Você está na página 1de 13

Como empregar a

vírgula?
Prof. Tiago Gomes
Introdução
Se tomarmos as regras de pontuação indicadas nas melhores
gramáticas de língua portuguesa e procurarmos verificar se os
textos modernos as observam, constataremos de imediato a enorme
distância que vai da norma ao uso. De fato, os sinais de pontuação,
particularmente a vírgula, têm hoje emprego bastante elástico, de
difícil precisão.

No caso da vírgula, tal dificuldade se explica, em parte, pelo


caráter peculiar desse sinal, que é empregado, com freqüência,
simplesmente para indicar ao leitor a ênfase dada a um termo, ou
uma maior ou menor pausa na leitura. Deixando de lado esses
casos especiais, constatamos a existência de casos obrigatórios do
uso da vírgula, situações em que as pausas sempre se verificam e
que só podem ser ensinadas com sabe no conhecimento das
estruturas sintáticas.
CASOS OBRIGATÓRIOS DO USO DA VÍRGULA
1. Separar termos de mesma função sintática.
Compramos na feira: a dúzia, o maço, um bocado, um pedaço
e um buquê.
Tenho andado distraído, impaciente e indeciso.

2. Separar o aposto ou termo de valor explicativo.


Solidão, amiga do peito, me dê tudo que eu tenha por direito.

3. Separar o vocativo.
O mundo é bão, Sebastião.
Hey, garota, não fique esperando o telefone tocar.
4. Separar elementos idênticos, repetidos.
Eu não tinha nada, nada a temer, mas eu tinha medo, medo
desta estrada. Olhe você!

5. Separar o adjunto adverbial deslocado.


Nas grandes cidades, no pequeno dia a dia, o medo nos leva
tudo, sobretudo a fantasia.

6. Separar o local, nas datas.


Fortaleza, 13 de março de 2009.

7. Indicar a omissão do verbo ou do conectivo.


Ao vencedor, as batatas.
O amor é bom, não que o mal.
8. Separar elementos de caráter incidental, como
palavras denotativas, frases exclamativas.
Tecnologia subversiva, a grande biblioteca do cyberspace,
ótica simbiótica, fractais na cura do stress, afrociberdelia.

9. Destacar elementos antecipados, em pleonasmo.


Os amigos, jamais os esqueci.

10. Distinguir o elemento explicativo do determinativo.


A turma deixou a sala, vazia.
11. Esclarecer possível ambigüidade.
O que o gentileza livremente oferece, agradecimentos não
podem pagá-lo.

12. Separar o anacoluto.


É sangue mesmo, não é mertiolate. Pra limpar todo esse
sangue, chamei a faxineira. E agora eu já vou indo senão
eu perco a novela.

13. Separar orações coordenadas assindéticas.


O palhaço ri dali, o povo chora daqui e o show não para.
14. Separar orações coordenadas sindéticas.
Minha saúde não é de ferro, mas meus nervos são de aço.

15. Separar orações intercaladas.


Quando o segundo sol chegar, para realinhar as órbitas dos
planetas, derrubando com assombro exemplar o que os
astrônomos diriam se tratar de um outro planeta.

16. Separar orações adjetivas não-restritivas.


Colombo, que era javanês, descobriu a América.
17. Separar orações adverbais, principalmente se
antepostas à principal.
Quando chego ali, e entro no elevador, aperto o doze, que é
o seu andar.
Se a fé remove até montanhas, o desejo é o que torno o
irreal possível.
Quando não estás aqui, meu espírito se perde, voa longa.
18. Separar orações adverbiais reduzidas.
Andar a pé na chuva, às vezes eu me amarro.

Observação: não se deve usar vírgula entre sujeito e


verbo ou entre verbo e o complemento.
Observe o seguinte texto:

“Farei o depósito do dinheiro na conta de meu


filho não na conta de meu primo jamais
depositarei a importância na conta de minha
mulher nada acrescentarei ao saldo de meu
pai.”

Em qual conta foi feito o acréscimo?


Pontue conforme necessário:
“Três sujeitos lá no fundão da Sibéria discutiam
as razões de sua prisão o primeiro informou eu
uma vez cheguei atrasado à usina e fui preso
por estar sabotando o trabalho coletivo e o
outro contou pois eu como chegava todo dia
mais cedo fui preso por espionagem e o
terceiro eu sempre cheguei na hora exata todos
os dias durante anos e fui preso por
conformismo pequeno-burguês.”
“Botaram o menininho na cabina do maquinista
para uma viagem de trem e ele voltou
encantado de que foi que você mais gostou
meu filho da craqueza do maquinista mãe de
repente lá na frente do trem aparecia aquele
buraquinho era um túnel o maquinista mirava
de longe mãe e não errou um.”
Justifique o uso da vírgula nas frases a seguir:

1. Buenos Aires, a capital da Argentina, é muito


populosa.
2. Eu, se me propõem, aceito.
3. Raul Seixas, que era baiano, inventou o rock
brasileiro.
4. Os meninos, que estavam no pátio,
começaram a correr.
5. Manuel era simpático; Pedro, antipático.
6. O Corinthians jogou bem; o Palmeiras, porém,
jogou melhor.
7. Pedro gostava de trabalhar, e de divertir-se
queria distância.
8. O piloto, adoentado, não pôde sair de casa.
9. Vamos todos, ou seja, eu, você e ela.
10. Brasileiros e brasileiras, a situação está
difícil.

Você também pode gostar