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A Ordem Internacional

Analisando o mundo pó s-crise

Professor: Shiguenoli Miyamoto


Aluna: Mariana Lopes
RA: 103386
Diferente do outro trabalho, onde foquei mais em analisar uma política
econômica, pretendo nesse segundo ensaio desvendar uma área muito nova
para mim, que são as teorias internacionais sobre a nova ordem em que
vivemos.

Usei como base dois livros, além da biografia sugerida pelo professor, são
eles: a ‘Globalização Democracia e Ordem Internacional’, do Sebastião
Velasco, e ‘O paraíso e poder’ de Robert Kagan.

Quando falamos sobre Nova Ordem Mundial tomamos como referência o


século XXI, contextualizando com o momento histórico que houve uma
ruptura da bipolaridade representada pela Guerra Fria, e iniciamos um
momento Unipolar despontando como única potência os Estados Unidos,
diferente do que muitos imaginavam em manter um mundo multipolar
observamos a Europa se fechando dentro de leis e como em um trauma de
guerra não participando ativamente de intervenções militares ou
desenvolvendo armas.

A presença ou a falta dessa da Europa contribui muito para manter a atual


ordem mundial, diferente do que Kagan expõe no seu livro que seria uma
fraqueza da Europa recorrer ao poder brando e em querer construir um
mundo onde o direito internacional e as instituições valessem mais do que
o poder individual de cada país, vejo que esse modelo seria o mais sensato
e nos levaria para um mundo multipolar, onde a não intervenção seria a lei
mundial, cada país poderia ajudar seus ‘aliados’ e ‘inimigos’ somente
depois da permissão do mesmo, e não o invadindo com tropas ou obrigando
a prestação de contas, Waltz já previu isso que um dia com a queda
americana, voltaríamos a seguir a democracia européia, voltaremos a
tirania.
Como Kagan citou no capítulo 8 de seu livro “A América não mudou a 11
de setembro. Tornou-se mais ela própria.”(pg 95). A nova ordem
internacional foi desenhada apartir de 1990 com o fim da Guerra Fria, e os
americanos viram nesse momento uma oportunidade única de expandir
seus poderes e influência para a antiga União Soviética e como não possuía
inimigos a altura, era e é ainda hoje a única nação que conseguia liderar o
resto do mundo e espalhar a democracia e a economia liberal, como Bush
dizia.

A busca pela unipolaridade é antiga mesmo que teve seu ápice no governo
Bush, e isso seja uma característica da sua gestão. Watz propôs o
‘militarismo teatral’ como uma forma de manter a unipolaridade,
justificando o ataque americano a micropotencias e a nunca resolver
realmente os problemas, além da guerra armamentista que os Estados
Unidos competem com ele próprio para tornar cada vez mais difícil a
aparição de um inimigo a altura.

Vale destacar o papel da ONU como organização comandada pelos


Estados Unidos como um aparato que ajuda a unipolaridade, já que graças
ao Artigo 51 que os permite auto defesa sem consultoria da mesma. Usar a
ONU para atacar é algo comum aos americanos, intervieram na Guerra da
Bósnia sob o nome da mesma, interveio no Haiti também com o nome da
ONU.

A guerra do Iraque mesmo com criticas da comunidade internacional só


aconteceu graças a tal artigo, já que diferente de outras nações eles não
precisam de permissão para iniciar um genocídio.

Agora irei focar citando Kagan e Joseph Nye Jr, dois estudiosos e
defensores da política americana, os dois concordam no fato de que a
população americana busca expandir seu modo de vida, Nye em seu livro o
‘Paradoxo do poder americano’ faz uma citação sobre como os americanos
não conseguem jantar despreocupados depois de ver no noticiário pobreza
e ameaças, já Kagan fala da capacidade dos americanos em notar uma
ameaça e intervir na mesma, coisa que os europeus não fazem como o
exemplo de preferirem ignorar a existência de Saddam Hussein.

