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Direitos Reais

DA POSSE

“Art. 1.196 – Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não,
de algum dos poderes inerentes à propriedade.”
Posse, portanto é simples exercício de qualquer dos poderes inerentes à propriedade: usar,
gozar e dispor.
Os Direitos reais estão enumerados de forma taxativa no art. 1.225 CC. (Princ. da tipicidade)

Posse
Não está
presente no rol - Interditos
taxativo do art. possessórios;
1.225 CC. - possível adquirir a
Mero fato. Um direito coisa (usucapião);
real. - erga omnes.
Um fato capaz de gerar direitos reais.
Teoria Subjetiva de Savigny

Posse é a presença simultânea dos elementos objetivo e subjetivo: corpus (poder físico sobre
a coisa) e animus domini (desejo de possuir a coisa). Se faltasse ao agente o elemento subjetivo,
restando apenas o objetivo, este seria mero detentor e não possuidor.
Crítica: Segundo tal teoria, somente é possuidor aquele que detiver a coisa sobre seu
domínio 24h por dia, o que é completamente impraticável.

Teoria Objetiva de Jhering

Apesar de reconhecer a presença dos dois elementos, não seria necessário a existência
simultânea deles para que o agente seja possuidor. Os conceitos aqui dos elementos subjetivo e
objetivo são diferentes dos empregados por Savigny.
Elemento subjetivo – affectio tenendi → cuidar da coisa como se fosse sua.
Elemento objetivo – corpus → mera aparência de propriedade.
Destinação econômica
adequada.
Classificação de Posse

- Posse direta → quando o possuidor esta diretamente ligado a res.(aquele


que ta com a coisa)
Art. 1.197 CC
- Posse indireta → possuidor não encontra-se diretamente ligado a coisa,
mas pratica atos de propriedade. (o dono da coisa)
- O possuidor direto pode defender sua posse contra o possuidor indireto.
- Composse → Duas ou mais pessoas são, ao mesmo tempo, possuidores
de coisa indivisa. Todos podem exercer atos possessórios, desde que Art. 1.199 CC
não excluam os atos dos demais possuidores.
- Nas ações possessórias, não é exigida a outorga do cônjuge, como é exigida nas ações que versam
sobre direitos reais. Somente é indispensável tal outorga quando for caso de composse ou ato
praticado por ambos.

- Posse nova → menos ou igual a um ano e um dia de


Observar art. 924 CPC
exercício.
- Posse velha → mais de um ano e um dia de exercício.

- Posse justa → aquela que não for violenta, clandestina ou precária.


- Posse injusta → aquela que obtiver os vícios objetivos da posse. Art. 1.220 CC
Ou seja, for violenta, clandestina ou precária.
- Vício da violência – quando a posse é adquirida mediante ato violento. Somente a vítima pode
acusar, para as demais pessoas, a posse produz seus efeitos normais.( situação ilícita)
- Vício da clandestinidade – quando a posse se dá de forma oculta para o legítimo possuidor, mas as
claras para a sociedade.( situação ilícita)
- Vício da precariedade – aquando o agente exercia poder físico sobre a coisa por mera permissão
ou tolerância do legítimo possuidor. Quando este deve restituir a coisa, e não o faz, passa a exercer
posse precária ou mera detenção sobre esta.(inicia-se com uma situação lícita, passando a ilícita). O
possuidor precário, apesar do termo, não exerce posse sobre a coisa.

Detenção - quando o agente exerce poder físico sobre a coisa, mas na verdade é mero detentor e
não possuidor. São casos de detenção os que a lei, expressamente, determinar como tal. Art´s 1.198
e 1.208 CC.

Convalescimento da Posse
Somente a “posse” adquirida por meio violento ou clandestino pode convalescer. A “posse”
precária jamais convalesce.
In finis art. 1.208 - “ Não induzem posse, ... senão depois de cessar a violência ou a
clandestinidade.” (Prazo: 1 ano e 1 dia)

convalescimento
Detenção Posse
Todavia, tal posse é injusta, pois foi adquirida por meio violento ou clandestino, em outras
palavras, está marcada por um dos vício objetivos da posse. (Art. 1.203 CC).

JAMAIS: Posse injusta Posse justa


- Posse de Boa-Fé → quando o possuidor desconhece qualquer fato ou
vício que impeça a aquisição da coisa.
Art. 1.201 CC
- Posse de Má-Fé → quando o possuidor tem consciência de fato ou
vício que impede a aquisição da coisa.

Vício subjetivo da posse – Conhecimento do vício ou


obstáculo que impede a
aquisição da coisa.

