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O ESTILO GÓTICO

A Arquitetura Normanda ou Românica


Os Maçons da Normandia, que acompanharam Guilherme d’Orange durante a invasão da
Inglaterra, possuíam profundos conhecimentos no trabalho com a pedra. A sua habilidade,
juntamente com a necessidade de defender os domínios recém-conquistados dos Saxões,
levou os Normandos a levantar muitos castelos. O exemplo marcante é a Torre Branca da
Torre de Londres, que Guilherme d’Orange construiu dentro das defesas romanas da cidade.
Na base, suas paredes têm 4,5 metros de espessura, terminando com 3,3 metros de
espessura na sua parte superior. A construção de catedrais começou logo que Guilherme se
sentiu em segurança. O estilo românico era maciço, com arcos redondos e pesadas colunas,
também redondas. As igrejas eram construídas em formato redondo, como por exemplo a
Igreja do Templo, que os Templários construíram em Londres em 1185. Embora o seu exterior
seja românico, o seu interior já exibe o estilo gótico ogival de transição. Esta igreja escapou do
incêndio de Londres de 1666, mas perdeu a sua abóbada durante o bombardeio alemão da II
Grande Guerra. Refeita a abóbada, o templo é usado até hoje para serviços religiosos. (Para
não esquecer: neste templo se desenrola parte da história do livro O Código Da Vinci).

Os Antigos Maçons
No final do séc. X, quando começou o período de construção de catedrais, as Lojas
Maçônicas foram formadas para garantir a organização necessária durante a construção dos
edifícios. A Igreja, o Rei ou o nobre que desejassem construir uma catedral, um castelo ou um
palácio, empregavam um Mestre Maçom que estabelecia a sua própria organização, e
usualmente atuava como arquiteto e chefe geral da obra.

Este grupo de Maçons construía uma estrutura temporária (canteiro de obras), que funcionava
como local de armazenamento dos materiais e como local de administração da construção.
Nos primeiros tempos, este local era também usado como refeitório e dormitório dos obreiros,
sendo então chamado de Loja. No período inicial, a Loja era composta de Aprendizes,
Companheiros e um Mestre. Os regulamentos e normas de trabalho, indispensáveis durante a
obra, eram então escritas e norteavam a vida profissional e pessoal dos obreiros. O
Manuscrito Cooke, escrito em 1430 d.C., menciona em detalhes as responsabilidades dos
Mestres e dos demais obreiros.

Além destas leis, existiam os segredos que eram mantidos invioláveis em cada Grau da
Instituição. Somente o Mestre conhecia e entendia todos os segredos, que eram
principalmente o conhecimento das fórmulas da Geometria e a capacidade de aplica-las nos
projetos de arquitetura. Foi o trabalho destes Maçons Operativos que desenvolveu e introduziu
na Europa o estilo gótico, em substituição ao estilo românico, o qual, por mais de 400 anos, foi
o estilo predominante na maioria dos países deste continente.

Hoje, não mais Operativos, os Maçons devem um preito de gratidão e de reconhecimento


àqueles Irmãos que, pelo seu engenho e arte, deixaram todas as construções que tanto
maravilham os olhos dos milhões de pessoas que os visitam e que sabem apreciar a
excelência do Estilo Gótico.
Daí a necessidade e o dever que todos nós, Maçons de hoje, temos de conhecer os
rudimentos deste que foi o estilo que mais influenciou a arte de construir em todo o mundo
ocidental.

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O ESTILO GÓTICO

A Arquitetura Gótica
Os Godos, Visigodos e Ostrogodos, eram povos teutônicos, originários da Suécia que,
passando o mar Báltico, invadiram toda a Europa e migraram para o sul, estabelecendo-se na
região do mar Negro e do rio Danúbio. Estas invasões ocorreram entre os séculos III e V d.C.,
e estes povos, erroneamente considerados bárbaros, atacaram e venceram o poderoso
império romano, devastando a região dos Bálcãs e do Mediterrâneo.

