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VERSÃO 1.0
Neste material estão sendo usados o sentido convencional da corrente elétrica e o Sistema
Internacional de Unidades (MKSA).
ÍNDICE .................................................................................................................................................................................................... 2
1 ELETROMAGNETISMO .................................................................................................................................................................... 1
1.1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................................... 1
1.2 CONCEITOS ....................................................................................................................................................................... 1
1.2.1 Campo Magnético e Linhas de Campo Magnético ....................................................................................... 1
1.2.2 Fluxo Magnético ................................................................................................................................................. 3
1.2.3 Densidade de Campo Magnético..................................................................................................................... 3
1.2.4 Permeabilidade Magnética ............................................................................................................................... 3
1.2.5 Relutância Magnética ........................................................................................................................................ 5
1.3 FENÔMENOS ELETROMAGNÉTICOS ..................................................................................................................................... 6
1.3.1 Descoberta de Oersted ..................................................................................................................................... 6
1.3.2 Lei da Atração e Reação de Newton............................................................................................................... 6
1.3.3 Campo Magnético criado por Corrente Elétrica ........................................................................................... 6
1.3.4 Fontes de Campo Magnético............................................................................................................................ 7
1.3.5 Força Magnetizante (Campo Magnético Indutor) ...................................................................................... 11
1.3.6 Força Magneto-Motriz ..................................................................................................................................... 12
1.3.7 Lei de Ampère................................................................................................................................................... 13
1.3.8 Força Eletromagnética .................................................................................................................................... 13
1.3.9 Indução Eletromagnética................................................................................................................................ 17
2 TRANSFORMADORES ................................................................................................................................................................... 22
2.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................... 22
2.2 DEFINIÇÃO ...................................................................................................................................................................... 23
2.2.1 Princípio de funcionamento............................................................................................................................ 23
2.3 TRANSFORMADOR IDEAL .................................................................................................................................................. 23
2.3.1 Equação Fundamental de um Transformador Ideal.................................................................................. 24
2.4 TRANSFORMADOR COM PERDAS ....................................................................................................................................... 25
2.4.1 Transformador operando em vazio .............................................................................................................. 25
2.4.2 Transformador operando com carga............................................................................................................ 26
2.5 MODELO EQUIVALENTE DO TRANSFORMADOR .................................................................................................................. 27
2.5.1 Simplificação do Circuito Equivalente .......................................................................................................... 29
2.6 O DESEMPENHO DO TRANSFORMADOR ............................................................................................................................ 29
2.6.1 Características de Placa .................................................................................................................................. 29
2.6.2 Rendimento ....................................................................................................................................................... 30
2.6.3 Regulação de Tensão ...................................................................................................................................... 30
2.7 MARCAS DE POLARIDADE................................................................................................................................................. 31
2.7.1 Polaridade Aditiva ou Subtrativa .................................................................................................................. 32
2.7.2 Teste de Polaridade ......................................................................................................................................... 32
2.8 TRANSFORMADOR MONOFÁSICO E TRIFÁSICO ................................................................................................................. 33
2.8.1 Transformador Monofásico............................................................................................................................. 33
2.8.2 Transformador Trifásico.................................................................................................................................. 34
2.9 ASSOCIAÇÃO DE TRANSFORMADORES .............................................................................................................................. 36
2.9.1 Transformadores em Paralelo ....................................................................................................................... 36
2.9.2 Banco Trifásico de Transformadores............................................................................................................ 37
2.10 ENSAIO DE CURTO-CIRCUITO E CIRCUITO ABERTO.................................................................................................... 39
2.10.1 Ensaio de Curto-Circuito ........................................................................................................................... 39
2.10.2 Ensaio de Circuito Aberto.......................................................................................................................... 40
2.11 AUTOTRANSFORMADOR .............................................................................................................................................. 40
2.12 TRANSFORMADOR PARA INSTRUMENTO ...................................................................................................................... 40
3 MOTOR DE INDUÇÃO .................................................................................................................................................................. 41
4 EXERCÍCIOS ............................................................................................................................................................................... 42
ELETROMAGNETISMO ....................................................................................................................................................................... 42
TRANSFORMADORES ........................................................................................................................................................................ 44
MOTOR DE INDUÇÃO ........................................................................................................................................................................ 46
1.1 INTRODUÇÃO
Na maioria dos materiais, a combinação entre direção e sentido dos efeitos magnéticos
gerados pelos seus elétrons é nula, originando uma compensação e produzindo um átomo
magneticamente neutro. Porém, pode acontecer uma resultante magnética quando um
número de elétrons gira em um sentido e um número menor de elétrons gira em outro
sentido. Assim, muitos dos elétrons dos átomos dos ímãs girando ao redor de seus núcleos
em direções determinadas e em torno de seus próprios eixos, produzem um efeito magnético
em uma mesma direção que resulta na expressão magnética externa. Esta expressão é
conhecida como campo magnético permanente e é representado pelas linhas de campo.
