Arede 022

Apresenta
A Rede
Novela de:
Evana Ribeiro
CAPÍTULO 22
TV DESTINO . A REDE . CAPITULO 22 2
CENA 01 – AP. DE WALTER/SALA DE ESTUDOS – INT – NOITE

Continuação da cena final do capítulo anterior. Walter levanta e
se aproxima de Beth conduzindo-a para uma poltrona.
WALTER – Senta aí, Beth, eu vou explicar tudo.
BETH – Que é? A Teresa sabia dessa sua historinha e eu não podia

saber que vazou?
WALTER – Mas não vazou nada! A Teresa só veio me avisar que essa
fofoca tava rolando, veio me avisar justamente pra eu te prevenir,
entendeu? (pausa) Aliás, Tetê, como foi que você ficou sabendo
disso?
TERESA – Aí acho que é melhor eu não dizer.
WALTER – Por que não?
TERESA – Ah, porque eu acho chato! Já disse o milagre, não me

obrigue a liberar o nome do santo, que isso é antiético.
BETH – Tô vendo que foi você mesma que resolveu plantar a notinha
pra me fazer de idiota!
TERESA – Beth, tu acha que ia ter lógica eu espalhar o boato e depois

vir aqui pra te poupar do choque? Ah, faça-me o favor...
BETH – Mas quem me garante que essas tais fotos não são mesmo
registro da tua traição, hein, Walter?
WALTER – Se você duvida tanto, eu posso pedir que a Helena mesma

diga a verdade a você.
CORTA PARA
CENA 02 – UFPE/CAC/NELFE – INT – TARDE

Helena está sozinha, corrigindo trabalhos de alunos. Walter
entra.
WALTER – Helena, tá muito ocupada?
HELENA – Um pouco, mas pra você eu sempre tenho um tempinho

livre. O que foi?
WALTER – Eu não sei se você já soube, mas colocaram no ar um blog

de fofocas algumas fotos nossas de ontem, dando a entender que nós
estaríamos tendo um caso. A minha mulher não acredita que essa
história seja boato... Será que você podia ir lá falar com ela e explicar
toda a situação, que você me abraçou porque estava muito nervosa?
HELENA – E se eu não quiser ir?
WALTER – Helena, colabora, por favor! E a gente também precisa

descobrir quem foi que começou com essas fofocas. Imagina o que
pode acontecer se essa pessoa, ou as pessoas por trás da página
continuarem espalhando histórias mentirosas. Não como essa que
inventaram da gente, mas coisa pior. Pode acontecer uma desgraça!
HELENA – Eu sei!
WALTER – E a gente vai esperar que alguém saia realmente

prejudicado?
HELENA – Tá bom... Eu vou falar com a sua mulher, explico como

tudo aconteceu e depois a gente vê como faz com essa história das
fofocas. Deixa só eu terminar de corrigir esses trabalhos e eu vou
com você.
Helena volta aos seus afazeres. Walter senta em uma cadeira e

fica esperando.
CORTA PARA
CENA 03 – CASA DE GABRIELLE/SALA – INT – TARDE

Amanda está deitada no sofá, vendo televisão. Gabrielle chega
da rua.
GABRIELLE – Já?
AMANDA – É, um professor faltou, aí eu dei minha aula mais cedo. Tá

sabendo das aulas de dança?
GABRIELLE – Não...
AMANDA – Tá fazendo o maior sucesso. Todo mundo comentando...
GABRIELLE – Que bom, né?
AMANDA – Se eu tivesse um tempinho livre...
GABRIELLE – Mas você tem um tempinho livre. O sábado!
AMANDA – Mas...
GABRIELLE – Já entendi... Você queria ter aulas com a Anuska. Se o

Jorge te ouve...
AMANDA – Besteira dele.
A campainha toca.
GABRIELLE – Só falta ser o Jorge!
Gabrielle vai abrir a porta e se surpreende ao ver Frederico.
GABRIELLE – Seu Frederico?
FREDERICO – Oi, Gabrielle... A Amanda tá aí?
GABRIELLE – Tá sim, entra. Senta aí...
Frederico entra e senta no sofá.
AMANDA – Seu Frederico, o senhor tá bem?
FREDERICO – Tô sim, aquele atropelamento foi só um susto.

