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Se não bastassem as últimas desventuras da atual prefeitura, agora surgem a

negligência e o descaso com uma responsabilidade majoritária do município.

O Hospital Santa Inês, antes um hospital privado que dispunha de leitos do SUS, é
agora um hospital que é co-responsabilidade do município, já que atende a demanda da rede
pública de Balneário Camboriú. Porém a constatação atual é que esta casa de saúde já chegou
a um grau total de abandono, seja de leis sanitárias, fiscais e/ou civis. O hospital apresenta um
quadro digno de filme de horror: não conta com medicações e outros insumos, nem recursos
humanos e nem infra-estrutura. Como exemplo, falta medicações do tipo furosemida, um
diurético – remédio que aumenta a excreção de urina – que é essencial dispor para qualquer
pessoa internada e é a única medicação capaz de tirar uma pessoa de um edema agudo de
pulmão, que pode levar à morte e é uma das mais comuns conseqüências temíveis para
qualquer pessoa sob internação hospitalar. Ou ainda falta metoclopramida, ou melhor, plasil®,
seu nome mais conhecido, remédio que é usado em praticamente a maioria dos atendimentos
de urgência deste hospital, já que é um remédio anti-vômitos.

Todavia, a coisa não pára por aí. A equipe de enfermagem necessita maior
treinamento, maior capacitação e maior supervisão. Precisam de maior capacitação em uso de
medicações, relação profissional da saúde-paciente e burocracias afins. Estes profissionais
chegam a escrever em prontuário medicações que nunca foram administradas no paciente,
mesmo que a farmácia do hospital não conte com determinado remédio.

Ainda existem as questões físicas do local, por exemplo, a pia que é usada para a
equipe de saúde lavar as mãos é a mesma pia que é usada para lavar material e descartar
material biológico (urina, fezes, sangue, escarro etc). Não são usados, muitas vezes, material
de proteção individual, fundamentais para evitar a propagação de infecções, não se sabe se
por descaso da equipe de saúde ou por falta do material no hospital. Ainda mais após a
epidemia do vírus H1N1 e o aparecimento da “super bactéria”, a ANVISA, Agência Nacional de
Vigilância Sanitária, determinou que todos os estabelecimentos de saúde devem contar com a
presença de álcool-gel para o uso de seus funcionários e pacientes. Esse regulamento não foi
cumprido no citado hospital, porém todos os outros estabelecimentos de saúde do município
vivem recebendo visitas da Vigilância Sanitária Municipal fazendo suas exigências.

O secretário de saúde, José Roberto Spósito, alega que o hospital tem uma dívida de
R$22 milhões de reais e está longe de ser paga. Fala que o hospital de referência do município
de Balneário Camboriú é o hospital Marieta Konder Bornhausen cujo gestor é a Prefeitura
Municipal de Itajaí. O que fere um princípio constitucional do SUS, haja vista que a referência
do município é o hospital do seu município. Porém, este apresenta falhas por demais
importantes para serem toleradas. Talvez por querer sair da co-administração privada, a
gestão passada idealizou e realizou a construção de um hospital municipal, que seria
administrado em forma de fundação, isto é, uma organização sem fins lucrativos iria
administrar o capital e os déficits deste hospital.

Este novo hospital foi terminado e inaugurado de forma simbólica no dia 31 de


dezembro de 2008. O secretário da saúde da gestão municipal passada, Dr. Celso Golin, relata
que o hospital quando inaugurado já tinha todos os seus insumos, exceto as medicações.
Agora por que este hospital ainda não foi aberto e utilizado é o grande enigma. A gestão atual
diz que falta o alvará para abertura do hospital, pois a Vigilância Sanitária estava nas mãos do
Sr. Dado Cherem, candidato à prefeitura municipal na última eleição perdida para seu
opositor, atual prefeito. Porém esse senhor já renunciou ao seu cargo devido às eleições deste
ano e o hospital permanece fechado oferecendo esperanças diárias de sua abertura.

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