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A2 - Atuação Do Psicólogo em Programas de Ist - Aids
A2 - Atuação Do Psicólogo em Programas de Ist - Aids
PATROCÍNIO
CURSO DE PSICOLOGIA
ITU – SP
2021
FLÁVIA CAROLINI SIQUEIRA DE ANDRADE 1930795-1
JENNIFER RACHEL SANTOS DE OLIVEIRA 1893425-1
JURANILDO ALVES DE CARVALHO JUNIOR 1887971-3
VANDERLÉIA APARECIDA DE OLIVEIRA SILVA 1817675-5
ITU – SP
2021
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4
HISTÓRIA DO HIV E DAS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS .......... 5
O ESTIGMA SOCIAL DAS ISTS ................................................................................. 8
POLÍTICAS PÚBLICAS DE ATUAÇÃO NAS ISTS E AIDS ....................................... 11
A ATUAÇÃO DA PSICÓLOGA .................................................................................. 14
ENTREVISTA ............................................................................................................ 17
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 21
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INTRODUÇÃO
Este texto busca trazer reflexões a respeito de pessoas que vivem com vírus
da imunodeficiência humana (HIV) e Aids, além de outras doenças e infecções
sexualmente transmissíveis, e a partir disso identificar e analisar como são feitas as
intervenções em políticas públicas com este recorte da população, fazendo também
uma análise da atuação profissional dos psicólogos nestes contextos. Para isso
foram utilizados manuais de atuação do Centro de Referência Técnica em Psicologia
e Políticas Públicas (CREPOP) além de orientações do Conselho Federal de
Psicologia (CFP).
Cabe ressaltar que aqui será usado a utilização do termo “Infecções
sexualmente transmissíveis” (ISTs), em substituição do termo anteriormente utilizado
“Doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), por conta de a possibilidade de uma
pessoa possuir e transmitir uma infecção a outras pessoas através do ato sexual,
mesmo não apresentando sinais e sintomas, tendo em vista as definições do
Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente
Transmissíveis do Ministério da Saúde.
Nesta análise, será abordado primeiramente, uma contextualização histórica a
respeito das infecções sexualmente transmissíveis e dos infectados pelo vírus do
HIV; posteriormente uma análise dialética histórica de como estes indivíduos são
vistos pela sociedade e os estigmas que estas doenças carregam; depois uma
explicação a respeito das políticas públicas de atenção às pessoas que vivem com
HIV, Aids e outras doenças/infecções sexualmente transmissíveis, trazendo como a
psicologia se insere neste contexto, e também uma análise de como pode ser a
atuação do psicólogo dentro destas políticas públicas. Junto a isso, foi feita uma
entrevista com uma profissional que atuou numa Organização Não Governamental
(ONG) que presta atendimentos a população com HIV em situação de
vulnerabilidade social. Com as informações levantadas na entrevista vai ser possível
traçar um paralelo entre a teoria e a prática, e assim conseguirmos elaborar de
maneira mais eficaz a atuação do psicólogo junta a essa comunidade.
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Antes de falar das ações de cuidado e atenção em saúde pública com enfoque
nas pessoas que vivem com as diversas infecções transmitidas sexualmente, é
importante trazer uma perspectiva sócio histórica de como estes indivíduos eram são
vistos pela sociedade em que vivem.
As infecções sexualmente transmissíveis (IST) já assumiram diversas faces e
nomes no decorrer da história moderna. Aquela que antes era conhecida como
Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e antes disso chamada de Doenças
Venéreas1 (DV) são quase tão antigas quanto as próprias sociedades. Sendo os
relatos mais antigos escritos ainda no antigo testamento da Bíblia, relatados também
pelas próprias autoridades greco-romanas, além de relatos em livros do Islã, e
posteriormente na idade média na Europa, onde os maiores avanços, com relação a
doenças como a gonorreia, foram feitos. (WAUGH, 2011).