Amanda, você sabe se a Teresa voltou pra casa?
AMANDA – A Teresa? Mas ela não tá nos Estados Unidos ainda?
FREDERICO – Eu a vi na rua, aqui no bairro, hoje de manhã. Na hora

do acidente. Você não a viu?
AMANDA – Não... E nem soube que ela tava voltando. Tem certeza
que era a Tetê?
FREDERICO – Certeza quase absoluta. Eu a vi andando na rua, com

umas outras garotas. Ela não falou com você?
AMANDA – Não. Acho que não era ela não, seu Frederico. Deve ter
sido impressão sua...
FREDERICO – É... Pode ser que tenha sido isso mesmo. Enfim, vou
voltar pra casa.
GABRIELLE – É bom descansar mesmo.
FREDERICO – Mas eu tô bem, foi só um susto mesmo. Até logo,

meninas.
Gabrielle leva Frederico até a porta. Ele sai.
CORTA PARA
CENA 04 – RUA – EXT – TARDE

Sonoplastia: The end – Nico.
Frederico se afasta da casa de Gabrielle, a passos lentos,
pensativo.
FREDERICO – Era ela sim, tenho certeza! Só tenho que descobrir

onde foi que ela se enfiou... Talvez o Danilo, ou o Walter saibam! Vou
atrás deles.
Frederico vai andando e dobra a esquina, sumindo de cena.
CORTA PARA
CENA 05 – UFPE/CAC/2º ANDAR – INT – TARDE

Walter e Helena vão saindo. Ela vê Geysa esperando o elevador
e se aproxima.
HELENA (baixinho) – Geysa, quero que você vá a minha casa amanhã

de manhã.
GEYSA – Pra quê?
HELENA (brava, mas sem subir o tom de voz) – Precisamos

conversar! Apareça lá.
Antes que Geysa fale qualquer coisa, Helena se apressa e

alcança Walter, que já vai descendo a escada.
CORTA PARA
CENA 06 – CASA DE Mª EDUARDA/QUARTO DAS MENINAS –

INT – TARDE
Eloíse estuda, deitada em sua cama. Jacqueline entra e já se
joga na cama, muito cansada.
JACQUELINE – Ai... Que cansaço, meu Deus!
ELOÍSE – Jackie?
JACQUELINE – Oi...
ELOÍSE – Como foi lá na aula?
JACQUELINE – Um po... Digo, foi cansativo.

ELOÍSE – Amanhã tem mais?
JACQUELINE – Não, só depois de amanhã. Se tivesse todo dia, acho

que eu ia ter um treco.
ELOÍSE – E o Rodrigo?
JACQUELINE – Ele é um bom professor.
ELOÍSE – Queria ter visto...
JACQUELINE – Se um dia desses aí você não tiver aula, pode até

ser...
ELOÍSE – Ih, tá difícil.
JACQUELINE – Então... Opa, tive uma idéia! (pausa) Que tal se eu

filmasse uma aula pra você ver? Tenho certeza que eles não vão
achar ruim.
ELOÍSE – Eu ia adorar!
JACQUELINE – Não garanto que eu vá fazer isso logo na próxima

aula, mas assim que eu conseguir uma filmadora...
ELOÍSE – Obrigada, viu?
JACQUELINE – Nada... Agora vou tomar um banho, tô podre!
Jacqueline levanta, com muita preguiça, e sai. Eloíse continua

estudando.
CORTA PARA
CENA 07 – AP. DE WALTER/SALA – INT – TARDE

Beth e Teresa estão esperando a volta de Walter. Júnior entra,
vindo do quarto.
JÚNIOR – Tia, vem brincar com a gente!
TERESA – É que eu...
BETH – Vai, Teresa, vai com ele! Eu fico esperando aqui. Você não vai
fazer nada mesmo...
TERESA – Tá bom.
Teresa vai para o quarto com Júnior. Instantes depois, Walter

chega com Helena.
BETH – Nossa, vocês demoraram, viu?
HELENA – Eu tinha o que fazer, querida, sinto muito.
BETH – Como?
WALTER – É, Beth, a Helena tava ocupada... Mas agora ela vai te

explicar tudo, exatamente como aconteceu.
HELENA – É. (pausa) O que aconteceu no congresso ontem foi um

terrível mal entendido. Eu estava nervosa demais, e ele (indica
Walter) me deixou sozinha no meio daquela loucura de
preparativos... Na verdade eu queria era esganar ele, mas não deu...
BETH – Quer dizer que não existe caso entre vocês? Mesmo?
HELENA (baixinho) – Eu só queria... (alto) Claro que não. Somos

apenas colegas, parceiros profissionais.
WALTER – Tá vendo? Agora você acredita, né? (para Helena)