- Posse originária → obtida por seus próprios meios, por seu esforço, sem qualquer
espontaneidade de terceiros. Não carrega os vícios objetivos da posse anterior, porem, em
sua origem, essa posse pode conter os mesmos vícios objetivos.
- Posse derivada → transferida, espontaneamente, por outrem. Traz consigo os vícios
objetivos das posses anteriores.

- Posse a título singular → adquirida por ato inter vivos, como a doação
ou compra e venda. Art. 1.207 CC
- Posse a título universal → adquirida por meio da sucessão causa mortis.

- Posse ad Interdicta → quando a posse pode ser protegida pelos interditos possessórios.
Basta que haja a aparência de propriedade (corpus ).
- Posse ad Usucapionem → quando alem de protegida pelos interditos possessórios, o
possuidor tem a coisa como sua ( elemento subjetivo – animus domini). Também chamada
de posse qualificada. (único momento que o nosso ordenamento adota a teoria de Savigny).

Efeitos da Posse

PROTEÇÃO POSSESSÓRIA ( art. 1.210 CC)


O direito de proteger a posse, é o primeiro dos efeitos gerado pela mesma a ser garantido em
nosso CC. È o fundamento jurídico do direito material de propor ações possessórias ou interditos
possessórios.
Ação de Manutenção de posse – quando a posse for (per)turbada.
Ação de Reintegração de posse – quando a posse for esbulhada (ou perdida)
Interditos Proibitórios – quando a posse estiver sendo ameaçada.

- Legítima defesa da posse → a lei permite que o possuidor, utilizando de seus próprios meios, faça
cessar a agressão a sua posse. Porem usando dos meios estritamente necessários e na medida exata
para que a agressão seja interrompida. (art. 1.210, § 1º CC)

- Das ações Possessórias (art. 920 a 931 CPC)


No que se refere às ações possessórias o procedimento a ser adotado é o ESPECIAL, para
todas aquelas que forem propostas dentro do prazo de um ano e um dia, contados a partir da
agressão à posse. Todavia o procedimento especial vai até a decisão do juiz que nega ou concede a
liminar possessória, após tal decisão o procedimento se converte em ordinário. Se a agressão,
porem, for mais antiga (posse velha), o autor não poderá obter, portanto, a liminar possessória.
Tal liminar pode ter natureza cautelar (fumus boni iuris + periculum in mora) ou de
antecipação de tutela (verossimilhança das alegações + prova inequívoca).

- Características
a) Fungibilidade dos interditos – a propositura de uma determinada ação, quando estão presentes os
requisitos pra outra, não impedirá o juiz de conhecer do pedido. (art. 920 CPC).
b) Cumulação de pedidos de naturezas diversas – em ações possessórias, o autor pode cumular
pedidos de natureza possessória com outros de outros ramos do Direito Civil (ex: perdas e danos,
desfazimento de construção, multa pecuniária para caso de reincidência, entre outros).(art. 921
CPC)
c) Natureza dúplice da ação – em ações possessórias, o réu pode apresentar a reconvenção na
mesma peça de sua contestação.(art. 922 CPC)
d) Exceção e domínio - não é mérito das ações possessórias a discussão sobre a quem cabe os
direitos de propriedade. (art. 923 CPC c/c art. 1.210, §2º CC). Porem, em casos especiais, quando o
juiz perceber que ambas as partes se sentem de fato proprietárias do bem em disputa, e que em
decorrência deste fato ambas se sentem ofendidas em sua posse, o juiz poderá discutir propriedade
em ações possessórias. ( Sum. 487 do STF).
e) Natureza mandamental da sentença – à sentença de uma ação possessória não cabe execução. A
parte sucumbente deve cumprir, espontaneamente o que lhe foi determinado, e caso não o faça a
contra parte precisa apenas peticionar informando ao juiz o não cumprimento e requerendo
mandado oficial para que a parte sucumbente seja compelida a cumprir a sentença.

DA PERCEPÇÃO DOS FRUTOS


Os fruto são benefícios produzidos pela coisa, de forma freqüente.
Art. 1.214 CC – O possuidor que estiver de boa-fé tem direito aos frutos que forem
originados nesta propriedade, em quanto perdurar a boa-fé.
- Frutos:
*Naturais – é o que se dá de forma natural, dependendo da atividade orgânica da natureza.
São, por exemplo, os frutos de uma árvore e criação de animais.
* Industriais - são aqueles decorrentes de produção artificial, como por exemplo, a produção
de uma determinada coisa dentro de uma fábrica.
*Civis - são aqueles que decorrem das rendas as quais a coisa se presta. Ex: aluguel.

