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A Loucura Nas Literaturas Americana e Brasileira Do Século XIX
A Loucura Nas Literaturas Americana e Brasileira Do Século XIX
Niterói
2007.1
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Projeto apresentado à
Universidade Estácio de Sá.
Niterói
2007.1
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.........................................................................................................03
DENUNCIADOR” ....................................................................................................04
3. CONCLUSÃO ......................................................................................................12
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................13
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“No começo do século XIX, Spurzheim² fará a síntese entre todas essas
análises num dos últimos textos que lhes é destinado. A loucura, “mais freqüente na
Inglaterra do que em qualquer outro lugar”, é apenas o preço da liberdade que ali
reina, e da riqueza presente em toda parte. A liberdade de consciência comporta
mais perigos do que a autoridade e o despotismo ”.
“Os sentimentos religiosos... atuam sem restrições; todo individuo tem a
permissão de pregar a quem quiser ouvi- lo; e a força de ouvir opiniões tão
diferentes, “os espíritos se atormentam na busca da verdade”. Perigos da indecisão,
da atenção que não sabe onde fixar-se, da alma que vacila. Perigo também das
querelas, das paixões, do espírito que se fixa obstinadamente no partido que tomou
(...)”.
Em seu discurso o personagem-narrador diz que ele não estava interessado
no ouro de sua vítima, e confirma a questão que Foucault menciona do “perigo
também das querelas, das paixões, do espírito que se fixa obstinadamente no partido
que tomou (...)”.
Veremos agora o início do texto para que possamos analisar de forma mais
técnica esta questão.
“É impossível dizer como a idéia me penetrou primeiro no cérebro. Uma vez
concebida, porém, ela me perseguiu dia e noite. Não havia motivo. Não havia cólera.
Eu gostava do velho. Ele nunca me fizera mal. Nunca me insultara. Eu não desejava
seu ouro. Penso que era o olhar dele! Sim, era isso! Um de seus olhos se parecia com
o de um abutre... um olho de cor azul-pálido, que sofria de catarata. Meu sangue se
enregelava sempre que ele caía sobre mim; e assim, pouco a pouco, bem lentamente,
fui- me decidindo a tirar a vida do velho e assim libertar- me daquele olho para
sempre”.
“Ora aí é que está o problema. Imaginais que sou louco. Os loucos nada
sabem. Deveríeis, porém, ter- me visto. Deveríeis ter visto como procedi
cautelosamente! Com que prudência... com que previsão... com que dissimulação
lancei mãos a obra!”
Com este trecho podemos ver nitidamente a questão “do espírito que se fixa
obstinadamente no partido que tomou”, em outras palavras a idéia fixa.
² Johann Gaspar Spurzheim (1776-1832) foi um medico alemão que se tornou um dos
chefes proponentes da Frenologia, uma das ramificações da neurociência, criada
aproximadamente em 1800 por Franz Joseph Gall (1758-1828).
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estadista e filósofo francês, líder do grupo dos Doutrinários durante a Restauração de Bourbon
(1814-1830).
4 Joseph Fouché, duque de Otranto, (Pellerin, 21 de maio de 1763 — Trieste, 25 de
6 Sir Edmund Ronald Leach (7 de Novembro, 1910 – 6 Janeiro, 1989) foi um antropólogo
social Britânico.
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“Os loucos por amor eram três ou quatro, mas só dois espantavam pelo curioso
do delírio. O primeiro, um Falcão, rapaz de vinte e cinco anos, supunha-se estrela
d’alva, abria os braços e alargava as pernas, para dar lhes certa feição de raios, e ficava
assim horas esquecidas a perguntar se o sol já tinha saído para ele recolher se. O outro
andava sempre, sempre, sempre, à roda das salas ou do pátio, ao longo dos corredores, à
procura do fim do mundo.”
“Até a metade do século XIX, e mais além, doença significava uma desordem
corporal cuja manifestação típica era a alteração da esturutrua física: isto é, uma visível
deformidade, enfermidade, ou lesão, como uma extremidade disforme, uma pele
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ulcerada, uma fratura ou ferimento. A partir desse significado original, a doença era
identificada através de uma alteração da esturtura corpórea, e os médicos distinguiam
doenças de não-doenças de acordo com o que podiam detectar em termos de uma
mudança anormal na estrutura do corpo de uma pessoa. Eis por que, depois que a
dissecação do corpo foi permitida, a anatomia tornou-se a base da ciência médica: desse
modo, os médicos eram capazes de identificar numerosas alterações na estrutura do
corpo, as quais de outra forma não seriam aparentes. Com o desenvolvimento de
métodos mais especializados para examinar os tecidos e líquidos corpóreos, a perícia
dos patologistas em detectar as doenças do corpo até então desconhecidas cresceu
astronomincamente. Os métodos e critérios anatômicos e patológicos continuam a
desempanhar um papel constantemente crescente na identificação de alterações na
integridade fisioquímica do corpo e na distinção entre as pessoas que apresentam tais
sinais identificáveis de doença e as que não os apresentam.”
“É importante compreender claramente que a moderna psiquiatria – e a
identificação de novas doenças psiquiátricas – não começou pela identificação de tais
doenças através dos métodos estabelecidos pela patologia, mas pela criação de um novo
critério estabelecido de alteração detectável da estrutura corpórea foi agora
acrescentado o recente critério de alteração da função corpórea; e, da mesma forma que
a primeira era detectada através da observação do corpo do paciente, a última era
dectada pela observação de seu comportamento. Eis como e por que a histeria de
conversão tornou-se o protótipo dessa nova classe de doenças – convenientemente
chamadas “mentais” para distingui- las das que são “orgânicas”, e também
convenientemente chamadas “funcionais” para contrastar com as chamadas
“estruturais”. Portanto, se na medicina moderna elas foram descobertas, na psiq uiatria
moderna elas foram inventadas.”
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9. Bibliografia:
Livros
1. ASSIS, Machado de. O Alienista. São Paulo: FTD, 1994. (Grandes leituras).
Edgar Allan Poe; tradução de Oscar Mendes. – Rio de Janeiro: Ed. Nova
Fronteira, 1981.
4. SZASZ, Thomas S.. O Mito da Doença Mental. São Paulo. Ed. Circulo do
Livro.
Sites
1. http://www.bibvirt.futuro.usp.br
2. http://pt.wikipedia.org/wiki/Machado_de_Assis
3. http://pt.wikipedia.org/wiki/Edgar_Allan_Poe
4. http://en.wikipedia.org/wiki/Thomas_Szasz
5. http://pt.wikipedia.org/wiki/Michel_Foucault
6. http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Alienista
7. http://en.wikipedia.org/wiki/The_Tell-Tale_Heart
8. http://www.eapoe.org/works/tales/thearta.htm
9. http://en.wikipedia.org/wiki/Johann_Spurzheim
10. http://en.wikipedia.org/wiki/Pierre_Paul_Royer-Collard
11. http://pt.wikipedia.org/wiki/Joseph_Fouch%C3%A9
14
12. http://pt.wikipedia.org/wiki/Positivismo
13. http://pt.wikipedia.org/wiki/Auguste_Comte
14. http://en.wikipedia.org/wiki/Edmund_Leach