Ultimamente Beth anda mais ciumenta que o normal.
HELENA – Perfeitamente compreensível.
CORTA PARA
CENA 08 – AP. DE WALTER/QUARTO DE JÚNIOR – INT –

TARDE
Jéssica e Júnior jogam. Teresa fica parada na porta, tentando
ouvir a conversa.
JÚNIOR – Tia... Tá fazendo o que aí parada?
TERESA – Tô vendo a diva!
JÚNIOR – Diva?
TERESA – Venham cá vocês dois.
Os meninos vão para junto de Teresa.
TERESA – Conseguem ver aquela mulher ali?
JÉSSICA – Sim, o que tem ela?
TERESA – Ela podia ser mãe de vocês agora.

JÉSSICA – Ah, tia, corta essa...
TERESA – Tá, talvez ela não fosse sua mãe, mas do Júnior sim! Eu
mantive minhas esperanças dela casar com o Walter até o último
segundo.
JÉSSICA – Isso é que é não gostar da mamãe, hein?
JÚNIOR – Você também não gosta.
JÉSSICA – Ô cabeção, de onde tu tirou que eu não gosto dela, hein?

Eu gosto, ela é minha mãe. Só que às vezes ela exagera.
JÚNIOR – Mas o pai gostava mesmo dela?
TERESA – Na verdade não. Mas eu sempre acreditei que o girl power

pode fazer os homens mudarem de idéia. Mas... Walter
definitivamente não é um homem comum!
CORTA PARA
CENA 09
Tomada de Recife no fim da tarde/começo da noite.
CORTA PARA
CENA 10 – CASA DE EMÍLIO/SALA – INT – NOITE

Amélia e Emílio assistem televisão. Mick chega da rua, muito
cansado, com um embrulho na mão.
AMÉLIA – Então, filho, como foi o dia?

MICK – Cansativo... Achei que a gente não ia parar de andar nem um

minuto.
EMÍLIO – E esse presente aí?
MICK – Pra Minerva. Elissa insistiu em comprar alguma coisa pra ela,
pra parabenizar lá pela história do jornal.
AMÉLIA – Essa tá querendo agradar a todo mundo! (chamando)

Filhote, vem aqui.
Mick senta entre os pais.
AMÉLIA – E aquela história do emprego que o seu sogro tinha

prometido?
MICK – O emprego? (pausa) Consegui.
AMÉLIA (o abraça) – Graças a Deus!
EMÍLIO – Vai fazer o que, meu filho?
MICK – Vou ser assistente de fotógrafo. Bom, né?
EMÍLIO – É ótimo. Espero que você cresça nesse jornal, se

estabeleça...
MICK – Eu também, pai. Agora vou dar o presente da Minerva.
AMÉLIA – Ela saiu.

MICK – Tudo bem, eu deixo o presente lá e vou tomar um banho.
Mick dá um beijo nos pais e sai.
CORTA PARA
CENA 11 – RUA/EXT – NOITE

Frederico está escondido entre algumas árvores, perto do
prédio onde Walter mora. Está olhando fixamente para a entrada do
prédio.
CORTA PARA
CENA 12 – AP. DE WALTER/SALA – INT – NOITE

Teresa, Jéssica e Júnior vão ao encontro de Walter e Beth.
TERESA – Bom, acho que é melhor eu ir embora, não precisam mais

de mim...
JÉSSICA – Fica pra jantar, tia!
WALTER – É, Tetê. Fica pra jantar, se quiser pode até dormir aqui...
TERESA (o abraça) – Meu amor, não esqueça que agora eu tenho três
filhas pra tomar conta.
JÉSSICA – Filhas?
TERESA – É, minhas filhinhas. Depois vou apresentar vocês pra elas.