- Classificação:
*frutos pendentes → quando ainda não colhidos.
*frutos colhidos ou percebidos → que já foram repassados à esfera de poder do possuidor,
não estando mais junto à coisa.
*frutos percipiendos → que são aqueles que já deveriam ter sido colhidos, mas não foram.
*frutos consumidos → que são aqueles que além de colhidos já foram consumidos não
existindo mais.
Entretanto, caso seja constatada a má-fé, o possuidor deverá restituir os frutos ainda
pendentes, e ainda aqueles que foram colhidos antecipadamente. A lei dispõe que deverão ser
compensadas as despesas que o possuidor, mesmo de má-fé, teve com a produção e custeio, uma
vez que a lei não favorece o enriquecimento ilícito de uma das partes.
O possuidor de má-fé responderá por todos os frutos, até os que deixou de perceber por
culpa sua. (art. 1.216 CC). Os frutos civis deverão ser restituídos desde o dia em que cessar a boa-
fé.
DA RENTENÇÃO POR BENFEITORIAS
Em se tratando de benfeitorias necessárias ou úteis, o possuidor de boa-fé terá o direito de
ser indenizado, de forma que o não pagamento deste valor poderá implicar no direito de reter a
coisa até que seja devidamente indenizado. (Art. 1.219 CC) Quanto as benfeitorias voluptuárias, o
possuidor de boa-fé tem direito a levanta-as, se não pagas, quando não danificar a coisa.
Já, se o possuidor estiver de má-fé, ele terá direito à restituição de, tão somente, as
benfeitorias necessárias, não tendo direito de retenção da coisa até o pagamento da restituição, e
ainda não poderá levantar as benfeitorias voluptuárias. (Art. 1.220 CC).
As benfeitorias se compensam aos danos eventualmente sofridos pela coisa. (art. 1.221 CC).

DA INDENIZAÇÃO POR PERDA OU DETERIORAÇÃO DA COISA

O possuidor de boa-fé, não será obrigado a indenizar os danos à coisa que não se deram por
sua culpa. ( Art. 1.217 CC). Já o de má-fé responderá pela perda ou deterioração da coisa, ainda que
se dê de forma acidental, salvo se prover que o mesmo fato ocorreria ainda que a coisa estivesse em
posse do reivindicante.(Art. 1.218 CC).

DA PROPRIEDADE

Formas de aquisição da propriedade:

- Da Usucapião → consiste no fato de alguem, que exerça uma posse mansa, pacífica,
ininterrupta e com ânimo de dono, se torne proprietário da coisa.
Prescrição aquisitiva → terminologia equivocada, visto que por meio de prescrição se
extingue direitos, portanto não se adquire.

 Usucapião Extraordinária → Adquiri-se a propriedade aquele que exerce a posse, por 15


anos, ininterrupta, sem oposição, independente de título ou da boa-fé.( art. 1.238 CC). Se o
possuidor tiver o imóvel com sua moradia habitual ou nele empreender atividade produtiva,
o prazo cai para 10 anos. (§ único, 1.238 CC)

 Usucapião Ordinária → Exige-se os mesmos requisitos daqueles que adquirem a posse por
compra e venda, doação e etc., portanto deve o possuidor fazer prova da sua boa-fé e ter
justo título. A posse deve ser constante pelo prazo de 10 anos( art. 1.242 CC). Se o imóvel
tiver sido adquirido onerosamente e for usado como moradia habitual ou nele empreender
atividade produtiva, o prazo cai para 5 anos (§ único, 1.242 CC).

Justo título → todo documento potencialmente hábil a transferir a propriedade.

 Usucapião rural (art. 191 CF c/c art. 1.239 CC)


 Requisitos:
- Não ser proprietário de outro imóvel, urbano ou rural;
- prazo de 5 anos de posse ininterrupta e sem oposição;
- limite máximo de 50 hectares;
- produzir na terra;
- ter o terreno por sua moradia habitual.
Não precisa ter título justo nem provar boa-fé.

 Usucapião urbano (art. 183 CF c/c art. 1.240 CC)


 Requisitos:
- Não ser proprietário de outro imóvel, urbano ou rural;
- prazo de 5 anos de posse ininterrupta e sem oposição;
- limite máximo de 250 metros2;
- ter o imóvel por sua moradia habitual.
Não precisa ter título justo nem provar boa-fé.

 Usucapião coletiva (art. 10 da Lei 10.257/01 – Estatuto da Cidade)


 Requisitos:
- Área urbana superior a 250 m2;
- população de baixa renda;
- moradia habitual;
- prazo de 5 anos de posse ininterrupta e sem oposição;
- impossibilidade de se demarcar cada terreno;
- não ser proprietário de outro imóvel, urbano ou rural.
Não precisa ter título justo nem provar boa-fé.