1.2 CONCEITOS
Campo magnético é a região ao redor de um imã, na qual ocorre uma força magnética de
atração ou de repulsão. O campo magnético pode ser definido pela medida da força que o
campo exerce sobre o movimento das partículas de carga, tal como um elétron.
Uma verificação das propriedades das linhas de campo magnético é a chamada inclinação
magnética da bússola. Nas proximidades do equador as linhas de campo são praticamente
paralelas à superfície e a medida que se aproxima dos pólos, as linhas vão se inclinando até
se tornarem praticamente verticais na região polar. Assim, a agulha de uma bússola
acompanha a inclinação dessas linhas de campo magnético e se pode verificar que na região
polar a agulha da bússola tenderá a ficar praticamente na posição vertical.
Se dois pólos diferentes de ímãs são aproximados haverá uma força de atração entre eles, as
linhas de campo se concentrarão nesta região e seus trajetos serão completados através dos
dois ímãs. Se dois pólos iguais são aproximados haverá uma força de repulsão e as linhas de
campo divergirão, ou seja, serão distorcidas e haverá uma região entre os ímãs onde o
campo magnético será nulo. Estas situações estão representadas na Figura 3.
φ
B= (1)
A
onde:
B: densidade fluxo magnético, Tesla [T]
Φ: fluxo magnético, Weber [Wb]
A: área da seção perpendicular perpendicular ao fluxo magnético, metro quadrado [m2]
1T = 1Wb/m2
O número de linhas de campo magnético que atravessam uma dada superfície perpendicular
por unidade de área é proporcional ao módulo do vetor B na região considerada. Assim
sendo, onde as linhas de indução estão muito próximas umas das outras, B terá alto valor.
Onde as linhas estiverem muito separadas, B será pequeno.
Se um material não magnético, como vidro ou cobre, for colocado na região das linhas de
campo de um ímã, haverá uma imperceptível alteração na distribuição das linhas de campo.
Entretanto, se um material magnético, como o ferro, for colocado na região das linhas de
A unidade de permeabilidade também pode ser expressa por [Tm/A], ou ainda [H/m]. Assim:
H=Wb/A.
Geralmente, µr ≥ 100 para os materiais ferromagnéticos, valendo entre 2.000 e 6.000 nos
materiais de máquinas elétricas e podendo chegar até a 100.000 em materiais especiais. Para
os não magnéticos µr ≅ 1.
A relutância magnética é uma grandeza análoga à resistência elétrica (R) que pode ser
determinada pela equação que relaciona a resistividade e as dimensões de um material:
l
R=ρ⋅ (5)
A
Em 1820, um professor e físico dinamarquês chamado Hans Christian Oersted observou que
uma corrente elétrica era capaz de alterar a direção de uma agulha magnética de uma
bússola. Para o experimento mostrado na Figura 10, quando havia corrente elétrica no fio,
Oersted verificou que a agulha magnética se movia, orientando-se numa direção
perpendicular ao fio, evidenciando a presença de um campo magnético produzido pela
corrente. Este campo originava uma força magnética capaz de mudar a orientação da
bússola. Este campo magnético de origem elétrica é chamado de campo eletromagnético.
Interrompendo-se a corrente, a agulha retornava a sua posição inicial, ao longo da direção
norte-sul.
Conclusão de Oested:
Todo condutor percorrido por corrente elétrica, cria em torno de si um campo
eletromagnético.
Quando duas cargas elétricas estão em movimento manifesta se entre elas uma força
magnética além da força elétrica (ou força eletrostática).
Da Lei da Ação e Reação de Newton, pode-se concluir que se um condutor percorrido por
corrente provoca uma força de origem magnética capaz de mover a agulha da bússola, que é
um ímã, então um imã deve provocar uma força num condutor percorrido por corrente.
Além disso, os cientistas concluíram que, se uma corrente elétrica é capaz de gerar um
campo magnético, então o contrário é verdadeiro, ou seja, um campo magnético é capaz de
gerar corrente elétrica. São três os principais fenômenos eletromagnéticos e que regem todas
as aplicações tecnológicas do eletromagnetismo:
I. condutor percorrido por corrente elétrica produz campo magnético;
II. campo magnético provoca ação de uma força magnética sobre um condutor percorrido
por corrente elétrica.
