ao desenvolvimento do conhecimento científico que o século XIX conheceu. Todas as outras
especulações religiosas e filosóficas, Comte as viu como um estágio anterior de
desenvolvimento, uma fase necessária para que a humanidade pudesse crescer na sua busca
por conhecimento.
Concordando ou não com Comte, essa visão predominou na história do conhecimento
e deu origem à distinção entre ciências humanas e ciências naturais, sendo estas as dotadas de
maior objetividade e validade. Isso já foi bastante questionado e discutido mas sua influência,
às vezes, ainda se faz notar. No caso do Brasil, apenas por curiosidade, a influência do
Positivismo de Comte foi tão grande no final do século XIX, cujos adeptos participaram
intensamente da Proclamação da República, que o lema positivista foi estampado na bandeira
brasileira: ordem e progresso.
9

4. A PESQUISA

Mas tudo isso que até agora foi discutido diz respeito a uma única atividade: a
pesquisa. Pesquisa todos fazemos sempre que temos uma problema para resolver: seja uma
pesquisa de preço, entender os porquês de determinada situação, os sintomas de uma doença,
o fim de um relacionamento e por que o arroz saiu grudado. Ou seja, do mais banal ao mais
importante.
Trata-se daquela investigação que empreendemos em busca de uma resposta, de uma
compreensão que nos traga luz, conforto, controle... Enfim, nos possibilite tomar decisões de
forma mais segura.
Em ciência é fundamental! Algo que costuma passar despercebido é que atribuímos
demasiada confiança ao que as ciências são capazes de nos ensinar. A tal ponto que
extrapolamos o que os métodos científicos podem nos oferecer quanto a certezas e garantias.
Mas como assim? Não há garantias ou confiabilidade no que o conhecimento científico pode
produzir? Bem, a questão é mais complexa. O que acontece é que se atribui à ciência algo que
não lhe cabe.
Depois de termos abandonado as respostas religiosas e filosóficas de explicação do
mundo, nos agarramos à ciência como a única capaz de nos ajudar a resolver nossos
problemas de saúde, de relacionamento, de organização social, de relação com a natureza etc.
E fizemos isso de tal modo que deixamos a verdade religiosa mas em seu lugar
colocamos a verdade científica. E o fizemos de forma tão dogmática que passamos a nos
apoiar religiosamente no conhecimento científico. Resultado disso é aquela famosa pergunta:
isso é científico? Se a resposta for afirmativa, então nos tranqüilizamos, ficamos confiantes e
seguros.
Isso corresponde ao que é a ciência? Ou será que corresponde mais ao modelo de
colocar alguém num programa de televisão, ou numa revista, para opinar “cientificamente”
sobre alguma coisa, como se fosse um sacerdote transmitindo a verdade de um deus?
Parece-me que a ciência não é bem isso!
A ciência tem um método rigoroso e sistemático que lhe garante confiabilidade, pois é
algo que pode ser controlado, repetido, questionado, revisado e, se não houver contradições,
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confirmado. Mas dúvidas é o que não falta nas discussões da ciência. Dogmas não fazem
parte do método científico.
Tanto é assim que constantemente estamos revendo o que já sabemos. Se o
conhecimento científico fosse dogmático, não seria mais preciso fazer pesquisas. É preciso
então rever o conceito de verdade na ciência.
Quando se encontra uma verdade na ciência, isso significa que uma dada concepção de
mundo, ou seja, uma teoria, foi confirmada empiricamente. Mas isso não significa que essa
teoria provou que o mundo seja assim ou assado. Não podemos saber de como as coisas são
exatamente. Só podemos discuti-las a partir dos parâmetros de nossa capacidade racional.
Quando uma teoria científica é testada e comprovada empiricamente, significa que se
as coisas não forem exatamente daquele jeito, devem ser de uma forma muito próxima, uma
vez que os experimentos deram certo.
Bom, se o conceito de verdade da ciência não pode ser entendido de forma absoluta, se
os testes empíricos não provam que o mundo seja de uma dada maneira, o que se propõe
então com o trabalho científico?
A ciência de fato não pretende provar que as coisas sejam da forma como
cientificamente afirmamos. Fosse assim e então encerraríamos as pesquisas e não reveríamos
constantemente o que já sabemos em busca de modelos teóricos melhores. Muito do que já foi
chamado de ciência, hoje não é assim considerado. Além de que muitos procedimentos
adotados no passado foram abandonados por outros melhores. Devemos então ser muito mais
modestos quanto à nossa capacidade para conhecer. Temos muito mais dúvidas que certezas.
Porém, apesar desses limites, muito pode ser feito e o fazemos.
O objetivo da ciência é o de melhorar a posição em que nos encontramos no mundo
onde vivemos. E para isso, buscamos meios eficazes para tentar controlar os acontecimentos e
prevê-los, para disso retirar proveito em favor do nosso conforto e melhor sobrevivência.
Dessa forma, as teorias e leis científicas, se não provam que o mundo tenha esta ou
aquela estrutura, permitem que se façam explicações e previsões – ainda que com toda a
provisoriedade que lhes é inerente.
Muito bem! Mas o que se pretende dizer com todo esse discurso? Pretende-se
ressaltar, valorizar, destacar o valor das pesquisas científicas. Esse é o sentido de todo esse
texto e do trabalho dessa disciplina.
Em uma graduação não se formam profissionais apenas para reproduzir um
conhecimento que é repassado mecanicamente. Deve-se formar também o pesquisador, aquele
11

que deve questionar sua própria prática e os conhecimentos adquiridos em busca de outros
melhores e mais eficazes.
Nesse sentido, a pesquisa é fundamental! Logo, esta disciplina não visa apenas ensinar
meros instrumentos a serem repetidos pelos graduandos. Muito mais que isso, visa formar
aqueles que continuarão a produzir conhecimento em sua área específica de atuação.
Esse é todo o sentido, essa é a beleza do que fazemos!
Lamentável é considerar esses e outros conhecimentos como mais uma obrigação a
cumprir em busca de um diploma. O que fazer com um diploma num mundo em que se exige
conhecimento?
Antes, devem ser vistos como instrumentos eficazes para resolver problemas,
aumentar nossa capacidade de conhecer e melhorar nossa condição de vida, para ajudar
pessoas a terem qualidade de vida, para nos ajudar a ter uma melhor relação com os demais
seres vivos e com o planeta.
Sendo assim, ainda mais lamentável é com o intuito de cumprir uma obrigação
escolar, a atitude de apenas copiar um trabalho feito por outra pessoa. Além da falsidade
ideológica, engana-se a si mesmo por não ter o domínio de um saber que lhe será exigido a
todo momento.
Apesar de esse discurso soar moralizante, seu objetivo é o de despertar para o prazer
da descoberta, da construção de conhecimento, para a aquisição daquilo que nunca será tirado:
o saber.
Feitas essas considerações, que pretenderam situar e fundamentar a importância do
estudo dos métodos para a produção do conhecimento, passemos então à parte prática, à
descrição dos métodos que propiciam atingir os objetivos buscados nas diferentes áreas do
conhecimento.
12

5. CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

5.1 PESQUISA PRELIMINAR

ƒ Toda pesquisa tem como ponto de partida o conhecimento e a identificação dos


elementos que compõem a problemática a ser esclarecida.
ƒ Mas todo pesquisador encontra dificuldades na formulação de hipóteses de trabalho.
ƒ Por isso a necessidade de uma pesquisa preliminar como ponto de partida para a
definição do problema, das hipóteses e do roteiro da pesquisa.
ƒ É preciso ainda conhecer disponibilidade de recursos: tempo, recursos financeiros,
acessibilidade às informações, recursos técnicos e tecnológicos.

5.2 PESQUISA TEÓRICA

ƒ O objetivo é desenvolver novas teorias, novos modelos ou estabelecer novas hipóteses


de trabalho.
ƒ Não tem por objetivo uma utilidade prática dos resultados, mas o enriquecimento do
conhecimento científico.
ƒ O embasamento teórico é fundamental para o desenvolvimento de qualquer tipo de
pesquisa.
ƒ O trabalho de Darwin, acerca da origem das espécies, é um bom exemplo de pesquisa
teórica que contribuiu para a evolução de novas idéias.

5.3 PESQUISA APLICADA

ƒ A maioria das pesquisas é feita a partir de objetivos que visam a sua utilização prática,
por causa da gama de interesses que envolve – principalmente interesses econômicos.
ƒ Valem-se das contribuições de teorias e leis já existentes.
13

ƒ São definidas como aplicadas por seu objetivo ser mais imediatista, pela pressa, por
exemplo, do retorno dos recursos aplicados.
ƒ Por exemplo: tão importante quanto o conforto que um carro oferece, é o número de
quilômetros que ele percorre com um litro de combustível.

5.4 PESQUISA DE CAMPO

ƒ Tem como base observar os fatos tal como ocorrem.


ƒ É necessária uma pesquisa preliminar de outros trabalhos e publicações para que se
possa acrescentar algo ao que j á se conhece.
ƒ Por exemplo: para conhecer os efeitos da distribuição de renda sobre a criminalidade,
é preciso conhecer os dados e estabelecer uma correlação entre as variáveis.

5.5 FASES DA PESQUISA

ƒ Antes de iniciar qualquer pesquisa, é necessário conhecer o estágio em que se encontra


o assunto a ser trabalhado.
ƒ É através da pesquisa bibliográfica que se pode obter tais informações.
ƒ Como não é possível trabalhar com todo o universo a ser estudado, é necessário
determinar cientificamente a amostra a partir da qual serão tiradas as conclusões.
ƒ Definida a amostra, cabe ao pesquisador estabelecer os critérios da coleta e do registro
das informações, com o objetivo de tirar as devidas conclusões.

