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AFIRMAR

Linguagem e comunicação
LC3c
Um conto “pouco ou nada” tradicional

1. Leia o conto que se segue. Reconhece a história original?

“Há bués de times, havia uma garina cujo cota já tinha esticado o pernil e
que vivia com a chunga da madrasta e as melgas das filhas dela.
A Cinderela, Cindy p´ós amigos, parecia que vivia na prisa, sem tempo
para sequer enviar uns mails.
Com este desatino todo, só lhe apetecia dar de frosques, porque a
madrasta fazia-lhe
bué de cenas.
É então que a Cindy fica a saber da alta desbunda que ia acontecer: Uma
party!!!
A gaja curtiu tótil a ideia, mas as outras chavalas cortaram-lhe as bases.
Ela ficou completamente passada, mas depois de andar à toa durante um
coche,
apareceu-lhe uma fada baril que lhe abicou uma farda baita bacana, ela
ficou a parecer uma g’anda febra.
Só que ela só podia afiambrar da cena até ao bater da 24. A tipa mordeu o
esquema e foi para a borga sempre a abrir. Ao entrar na party topou um
mano cheio de papel, que era bom comó milho e que também a galou.
Aí, a Cindy passou-se dos carretos, desbundaram "ól naite long" até que,
ao ouvir as
24, ela teve de se axandrar e bazou.
O mitra ficou completamente abardinado quando ela deu de fuga e foi
atrás dela, mas só encontrou pelo caminho o chanato da dama.
No dia seguinte, com alta fezada, meteu-se nos calcantes e foi à procura
de um chispe que entrasse no chanato.
Como era um alta cromo, teve uma vaca descomunal e encontrou a
maluca, para grande desatino das outras fatelas que ficaram a olhar”.

2. Escolha um dos contos tradicionais que se seguem e transforme-o num conto “pouco
tradicional”, como o que leu anteriormente.

O Burro e o Azeiteiro

Dois estudantes encontraram, numa estrada, um azeiteiro com um burro carregado de


bilhas de azeite. Os estudantes estavam sem dinheiro; por isso, decidiram roubar o
animal. Enquanto o pobre homem seguia o seu caminho, um deles tirou a *cabeçada
do burro e colocou-a no pescoço. O outro estudante fugiu com o animal e a carga. De
repente, o azeiteiro olhou para trás e viu um rapaz em vez do burro.
Nesse momento, o estudante exclamou: «Ah! senhor, quanto lhe agradeço ter-me
dado uma pancada na cabeça! *Quebrou-me o encanto que durante tantos anos me
fez ser burro!...» O azeiteiro tirou o chapéu e disse-lhe: «Afinal, o meu burro estava
enfeitiçado! Perdi o meu *ganha-pão! Peço-lhe muitos perdões por tê-lo maltratado
tanta vez - mas que quer? - o senhor era muito teimoso!»
- Está perdoado, bom homem! - disse o estudante. O que lhe peço é que me deixe em
paz.
O pobre azeiteiro lamentou-se porque já não podia vender o azeite. Então, foi pedir
dinheiro a um compadre para ir à feira comprar outro burro. Quando lá chegou, viu um
estudante a vender o seu burro. O azeiteiro pensou que o rapaz se tinha transformado,
outra vez, num animal! Aproximou-se do burro e gritou com toda a força: «Olhe,
senhor burro, quem o não compre”
A Mulher Gulosa

Era uma vez uma mulher que era casada com um pescador. Como era muito gulosa e
má não fazia comida para o marido. Dava-lhe só pão com azeitonas. Mas, para ela
fazia bons petiscos que comia sozinha.
E depois de os comer sentava-se numa cadeira, refastelada, e dizia:

Estende-te, perna,
Descansa corpinho,
Que lá anda no mar
Quem te há-de dar
Pão e vinho.
Quando o pescador vier,
Coma azeitonas se houver.

De facto, quando o marido chegava a casa, ela só lhe dava pão e azeitonas, que ela
não comia dizendo que já tinha comido. Isto acontecia todos os dias e o pobre
pescador lamentava-se da sua sorte. Andava ele desconfiado que a mulher comia às
escondidas, quando um dia, indo para o mar, encontrou uma velhinha que lhe disse:
-Não te apoquentes mais que amanhã já comes melhor. Toma lá estas quatro bonecas
e põe uma em cada canto da cozinha, mas que a tua mulher não veja.
Ele assim fez e abalou para o mar.