III. fluxo Magnético variante sobre um condutor gera (induz) corrente elétrica.
No mesmo ano que Oersted comprovou a existência de um campo magnético produzido pela
corrente elétrica, o cientista francês André Marie Ampère, preocupou-se em descobrir as
características desse campo. Nos anos seguintes, outros pesquisadores como Michael
Faraday, Karl Friedrich Gauss e James Clerk Maxwell continuaram investigando e
desenvolveram muitos dos conceitos básicos do eletromagnetismo.
Figura 11: Linhas de campo magnético criado por uma corrente elétrica: concêntricas.
O campo magnético gerado por um condutor percorrido por corrente pode ser representado
por suas linhas desenhadas em perspectiva, ou então com a simbologia estudada, como
mostra a Figura 12.
Figura 12: Simbologia para representação do sentido das linhas de campo no plano.
Além dos ímãs naturais (magnetita) e os ímãs permanentes feitos de materiais magnetizados,
É possível gerar campos magnéticos através da corrente elétrica em condutores. Se estes
condutores tiverem a forma de espiras ou bobinas, pode-se gerar campos magnéticos muito
intensos.
µ⋅I
B= (6)
2π ⋅ r
onde:
B: densidade de campo magnético num ponto p, [T];
r: distância entre o centro do condutor e o ponto p considerado, [m];
Ι: intensidade de corrente no condutor, [A];
µ: permeabilidade magnética do meio, [T.m/A].
µ 0 = 4π ⋅ 10 −7 [T ⋅ m / A] (7)
Esta equação é válida para condutores longos, ou seja, quando a distância r for bem menor
que o comprimento do condutor (r<<ℓ).
Figura 15: Representação do campo magnético gerado por uma espira circular.
µ⋅I
B= (8)
2R
onde:
B: densidade de campo magnético no centro da espira circular, [T];
R: raio da espira, [m];
Ι: intensidade de corrente no condutor, [A];
µ: permeabilidade magnética do meio, [T.m/A].
Figura 16: Representação do campo magnético gerado por um solenóide percorrido por corrente.
Entre duas espiras os campos se anulam pois têm sentidos opostos. No centro do solenóide
os campos se somam e no interior do solenóide o campo é praticamente uniforme. Quanto
mais próximas estiverem as espiras umas das outras, mais intenso e mais uniforme será o
campo magnético.
µ⋅N ⋅I
B= (9)
l
onde:
B: densidade de campo magnético no centro da espira circular, [T];
N: número de espiras do solenóide;
Ι: intensidade de corrente no condutor, [A];
l: comprimento longitudinal do solenóide, [m];
µ: permeabilidade magnética do meio, [T.m/A].
O sentido das linhas de campo pode ser determinado por uma adaptação da regra da mão
direita, como ilustra a Figura 17.
A densidade de campo magnético fora do núcleo do toróide, tanto na região externa como
interna é NULO, pois como o núcleo tem forma circular ele é capaz de produzir um caminho
magnético enlaçando todas as linhas de campo.
Se em uma dada bobina for mantida a corrente constante e mudado o material do núcleo
(permeabilidade µ do meio), a densidade de fluxo magnético no interior da bobina será
alterada em função da permeabilidade magnética do meio. Pode ser chamado de Vetor
Campo Magnético Indutor ou Vetor Força Magnetizante (H) ao campo magnético
induzido (gerado) pela corrente elétrica na bobina, independentemente da permeabilidade
magnética do material do núcleo (meio).
O módulo do vetor campo magnético indutor ou vetor força magnetizante H numa bobina
pode ser dado por:
N ⋅I
H= (11)
l
onde:
H: campo magnético indutor, [Ae/m];
N: número de espiras do solenóide;
Ι: intensidade de corrente no condutor, [A];
l: comprimento do núcleo magnético, [m].
B = µ⋅H (12)
Isso significa que uma dada bobina percorrida por uma dada corrente produz uma dada força
magnetizante ou campo magnético indutor. Ao variar o valor da permeabilidade magnética do
meio (alterando o material do núcleo da bobina, por exemplo) a densidade de campo
magnético varia para esta mesma bobina. Quanto maior a permeabilidade magnética µ do
fmm = N ⋅ I (16)
onde:
fmm: força magneto-motriz, [Ae];
N: número de espiras do solenóide;
Ι: intensidade de corrente no condutor, [A].
