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CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR REINALDO RAMOS – CESREI

CURSO: PUBLICIDADE E PROPAGANDA


DISCIPLINA: TEORIA DA COMUNICAÇÃO
PROFESSOR: ROSTAND MELO
Aluno (a): IVANY BARROS LUCENA JUNIOR
2010.1 – 2º. PERÍODO

RESENHA CRÍTICA – COMUNICAÇÃO E MODERNIDADE

WOLTON, Dominique. Comunicação e modernidade In:______ WOLTON, Dominique.


Pensar a comunicação. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2004. p. 24-40.

CAMPINA GRANDE – PB.


2010.

Introdução
No presente texto, “Comunicação e modernidade” o autor Dominique Wolton (Doutor em
sociologia, diretor de pesquisa do Centro Nacional da Pesquisa Científica (CNRS), onde
dirige, desde 2000, o laboratório de ‘Informação, Comunicação e Implicações Científicas'. É
diretor da revista científica Hermès, e um dos grandes especialistas europeus em política e
comunicação. Escreve regularmente, entre outros, para os jornais Le Monde e Libération.)
aborda com perspicácia o uso das técnicas e suas evoluções no grande êxito da comunicação
dos dias atuais. O foco central da obra é relacionar a comunicação midiática com o estilo de
sociedade que a produz, percebendo que o molde do nosso modelo de comunicação atual foi
construído a partir do século XVIII com as grandes revoluções européias (Industrial e
Francesa) e relacionando a comunicação com essa modernidade assim produzida. Essa
modernidade é conceituada por ele como uma organização social surgida a partir do referido
período, consolidada a partir das revoluções mencionadas e possibilitada pela consolidação do
capitalismo. Apresenta paradigmas e valores iluministas, ou seja, da individualização da
importância dos indivíduos na sociedade, fundamentação tecnológica e científica em busca
das verdades. A partir desse quadro, a comunicação segundo o autor, tem seu êxito através
das novas técnicas (do telégrafo à internet, pelo período mencionado pelo mesmo, podemos
racionalizar), que libertam o homem do espaço tempo, podendo-se ampliar a comunicação e a
própria necessidade da mesma. É impossível dissociar esse êxito referido da técnica e da
modernidade, pois os valores presentes no inicio ainda imperam e caracterizam essa forma
contemporânea: Liberdade de expressão, individualização e técnicas que simplifiquem o
modo de comunicar-se. Nesse campo, a grande abertura das fronteiras se dá no campo mental
e cultural, tendo a comunicação como instrumento principal dessa abertura, auxiliada pelas
técnicas, assumindo assim seu grande papel no mundo contemporâneo: A valorização do
indivíduo e suas relações, baseada nos valores de liberdade e igualdade. Ela tem duas funções
ideológicas: Dissemina a compreensão mútua e da democracia, satisfazendo os interesses de
uma sociedade democrática e as necessidades do sistema econômico global que só sobrevive
graças a sistemas de comunicação rápidos e eficazes, onde podemos exemplificar na nossa
área com o consumismo gerado pelos anúncios publicitários, como também na especulação de
ações na bolsa de valores, onde qualquer individuo pode comprar e vender ações de empresas
estando alocado em algum lugar do mundo com internet. O autor levanta três hipóteses para
se entender esse fenômeno de comunicação versus sociedade: Laço entre comunicação e
modernização, o papel da comunicação na sociedade contemporânea e o papel da recepção
dessa comunicação, e ai é onde está a chave do raciocínio do autor. Na primeira hipótese o
referido êxito e explicado a partir de dois pressupostos: A comunicação como necessidade
fundamental da humanidade (valores iluministas basicamente associados com as técnicas na
propagação daqueles ideais e utopias) e comunicação como característica essencial da
modernidade (gestão funcional de uma sociedade complexa que demanda grandes volumes de
informação em pequeno espaço de tempo). Na segunda hipótese apresenta como grande
questão da sociedade individualista de massas a crise da relação entre o individuo e a
coletividade, gerada por dois movimentos contraditórios, já mencionados anteriormente que
são liberdade individual e igualdade entre os indivíduos. Assim, fundamentada nos ideais
liberais e socialistas valoriza o individuo e a coletividade massificada ao mesmo tempo,
formando um triangulo organizacional entre individuo, coletividade e comunicação, com as
relações sendo organizadas pela comunicação. A partir daí seguem dois processos distintos: A
individualização (pela fragmentação audiovisual e as inter-relações da internet) e a
massificação (grandes redes de comunicação, televisão e rádio) culminando no raciocínio que
não existe teoria da comunicação sem teoria da sociedade. Na terceira hipótese o autor
valoriza a inteligência critica do publico receptor, afirmando que pela democratização da
comunicação, esse público tem a capacidade e os meios de escolher devidamente os objetos
midiáticos (carregados com ideologia e hábitos de consumo) de maneira que mais lhe
aprouver. Nesse ponto ele rompe com a escola de Frankfurt que afirma que no ato da
manipulação também ocorre a alienação, argumento que refuta salientando que não há
comunicação sem a capacidade critica do publico, e que o processo que se dá é a interação do
publico com as novas técnicas e que ao passo que as técnicas evoluem os sujeitos também
evoluem no sentido de ficarem aptos a lidar com elas. Ainda nessa hipótese argumenta que a
questão universal da comunicação não se refere apenas a globalização e sim a um processo
muito mais complexo, pois a mundialização das técnicas não significam a mundialização dos
conteúdos (por exemplo a influencia de determinada agencia de noticias e a ação da internet
que apesar de possibilitar interação de indivíduos de diversas partes do planeta não unifica
essa diferença e sim apenas as põe em contato) por força, segundo seu argumento, de que a
ideologia e a cultura são mais fortes do que a técnica nesse processo. Conclui o texto
afirmando que a referida sociedade da informação não terá uma forma linear e unificada de
organizar sua comunicação, e em cada contexto social-nacional será criada ou adequada a
técnica mais apropriada àquele nicho social.