O estilo gótico predominou na construção de edifícios religiosos e seculares, na escultura, na


decoração do vidro colorido, em iluminuras manuscritas e em todas as artes decorativas,
desde cerca de 1140 d.C. até ao final do século XVI. Originalmente, o termo “gótico” era usado
pelos escritores do Renascimento italiano para designar a arte e a arquitetura consideradas
bárbaras e que sucederam, na Idade Média, o antigo estilo românico.

A Idade Gótica é considerada um das eras artísticas mais esplendorosas da Europa. A


Arquitetura foi a principal expressão da Idade Gótica. Emergindo na primeira metade do século
XII, de antecedentes românicos, a arquitetura gótica foi dominante até ao século XVI quando,
junto com o Renascimento, apareceram outros estilos. Apesar da grande quantidade de
monumentos seculares construída no estilo gótico, este estilo foi utilizado principalmente pela
Igreja, o maior construtor da Idade Média, quando o gótico evoluiu e atingiu a sua plenitude.

A característica mais distintiva da arquitetura gótica é o seu tipo de abóbada, feita em arcos
cruzados, que, em combinação com arcos transversais, se apóiam nas colunas de alvenaria
que suportam a abóbada. Embora as igrejas góticas tivessem, desde logo, assumido uma
grande variedade de formas, a construção de uma série de grandes catedrais no norte da
França, iniciada na segunda metade do século XII, tirou proveito da nova abóbada gótica.

Os arquitetos das catedrais acharam que, como as forças externas das abóbadas estavam
concentradas em pequenas áreas, estas forças poderiam ser suportadas por contrafortes e
arcos externos, os chamados contrafortes voadores. Por conseguinte, as grossas paredes da
arquitetura românica poderiam ser, em sua grande maioria, substituídas por paredes finas, o
que proporcionou a abertura de janelas e favoreceu a iluminação do interior das catedrais.
Além disso, os espaços interiores também puderam alcançar alturas sem precedentes,
permitindo assim a construção de mais duas naves laterais, juntamente com a nave central
das igrejas.

Deste modo, ocorreu uma verdadeira revolução na técnica e no estilo arquitetônico. O plano
geral das catedrais, porém, que consiste basicamente em três longas naves, interceptadas por
um transepto, por um coro e por um altar-mor, difere muito pouco do antigo estilo românico. A
Catedral de Santiago de Compostela, a parte externa da Igreja do Templo, em Londres, e o
Batistério e a Torre de Pisa, são excelentes exemplares do estilo românico. Na Catedral de
Santiago de Compostela, construída entre os séculos IX e XII, apenas o conjunto de
esculturas recebeu a influência do novo estilo gótico. (Para não esquecer: se você visitar a
catedral, não deixe de dar um abraço – por trás – no São Tiago que está no altar. Dizem que
dá sorte)

As novas catedrais mantiveram e ampliaram o formato da parte oriental das catedrais

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românicas francesas, (onde fica o altar-mor) que inclui o corredor semicircular conhecido como
o ambulatório, as capelas radiais, e a alta abside poligonal (às vezes quadrada) que cerca o
altar-mor. A nave gótica central e o coro são igualmente de procedência românica.

Naves – Abóbadas – Janelas – Rosáceas – Arco Ogival


Quando se compara um templo românico com um gótico, verifica-se de imediato a maior
altura e graciosidade deste estilo. As naves dos templos góticos são muito mais altas. Havia a
necessidade de abrir janelas nas paredes e, para isso, era necessário aliviar o seu peso,
fazendo-as mais finas, concentrando as cargas das abóbadas em determinados pontos,
fazendo com que as paredes deixassem de receber os esforços de sustentação das
abóbadas. Isto permitiu a abertura das janelas. A maior altura da nave central deve-se ao fato
de que as suas janelas são abertas por cima das naves laterais, permitindo assim a iluminação
natural da nave central.