Lógico que em 2002, após o ataque a população estava vulnerável e após


dos dizeres de Bush sobre os supostos inimigos todos apoiaram a ação, com
quase 80% de aprovação, mas como todos sabem o Iraque não representava
uma ameaça, as supostas bombas nunca foram achadas, e a queda de
popularidade da Guerra e com isso o modo de sustentação da unipolaridade
foram caindo, chegando hoje no governo Obama, o pedido pelo fim da
Guerra, oras ele fora eleito por esse motivo e até agora não tivemos uma
diferença significativa quanto a política externa.

Ikenberry comenta a respeito de como é custoso querer comandar o mundo


todo sozinho, manter uma ocupação militar é caro mas é mais caro ainda
manter a paz com o final da Guerra, se afastar dos seus aliados segundo ele
traz duas conseqüências uma a dificuldade financeira para agüentar uma
guerra longa e com isso a necessidade de ter bons sócios para ajudar a
segunda é os outros países buscar uma nova opção de dominação já que a
influência americana iria diminuir conforme os anos de isolamento. A
teoria de Ikenberry fora comprovada agora em 2008, com o estouro da crise
econômica, manter uma guerra basicamente sozinhos e como todo o PIB do
país direcionado a isso fez com que a crise fosse inevitável mesmo que os
EUA não tenha entrado em recessão assim como países europeus usando
como exemplo a Grécia.

A crise econômica contribui para teóricos que vêem o colapso da


hegemonia americana, porque esta precisou recorrer a ajudas externas, e
vimos a popularidade da Guerra cair drasticamente, num momento de crise
até os americanos que gostam de exercer seu poder contra países menores
preferiram recuar. Não pretendo entrar na discussão da crise já esta sairia
um pouco do foco, mas vale citar George Soros em seu artigo para o New
York Times “mais do que causar uma recessão global, poderia acabar
alterando as atuais relações de força da economia mundial, com um relativo
declínio dos EUA e a ascensão da China e de outros países do mundo
desenvolvido.”. Resolver a crise é uma questão de como manter seu poder
e conseqüentemente sua posição como única potencia. Como a crise não
acabou, temos países ainda declarando recessão com greves gerais, não vou
ser hipócrita e imaginar um mundo novo em tão pouco tempo, já que para
se tornar uma potencia a China ou qualquer outro país precisa bem mais do
que uma economia desenvolvida.

No final do capítulo 9 ‘Entre normas e fatos’ Velasco faz uma critica ao


utopistas que acreditam que num governo mundial todos os problemas
seriam resolvidos, que os antagonismos entre Estados sumiriam, ele afirma
que a comunidade política nunca iria legitimar um poder com essas
dimensões até porque o passado de guerras, as diferenças sociais e culturais
iriam sempre atrapalhar a paz mundial. Não penso como os utopistas mas
creio na possibilidade de um mundo multipolar, creio ma ascensão dos G20
e de seus blocos econômicos, saindo da crise com os blocos econômicos
fortalecidos tais países podem conseguir uma independência americana que
é comprovada já se formos analisar o intercambio financeiro de cada país,
não posso também criar algo solido em cima dos meus sonhos quanto a
mundo globalizado, porque tal ensaio foi feito sem uma pesquisa elaborada
para isso, mas legitimo o mundo globalizado, legitimo a cultura
globalizada, e após a crise e a possível emergência da China como maior
economia e seguida dela quem conseguir sobreviver e a união cada vez
significativa do G20, já que imagino que a UE não saia fortalecida depois
da crise que poderá criar uma nova ordem internacional, espero que meus
anseios vire realidade e possa ver os subdesenvolvidos criando uma nova
ordem mundial, que eu como futura cientista político possa ver e ter a
oportunidade de analisá-los, mesmo que isso hoje soe utopista ou algo sem
consistência teórica.

Não sei se compensa ser tão drástico igual a Todd que prevê que os Estados
Unidos não conseguem se manter como potência hegemônica até 2050,
mas é comprovado que eles passam por um momento impar na sua história,
mudar sua política externa, usar de protecionismo econômico tudo vai
contra a sua doutrina mas é algo necessário se querem mesmo sair inteiros
depois da crise, que ao meu ver está apenas começando.

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