Não posso ficar porque preciso ir ficar com as meninas um pouco,
principalmente com a Irina. Depois ela me estranha aí...
WALTER – Tudo bem, está liberada. (pausa) Mas da próxima vez vai
dormir aqui sim. E traga as crianças junto, quero conhecê-las.
Beth faz cara de desgosto.
TERESA – Eu tenho uma idéia melhor. Por que não fazer uma festinha
pra comemorar a minha volta? Aí vocês conhecem as garotas e
minha casa nova... Aliás, tô morando com uma aluna sua, sabia? A
Catarina. É só eu perguntar se ela libera a festa e te aviso.
Teresa beija todos e sai correndo.
WALTER (rindo) – Essa Tetê é uma figura...
BETH – Pois pra mim continua a mesma garotinha chata, mimada e

infantilóide de antes. E você ajuda!
WALTER – Qual é, Beth? Ela mudou, olha só. Tá mais responsável,

tem alguém com quem se preocupar.
CORTA PARA
CENA 13 – RUA – EXT – NOITE

P.O de Frederico. Teresa sai do prédio e se dirige a um ponto
de ônibus. Sem ser notado, ele vai para o ponto seguinte e fica
vigiando Teresa. Ela sobe em um ônibus que vai para a Av. Caxangá.
Ele chama o mesmo ônibus e sobe. Ela, olhando pela janela, não o
vê. Frederico senta ao lado dela.
FREDERICO – Maria Teresa?

Close em Teresa, assustada. Ela se vira devagar e dá de cara

com Frederico, que sorri para ela.
TERESA – Pai?
FREDERICO – Eu sabia que era você... Te vi lá no bairro hoje de

manhã. Sabe que fui quase atropelado tentando te alcançar?
TERESA – E por que se arriscou tanto?
FREDERICO – Saudades da minha única filha.
TERESA – Sei...
FREDERICO – Como você está? Casou, teve filhos, deu um jeito

naquela sua vida torta?
Teresa fica por uns instantes olhando Frederico, com um sorriso

irônico.
TERESA – Dá pra notar que faz tempo que o senhor não lê jornal,
hein?
FREDERICO – Só leio a parte que me interessa. (pausa) Mas me

diga... O que tem feito da vida?
TERESA – Digamos que não sou eu que tenho feito algo da vida; e
sim a vida que tem feito um monte de coisas comigo. E a sua vida?
FREDERICO – A mesma coisa de antes, só que agora eu conto com a

aposentadoria, que é uma merreca.
TERESA – Melhor do que nada, né?
FREDERICO – E aqueles seus desenhos horríveis, conseguiu publicar?
TERESA – Continuo tentando.
FREDERICO (off) – Ela tá me escondendo o jogo... Bonita como é, é

impossível que não tenha voltado casada com um ricaço ou pelo
menos com umas verdinhas no bolso.
TERESA (off) – Ele tá achando que eu voltei rica?
FREDERICO – É, minha filha... Espero de coração que você consiga, e

não termine como o seu pai aqui.
TERESA – Pode ficar tranqüilo que eu não corro esse risco.
CORTA PARA
CENA 14 – CASA DE JORGE/COZINHA – INT – NOITE

Jorge cozinha, totalmente atrapalhado, mas muito feliz.
JORGE – Não vou mais adiar. Hoje a gente marca a data desse
casamento! (pausa) E depois, nos mudamos daqui. A gente se muda
e aí eu nunca mais vou precisar olhar pra cara daquela vadia...
Jorge tira uma panela do fogo.
CORTA PARA
CENA 15
Tomada de vários pontos do Recife.
CORTA PARA
CENA 16 – AP. DE CATARINA/QUARTO – INT – NOITE

Felícia acaba de sair do banho. Passa vários cremes no corpo
enquanto conversa com Catarina.
FELÍCIA – Tô sentindo que preciso arrumar um emprego logo!
CATARINA – Falta de grana?
FELÍCIA – Também. É que... Pôxa, eu estudei pra caramba, agora tá

na hora de mostrar serviço! Ou o meu diplominha de mestrado vai
ficar só pra enfeite?
CATARINA – Tá certo, tem mais é que correr atrás das coisas.