5.6 COLETA DE DADOS

ƒ Tendo em vista a pesquisa a ser realizada, as informações podem ser obtidas de


variadas formas, segundo o critério ideal a ser estabelecido pelo pesquisador.
ƒ Exemplos: entrevista, questionário, formulário. Mas é preciso estar atento aos limites,
implicações e dificuldades que cada estratégia apresenta.
ƒ Por isso, antes de aplicar qualquer forma de coleta de dados, é preciso estudo,
planejamento, questionamento e preparação adequada.
14

6. ANTEPROJETO DE PESQUISA

Um anteprojeto de pesquisa se caracteriza como uma elaboração prévia de um projeto


a ser desenvolvido. Trata-se de um texto que possui caráter provisório, que assim se
caracteriza por permitir alterações no seu processo de reelaboração. Sua importância se deve a
que nem sempre é fácil determinar com bastante clareza, logo de início, o que e como se
pretende investigar.
O anteprojeto serve então como uma primeira versão e se constitui em ponto de
partida para discussão entre os pares. No caso de uma graduação, entre o professor orientador
da pesquisa e o aluno.
É redigido após um conhecimento prévio do assunto, adquirido por meio de leituras
com base em uma bibliografia selecionada. Essa atividade de elaboração do anteprojeto
colabora para o exercício do caminho da investigação: reflexão, delimitação e tomada de
decisão.
Para sua elaboração, um anteprojeto deve apresentar alguns dos elementos básicos de
um projeto de pesquisa:
ƒ introdução com síntese do referencial teórico – embasada na literatura
ƒ formulação do problema
ƒ objetivos
ƒ hipóteses – quando houver.
15

7. PROJETO DE PESQUISA

O Projeto de Pesquisa é o meio utilizado para se comunicar ou explicitar os caminhos


de uma pesquisa a ser desenvolvida. Não é possível pesquisar sem antes projetar. Ou seja, o
que transforma uma investigação em ciência é exatamente o seu caráter de planejamento, de
orientação, de reflexão e sistematização considerando uma base teórica.
A importância do projeto de pesquisa está em evitar imprevistos e em garantir a
objetividade necessária. Para tanto, é preciso explicitar os passos a serem seguidos e o que se
pretende alcançar com tal pesquisa.
Um Projeto de pesquisa tem as seguintes funções:
ƒ Define e planeja para o orientando o caminho a ser seguido, as etapas e estratégias.
ƒ Facilita a discussão do projeto em seminários.
ƒ Facilita o trabalho de orientação: possibilidades, perspectivas, desvios.
ƒ Subsidia discussão e avaliação da pesquisa.
ƒ Base para solicitação de recursos financeiros.
ƒ Base para avaliação e seleção em programas de pós-graduação.

7.1 PARTES DO PROJETO DE PESQUISA

É preciso esclarecer que a ordem de apresentação dos elementos, exposta a seguir,


pode variar segundo as diferentes áreas de estudo e mesmo instituições. Por exemplo, há
modelos de projetos que não inserem a formulação do problema na introdução – como o faz a
proposta aqui apresentada. Nada disso apresenta maior dificuldade. O importante é que esses
diversos elementos, necessários para a compreensão da pesquisa a ser empreendida, estejam
bem delimitados e explicitados.

Título
ƒ Indica e sintetiza o conteúdo a ser trabalhado.
ƒ Pode ser:
16

- geral: indica de forma genérica o teor do trabalho


- técnico: é como um subtítulo que especifica a temática

Introdução
Tem a função de introduzir o leitor no assunto. Deve explicitar os pressupostos
teóricos, descrevendo o que é conhecido sobre o tema e quais as questões já respondidas por
outras pesquisas. O referencial teórico tem ainda a função de fornecer subsídios para a
problematização do tema. Deve-se esclarecer que o conhecimento acumulado não é suficiente
para a solução do problema em foco.
É o momento da caracterização e delimitação do tema e do problema. Diante de um
tema mais geral, é necessário realizar escolhas, fazer um recorte e selecionar um aspecto, um
dado da questão para realizar o estudo de aprofundamento: é o problema da pesquisa. Trata-se
da pergunta a ser respondida, da razão de ser do trabalho.
Após a indicação dos pressupostos teóricos, definição e delimitação do tema e
formulação do problema de pesquisa, este deverá ser enunciado de forma interrogativa. A
pergunta deve ser clara e objetiva, indicando os aspectos e/ou variáveis a serem trabalhados.
Nesse sentido, em relação ao tema e ao problema, é preciso estar atento aos seguintes
aspectos:
ƒ caracterização, de maneira mais desdobrada, do conteúdo da problemática a pesquisar;
ƒ Definição dos vários aspectos da dificuldade a ser estudada;
ƒ esclarecimento dos limites da pesquisa e do raciocínio demonstrativo (delimitação do
tema e do problema);
ƒ dar-se conta de que quanto mais abrangente for, menor a profundidade;
ƒ ter gosto do assunto a ser desenvolvido é fundamental, mas também não esquecer as
condições para executá-lo em termos de tempo, acesso a informações e recursos;
ƒ pode-se inserir apresentação que indique a gênese do problema (como o autor chegou
a ele), como também a explicitação dos motivos mais relevantes que conduziram a
essa abordagem;
ƒ pode-se fazer contraposição com trabalhos que já versaram sobre o mesmo problema.

Justificativa
Trata-se do porquê, da importância de se realizar a pesquisa. Deve abranger os
seguintes aspectos:
ƒ razão da escolha;
17

ƒ relevância do estudo;
ƒ significação social;
ƒ contribuição para o crescimento e aperfeiçoamento da área;
ƒ ressaltar a importância da pesquisa num contexto mais amplo;
ƒ contexto também pode justificar pesquisa que contenha abrangência mais restrita. Ex.
de professor que trabalha com comunidades no sertão do Nordeste.

Formulação de hipóteses
São formuladas principalmente para projetos de pesquisa das ciências naturais e da
saúde. As hipóteses são formulações de soluções provisórias a respeito de determinado
problema em estudo. Portanto, são formulações que serão confirmadas ou não, considerando a
pesquisa feita. A hipótese deve ser enunciada de forma clara, indicando a relação entre as
variáveis que deram origem ao problema de pesquisa. Deve, também, ser formulada com
fundamento em conhecimento teórico e raciocínio lógico, sendo, por isso,
denominada hipótese científica. Faz-se necessário atentar para o fato de que existem hipóteses
de partida (as iniciais) e as de chegada (finais); e cuidar para que, na tentativa de
demonstrar as hipóteses, o trabalho não fique tendencioso.
Em suma, ter em conta que:
ƒ são proposições provisórias para a solução do problema;
ƒ é em função das hipóteses estabelecidas que se estrutura todo o caminho a ser
percorrido;
ƒ hipótese poderá não se confirmar no decorrer da pesquisa, de aí a importância da
perseverança do cientista na busca da verdade;
ƒ pode haver hipótese geral (idéia central que se propõe demonstrar) e hipóteses
particulares (complementares);
ƒ não confundir hipótese geral com pressuposto, que é uma evidência prévia (o que já
está demonstrado como ponto de partida).

Objetivos
Os objetivos devem ser centrados na busca de respostas para as questões relevantes,
identificadas no problema de pesquisa e que ainda não foram respondidas por outras
pesquisas. Devem ser bem definidos, claros e realistas, mantendo coerência com o problema
que deu origem ao projeto.
Os objetivos podem ser:
18

ƒ gerais: indicar propósitos mais gerais, relacionando a importância do trabalho com o


desenvolvimento do conhecimento em geral.
ƒ específicos: no âmbito da idéia e dos objetivos gerais, ressaltar as idéias especificas a
serem desenvolvida. Nesse sentido, a amplitude dos objetivos gerais tem sua
delimitação definida, indicando sua profundidade. Definem, ainda, as etapas que
devem ser cumpridas para alcançar o objetivo geral, ações que devem ser
desenvolvidas.

Procedimentos metodológicos
Deve-se apresentar o tipo de pesquisa quanto à natureza, aos objetivos, aos
procedimentos e ao(s) objeto(s). Neste último caso, explicitar se a pesquisa confirma-se como
de campo, bibliográfica ou laboratorial. Deve-se informar a respeito dos métodos de
procedimento, de abordagem e das técnicas utilizadas.
É preciso apresentar quais procedimentos serão empregados na busca das respostas às
indagações formuladas. Para tanto, conforme os tipos de pesquisa, deve-se apresentar uma
definição da amostra e quais técnicas serão utilizadas na coleta de dados (entrevista,
observação, formulário, consulta a arquivos e outros).
De forma esquemática, não esquecer que:
ƒ Trata-se do como? com quê? onde? quando? quanto?
ƒ método é o caminho a ser percorrido pra se atingir os objetivos propostos;
ƒ existem métodos gerais, aplicados a todo tipo de pesquisa, e específicos de cada área
de trabalho;
ƒ em coerência com o tema, os objetivos, o problema e a hipótese, será definido o tipo
de pesquisa: teórica, empírica, histórica etc;
ƒ não confundir método, que são procedimentos mais amplos de raciocínio, com
técnicas, que são procedimentos mais restritos que operacionalizam o método com
auxílio de instrumentos adequados. Exemplo: pesquisa de campo e entrevista com
questionário.

Referências:
ƒ Textos fundamentais em que se aborda a problemática em questão.
ƒ As referências do projeto serão enriquecidas durante a pesquisa.
19

Plano de Trabalho
O projeto deve apresentar um plano de trabalho contendo, de forma sucinta e objetiva,
as principais etapas (atividades) a serem desenvolvidas durante sua execução em função do
tempo (mês, semana). Deve, também, compatibilizar as etapas com a metodologia a ser
aplicada no desenvolvimento do projeto.

Orçamento
Este item estará presente nos projetos que pleiteiam financiamento para sua realização. Deve
prever: gastos com pessoal, material de consumo, material permanente entre outros.

Observações
ƒ São incluídos anexos e apêndices, se for o caso.
ƒ O projeto pode ser alterado no decorrer da pesquisa, como conseqüência do
aprofundamento, desde que devidamente justificado.
ƒ Não confundir projeto de pesquisa com plano de trabalho da monografia – um não tem
necessariamente de espelhar o outro.
20

8. NOÇÕES DE TEXTUALIDADE

Texto é uma palavra bastante e conhecida. Seu sentido etimológico é muito


interessante: vem de tessitura, de tecido. Como os fios entrelaçados que compõem um tecido,
assim é o texto: um entrelaçamento de idéias, sentimentos, repertórios culturais, contextos e
intencionalidades. Uma tessitura tal que produz muitos e variados significados.
Nesse sentido, a palavra texto é mais abrangente do que um documento escrito ou oral.
Entendido dessa forma, toda tessitura que transmite um significado é um texto para quem o
sabe ler.
Um sinal de trânsito, um som, um aviso na parede, um gesto, um olhar, um silêncio...
Dependendo do contexto, todos esses sinais podem ser um texto para alguém. Mas se não
puder entender os sinais, então não haverá texto. Logo o texto está no entrelaçamento entre os
sinais e o meu repertório, que pode me capacitar ou mesmo atrapalhar a compreensão dos
sentidos dos textos que estão à minha volta.
Portanto, para ler um texto é preciso saber: saber a língua, linguagem, ter
conhecimentos que capacitem para tanto. Por exemplo, é o problema das bulas dos
medicamentos, escritas para quem conhecimento médico-farmacêutico. A maioria das pessoas
não consegue entender a linguagem em que são escritas.
Logo, Leitura é aqui entendida como meio de conhecimento e de iniciação ao
pensamento, como produção textual, porque só é possível pensar o que se conhece. Ler um
texto é repensá-lo e repensar é pensar. Todos fazemos isso muitas vezes com os textos do
nosso cotidiano.
Mas no campo da pesquisa científica, somos treinados para ler com muito mais rigor,
precisão e eficácia, os textos que fazem parte da nossa área de atuação. A leitura científica é
uma leitura aprofundada que implica análise, explicação, explicitação, comentário e
interpretação de idéias. Tais conceitos são definidos e ilustrados a seguir.

