Você está na página 1de 4

DEPARTAMENTO DE DIREITO DO ESTADO

DIREITO MUNICIPAL
DES 0413

Prof. Floriano de Azevedo Marques Neto

Análise de Acórdão – Tema 7

O MUNICÍPIO NA CF/88
LEI 14.223/06 – LEI “CIDADE LIMPA”

Apelação 994082000196 – TJ/SP

SÃO PAULO, 29 DE NOVEMBRO DE 2010

Cesar Galdino Filho NºUSP:5952314 Ass:____________________


Apelação 994082000196 (7534655600) 
Relator(a): José Luiz Germano
Comarca: São Paulo
Órgão julgador: 2ª Câmara de Direito Público
Data do julgamento: 21/09/2010
Data de registro: 27/09/2010
Ementa: LEI CIDADE LIMPA. NÃO INFRINGÊNCIA DE DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS (LIVRE INICIATIVA,
LIVRE CONCORRÊNCIA, EFICIÊNCIA, LEGALIDADE E ATO JURÍDICO PERFEITO). INCONSTITUCIONALIDADE DA
LEI JÁ REJEITADA PELO ÓRGÃO ESPECIAL. IMPOSSIBILIDADE DE REPRISTINAÇÃO DA LEI ANTERIOR.
RECURSO NÃO PROVIDO

METODOLOGIA
A escolha do acórdão em questão é de suma importância para a discussão da Lei
Cidade Limpa (Lei Municipal de São Paulo 14.223/06), já que fica evidente sua
influência sobre o mercado dos mais diversos tipos de produtos no momento em
que restringe a colocação de publicidade exterior em imóveis públicos e privados,
bem como em veículos automotores.

Assim, o prejuízo causado torna-se inestimável o prejuízo causado pela vedação,


já que o poder possuído pela propaganda reveste-se de subjetividade, variando em
eficiência de acordo com o meio onde é apresentado e as pessoas que o
freqüentam.

A alegação que a Lei Cidade Limpa seja inconstitucional já foi afastada pela
jurisprudência, mas prega-se que dispositivos constitucionais como o da livre
concorrência, livre iniciativa, eficiência, legalidade e ato jurídico são
insistentemente desrespeitados pelo Município de São Paulo, sendo alvo de uma
multiplicidade de demandas pelas mais diversas empresas.

INTRODUÇÃO

Trata-se de ação cominatória de obrigação de não fazer movida por Associação Brasileira
das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não Alcoólicas - ABIR contra o Município de
São Paulo.

A associação em questão busca proteger suas associadas ao solicitar que seus anúncios
não sejam retirados e que não sejam autuadas, além de solicitar autorização para
veiculação dos produtos em mídia exterior.
A participação de renomadas empresas como Ambev, Nestlé, Pepsi-Cola, Primo
Schincariol, Red Buli e Spal na associação denotam o caráter econômico da causa, já que
são responsáveis pelo controle de uma considerável parcela do mercado de bebidas, além
da força possuída pelas marcas e que foi construída durante anos.

Alegam que vários dispositivos constitucionais são violados com a promulgação da Lei
Cidade Limpa, em sua maioria relacionados com a livre iniciativa, solicitando a
repristinação da Lei n° 13.525 de 28 de fevereiro de 2003, que dispunha sobre anúncios
publicitários.

CRÍTICAS E TÓPICOS RELEVANTES

Torna-se essencial a exposição dos dispositivos constitucionais abaixo, de forma a corroborar a


competência do Município para legislar sobre o assunto, de modo a garantir a preservação do meio
ambiente e de toda a coletividade acima de qualquer interesse econômico que possa ser alegado.

Art. 30. Compete aos Municípios:

        I - legislar sobre assuntos de interesse local;

        II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;

        III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas,
sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados
em lei;

        IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;

        V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os


serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter
essencial;

        VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas


de educação infantil e de ensino fundamental; 

        VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de


atendimento à saúde da população;

        VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante


planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;

        IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação


e a ação fiscalizadora federal e estadual.

 Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal,
conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento
das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.

        § 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com
mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de
expansão urbana.
        § 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências
fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.

        § 3º - As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa


indenização em dinheiro.

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso
de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito municipal brasileiro. 12ª edição. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2001.

BASTOS, Celso Ribeiro; MARTINS, Ives Gandra da Silva. Comentários à Constituição do


Brasil (promulgada em 5 de outubro de 1988). 3º Volume – Tomo I (Arts. 18-23). 2ª edição
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2001.

Você também pode gostar