(pausa) Tinha aquele jornal onde você estagiou, né?
FELÍCIA – É, talvez fosse uma boa hora pra voltar pra lá... Amanhã
eu vejo isso.
Teresa entra e se joga na cama, entre elas.
CATARINA – E aí, tudo em cima?
TERESA – Vocês não vão acreditar... A Beth não acreditou em meia

palavra da história do Walter! Ele teve que chamar a Helena pra ir lá
e desmanchar tudo.
FELÍCIA – Que legal! A mulher precisa ouvir outra pra poder acreditar
na história do marido! Isso é que é confiança...
TERESA – E tão casados há 12 anos! Imagina se fosse menos

tempo...
CATARINA – O importante é que deu tudo certo no fim, né?
TERESA – Ah, sim. (pausa) Meninas, eu encontrei o meu pai.
FELÍCIA – E como foi?
TERESA – Um negócio esquisito. Ele começou a perguntar como tava

a minha vida, coisa que nunca fez... Depois começou a meter
dinheiro, ou melhor, a falta de dinheiro dele na história. (imita) Por
que a minha aposentadoria não dá pros remédios... (brava) Agora
que ele acha que eu tô endinheirada só porque voltei dos States, vou
virar importante.
CATARINA – Mas ele não pode mesmo querer se redimir?
TERESA – Meu pai só vai se redimir quando, e se nascer outra vez, e

ainda tenho minhas dúvidas sobre isso. Mas mudando de assunto,
queria propor um negócio a vocês. (pausa) Que tal se a gente desse
uma festa?
FELÍCIA – Festa pra?
TERESA – Ô, Feli... Festa pra comemorar a nossa volta à terrinha! Por

estarmos vivas, enfim! E também é uma boa oportunidade pra te
apresentar a minha galera. Meus irmãos, meus sobrinhos... Se
Catarina e Joyce toparem liberar a casa...
CATARINA – A Jô tá no estágio, mas tenho certeza que ela vai topar.

E por mim, já podem ir convidando as pessoas já!
TERESA – Ótimo! Depois vamos fazer uma listinha com as pessoas

que vamos convidar, ok?
Elas continuam conversando, fora de áudio.
CORTA PARA
CENA 17 – RUA – EXT – NOITE

Frederico desce do ônibus. Vai andando pensativo pela rua.
FREDERICO – É, Maria Teresa... Você chegou na hora certinha pra

resolver todos os meus problemas!
Ele tira um molho de chaves do bolso e começa a brincar com

elas. Jacqueline passa por ele, muito linda e distraída.
FREDERICO – Boa noite!
Jacqueline pára de andar e olha para Frederico.
JACQUELINE – Boa noite...
FREDERICO (se aproxima) – Posso saber de que constelação a estrela

caiu?
Jacqueline ri. Frederico beija sua mão.

FREDERICO – Se quiser dar a um pobre mortal a graça de admirá-la,

estou sempre por aqui.
JACQUELINE (sorrindo) – Então tá.
Jacqueline vai embora. Frederico a fica observando.
CORTA PARA
CENA 18 – CASA DE JORGE/SALA – INT – NOITE

Amanda e Jorge comem pizza e conversam.
JORGE – Pena que o meu plano de preparar o jantar não deu muito
certo... Acho que nunca mais vou chegar perto de um fogão na vida.
AMANDA – Ah, vai sim! É só ter uma supervisora por perto, e eu terei
prazer em exercer essa função.
Eles se beijam.
JORGE – Bem, eu te chamei aqui pra gente marcar logo a data do

casamento.
AMANDA – Pra quando?
JORGE – Eu pensei daqui a um mês. Que tal?
AMANDA – Um mês? Fim de março não dá... Aliás, eu acho que esse
casamento só vai poder sair no fim de junho ou começo de julho.
JORGE – Eu acho tempo demais.

AMANDA – Eu acho um tempo razoável. Não quero casar às pressas,

não. Quero organizar o casamento do jeito que eu sempre sonhei, e
com calma.
JORGE – Tá, tudo bem. Que seja pro fim de junho. (pausa) E tem
outra coisa. Depois do casamento, eu queria que a gente se mudasse
daqui.
AMANDA – Mudar?
Amanda fica olhando surpresa para Jorge.
CORTA PARA
CENA 19
Tomada aérea de Recife. Efeito de transição noite-dia.
CORTA PARA
CENA 20 – AP. DE HELENA/SALA – INT – DIA

Geysa e Helena estão juntas. Conversa já iniciada.
GEYSA – O que você quer de mim tão cedo?
HELENA – Coisa simples. Quero saber se é você quem está por trás
do blog de fofocas do departamento.
GEYSA – Já tá sabendo?
HELENA – Era segredinho?