- Da Acessão → sinonimo de acréscimo. Ocorre quando alguem que já é proprietário vê seu


imóvel aumentar de tamanho por fenômenos ocorridos naturalmente.
Acessão por formação de ilhas, abandono de álveo e aluvião somente ocorrem em terrenos
ribeirinhos. A acessão por avulsão ocorrem em qualquer tipo de terreno.
Para se determinar a propriedade deve-se trassar uma linha, imaginária, que divida o rio ao
meio e prolongar os limites das propriedades ribeirinhas até encontrarem tal linha.
Propriedade B
Propriedade A

RIO

Propriedade C
Propriedade D

Assim o que surgir dentro do limite de cada proprietário é de propriedade deste, se for no
limite, respeita-se a proporção de terra dentro de cada propriedade, sendo todos proprietários de tal
acessão.

- Da formação de ilhas (art. 1.249 CC)


I) No meio do rio → a ilha pertencera aos proprietários das duas margens, na
proporção de cada um.
II) Entre a linha divisória e uma margem → sera dos proprietários da mesma margem
na proporção de cada um.
III) Desdobramento de novo braço do rio → será de propriedade daqueles cujo o
terreno q deu origem a ilha j lhes pertenciam, na proporção de cada um.

- Do abandono de álveo (art. 1.252 CC) → quando o rio muda de curso ou seca.
Respeita-se a mesma linha divisória do antigo curso d´água.

- Da aluvião ( art. 1.250 CC) → acumulo lento e sucessivo de sedimentos. È de propriedade


do proprietário do terreno no qual ocorreu a sedimentação.

- Da aluvião (art. 1.251 CC) → ocorrem em qualquer tipo de terreno. Ocorre quando uma
porção de terra se desprende de um terreno e se acumula no terreno vizinho. O proprietário do
terreno que recebeu a porção de terra terá de indenizar o proprietário do terreno a qual ela se
desprendeu. Se em um ano ninguém reclamar a indenização, o proprietário acrescido da terra esta
isento de indenizar.
Se o proprietário acrescido não quiser indenizar, este terá de permitir que o vizinho remova a
porção de terra que se desprendeu de seu terreno.

- Das construções e plantações → toda construção ou plantação existente em um terreno se


presume feita pelo proprietário. Porem, aceita prova em contrário, caso de presunção relativa. (art.
1.253 CC). São várias as situações:
 Terreno próprio e material alheio → o proprietário do terreno adquire a propriedade da
edificação, ficando obrigado a pagar ao dono dos materiais usado o seu valor. Se de má-fé, o
responde também por perdas e danos. (art. 1.254 CC)
 Terreno alheio e material próprio → perde para o proprietário do terreno. Se de boa-fé faz
jus a indenização, se de má-fé não tem direito a nada. Porem, se de boa-fé, alguem edificar
em terreno alheio, acreditando ser seu, e tal edificação tiver valor monetário superior ao do
terreno sem ela, o mais lógico é quem edificou adquirir a posse do terreno, pagando ao
antigo proprietário o devido valor por este.(art. 1.255 CC)
 Má-fé dos dois proprietários → aquele que constrói sabendo não ser seu o terreno está de
má-fé, mas aquele que sabe que outrem constrói em seu terreno e nada faz, também age de
má-fé. O construtor perde tudo que construiu, porem o proprietário do terreno fica obrigado
a pagar pela construção, como se fosse uma prestação de serviços.
 Construção parcialmente em terreno alheio → quando a obra é feita na divisa dos lotes, e
uma parte da edificação encontra-se em terreno alheio.
Deve-se analisar:
- se a área invadida equivale a menos de 5% do terreno do vizinho;
- se a construção de seu de boa-fé;
- se o valor da edificação excede, consideravelmente, o valor da área invadida;
- se é possível ou não remover a edificação sem prejudicar a parte regular da construção.
Se ocorrer tais situações, simultaneamente, o construtor se torna proprietário da parte
invadida, devendo porem indenizar o antigo proprietário pela parte que perdeu mais a
desvalorização do imóvel. (art. 1.258 CC). Porem, se o construtor estava de má-fé, mas
estão presentes os demais requisitos, este também adquirirá a propriedade, porem deverá
pagar 10x ( décuplo) mais do que pagaria se estivesse de boa-fé. (art. 1.258, § único, CC).
Se a construção ocupar área maior que 5 %, de boa-fé o construtor paga pela área bem como
pela desvalorização do imóvel, porem se de má-fé o construtor fica obrigado a demolir tudo
e ainda paga perdas e danos em dobro. (art. 1.259 CC)

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