Análise
É a decomposição dos vários níveis de pensamento que constituam sentido. Analisar é
examinar parte por parte de um todo. A análise se opõe à síntese, que supõe a conjugação do
21

que estava separado. A compreensão das partes constituintes de um texto é o primeiro passo
rumo à desmontagem dos seus vários planos expressivos e dos diversos elementos que o
compõem.
Ao analisar um problema financeiro, uma conta de telefone muito alta, por exemplo,
decompomos todas as possibilidades e elementos implicados nessa situação, com o intuito de
saber como agir para que o valor dessa despesa seja compatível com o orçamento de que se
dispõe.

Explicação
É enunciar o que há num texto: desdobrar, mostrar o que está exposto, pressuposto,
implicado, subentendido, suas articulações, os termos-chave. Envolve momentos de
explicitação que é revelação, desvendamento do conhecimento: traduzir o que no texto está
apresentado de forma simbólica ou implícita.
Quando um professor solicita a um aluno, ou a um grupo de alunos, que dê uma aula
sobre determinado assunto, está pedindo que faça uma explicação: que diga tudo o que está
enunciado, implicado, implícito no tema a ser abordado.
Para fazer esse trabalho de explicação e explicitação de determinado tema ou
problema, é preciso um bom trabalho de análise que propicie uma adequada compreensão,
para que seja capaz de fazer uma exposição. Trocando em miúdos, não se pode falar ou
escrever do que não se sabe.

Interpretação
É a busca da síntese ou da reintegração das partes no todo. A interpretação encontra-se
intimamente vinculada ao ponto de vista, que varia segundo variam os interesses e os
contextos formativos, culturais, geográficos etc. Com isso, um determinado texto pode
produzir uma multiplicidade de interpretações.
Para dar um exemplo cultural, considere como são interpretados os diferentes papéis
sociais ocupados por mulheres, segundo as diferentes culturas. E até no interior de uma
mesma cultura, como a nossa. Como no caso do aborto, que é tratado como um problema de
mulher. Nem no campo jurídico, nas leis, aparece a responsabilidade do homem que
contribuiu para a situação de gravidez.
22

Comentário
É um diálogo com o texto, procurando situá-lo em relação ao autor e à sua obra ou
contribuição. No comentário, são introduzidos acréscimos exteriores ao texto, buscando
estabelecer juízos de valor acerca da sua produção.
Para dar um exemplo muito simples, considere os comentários de ambas torcidas
acerca de um lance de futebol, que nem precisa ser muito polêmico. Como se percebe, o
comentário está intrinsecamente relacionado à interpretação, ao ponto de vista de quem o
profere.

Ao serem considerados todos esses procedimentos na leitura de um texto, na análise de


um fato, de uma situação profissional etc., esta produzirá o(s) sentido(s) em nome do(s)
qual(quais) tudo isso é realizado. A produção de sentido não encerra o texto. Todo o
contrário. Deixa em aberto suas possibilidades.
Todos esses procedimentos fazem parte do trabalho científico. Ora são requisitados
um ou outro, separadamente, ora todos são exigidos por alguma atividade complexa, como é o
caso da monografia. Numa monografia, há momentos que explicamos e explicitamos, em
outros interpretamos o sentido de algo e fazemos comentários, avaliando aquilo acerca de que
estamos discorrendo. Por isso, todas essas habilidades necessitam ser desenvolvidas ao longo
da formação profissional.
23

9. CONCEITUAÇÃO DE TRABALHOS MONOGRÁFICOS

Definição
O trabalho monográfico é um documento escrito que visa à aferição do trabalho
escolar em uma ou mais disciplinas, solicitado e orientado por professor(es) de uma ou mais
disciplinas. Segundo o grau de complexidade envolvido, tais trabalhos são classificados
como:
ƒ Trabalho de Conclusão de Curso: resultado de um estudo visando à conclusão de
um Curso de Graduação.
ƒ Monografia: resultado de um estudo visando à obtenção do título de Especialista.
ƒ Dissertação: documento escrito visando à obtenção do título de Mestre, que
representa o resultado de um trabalho experimental, de tema único, com o objetivo de
reunir, analisar e interpretar informações ou a exposição de um estudo cientifico
retrospectivo (trabalho de revisão de literatura). Deve evidenciar o conhecimento de
literatura existente sobre o assunto e a capacidade de sistematização do candidato.
ƒ Tese: documento escrito visando à obtenção do título de Doutor, que representa um
estudo científico de tema único, bem delimitado e original. Deve ser elaborado com
base em investigação original, constituindo-se em real contribuição para a
especialidade em questão.
24

10. PRODUÇÃO DO TRABALHO MONOGRÁFICO

10.1 DETERMINAÇÃO DO TEMA-PROBLEMA DO TRABALHO

Em primeiro lugar é preciso delimitar com precisão o tema: não é o mesmo tratar da
liberdade em geral e da liberdade psicológica ou política. Trata-se da perspectiva do tema.
Para trabalhos com finalidade didática, escolher temas já abordados por outros, para que haja
obras a respeito nas quais pesquisar.
A delimitação do tema é a maior dificuldade apresentada pelos estudantes. A tentação
é fazer uma tese panorâmica e dizer muita coisa. Por exemplo, a literatura hoje; a literatura
brasileira do pós-guerra aos anos 60. Umberto Eco (1977, p. 07) discute bem essa questão e
apresenta algumas indicações acerca de como superar essa dificuldade:
ƒ tese panorâmica não pode fazer análises críticas que soam como presunção. Tais
análises supõem muito trabalho e delimitação;
ƒ com tese panorâmica, o pesquisador expõe-se a muitas contestações, como omissões
de temas e autores;
ƒ se for bem preciso, o pesquisador terá um material bem conhecido e ignorado pelos
examinadores: torna-se um experto nesse assunto;
ƒ monografia pode ser também a abordagem de um tema e não apenas de um autor.
Neste caso, analisam-se alguns autores do ponto de pista de um tema específico: ex. o
mundo às avessas nos poetas carolíngios;
ƒ tratar de um tema especificamente monográfico não significa fazer algo aborrecido, é
preciso ter em conta o panorama em que está inserido e estudá-lo;
ƒ mas o panorama é pano de fundo, não se pode confundir as relações: uma coisa é
pintar o retrato de um cavalheiro sobre o fundo de um campo, e outra coisa é pintar
campos e regatos: alteram-se técnicas, focos, perspectivas;
ƒ quanto mais se restringe, melhor e com mais segurança se trabalha.

A perspectiva através da qual se aborda um tema é completada com o problema: qual


questão vai ser discutida ou para a qual soluções serão buscadas. Colocação do problema em
relação ao tema desencadeia formulação da hipótese geral a ser comprovada. E, de acordo
25

com a perspectiva adotada, especifica o método a ser utilizado. Quando o autor se define por
uma solução a ser demonstrada no curso do trabalho, pode-se então falar de tese a ser
demonstrada pelo raciocínio.
O trabalho deve:
ƒ Demonstrar uma única idéia
ƒ Defender uma única tese
ƒ Assumir uma única posição frente ao problema específico: é o seu ponto de vista, sua
tese.

Normalmente uma atividade de pesquisa perpassa três fases de amadurecimento, que


são concomitantes nas várias etapas do trabalho:
1. momento da intuição, da descoberta, da formulação de hipóteses;
2. momento da pesquisa:
ƒ confrontar primeiras intuições
ƒ cotejar com outras posições
ƒ rever posições iniciais;
3. momento de amadurecimento da primeira posição:
ƒ abandonam-se algumas idéias
ƒ acrescentam-se outras
ƒ reformulam-se alguns problemas
ƒ domínio de uma posição definitiva.

10.2 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO

Trata-se da pesquisa em busca da documentação existente sobre o assunto. Coloca-se


em ação uma série de procedimentos para localização e busca metódica de documentos que
possam interessar ao tema discutido, que dependem da natureza do tema a ser estudado.
São feitas consultas em:
ƒ catálogos
ƒ boletins especializados
ƒ enciclopédias e dicionários especializados
ƒ monografias e tratados sobre o assunto
ƒ textos didáticos
26

ƒ periódicos impressos e on-line


ƒ bases de dados

10.3 LEITURA E DOCUMENTAÇÃO

Plano provisório do trabalho


É um roteiro do trabalho a ser realizado, uma primeira estruturação baseada em idéias
gerais que se tem do tema:
ƒ é uma idéia diretriz (linhas gerais, colunas mestras), sem a qual o trabalho se perde
numa superficialidade.
ƒ são idéias percebidas intuitivamente pelo aluno, fruto da sugestão do próprio problema
e de estudos anteriores.
ƒ Trata-se de um roteiro provisório, pois o plano definitivo só será estabelecido no final
da pesquisa.

Leitura
ƒ Realizar uma primeira triagem para ver o que realmente será lido e interessante para a
pesquisa.
ƒ Para tanto:
- recorrer a resenhas das obras
- opinião de especialistas
- tomar contato com a obra:
ƒ sumário
ƒ prefácio
ƒ introdução
ƒ passagens do texto.
ƒ Critérios para a leitura:
- atualidade: dos textos mais recentes para os mais antigos – as obras recentes
retomam contribuições do passado, vindo a dispensar algumas leituras. Porém,
os clássicos são indispensáveis;
- generalidade: das obras mais gerais (enciclopédias, dicionários, tratados) para
as monografias especializadas e artigos científicos.
27

ƒ Não é uma mera leitura analítica de toda obra, nem reconstituir raciocínio analítico do
autor.
ƒ Será feita tendo em vista o aproveitamento direto apenas dos elementos que sirvam
para a pesquisa.
ƒ Às vezes, é necessário leitura de todo o texto, mesmo assim não se deve perder a idéia
mestra que direciona o trabalho.

Documentação
ƒ Tomar nota de todos os elementos que serão utilizados na elaboração do trabalho.
ƒ Usar citação livre (indireta) e textual (direta), indicando a fonte.
ƒ Documentar as idéias pessoais que forem surgindo durante a leitura – para não se
perderem.
ƒ Elaborar fichas, arquivos de documentação ou outra forma de anotação das idéias que
irão compor o trabalho.

10.4 A CONSTRUÇÃO LÓGICA DO TRABALHO DISSERTATIVO

ƒ Coordenação inteligente das idéias conforme as exigências de sistematização.