Se uma bobina, com um certo número de Ampère-espira (fmm), for esticada até atingir o
dobro do seu comprimento original (dobro do valor de l), a força magnetizante (H) e a
densidade de fluxo (B), terá a metade do seu valor original, pois:
µ⋅N ⋅I
B=
l
e,
N ⋅I
H=
l
como fmm = N ⋅ I , então:
fmm
H=
l
finalmente,
fmm = H ⋅ l (17)
onde:
H: força magnetizante ou campo magnético indutor, [Ae/m];
l: comprimento médio do caminho magnético, [m].
fmm
φ= (18)
ℜ
onde:
fmm: força magneto-motriz, [Ae];
φ: fluxo magnético, [Wb];
ℜ: relutância magnética, [Ae/Wb].
A Lei de Ampère expressa a relação geral entre uma corrente elétrica em um condutor de
qualquer forma e o campo magnético por ele produzido. Esta lei foi é válida para qualquer
situação onde os condutores e os campos magnéticos são constantes e invariantes no tempo
e sem a presença de materiais magnéticos.
µ⋅I
B= (19)
2π ⋅ r
Um condutor percorrido por corrente elétrica, dentro de um campo magnético sofre a ação de
uma força eletromagnética.
Assim, um condutor percorrido por corrente elétrica submetido a um campo magnético sofre
a ação de uma força eletromagnética. Se aumentarmos a intensidade da corrente I,
aumentaremos a intensidade da força F exercida sobre o condutor. Da mesma forma, um
campo magnético mais intenso (maior densidade B) provoca uma intensidade de força maior.
Também pode ser comprovado que se o comprimento (l) ativo do condutor (atingido pelas
linhas de campo) for maior, a intensidade da força sobre ele será maior.
F = I ⋅ l ⋅ B ⋅ senθ (20)
onde:
F: força eletromagnética, [N];
I: corrente elétrica, [A];
l: comprimento ativo do condutor sob efeito do campo magnético, [m];
B: densidade de campo magnético ou densidade de fluxo magnético [T];
θ: ângulo entre as linhas de campo e a superfície longitudinal do condutor [o ou rad].
Pela equação (20), quando o campo for perpendicular à corrente (θ=90º) a força exercida
sobre o condutor será máxima, e quando o campo e a corrente tiverem a mesma direção
(θ=0º) a força sobre o condutor será nula. Assim, a direção da força é sempre perpendicular
à direção da corrente e também perpendicular à direção do campo magnético.
A direção e o sentido da força que o condutor sofre, são determinados pela Regra de
Fleming para a mão esquerda (ação motriz), pois o resultado é uma força que tende a
provocar movimento.
Para usarmos a Regra de Fleming devemos posicionar os dedos polegar, indicador e médio de
tal forma que fiquem ortogonais entre si:
Ação Geradora – Regra da Mão Direita: quando resulta uma corrente gerada:
• o dedo polegar indica o sentido da força magnética, F.
• o dedo indicador representa o sentido do vetor campo magnético, B.
• o dedo médio indica o sentido do corrente, I.
A corrente elétrica pode ser dada pela relação entre carga e tempo:
∆q
I=
∆t
e a distância é dada pela relação,
l = ∆v ⋅ ∆t
F = q ⋅ v ⋅ B ⋅ senθ (21)
onde:
F: força eletromagnética, [N];
q: quantidade de carga elétrica da partícula, [C];
v: velocidade de deslocamento, [m/s];
B – densidade de campo magnético ou densidade de fluxo magnético [T];
θ: ângulo entre as linhas de campo e a superfície longitudinal do condutor [o ou rad].
Figura 25: Força eletromagnética entre condutores paralelos: (a) atração e (b) repulsão.
Sabemos que um condutor percorrido por corrente elétrica cria um campo magnético de
intensidade dada por:
µ⋅I
B=
2π ⋅ r
No condutor 1 a corrente I1 cria um campo magnético B1 que atua no condutor 2 que está a
uma distância d12 do primeiro e pode dado por,
µ ⋅ I1
B1 =
2π ⋅ d12
As linhas de campo geradas por um condutor atingem o outro condutor e como o vetor
densidade de campo é sempre tangente às linhas de campo, este vetor é perpendicular à
superfície longitudinal do condutor. Desta forma, a força elétrica que atua no condutor 2
devido ao campo gerado pelo condutor 1, é dada por:
F12 = I 2 ⋅ l 2 ⋅ B1 ⋅ sen (90 o )
µ ⋅ I1 ⋅ I 2 ⋅ l 2
F12 = (22)
2π ⋅ d12
onde:
F: força eletromagnética, [N];
µ: permeabilidade magnética do meio, [C];
I1,I2: corrente elétrica nos condutores, [A];
l: comprimento dos condutores, [m];
d: distância entre os centros dos condutores, [m].