GEYSA – Não... Eu só achei que você não se ligasse nessas coisas.

Afinal, o que mais rola por aquela universidade é fofoca sobre você,
né?
HELENA – Mas dessa vez a fofoca não é só sobre mim.
GEYSA – Eu sei, o professor Walter tá metido na história. (pausa) Vai

dizer que não gostou!
HELENA – Geysa...
GEYSA – Não adianta negar, todo mundo sabe do seu... É... Digamos
assim... Furor uterino pelo professor. É a maior lenda do
departamento.
HELENA – E o que você tem a ver com isso?
GEYSA – Eu nada! Não fui eu que espalhei a historinha, também não

tirei as fotos...
HELENA – Então quem foi?
GEYSA – Eu sei, mas não vou dizer.
HELENA – É melhor você falar.
GEYSA – Olha, Helena, trairagem não tava no nosso trato. Eu não

libero seus segredinhos pra eles, você me dá logo a bendita prótese,
aí eu me livro dessa cadeira de rodas, passo na sua cadeira sem ir
pra final e tchau.
HELENA – Tudo bem. Se não quer falar... Mas manda um recadinho

pra eles. (pausa) Diz pros teus amiguinhos tomarem cuidado com as
historinhas que eles espalham por aí.
GEYSA – Pode deixar, eles não são idiotas.
CORTA PARA
CENA 21 – JORNAL – INT – DIA

Felícia chega. Duas colegas a vêem e fazem festa.
COLEGA 1 – Feli, é tu mesma?
FELÍCIA – Em carne e osso!
As garotas a abraçam.
COLEGA 2 – A gente soube do teu sufoco lá em Nova York...
FELÍCIA – É, o cara quase levou meu braço embora. Mas tô viva,

inteira, e doida pra trabalhar de novo!
Mick passa correndo por elas.
FELÍCIA – E esse aí? Estagiário?
COLEGA 2 – Não... É o novo genro do Ian Nowak, e novo assistente

de fotógrafo.
Felícia ri.
COLEGA 1 – Agora a gente tem que correr, tem um monte de coisa

pra fazer...
FELÍCIA – Espero estar com vocês de novo muito em breve.
Felícia se despede das amigas e elas seguem para lados

distintos. Felícia vai andando pelos corredores do prédio, com ar
nostálgico. Sonoplastia: A Name – Laura Peek and the winning
hearts.
IAN (off) – Felícia Hoffnagel?
Felícia se vira e abre um enorme sorriso ao ver Ian.
FELÍCIA – Ian Nowak!
Eles se abraçam.
IAN – Não vai mais me chamar de tio Ian, como fazia antes?
FELÍCIA – Claro, tio.
IAN – Senti muito sua falta, viu? Aliás, todos nós sentimos. (pausa)
Veio recuperar o emprego?
FELÍCIA – Será que ainda tem espaço pra filha pródiga?
IAN – Sempre tem, meu anjo. (beija a testa dela) Pode se considerar
de novo com os dois pés na Folha.
Felícia sorri. Os dois começam a andar pelo corredor, abraçados

e conversando.
FELÍCIA – Vi seu novo genro. Assistente de fotógrafo, é?
IAN – É. Um excelente rapaz, tá conseguindo transformar Elissinha

de uma forma... Quer dizer, pra transformar de vez só falta ela
aceitar trabalhar. (pausa) Queria tanto que ela fosse como você...
FELÍCIA – Não força, tio Ian.
IAN – É sim! Se ela fosse menos fútil e mais esforçada, se daria um

pouco melhor na vida. Mas não dá pra ter tudo, não é?
Eles continuam conversando, fora de áudio.
CORTA PARA
CENA 22 – CASA DE EMÍLIO/SALA – INT – DIA

Amélia está saindo de casa. O telefone toca e ela volta para
atender.
AMÉLIA – Alô? (pausa) Sim, sou eu. (pausa) Ah, sim! O que me conta
de novo? (pausa) Como é? E quando, onde? (pausa) Está bem. Pode
ser à tarde. Muito obrigada, viu?
Amélia desliga o telefone e fica meio desorientada, no meio da

sala. Minerva entra, vinda da cozinha, e se aproxima dela.
MINERVA – Mãe? O que foi, tá passando mal?
AMÉLIA – Não, Minerva... Acontece que o detetive que eu botei atrás

do Gilson acabou de telefonar.
MINERVA – E aí, o que ele falou?
AMÉLIA – Não explicou muita coisa não, mas... O Gilson morreu.
Close em Minerva, surpresa.
FIM DO CAPITULO 22

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CENA 01 – AP. DE WALTER/SALA DE ESTUDOS – INT – NOITE

WALTER – Senta aí, Beth, eu vou explicar tudo.