Em 1837, Parent-Duchatelet (1790-1836) mapeia onde as prostitutas viviam em
Paris, de onde vinham, e seus antigos comércios. Ele também notou que sífilis,
gonorreia, sarna e câncer uterino foram mais frequentes nelas do que em outras
mulheres. Este foi o início de muitos estudos epidemiológicos e sociológicos sobre
as relações da sociedade, mulheres, prostituição e DV ao longo do século XIX.
[adaptado - tradução própria] (WAUGH, 2011, p. 6).
Por conta da forma de transmissão, estas doenças sempre foram
estigmatizadas e associadas à promiscuidade e “imoralidade”. Como trazido por
Susan Sontag (1988-1989) “A transmissão sexual da doença, encarada pela maioria
das pessoas como uma calamidade da qual a própria vítima é culpada” (p. 57)
Já aquele até então denominado como vírus da Imunodeficiência Símia (SIV),
teve seus primeiros relatos em meados do século XIX, em uma espécie de
Chimpanzé, e posterior ao contato com o sangue do animal, surgiram os primeiros
indícios de infecção pelo vírus em Seres Humanos. (ANTUNES, 2019), contudo foi
só a partir de 1978, que exponenciou a disseminação do vírus que o centro de
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Venérea/ Venéreo: [Lat. Venereu.] Adj. Relativo a relações sexuais (FERREIRA,1999 p. 776).
Aquele ou Aquela que vem de Vênus, deusa romana do Amor.
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E como dito pelo Jurista Licínio Barbosa, um dos primeiros a tratar das
implicações jurídicas do HIV e AIDS, em 1992. A AIDS seria “o mais grave flagelo da
humanidade [na época], na atualidade, a AIDS/SIDA não poderia passar
despercebida pelas autoridades estatais dos três poderes” (BARBOSA, 1992, p.
476)
Contudo, somente em 1996, no dia 13 de novembro, foi decretada a lei 9.313,
que dispõe sobre a distribuição gratuita de medicamentos, dentre eles a distribuição
de AZT, aos portadores do HIV e doentes de aids. Neste mesmo ano, inicia a
distribuição de preservativos masculinos, através do Sistema Único de Saúde (SUS),
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Aqui fazendo uma exceção para pessoas assexuais pertencentes a sigla, por conta da ausência da
prática sexual como comportamento de risco
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“Aplica-se àqueles períodos de vida das pessoas, quando, não podendo (ou
não querendo) obter-se, adotam comportamentos de risco ligados ao uso de
substâncias psicoativas, como, por exemplo, o compartilhamento de
seringas e práticas sexuais desprotegidas.” (BRASIL, 1999, p. 13)
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Passando a chamar “Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente
Transmissíveis”, pelo decreto Nº 9.795, de 17 de maio de 2019.
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Desestigmação: Romper com os estigmas criados pela sociedade, neste caso estigmas criados a
respeito das ISTs, Aids, HIV e seus portadores.
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Ainda, como dito por Miranda, Freitas, Passos, Lopez, Pereira (2021), os
programas nacionais de atuação contra as ISTs e HIV, seguem enfrentando alguns
outros desafios, assim as políticas públicas necessitam fortalecer o papel da atenção
primária à saúde na atenção integral às pessoas com IST e suas parcerias sexuais,
além de promover informação, educação e comunicação em saúde, junto a
ampliação do acesso à testagem e tratamento das IST, com foco nas populações
mais vulneráveis além de qualificar a abordagem de aspectos da saúde sexual pelos
profissionais de saúde, para além do rastreamento de assintomáticos, prevenção,
manejo clínico-laboratorial e vigilância dos casos de infecção sexualmente
transmissível. (MIRANDA; FREITAS; PASSOS; LOPEZ; PEREIRA, 2021, p. 5)
Cabe ressaltar que desde o ano de 1990, através da Lei nº 8.080/1990 os
programas de políticas públicas ocorrem de maneira descentralizadas, assim as
ações de diagnóstico e assistência das ISTs e HIV/Aids são feitas seguindo os
princípios básicos do Sistema Único de Saúde (SUS), enfatizando a regionalização 5
(descentralização) integralização e sustentabilidade das mesmas. (CFP, 2008) A
política de descentralização se aplica igualmente nas áreas de atuação da
psicologia, como por exemplo as áreas de treinamento em ISTs e Aids.