A força que age no condutor 1 devido ao campo gerado pelo condutor 2 é análoga, devido à
lei da ação e da reação de Newton. Assim:
Como visto, em 1820 Oersted descobriu que uma corrente elétrica produz campo magnético.
A partir dessa descoberta, o inglês Michael Faraday e o americano Joseph Henry se dedicaram
a obter o efeito inverso, ou seja, obter corrente elétrica a partir do campo magnético.
A Figura 26 mostra um dos dispositivos usados por Faraday, onde o enrolamento 1, chamado
de primário, é uma bobina com N1 espiras de condutor isolado e está conectado, através de
uma chave interruptora, à bateria (fonte de tensão contínua) que faz circular uma corrente
Figura 26: Força eletromagnética entre condutores paralelos: (a) atração e (b) repulsão.
Conclusão de Faraday:
Michael Faraday enunciou a lei que rege este fenômeno, chamado de Indução
Eletromagnética e que relaciona a tensão elétrica induzida (fem) devida à variação do fluxo
magnético num circuito elétrico. A Lei de Faraday diz o seguinte:
Assim, a Lei de Faraday diz que a tensão induzida em um circuito é igual ao resultado da taxa
de variação do fluxo magnético no tempo e é dada pela divisão da variação do fluxo
magnético pelo intervalo de tempo em que ocorre, com sinal trocado. Ou seja, quanto mais o
fluxo variar num intervalo de tempo, tanto maior será a tensão induzida, que numa bobina é
diretamente proporcional ao número de espiras,
∆φ
ε = −N ⋅ (24)
∆t
onde:
ε: força eletromotriz induzida (tensão induzida), [V];
∆φ/∆t: taxa de variação do fluxo magnético no tempo, [Wb/s]
N:número de espiras na bobina.
Contudo, pela análise do experimento de Faraday é possível observar que quando o fluxo
magnético variante era crescente a corrente induzida tinha um sentido. Quando o fluxo
magnético variante era decrescente a corrente induzida assumiu um sentido contrário. Esse
fenômeno observado é explicado pela Lei de Lenz. Assim, a Lei de Lenz é expressa pelo sinal
negativo na equação da Lei de Faraday.
Lei de Lenz:
O sentido da corrente induzida é tal que origina um fluxo magnético induzido, que se opõe à
variação do fluxo magnético indutor.
Devemos lembrar que a corrente induzida circula num determinado sentido devido à
polaridade da força eletromotriz induzida (tensão induzida). Em um condutor imerso em um
fluxo magnético variável, chamado de fluxo magnético indutor, é induzida uma força
eletromotriz. A polaridade dessa força eletromotriz induzida será tal que, se o circuito elétrico
for fechado, circulará uma corrente que, ela própria criará um fluxo magnético, chamado de
fluxo magnético induzido, que se oporá à variação do fluxo magnético indutor causador da
tensão (fem) induzida.
Com base na Lei de Faraday, é possível encontrar uma equação particular para determinar a
tensão induzida em condutores que se movimentam no interior de um campo magnético.
Supondo que o condutor tenha comprimento l e percorre uma distância ∆x, com velocidade
constante v, no interior de um campo com densidade de fluxo B, pela Lei de Faraday:
∆φ
ε =−
∆t
Sendo θ=90o,
∆φ = B ⋅ ∆A ⋅ sen90°
então,
ε = −B ⋅ l ⋅ v (25)
onde:
ε: força eletromotriz induzida num condutor que corta um campo magnético, [V];
B: densidade de fluxo magnético, [T];
l:comprimento ativo do condutor no campo magnético, [m];
v: velocidade do condutor (perpendicular ao campo), [m/s].
Dessa forma podemos concluir que a corrente pode ser induzida em um condutor através de
três maneiras:
a) o condutor é movido através de um campo magnético estacionário. Este princípio se
aplica nos geradores de corrente contínua, por exemplo.
b) o condutor está estacionário e o campo magnético se movimenta. Este princípio se aplica
nos geradores de corrente alternada, por exemplo.
c) o condutor e o eletroímã que gera o campo magnético estão estacionários e a corrente
alternando do estado ligado para desligado causa a pulsação do campo magnético. Este
princípio se aplica nas bobinas das velas de ignição nos motores dos automóveis e também
nos transformadores.
