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Estratégias de Internacionalização de pequenas e médias Empresas de Curitiba

Resumo: A presente pesquisa tem como objetivo analisar as estratégias adotadas no processo
de internacionalização das pequenas e médias empresas de Curitiba. A análise concentra-se
nos fatores críticos que caracterizam esse processo, particularmente nas decisões estratégicas
tomadas, nos principais problemas enfrentados e nas práticas utilizadas pelos empreendedores
ou dirigentes das empresas que buscam o mercado internacional. O método realizado foi uma
pesquisa de caráter exploratório, descritivo e analítico, sendo utilizando fonte de dados
secundários e primários. Para a investigação desses aspectos, foi enviado um questionário via
ferramenta Google Docs por meio eletrônico para 365 PMEs de Curitiba com algum grau de
internacionalização. Destas, 44 empresas responderam. Os resultados indicam que a maioria
das PME´s tem como principal motivo para entrarem no mercado internacional a busca por
maiores nichos de mercados, como ganho de competitividade e que a melhor maneira de
entrada é pela exportação direta ou através de consórcios entre elas.

1. INTRODUÇÃO
A globalização dos mercados vem trazendo mudanças sociais e político-econômica
em todos os setores, acarretando transformações significativas para a gestão e o
desenvolvimento das organizações. A globalização com o auxílio da tecnologia, têm como
fator aproximar nações, línguas, religiões e costumes e assim os consumidores vão se
tornando cada vez mais exigentes, pois estão em contato direto com novos produtos e serviços
antes não disponíveis em seus mercados. Este processo é conseqüência da globalização a qual
traz incertezas e turbulências para o ambiente. Diante dessa realidade é cada vez mais nítida a
necessidade de procurar alternativas para manter-se em um mercado assim tão competitivo.
Neste contexto, o processo de internacionalização ganha importância pelo
desenvolvimento das atividades internacionais das empresas estarem ligados a uma
necessidade criada pelas mudanças recentes no ambiente econômico mundial. Com a
ampliação dos mercados globalizados, as principais oportunidades de crescimento para as
organizações estão baseadas no comércio internacional. Visando aproveitar melhor estes
novos e promissores mercados, muitas empresas brasileiras tiveram de buscar o aumento da
sua capacidade competitiva pela melhoria dos processos produtivos, construindo uma imagem
associada à exportação e investindo diretamente no exterior. Diante deste avanço as PME´s
tiveram que se adaptar e competir no mercado internacional pela busca por novas tecnologias
e reestruturação de seu parque fabril, através de alguns casos pelo processo de privatização,
obtendo uma série de oportunidades para as organizações investirem e crescerem.
Segundo SEBRAE (2008) as pequenas e médias tiveram crescimento praticamente
nulo das exportações entre 1998 e 2002, mas se expandiram fortemente nos anos seguintes
(18,3% a.a), embora seu desempenho em 2007 tenha sido inferior à média (alta de 10,2%). As
PME’s também tiveram uma evolução ruim das exportações entre 1998 e 2002, mas
cresceram fortemente a partir de então (alta de 20,2% a.a) e mantiveram o ritmo em 2007
(20,1%). Em 2008, o Brasil registrou um total de 19.797 empresas exportadoras, que foram
responsáveis por exportações de US$ 197,6 bilhões. Neste contexto as participações das
PME’s apresentaram uma significativa participação na economia nacional, segundo dados do
SEBRAE 2008, o Brasil apresentou 11.859 PME’s exportadoras responsáveis pelo valor de
U$$ 10.491 bilhões FOB.

Com base nestes conceitos, este projeto visa identificar quais as estratégias adotadas
pelas pequenas e médias empresas de Curitiba no processo de internacionalização. Tendo
como objetivos específicos a identificação dos principais fatores que levam as pequenas e
médias empresas a se internacionalizarem, as principais dificuldades encontradas por elas

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para atuarem no mercado externo, os principais destinos de produtos ou serviços exportados,
as estratégias utilizadas para a internacionalização e o perfil das empresas de Curitiba para se
internacionalizem nos últimos anos.

