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«Bullying» continuado pode aumentar sintomas de

psicose na vítima
Estudo revela efeitos a médio e longo prazo do acosso entre alunos *
2009-05-06

Imagem de Eddie~S (Creative Commons)


Investigadores da Universidade de Warwick descobriram que as crianças que sofrem de acosso
físico ou emocional por parte dos colegas duplicam a eventualidade de vir a ter sintomas psicóticos
na primeira adolescência, quando comparados a crianças que não sofreram esse acosso. Contudo,
revelam os dados de um vasto estudo, se essa experiência de bullying se prolongar ao longo dos
anos, esse risco aumenta para até quatro vezes mais.

“Prospective Study of Peer Victimization in Childhood and Psychotic Symptoms in a Nonclinical


Population at Age 12 Years” foi publicado na edição de Maio da Arquives of General Psychiatry.
“A nossa investigação mostra que as vítimas podem sofrer efeitos sérios que levam a alteração
da percepção do mundo, como alucinações, delírios ou pensamentos bizarros. O grau de
percepção do que se passa reduz-se muito”, conta Dieter Wolke ao Science Daily. Wolke,
professor de Psicologia do Desenvolvimento, liderou a equipa de investigação que seguiu 6437
crianças desde o nascimento até aos 13 anos.

Entre os efeitos causados às vítimas estão sintomas psicóticos, que incluem alucinações, delírios
– como acreditar que está a ser espiado – ou percepções bizarras – como crer que os seus
pensamentos estarem a ser verbalizados e ouvidos por outros. “Isto indica que
relacionamentos sociais adversos com colegas é um factor de risco importante no
desenvolvimento destes sintomas de psicose na adolescência e pode aumentar o risco de a
desenvolver no indivíduo adulto”, defende Wolke.

As crianças que integraram o estudo foram submetidas a entrevistas presenciais, a partir


dos sete anos e meio, anuais, bem como a testes físicos e psicológicos. Os pais também
participaram, respondendo a questionários sobre a saúde, o desenvolvimento e o
comportamento dos seus filhos. Quando chegaram aos 13 anos, foram entrevistados sobre as
experiências de sintomas psicóticos nos seis meses anteriores.

Os casos do que é descrito como “Chronic peer victimisation” (perseguição crónica), em que o
bullying permanece durante anos, foram contabilizados como sendo 13,7 por cento das crianças
entrevistadas entre os oito e os dez anos. Casos de “Severe victimisation”, quando as crianças
sofrem de bullying físico e emocional, foram detectados em 5.2 por cento das crianças com dez
anos.

“Todas as crianças têm conflitos ocasionais e pegarem-se ou lutarem é algo natural, as crianças
aprendem nesses conflitos a lidar com a situação”, enquadra Dieter Wolke. “Quando falamos
em perseguição continuada de bullying, sistemática e com abuso de poder com a intenção de
ferir, aí as vítimas têm uma menor capacidade de lidar com o stress, mostrar uma reacção clara
e têm menos amigos que os possam ajudar”.

Links

“Prospective Study of Peer Victimization in Childhood and Psychotic Symptoms in a Nonclinical


Population at Age 12 Years”
http://archpsyc.ama-assn.org/cgi/content/abstract/66/5/527

Galeria de Eddie~S
http://www.flickr.com/photos/pointshoot  

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