2.1 INTRODUÇÃO
A energia elétrica, produzida em grande quantidade nas usinas, precisa ser transmitida até os
centros consumidores e, por sua vez, distribuída a cada consumidor. Portanto, em um
sistema de geração, transmissão e distribuição (Figura 30) costumam coexistir grandes e
pequenos fluxos de energia.
No transporte de energia elétrica existe uma relação direta entre o nível de tensão e a
quantidade de potência ativa transmitida, ou seja, quanto maior a tensão, maior a
potência transmitida. Por exemplo, uma linha de transmissão trifásica de 230 kV é capaz
de transmitir cerca de 200 MW, uma linha de 500kV tem capacidade para transmitir 1200 MW
e uma linha de 750 kV cerca de 2200 MW. Isso então permite controlar a quantidade de
potência transmitida simplesmente variando o nível de tensão ao longo do sistema, o que é
facilmente realizado, em circuitos de corrente alternada, através de transformadores.
Todo transformador é uma máquina elétrica cujo princípio de funcionamento está baseado
nas Lei de Faraday e Lei de Lenz. É constituído de duas ou mais bobinas de múltiplas espiras
enroladas no mesmo núcleo magnético, isoladas deste, não existindo conexão elétrica entre a
entrada e a saída do transformador. Uma tensão variável aplicada à bobina de entrada
(primário) provoca o fluxo de uma corrente variável, criando assim um fluxo magnético
variável no núcleo. Devido a este é induzida uma tensão na bobina de saída (ou secundário),
que varia de acordo com a razão entre os números de espiras dos dois enrolamentos (Figura
31).
Como o fluxo que enlaça os enrolamentos primário e secundário é o mesmo e induz uma
força eletromotriz (fem) nestes. Aplicando a lei de Faraday nos dois enrolamentos,
∆φ
V1 = N1 ⋅ (26)
∆t
e,
∆φ
V2 = N 2 ⋅ (27)
∆t
onde:
V1, V2: tensão nos enrolamentos primário e secundário, [V];
∆φ/∆t: taxa de variação do fluxo magnético no tempo, [Wb/s];
N1:número de espiras no enrolamento primário;
N2:número de espiras no enrolamento secundário.
V1 N1
a= = (28)
V2 N 2
onde:
a: relação de transformação.
Ou seja, as tensões estão entre si na relação direta do número das espiras dos respectivos
enrolamentos, sendo a denominada de relação de espiras de um transformador.
O fato de se colocar a carga Z2 no secundário fará aparecer uma corrente I2 tal que:
Esta corrente irá produzir uma força magnetomotriz (fmm2) no sentido mostrado. Uma força
magnetomotriz (fmm1) de mesmo valor mas contrária a 2 deve aparecer no enrolamento 1
para que o fluxo não varie. Desta maneira tem-se:
A Figura 34 representa as perdas no transformador real, que graças às técnicas com que são
fabricados, os transformadores apresentam grande eficiência, permitindo transferir ao
secundário cerca de 98% da energia aplicada no primário:
P1 P2
PCu PFe
Pe Ph
Figura 34: Perdas no transformador real.
A tensão alternada da fonte, ao ser aplicada na bobina do primário, faz circular nessa bobina
uma corrente alternada (embora não seja senoidal, devido à histerese do núcleo). Essa
corrente, chamada corrente de excitação ou magnetização, cria um fluxo magnético no
núcleo de material ferromagnético, cujo sentido é dado pela regra da mão direita. Esse fluxo
(fluxo de magnetização), é alternado e aproximadamente senoidal, pois a resistência da
bobina e a corrente de excitação no primário são muito pequenas. Uma pequena parte do
fluxo se dispersa no ar (fluxo de dispersão), mas uma grande parte percorre o núcleo indo
atravessar as espiras do enrolamento secundário. Como o fluxo é alternado, ou seja, variável
no tempo, uma tensão (senoidal) é induzida no secundário, pela lei de Faraday.
Seja um transformador alimentado no primário por uma fonte de tensão alternada senoidal e
operando em carga, ou seja, uma carga está conectada no enrolamento secundário,
conforme ilustra a Figura 36.
A representação das perdas Joule nos enrolamentos é realizada através da inserção das
resistências R1 e R2, como mostra a Figura 37, as quais são as resistências próprias dos
enrolamentos do primário e do secundário.
As perdas no ferro podem ser representadas por uma resistência, denominada de resistência
de perdas no ferro, em paralelo com a fem induzida pelo fluxo mútuo (Figura 39).