5
Regionalização: Diretriz do SUS, que tem por objetivo a divisão das responsabilidades do SUS entre os
poderes da União, dos estados e dos municípios, assim visando garantir o direito a saúde da população.
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4. A ATUAÇÃO DA PSICÓLOGA
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Profilaxia: procedimento ou agente para evitar a instalação e/ou propagação de doença.
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As pessoas que possuem HIV podem e devem viver suas vidas, projetos,
relacionamentos, interações sociais sem interferência dessa nova realidade. O
autocuidado possibilita mesmo diante do HIV ou ISTs a capacidade em criar
projetos, amar, ter vida sexual ativa, reproduzir, entre todas as outras atividades de
interação, mesmo que para que isso ocorra detenham da participação de um
profissional da psicologia no alcance dos objetivos individuais. (CFP, 2020).
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- Poderia nos contar um pouco sobre você, o local que você trabalhou e como
era o funcionamento do mesmo?
R: O dia-a-dia era bem corrido e eu realizava algumas funções a mais além de ser
psicóloga, por assim dizer. Além do atendimento a população, tinha que dar
treinamento para a equipe, pois a questão do estigma era muito forte. Muitos
funcionários achavam que poderiam se contaminar caso beijassem ou
compartilhassem um copo, por exemplo. Até mesmo por essa questão do estigma, a
rotatividade dos funcionários era bem grande, então ajudava na parte das
entrevistas e treinamento dos novos funcionários. Uma das minhas principais ações
era voltada para a psicoeducação e conscientização. Uma coisa que valorizava
muito era o fortalecimento da autonomia da pessoa, então grande parte do meu
trabalho envolvia ações nesse sentido também. Era um trabalho de formiguinha
mesmo, bem do jeito que aprendemos na faculdade, mas que faz uma grande
diferença na qualidade de vida das pessoas.
- Você pode nos falar de algum projeto que você desenvolveu junto a essa
população?
- Qual a sua percepção acerca das políticas públicas voltadas para essa
população?
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Século XXI. Rio de Janeiro:
Editora Nova Fronteira e Lexikon Informática, 1999.
LAURELL, Asa Cristina. A saúde-doença como processo social. 2. ed. Mexico: Revista
Latinoamericana de Salud, 1982. 18 p. Nome original: “La salud-enfermedad como proceso
social"; Trad. E. D. Nunes.
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MOURA, Patrícia da Silva Guércio. História da Aids no Brasil. 2006. Disponível em:
<https://www.pjf.mg.gov.br/secretarias/ss/aids_dst/arquivos/historia_brasil.pdf> acesso 14
out. 2021.
PATRÍCIO, Anna Cláudia Freire de Araújo; FIGUEIREDO, Marina Sarmento Braga Ramalho
de; SILVA, Deysianne Ferreira da; RODRIGUES, Brenda Feitosa Lopes; SILVA, Rôseane
Ferreira da; SILVA, Richardson Augusto Rosendo da. Condições de risco à saúde:
pessoas em situação de rua. Revista Enfermagem Uerj, [S.L.], v. 28, p. 1-8, 14 set. 2020.
Universidade de Estado do Rio de Janeiro. http://dx.doi.org/10.12957/reuerj.2020.44520.
TELELAB (org.). ONU aponta Brasil como referência mundial no controle da Aids.
2015. Disponível em: <https://telelab.aids.gov.br/index.php/2013-11-14-17-44-09/item/246-
onu-aponta-brasil-como-referencia-mundial-no-controle-da-aids>. Acesso em: 14 out. 2021.