ƒ Pode ocorrer reformulação do roteiro provisório.
ƒ A ordem lógica do trabalho dissertativo pode não coincidir com a ordem da
descoberta: não se pode perder de vista a finalidade de comunicar ao leitor, que não
precisa passar por todos os percalços vividos pesquisador durante sua atividade de
pesquisa.
ƒ Deve formar uma unidade, com sentido intrínseco, autônomo, para que o leitor – que
não participou da pesquisa – possa apreendê-la.
ƒ Portanto as partes do trabalho – parágrafos, capítulos etc. – devem ter seqüência lógica
rigorosa.
ƒ Não basta que proposições tenham sentido em si mesmas: é necessário que o sentido
esteja logicamente inserido no contexto do discurso e da redação.
ƒ Daí as três partes da estrutura formal do trabalho: introdução, desenvolvimento e
conclusão.
28

10.5 A REDAÇÃO DO TRABALHO

A linguagem do texto
ƒ Ter estilo sóbrio e preciso. Adjetivos supérfluos, rodeios e repetições ou explicações
inúteis devem ser evitadas
ƒ Também deve ser evitada a forma excessivamente compacta, que pode prejudicar a
compreensão do texto.
ƒ O que importa é a clareza, mais que outras características estilísticas.
ƒ Usar a terceira pessoa do singular.
ƒ Usar terminologia técnica na medida do necessário.
ƒ Evite-se pomposidade pretensiosa, verbalismo vazio, fórmulas feitas e linguagem
sentimental.
ƒ Não cabe linguagem comum, expressões corriqueiras e gírias. Infelizmente é comum
deparar com o uso de expressões e fórmulas da oralidade em trabalhos que requerem
fórmulas próprias da linguagem e escrita e formal.
ƒ Quanto ao estilo, depende da natureza do raciocínio e das áreas do saber.

Os parágrafos
ƒ Parte do texto que tem por finalidade expressar as etapas do raciocínio.
ƒ Seqüência, tamanho e complexidade dependem da natureza do raciocínio.
ƒ Reproduz a estrutura do texto: apresenta uma introdução, um corpo e uma conclusão.
ƒ Como determina a articulação do texto, tendo em vista a construção lógica do
trabalho, são iniciados por conjunções que indicam as formas de passar de uma etapa
lógica à outra. São os conectivos e devem ser muito bem trabalhados.
29

11. ELEMENTOS E ESTRUTURA DE TRABALHO DE CONCLUSÃO


DE CURSO, MONOGRAFIA, DISSERTAÇÃO E TESE

Para compor a apresentação e redação dos trabalhos monográficos há uma série de


elementos já consagrados pela prática acadêmica.
Existem elementos que são obrigatórios e outros que podem constar conforme o
desenvolvimento do trabalho. A tabela abaixo apresenta todos os itens que compõem o
trabalho acadêmico, inclusive na ordem em que devem ser apresentados.
30

11.1 - ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS

11.1.1 Capa
A capa é um elemento obrigatório. Deve conter as informações seguintes, na mesma
ordem (cf. ANEXO A):
a- nome da instituição (opcional)
b- o nome do autor deve ser colocado no alto da página;
c- o título e o subtítulo (este se houver) ficam no centro da folha;
d- o número do volume, se houver mais de um, também precisa ser colocado;
e- o nome da cidade em que se situa a instituição a qual o trabalho está vinculado;
f- e o ano de entrega.
O nome do autor, colocado no alto da página, significa que ele é o responsável
intelectual pelo trabalho. Por isso, não se justifica colocar o nome da instituição nessa posição
em trabalhos, cuja responsabilidade intelectual e direitos autorais não são dela.

11.1.2 Lombada
Lombada é a parte que reúne as margens internas do lado esquerdo, mantendo-as
juntas quer por cola, costura ou grampos, formando um caderno. Ela constitui um elemento
opcional, pois quando as folhas se reúnem por espiral ou em número bastante reduzido, por
exemplo, a junção das mesmas não forma lombada.
A lombada de trabalhos acadêmicos deve trazer o nome do autor, ou dos autores, e o
título; a de livros, além disso, precisa apresentar a logomarca da editora; e a de periódicos
deve conter os elementos alfanuméricos que permitem identificar o volume, o fascículo e a
data de publicação.

11.1.3 Folha de rosto


A folha de rosto é elemento obrigatório. Ela precisa conter as informações que seguem
abaixo, na mesma ordem (cf. ANEXO B):
a- nome do autor, pois é o responsável intelectual pelo trabalho;
b- título principal do trabalho, acompanhado de subtítulo, se houver, que defina
claramente o conteúdo do trabalho, constituindo um resumo de, no máximo 12
vocábulos, como sugere a CAPES (apud DOMINGOS, 1999), devendo o subtítulo
ser introduzido, após o título, por dois pontos;
c- o número do volume, havendo mais de um, deve ser impresso na folha de rosto;
31

d- a natureza do trabalho (tese, TCC e outros), sua finalidade, isto é, motivo que
determinou sua elaboração, dentre outros, por exemplo, a aprovação em dada
disciplina;
e- o nome da instituição a que o trabalho está vinculado deve ser colocado aqui;
f- o nome do orientador e sua titulação, o da cidade, o da instituição e o ano de
entrega devem também estar registrados na folha de rosto.

O verso da folha de rosto deve conter também a ficha catalográfica, feita segundo o
Código de Catalogação Anglo-Americano em vigor. Este código é de competência da FEBAB
— Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas e Instituições. A ABNT
assume o que esse órgão dispõe.

11.1.3.1 Modelos de notas explicativas para Folha de Rosto


Trabalho Curricular
Trabalho apresentado para avaliação do rendimento escolar da disciplina Introdução à
Filosofia do curso de Pedagogia da Universidade de Santo Amaro, ministrada pelo Prof. Dr.
Carlos Fontes Fonseca.

Trabalho de Conclusão de Curso


Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de História da Universidade de Santo
Amaro, orientado pela Profª Carla Carlota, como requisito parcial para obtenção do título de
Licenciado em História.

Monografia
Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Biologia Vegetal da Universidade de
santo Amaro, orientada pela Profª Drª Olívia Gomes, como requisito parcial para obtenção do
título de especialista em Biologia Vegetal.

Projeto de Pesquisa
Projeto de pesquisa apresentado ao Curso de Especialização em Gestão Ambiental do Curso
de Especialização Lato Sensu da Universidade de Santo Amaro, orientado pelo Prof. Mário
Mariano, como requisito parcial para avaliação.
32

11.1.4 Errata
A errata é opcional; se colocada, porém, tem lugar após a folha de rosto e seus dados
são apresentados do seguinte modo:

ERRATA
Folha Linha Onde se lê Leia-se
28 2 aprovacao aprovação

11.1.5 Folha de aprovação


A folha de aprovação é um elemento obrigatório a trabalhos que serão submetidos à
aprovação, por exemplo, tese, TCC, pois nela será registrado o resultado da avaliação do
trabalho feita pelos examinadores. Por isso deve conter:
a- nome do autor;
b- título do trabalho (e subtítulo, se houver);
c- natureza e objetivo, ou seja, tipo e por que foi elaborado, por exemplo: dissertação
elaborada como parte dos requisitos do [...] para a obtenção do título de [...];
d- nome da instituição a que será submetido;
e- nome dos componentes da banca examinadora, titulação, instituição a que
pertencem e, após o resultado da avaliação, a data e a assinatura do examinador ou dos
examinadores;
f- data da aprovação.
A data de aprovação e as assinaturas dos componentes da banca examinadora são
colocadas, nessa ordem, após o resultado da avaliação. A folha de aprovação não é numerada;
é contada apenas. Não leva título.

11.1.6 Dedicatória, agradecimento e epígrafe


Dedicatória, agradecimento e epígrafe são elementos opcionais (NBR 14724: 2005);
são colocados no trabalho, segundo o desejo do autor; devem, porém, ser postos na seqüência
aqui apresentada.
A dedicatória é a folha em que o autor presta homenagem ou dedica seu trabalho a
alguém. É colocada após a folha de aprovação; não leva título; não é numerada, mas é
contada.
33

Após a dedicatória, são colocados os agradecimentos que devem ser feitos às pessoas
que efetivamente contribuíram para a elaboração do trabalho. É elemento opcional.
Aos agradecimentos, segue a epígrafe, também opcional. A epígrafe, excerto retirado
de alguma obra, alusivo ao assunto que será tratado, pode ser colocada tanto no início do
trabalho como também na abertura de cada seção primária (capítulo). Colocada no início do
trabalho, a folha da epígrafe será contada, mas não será numerada, nem conterá título, tal qual
a folha de aprovação.

11.1.7 Resumo
Após a epígrafe, vem o resumo. Os trabalhos acadêmicos, além do resumo na língua
vernácula, devem apresentá-lo também em uma língua estrangeira (graduação, mestrado) ou
duas (doutorado), por exemplo: Abstract (inglês), Resumen (espanhol) e Résumé (francês).
O resumo deve conter de 150 a 500 palavras e ser seguido da expressão Palavras-
chave, colocando-se após estas, descritores ou palavras que sejam representativas do conteúdo
que o trabalho oferece.
O resumo deve pôr em evidência o objetivo, o método, os resultados e as conclusões
do trabalho; da introdução retira-se o conteúdo necessário para contextualizar a questão
analisada. É necessário que ele seja elaborado na forma de texto discursivo, usando-se o verbo
na 3ª. pessoa, na voz ativa, formando frases concisas e afirmativas, compondo,
preferentemente, um parágrafo apenas. Deve-se evitar símbolos e contrações que não são de
uso corrente, bem como fórmulas, equações, diagramas que não são absolutamente
necessários. Se forem incluídos, na primeira vez em que aparecerem, precisam estar
acompanhados da devida explicação.
O resumo de um trabalho, que vem inserido nele próprio, não se faz acompanhar da respectiva
referência; se, porém, for colocado em outro contexto, ela deve precedê-lo.

11.1.8 Lista de ilustrações, lista de tabelas, lista de abreviaturas e símbolos


As listas de ilustrações, tabelas, abreviaturas, siglas e de símbolos são opcionais; são,
porém, bastante úteis quando o trabalho acadêmico apresenta esses elementos em quantidade,
pois facilitam a consulta ao leitor.
As listas devem figurar no trabalho na ordem acima mencionada e podem ser
específicas de cada um desses elementos. Desse modo, pode haver uma lista só de ilustrações,
outra de tabelas, assim por diante, cada uma seguindo ordenação própria.
34

Uma só lista de ilustrações pode mencionar todos os tipos: mapa, fotografia, desenho e outros.
Quando há várias ilustrações do mesmo tipo, pode-se fazer uma lista para cada tipo, por
exemplo: lista de mapas, lista de fotografias etc. Se, porém, a quantidade desses elementos
não justificar listas específicas, todas as figuras podem ser relacionadas numa só, havendo,
entretanto, para cada tipo de ilustração uma ordenação numérica.

Exemplo:
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Fotografia 1 - Equipe de operação 20
Gráfico 1 - Desenvolvimento urbano 23
Fotografia 2 - Assembléia Geral Ordinária ABNT 25
Mapa 1 - Região Sudeste do Brasil 30
Desenho 1 - Programa das Nações Unidas para o meio ambiente 33

11.1.9 Sumário
O sumário é um elemento obrigatório que deve proporcionar visão de conjunto do
conteúdo do trabalho, trazendo relacionadas as seções que o compõem, acompanhadas do
número da página em que se acham o que facilita sua localização no texto. É, quase sempre, o
último elemento pré-textual; não o será se for incluído prefácio no trabalho.
Os elementos pré-textuais não são incluídos no sumário; os títulos das seções do texto
são nele colocados, utilizando-se a tipologia gráfica com que aparecem no texto. Os
indicativos de seção do texto devem ser alinhados à esquerda: sugere-se que sejam alinhados
pela margem do indicativo de título mais extenso. A paginação faz-se alinhando, à direita, o
número das páginas em que se acham os títulos referidos.