AVALIAÇÃO CRÍTICA DA OBRA

A referida obra estudada e analisada tem o mérito literário de estabelecer relações


contemporâneas entre a sociedade e o sistema global de comunicação, com um raciocínio
perspicaz, analisando o tema rompendo paradigmas convencionados pela aclamada escola
humanística de Frankfurt, apesar de seguir uma corrente evolutiva do pensamento alemão até
determinado ponto do texto. O estilo de abordagem a meu ver foi extremamente redundante
(os conceitos repetem-se em demasia), porém com uma clara tendência ao realismo, apesar de
não contextualizar suas opiniões com exemplos palpáveis. A obra tem méritos ao abordar o
tema escolhido pelo autor.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O autor auto-aclama sua obra (o referido texto) como fruto de uma abordagem científica -
teórica em uma posição “empírico – critica” (colocando em primeiro lugar a importância
teórica da comunicação e sua adequação ao modelo da democracia de massas, criticando ao
mesmo tempo a constante defasagem entre os atos e as referencias desses atos), afirma que
essa posição de investigação é minoria e critica em tom de denúncia que os demais trabalhos
existentes sobre o campo da comunicação são em grande maioria mais críticos ou em menos
incidência fazem apologia a atual ideologia de comunicação, dessa forma não tenho como
concluir diferentemente que o referido autor demonstra falta de ética profissional para com
seus pares cientistas e uma megalomania acompanhada de auto – indulgência que o leva a crer
que apenas seu trabalho está correto e todas as outras correntes de pensamento estão erradas
(no presente trabalho). Admite que os grupos dominantes (denomina as “elites” e admite
abusar no termo) se fazem dominadores por propagar suas ideologia e cultura nos meios
culturais (porque não usar meios de comunicação ou especificar por completo os meios
culturais?) e refuta a idéia de manipulação por alienação. Ou seja, no seguimento natural do
raciocínio do autor, o individuo independentemente de seu grau de escolarização e de seu
nível educacional, está apto a deliberar e fazer um julgamento de valor satisfatório sobre qual
comunicação ele deve consumir ou ser adepto. Nesse ponto é onde acontece a falha geral de
seu raciocínio do ponto de vista prático, porém, vamos descrever mais adiante essa falha
crítica. Agora volto ao começo de sua argumentação, onde ele classifica sua investigação
como sendo “empírico – crítica”: Dos significado das palavras “empírico” sendo “Baseado
na experiência ou dela derivado” e “crítica” sendo “Juízo fundamentado acerca de obra
científica, literária ou artística” (dicionário Michaelis), o autor afirma que sua obra é
fundamentada na experiência e no juízo fundamentado acerca das relações sociedade versus
individuo versus comunicação, mas convenientemente não apresenta nenhum dado que
corrobore nem um nem outro ponto de vista (dados estatísticos, sociológicos, psicológicos ou
mesmo históricos) e sim apenas argumentações, acompanhadas de seu processo de raciocínio.
A obra que se propões a ser contextualizada e contemporânea carece até mesmo de exemplos
práticos (os mencionados na síntese foram propostos pela minha interpretação do texto) e de
aplicabilidade, em suma, um raciocínio embasado por “achismos” e passados adiante
meramente pela suposta autoridade que o título do autor (doutor em sociologia) confere ao
mesmo. Finalmente em análise a falha de raciocínio referida anteriormente quanto à questão
de manipulação sem alienação. O autor discorre sobre a capacidade crítica do público, dando
a entender que a mesma é satisfatória, porém, obstante, seguem os simples significados das
palavras usadas pelo próprio autor, são elas: Manipular “Fig. Condicionar, influenciar,
geralmente em proveito próprio. Adulterar, falsificar.” (dicionário priberam da língua
portuguesa) e Alienação “Estado da pessoa que, tendo sido educada em condições sociais
determinadas, se submete cegamente aos valores e instituições dadas, perdendo assim a
consciência de seus verdadeiros problemas.” (dicionário online de português), ele considera
o fato que a manipulação se dá apenas pela aceitação e convencimento do espectador ou
receptor da mensagem de comunicação, sem levar em conta que no ato de manipulação, em
casos que se usam mentiras (não são raros e posso mostrar dezenas em tempo real) e
ideologias agregadas (caso não se tenha um adestramento mínimo intelectual, o espectador é
propenso a se tornar adepto de um pensamento sem ao menos conhecê-lo) o individuo
receptor está alienado da realidade. O ato, portanto, de convencimento pela racionalização
onde o receptor está ciente de todos os fatos relativos à ação (de convencimento) não é
manipulação e sim persuasão. Os atos de manipulação estão intrinsecamente ligados a
alienação, onde o espectador é ludibriado por mentiras ou omissão de informações referentes
aquele conteúdo especifico ou geral. Levantadas todas essas questões, preocupa-me o grau de
alienação que esse conteúdo pode causar em pesquisadores, docentes e discentes que não
racionalizam a obra sob diversas perspectivas. Por essa falha de raciocínio gritante, a obra
nem deveria ser abordada para estudo cientifico e a única aplicação possível é no aprendizado
de como não fazer uma análise.

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