Preparava-se a mulher para comer os petiscos, quando ouviu:


1ª boneca ) - O que vai aquela mulher fazer?
( 2ª boneca ) - Ora ... vai comer !...
( 3ª boneca ) - Mas o marido não está em casa!
( 4ª boneca ) - Bem se importa ela com o marido! É uma gulosa!

A mulher, assustada, olhou mas não viu ninguém. Mais sossegada dispunha-se a
comer quando ouviu novamente as mesmas vozes:
( 1ª boneca ) - O que vai aquela mulher fazer?
( 2ª boneca ) - Ora ... vai comer !...
( 3ª boneca ) - Mas o marido não está em casa!
( 4ª boneca ) - Bem se importa ela com o marido!
É uma gulosa!
Então cheia de medo saiu porta fora. Demorou-se por lá muito tempo, mas tendo
fome voltou para casa. Ia mais uma vez tentar comer, logo ouviu as mesmas vozes.
Assustada, resolveu esperar pelo marido para comerem juntos.
Ficou o pescador admirado com a mudança.

No dia seguinte, antes de sair para o mar, disse-lhe a mulher:


- Olha, vem cedo que eu tenho cá um bom jantarinho. E assim foi, e nunca mais ela
comeu sem o marido.

Tempos depois foi o pescador à procura da velhinha, que era uma fada, entregou-lhe
as bonecas e agradeceu-lhe muito o que lhe tinha feito, pois agora já era feliz.
Os Três Conselhos

Um pobre rapaz tinha casado, e para arranjar a sua vida, logo ao fim do primeiro ano
teve de ir servir uns patrões muito longe. Ele era assim bom homem, e pediu ao amo
que lhe fosse guardando na mão o dinheiro das soldadas. Ao fim de uns quatro anos
já tinha um par de moedas, que lhe chegava para comprar um eidico, e quis voltar
para casa. O patrão disse-lhe:
– Qual queres, três bons conselhos que te hão-de servir para toda a vida, ou o teu
dinheiro?
– Ele, o dinheiro é sangue, como diz o outro.
– Mas podem roubar-to pelo caminho e matarem-te.
– Pois então venham de lá os conselhos.
Disse-lhe o patrão:
– O primeiro conselho que te dou é que nunca te metas por atalho, podendo andar
pela estrada real.
– Cá me fica para meu governo.
– O segundo, é que nunca pernoites em casa de homem velho casado com mulher
nova. Agora o terceiro vem a ser: nunca te decidas pelas primeiras aparências.

O rapaz guardou na memória os três conselhos, que representavam todas as suas


soldadas; e quando se ia embora, a dona da casa deu-lhe um bolo para o caminho, se
tivesse fome; mas que era melhor comê-lo em casa com a mulher, quando lá
chegasse. Partiu o homenzinho do Senhor, e encontrou-se na estrada com uns
almocreves que levavam uns machos com fazendas; foram-se acompanhando e
contando a sua vida, e chegando lá a um ponto da estrada, disse um almocreve que
cortava ali por uns atalhos, porque poupava meia hora de caminho. O rapaz foi
batendo pela estrada real, e quando ia chegando a um povoado, viu vir o almocreve
todo esbaforido sem os machos; tinham-no roubado e espancado na quelha. Disse o
moço:
– Já me valeu o primeiro conselho.
Seguiu o seu caminho, e chegou já de noite a uma venda, onde foi beber uma pinga, e
onde tencionava pernoitar; mas quando viu o taverneiro já homem entrado, e a mulher
ainda frescalhuda, pagou e foi andando sempre. Quando chegou à vila, ia lá um
reboliço; era que a Justiça andava em busca de um assassino que tinha fugido com a
mulher do taverneiro que fora morto naquela noite. Disse o rapaz lá consigo:
– Bem empregado dinheiro o que me levou o patrão por este conselho.
E picou o passo, para ainda naquele dia chegar a casa. E lá chegou; quando se ia
aproximando da porta, viu dentro de casa um homem, sentado ao lume com a sua
mulher! A sua primeira ideia foi ir matar logo ali a ambos. Lembrou-se do conselho, e
curtiu consigo a sua dor, e entrou muito fresco pela poria dentro. A mulher veio
abraçá-lo, e disse:
– Aqui está meu irmão, que chegou hoje mesmo do Brasil. Que dia! E tu também ao
fim de quatro anos!

Abraçaram-se todos muito contentes, e quando foi a ceia para a mesa, o marido vai a
partir o bolo, e aparece-lhe dentro todo o dinheiro das suas soldadas. E por isso, como
diz o outro, ainda há quem faça bem.

Maria do Céu Xisto

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