O uso de arcos ogivais em diagonal permitiu direcionar o peso das abóbadas para os
contrafortes, que por sua vez descarregam estas pressões no solo. Para isso, foi fundamental
a adoção do arco ogival, que recebe mais diretamente as pressões exercidas pelo teto. No
estilo gótico, os contrafortes não são mais as colunas internas encostadas (adinteladas) nas
paredes, mas são erguidas na parte exterior das naves laterais. O segmento de arco que
recebe a pressão exercida pelo peso da abóbada e que a transmite ao contraforte, chama-se
arcobotante. O arcobotante recebe a pressão da abóbada e se apóia no contraforte. Assim, no
templo gótico existe uma série de forças em equilíbrio, que se compensam umas às outras.
Os contrafortes e os arcobotantes são os elementos que sustentam todo o edifício. As
catedrais de Leon e de Valência – Espanha, a catedral de Notre Dame – Paris, e Reims –
França, mostram claramente estas estruturas, com seus contrafortes voadores e seus
arcobotantes.

No gótico, as janelas são tão grandes que reduziram o edifício a um simples esqueleto de
pedra, fechado por janelas. Estas janelas são, forçosamente, ogivais. Uma outra solução é
subdividir a abertura em dois arcos ogivais mais reduzidos, encimados por uma pequena
rosácea.

A Fachada das Catedrais


A fachada principal das igrejas góticas é delimitada por duas torres que partem da base das
naves laterais. Estas torres são perfuradas por janelões e galerias porticadas e rematadas por
campanários, normalmente terminados em agulha. No meio das duas torres situa-se a
rosácea, imenso círculo que deixa passar a luz em sentido longitudinal, iluminando o altar-mor
ao fundo da igreja. Esta rosácea pode ser aberta diretamente na parede ou enquadrada por
um arco ogival. A arcaria que rodeia a rosácea constitui mais um elemento decorativo,
servindo também para delimitar as diferentes partes do vitral ilustrado, ali colocado.

No seu conjunto, a fachada gótica divide-se em três partes horizontais: a inferior ou base,
onde estão as três portas ou entradas do templo; a porta central, maior do que as laterais. Nas
portas, que apresentam forma ogival, podem distinguir-se as arquivoltas, muito trabalhadas e
esculpidas. (Para não esquecer: as portas do Batistério Octogonal de Florença são de ferro
fundido, mostrando cenas Bíblicas).

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No segundo trecho horizontal (acima das portas) estão as grandes janelas e a rosácea.
Separando esta segunda parte do primeiro e do terceiro trecho horizontal da fachada,
encontram-se duas faixas, à maneira de friso. Numa destas faixas, em toda a extensão da
fachada, costuma haver uma sucessão de esculturas, representando reis, santos ou
personagens bíblicos. No terceiro trecho horizontal situam-se os dois campanários.

O gótico caracteriza-se pelo intenso trabalho feito pelos construtores na pedra, usando o
malho e o cinzel. Também os vãos são emoldurados e esculpidos. Existem também pequenas
capelas com colunas góticas, esbeltas e finas, e pináculos e baldaquinos. (Para não esquecer:
a fachada do Quartel Central do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, na Praça da
República, tem na sua base duas colunas dóricas, no segundo piso duas colunas jônicas, e no
terceiro piso duas colunas coríntias).

A pilastra gótica forma uma espécie de coluna que se eleva a bastante altura, até ao início
dos arcos diagonais (ou cruzados) que sustentam a abóbada, e que descem até ao piso
adossados (apoiados) no seu fuste. Existem ainda outros elementos secundários ou
ornamentais, além das gárgulas, que compõem o estilo arquitetônico gótico.

