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DIREITO CONSTITUCIONAL I

ADAILTON FEITOSA FILHO


DIREITO CONSTITUCIONAL I

Nova Constituição e ordem


jurídica anterior
O surgimento de uma nova Constituição
faz com que as normas constitucionais
anteriores sejam totalmente revogadas
(têm a mesma hierarquia), como
também toda a legislação pré-
existente perca sua vigência e
necessite ser substituída.
ADAILTON FEITOSA FILHO
DIREITO CONSTITUCIONAL I

Recepção
• A nova Constituição recebe as normas
infraconstitucionais elaboradas nas ordens
jurídicas pretéritas, desde que haja
compatibilidade material, atribuindo-lhes novo
fundamento de validade.
O Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848/40), editado na vigência da
Constituição de 1937, continua em vigor, mesmo não prevendo a Carta
atual a figura do decreto-lei.
O CTN – Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/66), embora tenha sido
aprovado com o quorum de lei ordinária, foi recepcionado como lei
complementar, sendo que os ditames que tratam sobre as matérias previstas
no art. 146, I, II e III, da CF/88, só poderão ser alterados por lei
complementar .
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Constitucionalidade
Superveniente
•A modificação do parâmetro constitucional não
tem o condão de convalidar a lei originariamente
inconstitucional:
– A nova Constituição não revigora diplomas normativos
nulos (não importando que sejam materialmente
compatíveis com a nova ordem e que não tenha sido
objeto de controle de constitucionalidade até então),
que podem ser objeto de controle de constitucionalidade
difuso, assim como de argüição de descumprimento de
preceito fundamental perante o STF.
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Inconstitucionalidade
Superveniente
• Princípio da contemporaneidade:
– As normas infraconstitucionais editadas antes da
nova Constituição, quando materialmente incompatíveis
com as novas regras, não serão consideradas
inconstitucionais, mas, simplesmente, revogadas por
falta de recepção.
Atenção! O STF não admite ADI – ação direta de inconstitucionalidade
contra lei produzida antes da Constituição paradigma, por falta de previsão
no art. 102, I, a, CF, contudo permite a alegação de que a norma não foi
recepcionada pela nova Constituição, por meio da ADPF - argüição de
descumprimento de preceito fundamental (art. 102, § 1°, CF).
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Recepção Material
A recepção material das normas
constitucionais dá-se quando a nova
Constituição assegura, expressamente, a
continuidade precária da vigência de regras
previstas na Constituição anterior, no novo
ordenamento jurídico instaurado.
Art. 34, caput, § 1º, ADCT: “O sistema tributário nacional
entrará em vigor a partir do primeiro dia do quinto mês seguinte
ao da promulgação da Constituição, mantido, até então, o da
Constituição de 1967, com a redação dada pela Emenda nº
1, de 1969, e pelas posteriores. (Constituição de 1988)
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Repristinação
• Impossibilidade do fenômeno da
repristinação: uma norma revogada não volta a ter
vigência automática com a posterior revogação da norma
que a revogou (repristinação tácita), salvo expressa
previsão na nova ordem jurídica (repristinação expressa).
– LICC (Decreto-Lei n. 4.657/42), art. 2º, § 3º: “Salvo
disposição de lei em contrário, a lei revogada não se
restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.”
Efeito repristinatório tácito: A concessão da medida cautelar na Ação
Direta de Inconstitucionalidade (ADI), por suspender a vigência da lei
questionada, ‘torna aplicável a legislação anterior acaso existente, salvo
expressa manifestação em sentido contrário’ (art. 11, § 2º, da Lei nº
9.868/99).
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Desconstitucionalização
• As normas da Constituição anterior, desde que
compatíveis com a nova ordem constitucional, são
recepcionadas como meras leis (ordinárias).
“Consideram-se vigentes, com o caráter de lei ordinária, os artigos da
Constituição promulgada em 9 de julho de 1947 que não contrariem esta
Constituição.” (art. 147, Constituição do Estado de São Paulo de 1967)
Não esquecer! A teoria da desconstitucionalização não é aceita pela
doutrina majoritária, tampouco pela jurisprudência do STF: “Como regra
geral, se a nova Constituição não prevê expressamente a
desconstitucionalização, a Lei Maior anterior inteira fica superada.”
(Gilmar Ferreira Mendes e Outros) e “(...) não cabendo, por isso mesmo,
indagar-se, por impróprio, da compatibilidade, ou não, para efeito de
recepção, de quaisquer preceitos constantes da Carta Política anterior,
ainda que materialmente não-conflitantes com a ordem constitucional
originária superveniente.” (STF – Agr. Inst. nº 386.820/RS)
ADAILTON FEITOSA FILHO

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