2. BASE TEÓRICA
Mundialização é o processo de expansão global da relação social de produção
capitalista, o capitalismo moderno, a era do capitalismo transnacional e da produção global. A
mobilidade do capital se acelera exprimindo a globalização das condições de validação social
dos trabalhadores privados da esfera da acumulação (BENKO, 1999).
A globalização pode ser entendida, como o aumento da freqüência e da intensidade do
fluxo de produtos, serviços, pessoas, capital e informação entre as fronteiras dos países. Este
processo tem-se difundido pelo mundo, principalmente a partir da conferência de Bretton
Woods, de julho de 1944, decorreu em nove meses a Conferência de São Francisco, que cria a
ONU. Segundo Magnoli e Serapião (2006), o conceito de globalização engloba três
dimensões associando-se historicamente. Sendo elas: tecnológica, dupla revolução geopolítica
e estratégias empresariais.
Cretoiu (2007), afirma que com a globalização as PME’s ganharam condições
competitivas perante as grandes corporações em questões a acesso a informações, parceiros e
de ligação ao mercado externo. Assim proporcionando a este mercado um alto nível de
integração e competição.

2.1 ESTRATÉGIA
O termo Estratégia vem sendo progressivamente discutido nas empresas, pelo fato de
ser uma ferramenta fundamental na gestão das empresas principalmente por aquelas que
desejam entrar no mercado internacional. O conceito de estratégia tem diferentes
interpretações e aplicabilidades no dia a dia das pessoas e organizações. É definido conforme
Porter (1996, p.105) “Estratégia é a criação de uma posição única e valiosa que engloba um
conjunto diferente de atividades”.

2.2 FATORES ESTRATÉGICO NO PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

A chegada da globalização transferiu o mercado internacional para dentro das


fronteiras nacionais devido à maciça presença de empresas estrangeiras no mercado nacional.
Alguns setores da economia não apresentam mais distinção entre mercado internacional e
mercado nacional. Portanto, a internacionalização não está somente relacionada à
movimentação de bens e fatores, mas se estende à questão da adaptação interna da empresa
aos níveis competitivos internacionais. A Internacionalização é um processo crescente e
contínuo de envolvimento de uma empresa nas operações internacionais, conforme relata
Arruda (1994):

Tradicionalmente, o processo de internacionalização tem sido


descrito como um mecanismo de desenvolvimento das exportações de
uma empresa através do crescimento de sua atuação em mercados
importadores ou em importadores potenciais. No entanto, estudos
recentes têm mostrado que os mecanismos de internacionalização são
primordialmente uma conseqüência da capacidade competitiva da
empresa em seu mercado doméstico, associada a fatores contigênciais
relacionados ás características econômicas, culturais e geo-políticas do
país de origem (ARRUDA et al., 1994, p.313).

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Nas últimas décadas, o processo de internacionalização se transformou em um
fenômeno generalizado e foi responsável pelo crescimento dos fluxos mundiais de comércio e
investimento, o mundo tornou-se global, os mercados se unificaram e diversificaram seus
produtos, agindo estrategicamente diante do cenário global.

Segundo Kraus (2000, p.60), “internacionalizar-se tem sido uma das estratégias que
várias empresas estão buscando para fazer frente aos concorrentes internacionais para
melhorar a competitividade em seus mercados domésticos”.

Para Goulart (1996 p.18), internacionalização é “um processo crescente e contínuo de


envolvimento de uma empresa nas operações com outros países fora de sua base de origem”.
No entendimento de Caron (1998), a internacionalização das empresas está ligada a uma
vontade de tirar proveito de uma concentração industrial crescente e de um poder reforçado
sobre o mercado que as conduzem na sua procura de uma melhor rentabilidade, onde as
empresas não são mais local, nacional; a empresa é uma entidade capitalista internacional.

De acordo com Iglesias (2007, p.18) a internacionalização de uma empresa é um


fenômeno complexo, compreende desde a produção direta com o mercado externo, até a
integração com a economia internacional como a participação em fusões, parcerias, acordos
de cooperação e transferências de tecnologias.

A primeira fase de internacionalização foi em meados de 1960 até o início dos anos
1980, onde o Brasil esteve fortemente concentrado na atividade petrolífera, através da
Petrobrás e também através de instituições financeiras e os investimentos da indústria de
construção. O processo de internacionalização do Brasil ainda era lento, pelo motivo do
governo e as empresas não possuírem interesse pelo mercado internacional.

Na década de 1980 e início de 1990 a Indústria brasileira necessitava de novas


tecnologias para diversificar seu setor fabril, para garantir maior eficiência na fabricação de
seus produtos tanto no mercado externo como externo. Segundo Caron (1998) com a abertura
do mercado, cresce o interesse das empresas nacionais pelas alternativas estratégicas de
internacionalização pelo fato de haver muitas facilidades que surgiram e aparentemente
tornaram o mercado externo mais acessível, embora houvesse muitas barreiras, impedindo a
atuação internacional com as atividades desenvolvidas internamente, havendo a necessidade
de uma estruturação das empresas tanto em modo de ver o mercado como na qualidade dos
produtos de forma a competirem no mercado.