O primeiro exemplo de arquitetura gótica, que iria prosseguir com a construção das catedrais
do norte da França, foi a Abadia Real de Sainte Denis, onde eram sepultados os reis e rainhas
franceses, construída nos arredores de Paris em 1140 d.C. A abadia de Sainte Denis foi o
marco inicial que levaria à construção da primeira grande catedral gótica, Notre Dame de
Paris, iniciada em 1163 d.C., seguida da catedral de Reims, iniciada em 1210 d.C.. Reims
representa o ápice da evolução do gótico clássico. Seguiram-se depois as catedrais de
Bourges, (1195 d.C.) e Amiens (concluída em 1288 d.C.) com sua belíssima nave central, suas
agulhas de pedra trabalhada e, sobretudo, suas lindas rosáceas. Ainda na França
destacam-se, por sua beleza, as catedrais de Chartres, (concluída em 1260 d.C.) e Rouen ou
Ruão em português, concluida em 1415 d.C. Há a destacar ainda a capela – Sainte Chapelle -
mandada construir por Louis IX entre 1242 e 1248 na Ile-de-la-Cité, bem próximo da Catedral
de Notre Dame, e cujas paredes são totalmente pintadas com a Flor de Liz, símbolo maior da
França. (Para não esquecer: a Ile-de-la-Cité é uma ilha no centro do Rio Sena, na qual foi
fundada a cidade de Lutetia, a primitiva Paris. Foi neste lugar que foi queimado na fogueira o
Grão-Meste do Templo, Jacques De Mollay).

A influência do estilo gótico francês estendeu-se à maioria dos paises europeus.

Na Inglaterra, levado pelos Normandos invasores, o gótico adquiriu características próprias.


Os exemplos mais clássicos do estilo gótico são a Abadia de Westminster, a catedral de Saint
Paul (Fleet Street), a catedral de Linchfield, a catedral de Salisbury e a extensão oriental da
catedral de Canterbury.

Na Alemanha, a sala capitular de Marienburgo é um exemplo clássico das abóbadas góticas,


com seus arcos entrecruzados. A Catedral de Colônia, (começada em 1248 d.C.) na cidade do
mesmo nome (Koln) é algo para não deixar de ser visto, com sua maravilhosa nave principal,
que é a mais alta de todas as catedrais góticas.

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Na Bélgica – Bruxelas – é notável a catedral de Santa Gúdula.

Na Itália, o gótico nunca foi a expressão dominante da arquitetura medieval. As catedrais


romanas, incluindo a de São Pedro, San Giovani in Laterano, etc. As catedrais góticas de
Florença (com seu famoso Batistério românico) receberam quase nenhuma influência do
gótico francês, sendo muito influenciadas pelo “italianate”, estilo próprio italiano, como pode
ser visto nas catedrais de Veneza (São Marcos, com seus subterrâneos inundados pela
laguna) e de Milão (Il Duomo, com seus subterrâneos românicos), que praticamente nada têm
do estilo gótico. O Palácio dos Doges em Veneza, (construído ao lado da famosa catedral de
São Marcos, e atrás do qual fica a famosa Ponte dos Suspiros – os presos que por ela
passavam, suspiravam porque iam para os calabouços do Doge, de onde não mais saíam) e a
Torre do Município de Verona, são do mais puro estilo gótico. As catedrais de Siena e Orvieto,
têm em suas fachadas meras reminiscências do estilo gótico.

Na Espanha, o gótico pode ser apreciado nas catedrais de San Juan de los Reyes, em
Toledo, na Catedral de Burgos, e na Catedral de Santa Maria Del Mar, em Barcelona.
Belíssimas são também as catedrais de Gerona e de Palma de Maiorca, nas Ilhas Canárias.

Por último, não devemos esquecer a influência do estilo gótico na Escultura, na Pintura e nas
Iluminuras (bastante usadas pelos frades copistas de documentos, na Idade Média).

Eis aqui um simples esboço do Estilo Gótico, que bem poderia ser chamado de estilo
maçônico, honra e glória dos nossos Irmãos da Maçonaria Operativa.

ANTÓNIO ROCHA FADISTA


M.'.I.'., Loja Cayrú 762 GOERJ / GOB - Brasil

5/5

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