BETH – Que é? A Teresa sabia dessa sua historinha e eu não podia

TERESA – Aí acho que é melhor eu não dizer.

WALTER – Por que não?

TERESA – Ah, porque eu acho chato! Já disse o milagre, não me

TERESA – Beth, tu acha que ia ter lógica eu espalhar o boato e depois

WALTER – Se você duvida tanto, eu posso pedir que a Helena mesma

CENA 02 – UFPE/CAC/NELFE – INT – TARDE

WALTER – Helena, tá muito ocupada?

HELENA – Um pouco, mas pra você eu sempre tenho um tempinho

WALTER – Eu não sei se você já soube, mas colocaram no ar um blog

HELENA – E se eu não quiser ir?

WALTER – Helena, colabora, por favor! E a gente também precisa

WALTER – E a gente vai esperar que alguém saia realmente

HELENA – Tá bom... Eu vou falar com a sua mulher, explico como

Helena volta aos seus afazeres. Walter senta em uma cadeira e

CENA 03 – CASA DE GABRIELLE/SALA – INT – TARDE

AMANDA – É, um professor faltou, aí eu dei minha aula mais cedo. Tá

AMANDA – Tá fazendo o maior sucesso. Todo mundo comentando...

GABRIELLE – Que bom, né?

AMANDA – Se eu tivesse um tempinho livre...

GABRIELLE – Mas você tem um tempinho livre. O sábado!

GABRIELLE – Já entendi... Você queria ter aulas com a Anuska. Se o

AMANDA – Besteira dele.

GABRIELLE – Só falta ser o Jorge!

Gabrielle vai abrir a porta e se surpreende ao ver Frederico.

GABRIELLE – Seu Frederico?

FREDERICO – Oi, Gabrielle... A Amanda tá aí?

GABRIELLE – Tá sim, entra. Senta aí...

Frederico entra e senta no sofá.

AMANDA – Seu Frederico, o senhor tá bem?

FREDERICO – Tô sim, aquele atropelamento foi só um susto.

AMANDA – A Teresa? Mas ela não tá nos Estados Unidos ainda?

FREDERICO – Eu a vi na rua, aqui no bairro, hoje de manhã. Na hora

FREDERICO – Certeza quase absoluta. Eu a vi andando na rua, com

GABRIELLE – É bom descansar mesmo.

FREDERICO – Mas eu tô bem, foi só um susto mesmo. Até logo,

Gabrielle leva Frederico até a porta. Ele sai.

CENA 04 – RUA – EXT – TARDE

FREDERICO – Era ela sim, tenho certeza! Só tenho que descobrir

Frederico vai andando e dobra a esquina, sumindo de cena.

CENA 05 – UFPE/CAC/2º ANDAR – INT – TARDE

HELENA (baixinho) – Geysa, quero que você vá a minha casa amanhã

GEYSA – Pra quê?

HELENA (brava, mas sem subir o tom de voz) – Precisamos

Antes que Geysa fale qualquer coisa, Helena se apressa e

CENA 06 – CASA DE Mª EDUARDA/QUARTO DAS MENINAS –

JACQUELINE – Ai... Que cansaço, meu Deus!

ELOÍSE – Como foi lá na aula?

JACQUELINE – Um po... Digo, foi cansativo.

ELOÍSE – Amanhã tem mais?

JACQUELINE – Não, só depois de amanhã. Se tivesse todo dia, acho

JACQUELINE – Ele é um bom professor.

ELOÍSE – Queria ter visto...

JACQUELINE – Se um dia desses aí você não tiver aula, pode até

ELOÍSE – Ih, tá difícil.

JACQUELINE – Então... Opa, tive uma idéia! (pausa) Que tal se eu

JACQUELINE – Não garanto que eu vá fazer isso logo na próxima

ELOÍSE – Obrigada, viu?

JACQUELINE – Nada... Agora vou tomar um banho, tô podre!

Jacqueline levanta, com muita preguiça, e sai. Eloíse continua