R1 X1 R2 X2
RC Xm
Transformador
ideal
A corrente de excitação ou de magnetização (I0) possui uma forma não senoidal devido às não
idealidades do núcleo, mostrada na Figura 42:
Em estudos em que a precisão não é tão rigorosa, algumas simplificações podem ser feitas
face às seguintes evidências:
• as resistências próprias dos enrolamentos são reduzidas, na medida em que o cobre é
bom condutor;
• a impedância resultante do paralelo entre a resistência de perdas no ferro e a reatância
de magnetização é muito maior que as demais impedâncias do circuito equivalente do
transformador.
Na qual,
RCC = R1 + a 2 R2 = r1 + a 2 r2 (32)
X CC = X 1 + a 2 X 2 = x1 + a 2 x 2 (33)
Estas características indicam que com uma freqüência de 60Hz as tensões nominais
representam a operação próxima do joelho da curva de magnetização (região que separa a
2.6.2 Rendimento
potência na saída P P2
η= = 2 = (34)
potência na entrada P1 P2 + perdas
Como exemplo, seja o transformador com 1100 espiras no primário e 500 espiras no
secundário apresentado na Figura 44.
Na posição OB tem-se uma relação de espiras a=1000/500=2, e desta maneira para uma
tensão de entrada de 220V teremos 110V na saída. Se devido a uma variação da carga, a
tensão na saída cair, deve-se operar as derivações para corrigir este problema, ou seja, deve-
se aumentar a tensão no secundário.
Como V2=V1/a, o valor de a deve diminuir. Assim, se N1 passar para a posição A teremos
900/500=1,8, que com V1=220V resultará numa tensão maior (V2=122,22V), compensando a
queda de tensão.
A regulação pode ser positiva ou negativa e está ligada a uma diminuição ou aumento do
número de espiras (para o regulador atuando no primário). Uma fórmula aproximada é dada
por:
V1 − V2
ℜ= × 100% (36)
V2
A Figura 46, mostra também um transformador monofásico, com uma única diferença em
relação à figura anterior: o enrolamento do secundário está no sentido anti-horário. Para este
caso, a corrente secundária I2 deverá sair do terminal inferior do enrolamento secundário.
Para determinar a polaridade de um transformador pode ser utilizada uma tensão de corrente
contínua (bateria de 6 a 10 V), uma chave e um galvanômetro com zero central, ligados
conforme o esquema da Figura 49.
Relação de Transformação
A relação de transformação em um transformador monofásico, como já foi vista, é definida
como a relação entre as tensões primária e secundária:
V primário V1 N1
a= = = (37)
Vsec undário V2 N 2
onde:
V1: valor da tensão eficaz no enrolamento primário, [V];
V2: valor da tensão eficaz no enrolamento secundário, [V].
Por exemplo, um transformador abaixador para uso doméstico tem a seguinte especificação:
220/127 V, 300VA, 60Hz
Essas várias formas de conexão dão origem aos quatro tipos de ligação dos transformadores
trifásicos: Y-Y, Y-∆, ∆-Y e ∆-∆. Cada um desses tipos possui propriedades diferentes que
determinam o uso mais adequado conforme a aplicação.
Relação de Transformação
Em transformadores trifásicos, a relação de transformação é dada pelo quociente entre a
tensão de linha do primário e a tensão de linha do secundário. De acordo com o tipo de
conexão, a relação de transformação pode não ser igual à relação de espiras. Isso
acontece nas formas de conexão Y-∆ e ∆-Y. Seja um banco trifásico de três transformadores
monofásicos ideais, conectados na forma Y-∆, conforme mostrado na Figura 54.
Lembrando que na conexão ∆ a tensão de fase é igual a tensão de linha, então a relação de
transformação fica:
V primário V1
= =a 3 (38)
Vsec undário V1 a 3
Importante:
Uma característica da associação Y-∆ é o deslocamento angular de ± 30° que resulta entre as
tensões terminais correspondentes do primário e do secundário. O sentido da defasagem
depende da seqüência das fases. Esse deslocamento pode ser percebido através de um
diagrama fasorial.
A tensão de linha VAB do secundário está atrasada de 30° em relação à tensão
correspondente Vab do primário. Se trocarmos a seqüência das fases, a defasagem muda de
sinal. Portanto, é necessário tomar cuidado com as defasagens quando, por exemplo, deseja-
se conectar dois transformadores trifásicos em paralelo.
Convém, para garantir uma distribuição uniforme da carga entre os transformadores, que as
novas unidades sejam mais semelhantes possíveis às antigas. Isto é parcialmente garantido
se as impedâncias de curto-circuito (Xcc, Rcc), em p.u., forem iguais.