Modelo de Sumário

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
RESUMO
1 INTRODUÇÃO ................................................................... 15
2 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................ 33
2.1 Tipo de pesquisa ............................................................... 33
35

11.2 ELEMENTOS TEXTUAIS

Os elementos textuais são a introdução, o desenvolvimento e a conclusão, que


constituem as partes essenciais da monografia. Trata-se de uma divisão lógica. Cada um
desses elementos atende a uma finalidade própria e a relação que entre eles se estabelece
configura uma estrutura orgânica, pois juntos compõem um todo, ou seja, a estrutura
monográfica.

A introdução
Delimita o assunto, situa o problema a ser tratado, isto é, mostra em que contexto ele
está inserido e que há conhecimento acumulado, disponível para isso. É chamado
conhecimento partilhado por se entender que ele é de domínio dos que atuam na área:
constitui a fundamentação teórica, pois possibilita a definição e delimitação dos objetivos da
pesquisa. O nível de teorização e interpretação do conhecimento partilhado deve ser limitado
em função do problema a ser tratado e da abrangência que se deseja alcançar. A introdução
tem como função nortear as tarefas de investigação e sustentar a interpretação dos dados
levantados, relacionando-se desse modo com o elemento que a segue, ou seja, o
desenvolvimento. Por isso, se a seleção do conteúdo do quadro teórico e sua análise não
forem criteriosas, todo o trabalho poderá ficar comprometido.

O desenvolvimento
É a principal parte do texto, apresenta o assunto pormenorizado, de modo explicativo;
é dividido em seções e subseções, de acordo com a amplitude e a profundidade definidas para
o tratamento de dados: é aconselhável que o autor se limite à quarta seção. Aqui são expostos
os argumentos selecionados para defender a tese proposta, ou seja, atingir os objetivos
fixados. Os argumentos precisam ser explicitados logicamente; ou melhor, é necessário
demonstrar como as provas foram alcançadas e, na falta de consenso, discuti-las.

A conclusão
Deve apresentar de forma sintetizada um resumo da argumentação e das provas
explicitadas no desenvolvimento. Além disso, deve demonstrar logicamente a relação
existente entre os argumentos e as provas levantadas; apresenta as inferências extraídas dos
resultados com base na fundamentação teórica. Por isso, muitas vezes se diz que a conclusão é
um retorno à introdução.
36

Constata-se, desse modo, que introdução, desenvolvimento e conclusão estão


interligados, configuram uma estrutura orgânica: não constituem partes independentes, mas
complementares.
Infere-se, ainda, que os elementos ― idéias, propostas, conceitos, ilustrações etc. ―,
não obstante o valor científico, quando não se atrelam na formação da estrutura monográfica,
devem ser dela despojados de modo a resguardar o encadeamento lógico das idéias e das
propostas, garantindo ao trabalho boa qualidade.

11.3 ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS

11.3.1 Referência
Relação das obras efetivamente utilizadas como base na elaboração do trabalho. Por
ser um elemento obrigatório no texto, a seção “Referências” deve ser numerada e seu título
alinhado à esquerda. As fontes mencionadas em notas de rodapé, ou pelo sistema autor-data,
devem ser incluídas na seção de referências, exceto as que indicam os dados obtidos por
informação verbal.
Considerando que a produção de um trabalho acadêmico, independentemente de sua
tipologia, demanda a leitura de outras fontes que vão além daquelas indicadas na seção
“Referências”, sugere-se a elaboração de uma lista dessas obras, se houver mais de cinco itens
a serem informados. Essa lista deve ser incluída na estrutura do trabalho como apêndice,
ficando seu título a critério do autor, podendo ser: “Sugestões de Leitura sobre o Tema”,
“Leitura Complementar Sobre o Tema”, etc.

11.3.2 Glossário (opcional)


Elaborado em ordem alfabética.

11.3.3 Apêndices (opcional)


De acordo com a NBR 14724:2005, o apêndice é material ou texto elaborado pelo
próprio autor do trabalho com objetivo de complementar sua argumentação. Identificados pela
palavra APÊNDICE e letras maiúsculas consecutivas, travessão e título, alinhados à esquerda.
A paginação deve ser contínua à do texto principal.
Exemplo:
37

APÊNDICE A –
APÊNDICE B –

11.3.4 Anexos
Segundo a NBR 14724:2005, anexo é texto ou documento, não elaborado pelo autor
do trabalho, que contribui para fundamentação, comprovação e ilustração do trabalho.
Identificado pela palavra ANEXO e letras maiúsculas consecutivas, travessão e título,
alinhado à esquerda. A paginação deve ser contínua à do texto principal.
Exemplo:
ANEXO A –
ANEXO B –

11.3.5 Índice (opcional)


Segundo a NBR 6034:2004, é a relação de palavras e/ou frases, que ordenadas
segundo determinado critério, remetem para informações inseridas no texto. Para a elaboração
de Índice e estabelecimento de critério de ordenação, consulte a NBR 6034:2004.

11.4 REGRAS DE APRESENTAÇÃO

11.4.1 Formato
PAPEL
O texto deve ser digitado em papel branco, no anverso de folhas A4 (21 cm por
29,7cm), na cor preta; as ilustrações, contudo, podem apresentar outras cores (NBR
14724:2005).

TIPOLOGIA DA FONTE
A fonte a ser utilizada é a Times New Roman ou Arial, do seguinte modo:
a- fonte 12 para o texto;
b- fonte 11 para títulos colocados abaixo de figuras, ilustrações e outros;
c- fonte 10 para notas de rodapé;
d- fonte 11, nas citações de três linhas ou mais;
38

e- fonte 12, 14, 16, em caixa alta, negrito, itálico e outros para diferenciar títulos de
subtítulos, ou seja, seções e subdivisões.
f – fonte 16 para título e autor, 14 para subtítulo e 12 para demais elementos, na capa e
folha de rosto.

ESPACEJAMENTO
O texto deverá ser digitado com espaço entrelinhas 1,5 (um e meio); os títulos e
subtítulos de seções e subseções ficam separados do texto que os precede e do que os sucede
por dois espaços de mesma medida.

MARGENS
Observam-se as seguintes medidas para as margens: para as margens superior e
esquerda são deixados 3 cm, para a direita e a inferior, 2 cm.

PAGINAÇÃO
Da folha de rosto em diante, todas as demais são contadas; devendo-se, porém, colocar
algarismos arábicos para numerá-las somente a partir da Introdução. A posição do número é a
2 cm da borda superior e 2 cm da borda lateral direita da folha, portanto no alto da folha, à
direita. Havendo anexos e apêndice, a numeração das folhas continuará normalmente até a
última.

NOTA DE RODAPÉ
As notas de rodapé são digitadas dentro da margem inferior, em fonte 10, ficando
separadas do texto por um espaço simples de entrelinha e por um filete de três centímetros.
Deve-se evitar o uso desnecessário de nota de rodapé, pois sua leitura implica
interrupção da leitura do texto e, conseqüentemente, do raciocínio que o leitor vem
desenvolvendo a partir das idéias expostas.

INDICATIVOS DE SEÇÃO
Os números indicativos de seção, ou seja, das partes que estruturam um documento
(monografia) seguem ordem progressiva e são colocados à esquerda, precedendo o respectivo
título ou subtítulo, de acordo com a NBR 6024: 2003.
39

Os elementos sem título (epígrafe) ou os elementos com título, mas sem inúmero
indicativo de seção, são sempre colocados no centro da linha, por exemplo: agradecimentos,
anexos e referências e outros.

NUMERAÇÃO PROGRESSIVA
A NBR 6024: 2003 normaliza a numeração progressiva; mostra como indicar as
subdivisões do texto, por exemplo: primária, secundária, terciária e outras, ficando assim: 2.3
Elementos pós-textuais em que 2 representa uma seção primária e 3 a secundária (subseção,
subdivisão).
Os elementos textuais – introdução, desenvolvimento e conclusão – compõem, cada
um, uma seção primária; o desenvolvimento, porém, poderá estar estruturado em várias
seções primárias (anteriormente denominadas capítulos), divididas ou não em subseções
(títulos e subtítulos), dependendo do enfoque e da abrangência do tema.
A numeração progressiva deve mostrar essa divisão juntamente com a tipologia
gráfica utilizada, por exemplo, as letras usadas nos títulos das seções primárias serão sempre
iguais e mais chamativas do que as das demais seções. O mesmo tipo de seção terá sempre o
mesmo tipo de letra, tamanho e forma, tanto no texto quanto no sumário.
A divisão em seções e subseções deve ser feita de forma lógica e de acordo com a
estrutura do trabalho. A numeração progressiva deve demonstrar a seqüência das seções e
subseções e o nível de inserção, primeira, segunda, terceira seção etc. que deve, também, ser
marcado pelo uso de tipologia gráfica diferente, conforme o exemplo a seguir mostra.
Exemplo:
1 SEÇÃO PRIMÁRIA (caixa alta, fonte 14, negrito)
1.1 SEÇÃO SECUNDÁRIA (parte da primária: caixa alta, fonte 12, negrito)
1.1.1 Seção terciária (inserida na primária e na secundária; caixa baixa, fonte 14,
negrito)
1.1.1.1 seção quaternária (inserida na primária, na secundária e na terciária: caixa
baixa, fonte 12, negrito).
Além disso, abre-se página nova sempre que se inicia uma seção primária, ficando,
assim, evidente a divisão do trabalho acadêmico em seções e subseções.
40

12. ELEMENTOS DE APOIO AO TEXTO

12.1 CITAÇÕES
É a menção, no texto, de uma informação obtida de outra fonte. Pode ser uma
transcrição ou paráfrase, direta ou indireta, de fonte escrita ou oral.
As citações podem figurar incluídas no texto, em nota de rodapé ou remetendo às
referências no final do texto. As citações podem ser representadas pelos sistemas numérico ou
autor-data, devendo, o sistema escolhido, ser mantido ao longo de todo o trabalho.

12.1.1 Sistema numérico


Neste sistema os documentos citados são representados por números arábicos e em
ordem crescente na medida em que aparecem no texto. A indicação numérica no texto deve
ser feita situando-a de forma sobrescrita à linha do texto.
Exemplo:
[...] era mesmo muito feliz1
A ordem das referências no sistema numérico também é numérica de acordo com o
número que foi atribuído a cada documento.

