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FACULDADE DE SAÚDE, CIÊNCIAS HUMANAS E

TECNOLÓGICAS DO PIAUÍ - NOVAFAPI

MEDICINA – BLOCO IV

DISCIPLINA: BIOÉTICA

PROFESSOR: LUIZA IVETE

ANÁLISE DO FILME COBAIAS

MAYKON PABLO AGUIAR FENELON

TERESINA – PI / MARÇO / 2010


Aná lise

O filme mostra um drama real de uma comunidade negra e pobre do Alabama


localizada no sul dos Estados Unidos da América (EUA). Tal filme foi baseado no
estudo Tuskegee realizado com 400 negros sem tratamento para a pesquisa da história
natural da sífilis entre 1932 e 1972. Em tal período o preconceito contra negros era
muito forte.

Em 1932, a enfermeira Eunice Evers é convidada para trabalhar com Dr. Brodus e Dr.
Douglas no primeiro projeto financiado com recursos federais. Os participantes eram
submetidos a um teste diagnóstico e caso fosse positivo seriam tratados. Em um
segundo momento o governo decide retirar o financiamento para o tratamento, mas são
oferecidos fundos para um segundo projeto conhecido como o Estudo Tuskegee. A
partir desse momento os pacientes são enganados, pois acreditaram que estavam sendo
tratados, mas estavam recebendo “placebo”.

O mais intrigante de tudo isso é como foi possível que tal estudo tenha sido realizado
durante 40 anos com financiamento do governo americano sem qualquer
questionamento. Além disso, caso os participantes fossem brancos o que teria ocorrido?

O primeiro projeto

Os participantes foram submetidos ao tratamento mais adequado da época e tiveram


acompanhamento médicos, respeitando assim a beneficência, porém não tiveram
autonomia porque não sabiam que estavam participando de uma pesquisa e não sabiam
o seu diagnóstico e prognóstico. Além disso, houve muitas interferências na escolha dos
participantes, como a carona que a enfermeira Eunice Evers oferecia para certos
participantes (compunham o grupo Miss Ever´s Boys) para o concurso de música e,
também, muitos pensavam que teriam acesso aos melhores médicos e tratamentos. Tal
interferência prejudicou muito a autonomia dos participantes. A não maleficência foi
respeitada, pois não foi causado mal ou dano a seu paciente. O principio da justiça não
foi respeitado porque foi escolhido um grupo vulnerável, ou seja, de fácil manipulação,
que são os negros, pobres e de baixa escolaridade. Assim, não foi feito uma boa
distribuição dos benefícios e riscos.

O segundo projeto

Durante o segundo projeto um tratamento eficaz foi descoberto: penicilina. Porém, tal
tratamento não foi usado. Isto demonstra que o princípio da beneficência não foi
aplicado. Além disso, todas as instituições receberam uma lista contendo o nome dos
participantes da pesquisa, procurando evitar que tomassem a penicilina. Isto mostra que
não foi respeitado o princípio da não maleficência, pois isto causou danos a eles. O
princípio da autonomia, também, não foi respeitado, pois os participantes não foram
informados que estavam participando de uma pesquisa e foram enganados pensando que
estavam sendo tratados, enquanto era aplicado “placebo”. Além disso, neste projeto
como no outro, também, teve forte interferência, como os 50 dólares oferecidos para
comprar o caixão, evitando que fossem enterrados como os seus avós-escravos. Mais
ainda, as pessoas incluídas no projeto são consideradas vulneráveis, pois são pobres, de
baixa ou nenhuma escolaridade e submissão a uma hierarquia social e racial. Caso essas
pessoas fossem brancas jamais o governo dos EUA teria liberado o financiamento. Ou
seja, novamente o principio da justiça não é respeitado, pois usa grupos vulneráveis. Tal
grupo deveria ter um acompanhamento que assegura-se a sua autonomia, a
beneficência, a não-maleficência e a justiça. Porém, o acompanhamento do governo, na
realidade, procurou evitar que os participantes soubessem ou tivessem acesso ao
tratamento.

Conflitos morais

Muitos personagens dessa história real viveram grandes conflitos morais, como o Dr.
Brodus um médico negro que aceita participar de um programa, sabendo que seria
prejudicial para as pessoas de sua comunidade, tendo que enganá-las em nome dos
benefícios para a ciência e para provar que os médicos negros são capacitados e que os
negros adocem da mesma forma que os brancos.
Houve, também, o dilema da enfermeira Eunice Evers em que devia negar o tratamento
disponível e oferecer “placebos” como se fossem o melhor tratamento ou sair da
pesquisa. A Evers permaneceu no segundo projeto da pesquisa num primeiro momento
por esperança da vinda de tratamento, pois haviam prometido que o tratamento chegaria
depois de 6 meses. Já em um segundo momento quando percebeu que o tratamento não
viria permaneceu por sentimento de culpa. Tudo isto demonstra que tal ato desumano
não foi feito somente pela vontade de adquirir conhecimento científico, mas também
pela criação ou exploração de circunstancias especiais e do preconceito. Ou seja, isto
não justifica a ação deles, mas demonstra que eles sofrem interferência na sua decisão,
sendo de certa forma manipulada pelo governo do EUA.

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