Conexão Estrela-Estrela
A Figura 57 mostra um banco trifásico constituído por três transformadores monofásicos,
cujos enrolamentos primário e secundário são conectados em estrela (Y).
O único cuidado nesta conexão é observar que os terminais da estrela são os terminais de
mesma polaridade das unidades monofásicas.
Conexão Triângulo-Triângulo
A Figura 58 mostra um banco trifásico constituído por três transformadores monofásicos,
cujos enrolamentos primário e secundário são conectados em triângulo ou delta (∆).
Conexão Estrela-Triângulo
A Figura 59 mostra um banco trifásico constituído por três transformadores monofásicos,
cujos enrolamentos do primário estão conectados em estrela (Y) e os enrolamentos do
secundário conectados em triângulo (∆).
Com o secundário curto-circuitado, aplicar corrente nominal ao primário através de uma fonte
de tensão reduzida (1 a 6 % da tensão nominal). Com este procedimento são medidas a
corrente de curto circuito (Icc), a tensão de curto-circuito (Vcc) e a potência de curto circuito
(Pcc).
Vcc
Z cc =
I cc
P
Rcc = cc
I cc
X cc = Z cc
2
− Rcc
2
Rcc
R1 = a 2 ⋅ R2 = (40)
2
X
X 1 = a 2 ⋅ X 2 = cc (41)
2
onde:
R1, R2: resistência das bobinas, [Ω];
X1, X2: indutância de dispersão, [Ω].
Com este procedimento é possível determinar os parâmetros a vazio, que dizem respeito ao
núcleo:
V0
Y0 =
I0
P0
Gf =
V02
Bm = Y02 − G 2f
1
Rf = (42)
Gf
1
Xm = (43)
Bm
onde:
Gf: condutância (considera a perda de potência no núcleo por histerese e correntes
parasitas), [Ω-1];
Bm: suscetância (considera o armazenamento de energia), [Ω-1];
P0: perdas no núcleo do transformador, [W];
Rf: perdas no ferro, [Ω];
Xm: reatância de magnetização, [Ω].
2.11 AUTOTRANSFORMADOR
ELETROMAGNETISMO
E1. O que é campo magnético? Como pode ser representado? Quais as características dessa
representação?
E2. Por que a forma como o condutor está disposto influi na intensidade do campo
eletromagnético? Em que caso é mais intenso?
E6. Qual é a intensidade e o sentido da corrente Ι2, de modo que o campo magnético no
ponto P seja nulo?
R: 3,6A
E12. Para o mesmo material do item anterior, quando H=300Ae/m temos B=0,3T. Qual o
valor da permeabilidade relativa para H=300Ae/m?
R: 796
E13. No esquema da figura abaixo, podemos afirmar que existe ddp entre:
()AeB ()CeD ()AeC ()AeD ()BeD
E14. Dois condutores estão separados pela distância de 5cm. Qual a intensidade da força por
metro que atua entre eles quando a corrente no primeiro for 5A e no segundo 8A?
R: 160µN/m.
E15. Uma bobina quadrada de 4cm de lado contém 200 espiras e está posicionada
perpendicular a um campo magnético uniforme de 0,8T, como mostra a figura 7.8. Esta
bobina é rápida e uniformemente extraída em movimento perpendicular a B para uma região
onde B cai abruptamente a zero. No instante t=0 o lado direito da bobina está na borda do
campo e a bobina leva 0,2s para sair totalmente da região do campo. A resistência elétrica da
bobina é 150Ω. Determine:
a) a taxa de variação do fluxo magnético na bobina;
b) a força eletromotriz induzida e a corrente induzida que circula na bobina;
c) o sentido da corrente induzida;
d) a energia dissipada na bobina;
e) a força média requerida para mover a bobina.
R: -6,4.10-3Wb/s; 1,28V, 8,53mA; 2,18J; 5,46.10-2N.
E20. Um transformador ideal com N1=500 espiras e N2=250 espiras alimenta uma carga
resistiva de 10Ω. O primário é alimentado por uma fonte de tensão senoidal dada por
v1 (t ) = 2 220 cos(377t ) . Determine:
a) A tensão no secundário;
b) A corrente na carga;
c) A corrente no primário;
d) A potência aparente fornecida ao primário;
e) A potência aparente consumida pela carga.
R: 100∠0ºV; 10∠0ºA; 5∠0ºA; 1000∠0ºVA; 1000∠0ºVA.