12.1.2 Sistema autor-data


Neste sistema as citações devem incluir o autor, a data de publicação e a(s) página(s)
do documento referenciado. No caso da indicação de autoria aparecer no decorrer do texto,
apenas a inicial do nome deve aparecer em maiúscula, e quando a citação se apresentar entre
parênteses, todas as letras do nome devem ser maiúsculas. Tem sido mais utilizado nos
trabalhos acadêmicos do que o sistema numérico.
Exemplos:
Segundo Xavier (2004, p. 243) o aquecimento global está só começando.
O aquecimento global está só começando. (XAVIER, 2004, p. 243).
41

Citação de até 03 autores


Quando a obra for de autoria de até 3 pessoas, estas serão citadas pelos respectivos
sobrenomes.
Exemplos:
Resultado semelhante foi obtido por Santos e Barbosa (1995)...
ou
A delimitação da área do projeto de assentamento rural e a distribuição dos lotes
devem garantir as condições mínimas de vida. (PINHEIRO; MARIAN, 1997).

E ainda:
Conforme Moran, Masetto e Behrens (2002, p.37) ...
ou
“O ver está, na maior parte das vezes, apoiando o falar, narrar, o contar histórias.”
(MORAN; MASETTO; BEHRENS, 2002, p.37)

Citação com mais de 03 autores


Quando a obra for de autoria múltipla, deve ser citada pelo sobrenome do primeiro
autor, seguido da expressão “et al.”, o ano e página(s).
Exemplo:
Conforme notam Rodrigues et al. (1990), a redundância, ao contrário do que
geralmente se acredita, nem sempre representa desperdício ou ineficiência.
ou
.... (RODRIGUES et al., 1990)

Citação de vários trabalhos do mesmo autor publicados em anos diferentes


Trabalhos diferentes de um mesmo autor devem ser citados pelo sobrenome, e os
vários anos de publicação, em ordem cronológica, separados por vírgula (,).
Exemplo:
Os modelos por meio dos quais foram feitas as comparações denominadas por nós, de
modelos I e II, foram as genéticas – estatísticas de cruzamento, [...].(CONSTACK,
1948, 1952).
42

Citação de vários autores com a mesma opinião


Para fazer citações de autores e trabalhos diferentes sobre uma mesma opinião, deve-
se obedecer à ordem alfabética seguida de ordem cronológica.
Exemplo:
... enquanto Crocomo e Parra (1979), Crocomo e Parra (1985), Evendramin et al.
(1983) e Silva (1981), verificaram uma oscilação de valores...
ou
... (CROCOMO; PARRA, 1979, 1985; EVENDRAMIN et al., 1983; SILVA, 1981).

Citação de citação
É a transcrição de palavras textuais ou conceitos de um autor a cuja obra não se teve
acesso direto. A citação de citação é indicada pelas expressões “apud” ou “citado por”. A
citação de citação deve ser evitada, uma vez que a obra original não foi consultada e há risco
de falsa interpretação e incorreções.
Exemplos:
Marinho, citado por Markoni e Lakatos (1982, p.150), apresenta a formulação do
problema como a fase da pesquisa, que, sendo bem delimitada, simplifica e facilita a
maneira de conduzir a investigação.
ou
Marinho (apud MARKONI; LAKATOS, 1982, p.150) ...

Importante: A entrada da citação deve ser idêntica à entrada estabelecida para a referência
bibliográfica do referido documento.

12.1.3 Citação direta ou textual


É a transcrição fiel de grafia, redação e pontuação do documento consultado. Deve ser
apresentada entre aspas e trazer a indicação da página consultada.

Citação direta até 3 linhas


É inserida no texto, em fonte normal (Arial 12), entre aspas.
Exemplo:
43

“[...] a técnica é a maneira mais adequada de se vencer as etapas indicadas pelo


método. Por isso diz-se que o método equivale a estratégia, enquanto a técnica equivale a
tática [...]” (GALIANO, 1986, p.14)

Citação direta com mais de 3 linhas


A citação direta com mais de 3 linhas deve ser destacada do texto, recuada a 4 cm da
margem esquerda, digitada em tamanho menor (fonte 11) que o texto principal (fonte 12), em
espaço simples e sem aspas
Exemplo:
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o Fórum Nacional
de Normalização. As Normas Brasileiras, cujo conteúdo é de
responsabilidade dos Comitês Brasileiros (ABNT/CB) e dos Organismos de
Normalização Setorial (ABNT/NOS), são elaboradas por Comissões de
Estudo (CE), formadas por representantes dos setores envolvidos (NBR
6029: set. 2002, p.1).

As supressões [...] e os acréscimos [ ] devem ser indicados por colchetes.

12.1.4 Citação indireta


Usada quando são reproduzidas as idéias e informações do documento, sem
transcrição das palavras do autor. Não usar aspas. Mas deve ser indicada a fonte da referência.
44

13. NORMAS PARA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS – ABNT

Referência bibliográfica é o conjunto de elementos que permitem a identificação de


documentos no todo ou em parte, utilizados como fonte de consulta e citados nos trabalhos
elaborados.
As referências bibliográficas devem ser alinhadas à esquerda e digitadas utilizando se
espaço simples entre suas linhas. Entre uma referência e outra deve-se adotar espaço simples
duplo.
Todas as regras estabelecidas neste item seguem o preconizado pela NBR 6023:2002.

13.1 ELEMENTOS ESSENCIAIS

São aqueles elementos indispensáveis à identificação de um documento: autor(es),


título, edição, local, editora e data de publicação.

13.2 ELEMENTOS COMPLEMENTARES

São aqueles opcionais que, acrescentados aos essenciais, permitem melhor


caracterizar, localizar ou obter publicações:
ƒ Indicações de responsabilidade (tradutor, revisor etc)
ƒ Descrição física ou notas bibliográficas (nº de páginas ou volumes)
ƒ Ilustrações, dimensões
ƒ Série ou coleção
ƒ Notas especiais
ƒ ISBN.
45

13.3 LOCALIZAÇÃO

As referências podem aparecer em notas de rodapé, mas devem compor uma lista
alfabética ou numérica, que estará localizada ao fim do trabalho, respeitando-se a ordem
estabelecida em 11.3.1.

13.4 MODELOS DE REFERÊNCIAS

A seguir, são apresentados exemplos de referências bibliográficas comumente


utilizadas em trabalhos acadêmicos.

13.4.1 Monografia no todo


Inclui livro, folheto, entre outros.
Com um autor:

Com 2 até 3 autores:

Com mais de 3 autores:


46

Com indicação explícita de responsabilidade pelo conjunto da obra (Coordenador,


Organizador, etc.):

Referenciadas pelo título:

Autores com nomes que indicam parentesco:

Em formato eletrônico:
47

13.4.2 Monografia considerada em parte

Quando o autor da parte for o mesmo da obra no todo:

Em formato eletrônico:

13.4.3 Dissertações e teses


48

Em formato eletrônico:

13.4.4 Publicações periódicas


13.4.4.1 Publicações periódicas como todo

Em formato eletrônico:

13.4.4.2 Parte de publicações periódicas


Artigos de publicações periódicas:
49

Em formato eletrônico:

13.4.5 Eventos (congressos, seminários, simpósios, etc.)

Em formato eletrônico:

13.4.6 Vídeos, DVD’s, filmes, fitas de vídeo


50

13.4.7 Documentos de acesso exclusivo em meio eletrônico


Bases de dados:
51

14. OUTROS TRABALHOS: CONCEITUAÇÃO E ESTRUTURA

14.1 RESENHA

Resenhar significa fazer um levantamento das características de um texto, enumerando


seus aspectos relevantes, descrevendo as circunstâncias que o envolvem, as condições de
produção e de recepção do discurso. O texto pode ser de linguagem oral, visual ou digital
(palestra, filme, artigo). A resenha está incluída no rol dos textos técnico-científicos pela sua
natureza objetiva e linguagem técnica.

14.1.1 Tipos de resenhas

Resenha informativa
ƒ Um tipo de resenha mais completa e abrangente que apresenta um resumo detalhado
do texto original, ressaltando os diferentes aspectos válidos, sem entrar em
pormenores, pois o objetivo da resenha não é entrar em detalhes, mas, sim, informar o
leitor.
ƒ Deve ser seletiva e não mera repetição das idéias do autor. Nela devem ser usadas as
próprias palavras do resenhista. Deve seguir a seqüência lógica do assunto.
ƒ Pode dispensar a leitura do texto original pela abrangência do conteúdo resenhado.
ƒ Ex: resenhas universitárias, resenhas de textos não traduzidos para o vernáculo.

Resenha crítica ou simplesmente recensão


ƒ Um tipo de resenha em que se formula um julgamento sobre o texto original.
ƒ Deve-se apresentar primeiramente o resumo do conteúdo do texto original para depois
proceder-se ao comentário ou apreciação crítica de seus vários aspectos: relevância do
assunto, forma de apresentação do assunto, seqüência lógica, correção e adequação da
linguagem, etc.
ƒ A crítica pode ser feita também ao longo do resumo, sendo esta uma opção do
resenhista.
ƒ Ex: resenhas publicadas em revistas especializadas e periódicos.
52

14.1.2 Estrutura de uma resenha


Introdução
Inicia-se o texto, contextualizando o assunto exposto na obra. Faz-se necessário
levantar a importância dos temas tratados na obra. Na introdução, devem-se apresentar os
objetivos da obra resenhada.

Desenvolvimento
Iniciar a resenha apresentando a estrutura da obra:
ƒ O artigo divide-se em ... Primeiramente... No item seguinte...
Na abordagem das partes do texto, o resenhista deve deter especial atenção à
importância de traduzir o efeito que o autor do texto quis causar no leitor, o que pode ser
realizado por meio do emprego de verbos que demonstrem os atos do autor, tais como:
sustentar, contrapor, confrontar, opor, justificar, defender a tese, debruçar-se, dedicar-se ao
estudo, eleger, propor-se a, demonstrar.
Em um segundo momento, expõe-se o conteúdo apresentado na obra. Esta etapa é o
momento em que o resenhista deve expor as principais idéias defendidas pelo autor, na
mesma seqüência lógica em que se apresentam. Vale relembrar que o autor da resenha não
deve depreciar a obra, mas informar o leitor, de maneira polida, sobre o assunto nela tratado,
evidenciando, em primeiro lugar, a contribuição do autor no que concerne à produção de
novos conhecimentos.

Conclusão
Na conclusão da resenha, deve-se ordenar os conhecimentos adquiridos com a leitura,
apresentando as conclusões do autor. Pode-se abordar a relevância dessas conclusões, de
modo a evidenciar os resultados obtidos com a leitura do texto.

