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Lajes Treliçadas Submetidas a Cargas Lineares  

     No informativo de hoje, gostaria de abordar um tema bastante controverso, sobre o qual
existe muita divergência por parte dos fabricantes de laje.
     Antes de fazermos o cálculo e dimensionamento propriamente dito, devemos definir
corretamente os carregamentos que atuarão em nossa estrutura, ou em nossa laje treliçada.
É importante que inicialmente façamos a separação das cargas, entre permanentes e
acidentais. Essa informação terá influência direta quando formos fazer as verificações
quanto aos estados limites de serviço (flechas). As cargas permanentes são aquelas que
estarão atuando ao longo de toda a vida útil da estrutura, enquanto que as cargas acidentais
atuam sobre alguns períodos da vida útil da estrutura.
     Podemos definir, entre outras, que as principais cargas permanentes são: o peso próprio
da laje, cargas de revestimento e cargas de telhados ou de alvenaria atuando diretamente
sobre a laje. Já entre as cargas acidentais, estão todas as sobrecargas de utilização, as quais
são definidas na norma NBr 6120 – “Cargas Para o Cálculo de Estruturas de Edificações”.
     Para a análise das cargas de alvenaria atuando diretamente sobre a laje, é necessário
conhecermos de antemão qual será o tijolo utilizado, sua espessura, os revestimentos
adotados e o pé direito. Com isso temos o peso específico e dimensões das alvenarias e
revestimentos, e podemos calcular a carga linear que atuará sobre a laje.
     A partir daí, devemos distribuir essa carga linear, de modo que tenhamos uma carga
distribuída. Em alguns casos podemos somar todas as cargas lineares que estão atuando
sobre a laje e dividir pela área da mesma. Porém, principalmente quando se trata de lajes
treliçadas unidirecionais, esta é uma solução quase sempre bastante simplista, e que leva a
resultados muito diferentes do ideal. Não devemos pensar que a carga de uma parede
disposta longitudinalmente sobre a laje se distribuirá igualmente para todas as suas vigotas.
É lógico que as vigotas que estão sob esta parede e suas vizinhas mais próximas é que
receberão a carga da parede. Portanto, no caso de alvenarias longitudinais sobre a laje, a
maneira mais adequada de se distribuir suas cargas é definirmos uma faixa de influência,
onde consideramos que elas se distribuirão. Basta então, dividir a carga da parede por essa
área de influência para chegarmos no carregamento final.
     Outra maneira de se considerar cargas de alvenaria sobre laje, é quando temos paredes
dispostas transversalmente às vigotas. Podemos adotar um outro critério: dimensionar cada
vigota como uma viga de seção T, com sua parcela de carga concentrada resultante da
parede, obtida pela multiplicação da carga linear da parede pelo intereixo utilizado.
     No caso de possuirmos um software mais sofisticado, podemos utilizar o modelo de
grelhas, onde lançamos as cargas lineares sobre a mesma, e a distribuição de cargas é feita
automaticamente, levando-se em conta as rigidezes das nervuras e de todo o conjunto
estrutural.
     Dessa maneira, mostramos que existem alguns critérios para que se leve em conta os
carregamentos lineares de alvenarias sobre laje. O que não devemos fazer é não adotar
nenhum deles, ou simplificar demais a distribuição de cargas e cairmos em modelos
errados, os quais trarão certamente lajes dimensionadas incorretamente, geralmente com
armadura insuficiente em determinadas regiões e deformações excessivas, trazendo
patologias ao longo do tempo.
Bom dia e bom trabalho a todos.

Engº Civil Otávio Araújo


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