A partir do governo Collor, em 1990, foi quebrada a “redoma” que protegia as


empresas brasileiras das ameaças competitivas internacionais, e estas se viram obrigadas a
competir com gigantes mundiais.

Moreira (2000) relata que diante de um novo cenário globalizado, especialmente a


partir do governo de Fernando Henrique Cardoso, medidas mais incisivas foram tomadas a
fim de estimular a atividade exportadora. Percebe-se que a partir de 1990 o saldo comercial
cai significativamente, apesar do aumento das vendas, que naquele momento concentrava-se
em produtos de menor valor agregado, obtido como principais agentes dessa mudança foi à
abertura comercial e à privatização, juntas proporcionaram uma reestruturação da indústria,
rumo a padrões internacionais.

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Ao fim da década de 1990, mais de mil empresas brasileiras possuíam investimentos
no exterior, com uma parcela deles na forma de filiais, pelo motivo das incertezas econômicas
e políticas nos primeiros anos desta década levaram as empresas a incrementar seus
investimentos fora do país, como forma de contornar os riscos de operações no mercado
doméstico (CEPAL, 2005).

No período compreendido entre 1990 e 2002, a economia brasileira experimentou um


crescimento dos fluxos de comércio. As exportações brasileiras totais em valor aumentaram
92% no período, passando de US$ 31,4 bilhões em 1990 para US$ 60,4 bilhões em 2002, ou
seja, expandiram-se a uma taxa média de 5,15% a.a. conforme acordo com as informações do
Banco Central do Brasil (BACEN, 2006).

A internacionalização é um processo gradativo, no qual uma empresa produtora


exportadora se organiza internamente ou com outras empresas e, ao longo do tempo, amplia
seu envolvimento e comprometimento com o mercado externo, com seu grau de
comprometimento podendo variar de reduzido a elevado (KRAUS, 2000). A
Internacionalização constitui um processo relevante para a formulação de estratégias que
propiciem a participação ativa nos mercados externos. Com a eliminação das barreiras as
quais protegiam no passado à indústria nacional. A internacionalização é o caminho natural
para que as empresas brasileiras se mantenham competitivas. No Brasil, embora existam
diversas empresas que exportam, algumas com estruturas instaladas no exterior, observa-se
que a sua internacionalização é um processo ainda incipiente, especialmente quando
comparado com ás empresas norte-americanas, européias e japonesas, que ao longo dos anos
já formou uma estrutura moderna e participativa nos mercados internacionais.

A internacionalização advém de um processo de gestão da aprendizagem


organizacional, da formação de competências, garantindo uma gestão de conhecimento eficaz,
as bases vão sendo criadas para que a empresa se lance em novos empreendimentos
internacionais (FLEURY 2006).

“Por seu auto - alimento, o processo de internacionalização


tenderia a prosseguir na empresa, independente de considerações
estratégicas. O acúmulo de experiência internacional permite à
empresa assumir níveis crescentes de comportamento de recursos,
levando-a a escolher seqüencialmente modos de entrada com maior
nível de propriedade e controle”. (ALMEIDA 2006; p.26).

O processo de Internacionalização é um movimento que exige das empresas um


repertório de competências e conhecimentos maior do que aquele dominado pelas empresas
que apenas exportam. Participar do mercado internacional de modo ativo e estrategicamente,
muitas empresas entram no mercado internacional através dos seguintes meios:

- Exportação por Intermédio de terceiros

- Exportação Direta

- Licenciamento

- Associação / alianças estratégicas com empresas estrangeiras

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- Franchising

- Joint - Ventures

- Centro de Pesquisas

-Instalações de subsidiárias/ escritórios próprios voltados à comercialização e unidade


fabril.

Quando uma organização está inserida e consolidada em vários mercados externos,


diminuem os riscos e incertezas relacionadas a mudanças políticas, econômicas e culturais do
país de origem. Mudanças decorrentes da abertura dos mercados também disponibilizam uma
série de oportunidades para uma organização investir e crescer.

As empresas, por terem, ainda, experiência recente no mercado internacional,


buscavam não envolver muitos recursos em razão dos riscos percebidos. Metade delas utiliza
a opção da exportação por intermédio de agentes – uma forma “passiva” de exportar. A outra
metade pode ser considerada um pouco mais “ativa”, visto que trata diretamente de suas
exportações.