14.2 RESUMO

14.2.1 Definição
O resumo é a apresentação concisa, porém globalizada, dos pontos relevantes de um texto.
A elaboração formal do resumo varia de acordo com sua natureza.
53

14.2.2 Tipos de resumo científico


ƒ Resumo indicativo – indica apenas os pontos principais do texto, utilizando frases
curtas que destacam os elementos mais importantes da obra. Por sua natureza muito
concisa, não dispensa a leitura do texto original.
ƒ Resumo informativo – informa todos os dados necessários ao leitor para que este
possa decidir sobre a conveniência da leitura do texto inteiro. Expõe o tema central, os
objetivos, a metodologia, os resultados e as conclusões do trabalho, podendo dispensar
a leitura do texto original.
ƒ Resumo crítico – resumo redigido por especialistas com análise interpretativa de um
documento ou trabalho científico, no qual se processa uma apreciação crítica da obra
resenhada.

14.2.3 Redação do resumo


O resumo, quando solicitado de forma individualizada, compondo em si mesmo um
trabalho acadêmico, deverá ser precedido de referência completa do texto resumido. O texto
do resumo não deve aparecer em forma de esquema. Deve, ao contrário, ser um texto redigido
de forma cursiva, concisa e coerente, respeitando o texto original, enfatizando apenas as
idéias mais importantes da obra.
Não se admitem acréscimos ou partes que não constem no original. Quanto à
linguagem, esta deve ser clara, com vocabulário adequado a um texto técnico, uso da terceira
pessoa do singular, sem gírias ou expressões do senso comum. Deve-se também evitar
abreviaturas, abolindo-se gráficos, tabelas, citações e exemplos, exceto os considerados
imprescindíveis à compreensão do que se resume.

14.2.4 Modelos
14.2.4.1 Resumo em monografias
Esta tese investiga os novos procedimentos da lírica e da pintura modernas, no
momento em que a sociedade coetânea se depara com o advento da realidade virtual que traz
consigo o primado da imagem. Analisa também os aspectos filosóficos e estéticos que
acarretaram a “crise de representação” instaurada nas modalidades artísticas do ocidente por
meio da abordagem comparativa de artistas representativos da poesia e da pintura na
modernidade: Baudelaire e Cézanne, Rimbaud e Dalí, Mallarmé e Mondrian. O método
consiste na análise qualitativa dos textos desses autores enquanto precursores da lírica
54

moderna e se concentra na pesquisa bibliográfica em fontes teóricas da crítica literária e


filosófica. Os resultados apontam para o estabelecimento de um novo estatuto da poesia e da
pintura que subverte a noção clássica de “mimese”, estabelecendo outros parâmetros de
criação da obra artística e literária. A partir dessa pesquisa, pode-se concluir que a crise dos
paradigmas, que acometeu a vida moderna em seu clímax, resultou numa reação expressiva da
arte e da literatura em suas diferentes manifestações, gerando novos critérios de apreensão da
realidade, o que bem pode ser a ausência completa de paradigmas.
Descritores: Estéticas Modernas. Metáfora. Ruptura. Baudelaire –Cézanne. Rimbaud –Dali.
Mallarmé –Mondrian.

14.2.4.2 Resumo em artigos científicos


O discurso de elocução feminina no romance de Lya Luft
Este artigo busca investigar o discurso de elocução feminina na obra da escritora gaúcha Lya
Luft. Procura demonstrar por meio dos romances As Parceiras (1980), A asa esquerda do
anjo (1981) e O ponto cego (1999) e das prosas poéticas Histórias do tempo (2000) e Mar de
dentro (2002) a concepção filosófico-literária do universo feminino. Destaca, por intermédio
do discurso ficcional luftiano, em cada personagem feminina, os estágios de amadurecimento
psicológico desta mulher-escritora, que se permite ser vista da ótica de uma constante
metamorfose e em busca de autoconhecimento. Os resultados obtidos indicam que o discurso
feminino é constituído por uma temática própria e por recursos de linguagem como a
elocução simbólica, a dicção, o ritmo e o tom, que fortemente se apresentam em Lya Luft,
especialmente nas obras analisadas Desta forma, é possível concluir que Luft é uma agente de
transformação fundamental para a literatura feminina, não somente por dar novos rumos ao
discurso feminino, mas principalmente porque é fruto da inquietação e do desejo de auto-
revelação da voz feminina em nossa literatura.
Descritores: Discurso feminino. Análise do discurso. Lya Luft. Prosa de ficção. Prosa
poética.

14.3 RELATÓRIOS

Documentos formais em que se descrevem os resultados obtidos em uma investigação


ou se relata a execução de experiências ou de serviços.
55

14.3.1 Relatório técnico-científico


O relatório técnico-científico expõe, de forma sistemática, informação dirigida a
especialistas da área, devendo apresentar conclusões e recomendações. É elaborado com a
finalidade de ser submetido à apreciação de pessoas ou de organismos. A estrutura de
relatórios técnico-científicos obedece a uma ordenação lógica dos elementos que a compõem,
conforme descrito a seguir.
ƒ Capa
ƒ Folha de rosto
ƒ Resumo
É a apresentação concisa dos pontos relevantes de um texto (NBR6028, 2003),
objetivando esclarecer o leitor sobre a conveniência ou não de consultar o texto integralmente
e acelerar o processo de divulgação do trabalho. O resumo deve ressaltar objetivo, materiais
ou (casuística), métodos, resultados e conclusões do trabalho.
ƒ Listas (quando houver)
ƒ Sumário
ƒ Introdução
Parte inicial do texto onde se expõe o assunto como um todo. Inclui informações sobre
a natureza e a importância do problema, sua relação com outros estudos sobre o mesmo
assunto, razões que levaram à realização do trabalho, suas limitações e seu objetivo. Deve
esclarecer se o trabalho se constitui numa confirmação de observações de outros autores ou se
contém elementos novos, realçando, sempre que possível, a fundamentação clara das
hipóteses. Na introdução, pode estar contida a revisão da literatura. Não deve, entretanto,
incluir as conclusões. A revisão de literatura tem por objetivo sintetizar, de forma clara, as
várias idéias arroladas nos trabalhos anteriores que serviram de base à investigação que está
sendo realizada. Existe, atualmente, uma tendência a limitar a revisão às contribuições mais
importantes diretamente ligadas ao assunto, dando ênfase às mais recentes que oferecem base
para a derivação das hipóteses e a explicação de sua fundamentação.
ƒ Desenvolvimento - é em essência, a fundamentação lógica do trabalho de pesquisa,
cuja finalidade é expor analisar e demonstrar. Ainda que não haja uma norma rígida
sobre o desenvolvimento e este não se constitua num item específico para trabalhos
científicos, ele apresenta, em geral, as seguintes partes: materiais e métodos,
resultados e discussão.
56

ƒ Materiais e métodos ou casuística e método - compreende-se o instrumental


empregado e a descrição das técnicas adotadas, incluindo-se a experimentação com
pormenores. Materiais e métodos devem ser descritos de maneira precisa e breve,
possibilitando, assim, a repetição do experimento com a mesma precisão. Os materiais
e métodos devem ser apresentados na seqüência cronológica em que o trabalho foi
conduzido. Os métodos que já tenham sido publicados devem ser referidos apenas por
citação, a não ser que tenham sido substancialmente modificados. Nas pesquisas com
seres humanos, o título da seção deve ser casuística e métodos. Podem ser incluídos,
também, gráficos e tabelas que ilustram os processos seguidos pelo autor:
instrumentação (indicação de testes, medidas, observações, escalas, questionários a
serem usados); coleta de dados (informações sobre como, quando, onde e por que
foram aplicados os processos de pesquisa) e tratamento estatístico. Equipamentos,
produtos e outros materiais que estejam sendo utilizados pela primeira vez devem ser
descritos com detalhes, inclusive com fotografias e desenhos. Marcas comerciais de
equipamentos, drogas e outras só deverão ser incluídas quando contribuírem
significativamente para melhor compreensão e avaliação do trabalho.
ƒ Resultados e discussão - devem ser apresentados de forma objetiva, precisa, clara e
lógica, utilizando-se tabelas, figuras, fotografias que complementam o texto. Podem
ser subdivididos em tópicos que correspondam a cada uma das perguntas levantadas
ou hipóteses formuladas. São apresentados tanto os resultados positivos quanto os
negativos, desde que possuam significado importante. É a comparação entre os
resultados obtidos pelo autor e os encontrados em trabalhos anteriores, permitindo
uma análise circunstanciada que estabeleça relações entre eles e deduções das
proposições e generalizações cabíveis. Baseada em fatos comprovados, deve ressaltar
os aspectos que confirmem ou modifiquem de modo significativo as teorias
estabelecidas, apresentando novas perspectivas para a pesquisa.
ƒ Conclusão - destina-se à demonstração da confirmação positiva ou negativa da
hipótese. Fundamenta-se no texto e é decorrente das provas relacionadas na discussão.
Recapitula, sinteticamente, os resultados da pesquisa e pode trazer propostas e
sugestões originadas nos dados coletados e estudados. Quando houver várias
conclusões, intitula-se no plural. Recomenda-se que cada uma das conclusões seja
enumerada independentemente. Atenta-se para o fato que a conclusão não é um
resumo do trabalho.
ƒ Anexos e Apêndices
57

ƒ Agradecimentos
ƒ Referências

14.3.2 Relatório de estágio


Este tipo de relatório apresenta a estrutura descrita como segue:
ƒ Capa
ƒ Identificação
Caracteriza o relatório quanto a:
ƒ Aluno estagiário: nome completo do aluno
ƒ Orientador: responsável pela orientação do aluno.
ƒ Local: local de realização do estágio, considerando instituição /cidade /estado.
ƒ Período de execução: registrar o período (dia/mês/ano) de início e término da
execução do estágio.
ƒ Título: deve sintetizar seu objetivo essencial.
ƒ Atividades desenvolvidas: descrever as atividades realizadas durante o período de
estágio.
ƒ Local e data: local e data de elaboração do relatório.
ƒ Assinaturas: Estagiário e Orientador.

14.4 ARTIGOS CIENTÍFICOS

Os artigos científicos são estudos criteriosos que abordam uma questão de relevância
científica, ou seja, manifestam o resultado de uma investigação de uma pesquisa cientifica
sistemática a respeito de determinado assunto. Freqüentemente, decorrem da realização de
pesquisas inéditas.
Em geral, são textos publicados em revistas acadêmicas ou que se constituem,
considerando um conjunto deles, em livros. Para as ciências humanas e sociais os resultados
de pesquisa podem ser apresentados em forma de ensaio, que apesar de conter a mesma
estrutura textual do artigo, apresenta-se de maneira cursiva, sem as divisões das partes.
58

14.4.1 O que pode ser conteúdo de um artigo?


O artigo pode abordar assuntos diversos, considerando diferentes perspectivas, como,
por exemplo:
ƒ ser um estudo criterioso para oferecer soluções ou propostas de solução para um
problema ou uma questão que tem gerado controvérsias;
ƒ apresentar um estudo pessoal a respeito de um assunto, considerando dados fornecidos
por outros autores;
ƒ levar ao conhecimento do público interessado ou especializado um dado totalmente
novo, não conhecido nem explorado por outros estudiosos;
ƒ discutir um assunto, relacionando posições diferentes a respeito do mesmo tema,
apontando as lacunas existentes ou questões às quais os estudos ainda não
responderam.

14.4.2 Estrutura
O artigo estrutura-se da mesma forma que os demais textos científicos. Importante, no
entanto, é o destaque de alguns desses aspectos:
ƒ Título - Deve sintetizar seu aspecto essencial.
ƒ Autor - Nome completo, titulação, seguido do nome da instituição a que pertence, com
referido endereço eletrônico.
ƒ Resumo - Deve ressaltar o objetivo, o material e os métodos (ou casuística e métodos), os
resultados e as conclusões do trabalho, observando o máximo de 250 palavras, compondo
único parágrafo.
ƒ Palavras-chave ou descritores - Visam à indexação do artigo e se destinam a descrever
cientificamente o assunto. A definição das palavras-chave deve ter base em vocabulários
controlados, ou seja, Decs/Bireme (área da saúde), Inep (área da educação); Sibinet USP
(área de humanas).
ƒ Introdução - Deve apresentar uma exposição breve do tema tratado, apresentando-o de
uma maneira geral. Também, na introdução, são apresentados os objetivos do estudo
realizado, a justificativa da escolha do tema. Devem situar o problema da investigação no
contexto geral da área e indicar os pressupostos necessários à sua compreensão. A
introdução pode, ainda, conter conceituações básicas ou revisão bibliográfica.
59

ƒ Material e métodos ou casuística e métodos - Descrição de material, métodos, técnicas e


processos utilizados na investigação. Imprescindível é apresentar os critérios de inclusão e
exclusão da amostra em estudo.
ƒ Resultados e discussão - Visa a discutir, confirmar ou refutar hipóteses inerentes à
investigação. Deve detalhar, de forma objetiva e clara, os resultados da investigação,
correlacionando-os com a revisão bibliográfica.
ƒ Conclusão ou considerações finais - Trata-se do momento em que o autor expõe,
resumidamente, suas deduções, o que deve ser uma resposta aos objetivos apresentados.
Também nesse momento é possível explicitar um ponto de vista pessoal, com base nos
dados obtidos e na interpretação realizada. Pode ainda apresentar sugestões ou
recomendações para outros estudos na área.
ƒ Referências

14.5 COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

Informação apresentada em congressos, simpósios, reuniões científicas, academias,


sociedades científicas em que se expõem resultados recentes de pesquisas. São acompanhadas
de exposição oral (de curta duração entre 10 a 15 minutos) ou em forma de painéis. Seu
objetivo não é o aprofundamento, mas a socialização de resultados.

14.6 PAINEL

De caráter visual, painéis são demonstrativos do resultado de pesquisas e estudos


realizados nas atividades acadêmicas e representam a forma de comunicação científica mais
utilizada, atualmente, nos encontros de diversas áreas de conhecimento. Devem sintetizar, de
forma clara, os principais aspectos relacionados ao estudo realizado. As letras dos textos e das
figuras devem ser legíveis a uma distância de 2,0 metros. A dimensão do painel deverá ser de
60 cm de largura por 90 cm de altura.

14.6.1 Estrutura
ƒ Título - Deve apresentar letras com tamanho mínimo de 1,5 cm de altura, fonte arial 28,
caixa alta, negrito.
60

ƒ Autor - O nome do autor(es), seguido(s) da(s) respectiva(s) instituição(ões) à(s) qual(is)


pertence(em), deve(em) apresentar o tamanho das letras no mínimo de 1,0 cm de altura,
fonte arial 20, normal, negrito. Para os demais componentes do painel, o tamanho mínimo
das letras deve ser de 0,8cm para maiúscula e de 0,6 cm para minúscula, fonte arial 14,
normal.
ƒ Introdução - A introdução deve conter informações que situem os leitores em relação ao
problema estudado e ao embasamento teórico que o sustenta. Podem ser feitas citações
bibliográficas e apresentar informações relativas à justificativa, aos objetivos e à área de
conhecimento.
ƒ Objetivo - Deve ser claro, sucinto e expressar respostas às questões relevantes ao
problema focalizado no trabalho.
ƒ Material e métodos ou casuística e métodos - Este item descreve a metodologia
empregada no estudo realizado. Em todos os tipos de estudo, é essencial que este tópico
seja discutido de maneira bastante detalhada, deixando nítido o desenvolvimento de todas
as etapas do trabalho, uma vez que a validade dos dados obtidos está diretamente
relacionada aos métodos empregados para sua obtenção. Em trabalhos que envolvem um
levantamento de campo, pode-se descrever a área quanto aos aspectos econômicos e
étnicos, ambiente físico e formações naturais, entre outros. Informações sobre a
localização geográfica da região em questão são fundamentais. Em determinados estudos,
como os realizados considerando revisões bibliográficas, o termo metodologia pode-se
mostrar mais apropriado que material e métodos.
ƒ Resultados e discussão - Os dados obtidos no estudo devem estar contidos neste tópico.
Figuras, principalmente gráficos, além de tabelas – que devem ser dispostas nas laterais
direita e esquerda, numeradas, identificadas e, quando for o caso, constarem da fonte –
podem ser ferramentas úteis para a descrição dos resultados. A discussão deve ser feita
com base nos dados obtidos, devendo estar embasada em uma revisão bibliográfica que
pode ser comparativa e enfocar o conhecimento obtido considerando-se outros trabalhos
na mesma área de estudo. Os resultados podem ser apresentados separadamente da
discussão. Porém, muitas vezes, isso torna a leitura um pouco repetitiva, além de, em
muitos casos, tornar-se difícil determinar um limite entre a descrição dos resultados e sua
discussão.
ƒ Conclusão ou considerações finais - De forma bastante objetiva, o conhecimento gerado
considerando o estudo realizado deve estar contido neste item. A relevância dos resultados
61

obtidos para a comunidade científica e/ou geral, além das possíveis próximas etapas do
trabalho executado, também pode figurar neste tópico.
ƒ Referências - Este item não é obrigatório na estrutura do painel. Entretanto, quando
houver citação de autor no texto, faz-se necessário indicá-lo.
62

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6028 Resumos:


procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1990.

______. NBR 6024 Numeração progressiva das seções de um documento escrito. Rio de
Janeiro: ABNT, 2003.

______. NBR 6027 Sumário. Rio de Janeiro: ABNT, 2003. ______. NBR 10719
Elaboração de relatórios técnico-científicos. Rio de Janeiro: ABNT, 1989.

______. NBR 10520 Citações em documentos. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

______. NBR 1256 Apresentação de originais. Rio de Janeiro: ABNT, 1990.

______. NBR 6023 Informação e documentação – Referências: Elaboração. Rio de Janeiro:


ABNT, 2002.

BASTOS, D.R. Apresentação de trabalhos acadêmicos: uso das normas da ABNT. Apostila
Universidade de Santo Amaro, São Paulo, 2008.

CHALMERS, A. O que é ciência, afinal? Trad. Raul Fiker. 3. reimp. São Paulo: Brasiliense,
1999, 225p.

ECO, U. Como se faz uma tese. Trad. Gilson Cesar Cardoso de Souza. 15. ed. São Paulo:
Perspectiva, 1999, 170p.

FÁVERO, L. L. Coesão e coerência textuais. 8. ed. São Paulo: Ática, 2000, 104p.

GUIMARÃES, E. A articulação do texto. 5. ed. São Paulo: Ática, 1997, 87p.

HEGENBERG, L. Explicações científicas: introdução à filosofia da ciência. São Paulo:


Herder – EDUSP, 1969. 308p.

KÖCHE, J. C. Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência e prática da


pesquisa. 14.ª ed. rev. e ampl. Petrópolis: Vozes, 1997, 180p.

LAKATOS, E.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 3. ed. rev. e


ampl. São Paulo: Atlas, 1991, 270p.

MACIEL JUNIOR, A. Pré-socráticos: a invenção da razão. São Paulo: Odysseus, 2003.

MANUAL de orientação para trabalhos acadêmicos. União Social Camiliana - Centro


Universitário São Camilo e Sistema Integrado de Bibliotecas Pe. Inocente Radrizzani. São
Paulo: União Social Camiliana - Centro Universitário São Camilo, 2007. 88p.

MORA, J.F. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2000, Tomos I - IV.
63

ORLANDI, E. P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 3.ª ed. Campinas: Pontes,


2001, 100p.

PARRA FILHO, D.; SANTOS, J.A. Metodologia científica. 5. reimp. São Paulo: Futura,
2003. 277p.

RUIZ, J. A. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. São Paulo: Atlas, 1982.

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 21. ed. rev. e ampl. São Paulo:
Cortez Editora, 2000, 279p.
64

APÊNDICE

SUGESTÕES DE LEITURA SOBRE O TEMA

ALVES, R. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. 9. ed. São Paulo: Loyola,
2005. 223p.

BOAVENTURA, E. Como ordenar as idéias. 7 ed. São Paulo: Ática, 1999, 59p.

CHÂTELET, F. Uma história da razão: entrevistas com Émile Noël. Trad. de Lucy
Magalhães. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. 159 p.
FIORIN, J. L. & SAVIOLI, F. P. Para entender o texto: leitura e redação. 16. ed. 2. reimp.
São Paulo: Ática, 2001.

FOLSCHEID, D.; WUNENBURGER, J.-J. Metodologia filosófica. Trad. de Paulo


Neves. São Paulo: Martins Fontes, 1997, 394p.

GLEISER, M. A dança do universo: dos mitos de criação à teoria do Big-bang. São Paulo:
Companhia das Letras, 1997.

KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. Trad. Beatriz Boeira e Nelson Boeira.
S. Paulo: Perspectiva, 1975. 262 p.

MARTINS FILHO, E. L. Manual de redação e estilo de O Estado de São Paulo. 3. ed. rev.
e ampl. São Paulo: Ed. Moderna, 1997, 400p.

OMNÈS, R. Filosofia da ciência contemporânea. Trad. Roberto L. Ferreira. São Paulo:


Unesp, 1996. 319 p.

POPPER, K. A lógica da pesquisa científica. Trad. Leonidas Hegenberg e Octany S. Mota.


São Paulo: Cultrix, s.d. 567p.

VERA, A.A. Metodologia da pesquisa científica. 7. ed. Porto Alegre: Globo, 1983.
65

ANEXOS

ANEXO A - CAPA

← borda da folha

MARIA JOANA DA SILVA

borda da folha →

LINGUAGEM DE CRIANÇAS
EDUCADAS EM ORFANATO

São Paulo
2006
66

ANEXO B – FOLHA DE ROSTO

MARIA JOANA DA SILVA

←borda da folha

borda da folha →

LINGUAGEM DE CRIANÇAS
EDUCADAS EM ORFANATO

Apresentada como parte dos requisitos do


Curso de Licenciatura em Português e Inglês
da Faculdade de Letras da Universidade de
Santo Amaro — UNISA.
Orientador:
Prof. título, nome

São Paulo
2008

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