Segundo Caron (1998) a cultura organizacional é um fator importante na estratégia de


internacionalização, é também na dinâmica das transformações econômicas mundiais, das
incertezas, do mercado em constantes mudanças e no foco da inovação que uma empresa
conquista estrategicamente seu espaço neste mercado global tão competitivo.

2.3 EXPORTAÇÃO COMO FATOR DE COMPETITIVIDADE DE UMA EMPRESA


O início do processo de internacionalização é um desafio para as empresas brasileiras
devido à defasagem tecnológica e ao desconhecimento sobre mercados internacionais. Além
dos desafios naturais que uma empresa enfrenta neste processo, as organizações brasileiras
precisam construir uma imagem positiva do produto no exterior.
Portanto hoje, mais do nunca, a participação no comércio internacional por meio da
exportação é uma condição que coloca empresas e países em sintonia com que o que há de
mais avançado e moderno no mundo, para poder sobreviver e aprimorar de forma estratégica
em vantagens comparativas.
Segundo Kotler (1998, p.442):

A maneira mais simples de entrar num mercado é através da


exportação. A empresa pode exportar passivamente seu excesso de
produção de tempos em tempos, ou pode estabelecer um compromisso
ativo de expandir suas exportações para um mercado específico.

A Exportação deve encarada com seriedade e como uma saída estratégica para as
empresas na conquista de competitividade, muitas empresas brasileiras ainda utilizam-se da
exportação como saída para problemas conjunturais, não conseguindo sucesso nem na
exportação e muito menos na resolução dos problemas internos, pois tem uma visão á curto
prazo. A exportação gera empregos, divisas internacionais, melhor desenvolvimento, melhor
qualidade de vida e não pode ser relegada á segundo plano.
Segundo Junior (1998), a exportação é a melhor forma de participar e conhecer
mercados competitivos e diferenciados, sendo a forma mais eficiente para adquirir novas

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tecnologias, novos mercados, na conquista da competitividade. Conquistando mercados terá
maior visão com relação aos seus concorrentes diretos e indiretos.
Contudo existe uma demanda potencial em mercados internacionais; por outro lado
existe a possibilidade de saturação do mercado interno para determinados produtos. A
exportação passa a ser uma saída natural para a expansão dos negócios internos,
aproveitando-se das vantagens comparativas, tecnológicas, custos de produção, mão de obra
barata e recursos naturais. É preciso encontrar e explorar um ou mais diferenciais para haver
uma maior competitividade das empresas no comercio internacional.

2.4 A PARTICIPAÇÃO DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS NA ECONOMIA


BRASILEIRA
Referente ao primeiro trimestre de 2010, no Brasil, a participação das micro e
pequenas empresas (MPE’s) registraram aumento de faturamento de 11,3% sobre março/09.
No período, por setores, os resultados foram: indústria (+24,2%), comércio (+5%) e serviços
(+14%), sendo que, a indústria, setor mais atingido pela crise, teve a maior alta no período. O
desempenho mais fraco da indústria em março/09 (menor base de comparação) contribuiu
para esse resultado. Sendo assim, as MPE’s fecharam o 1º trimestre de 2010 com aumento de
10,2% no faturamento real, na comparação com o 1º trimestre de 2009, ambas aumentaram
sua participação na massa total de salários e de outros rendimentos.
As empresas de menor porte são responsáveis, também, por melhorar a distribuição
de renda, desenvolver a vocação e a tecnologia nacional, e descentralizar o desenvolvimento.
Em relação às exportações (2008), a análise do número de empresas industriais exportadoras
(figura 01) mostra que dos 741 eram PME’s. Apesar da expressiva participação das PMEs
dentro do universo de empresas exportadoras, estas contribuíram somente com 3,22% do
valor total exportado pelo país no mesmo ano. Desta forma, o papel das pequenas e médias
empresas na transformação e no incremento das exportações brasileiras tem sido
relativamente pouco significativo (Fonte: SEBRAE / 2008).

3. METODOLOGIA
Levando em consideração os objetivos constantes no problema da presente pesquisa,
podemos destacar duas finalidades principais, sendo elas: a descrição e a explanação. Com
este propósito procurou-se descrever as estratégias adotadas no processo de
internacionalização utilizadas pelas empresas. Para a realização desta pesquisa, tendo em vista
a opção por uma análise contextualista, foi realizado uma pesquisa de caráter exploratório,
descritivo e analítico, com uma abordagem qualitativa, podendo optar por uma analise
qualitativa quando observar uma subjetividade dos dados coletados. Segundo Malhotra
(2008), a pesquisa quantitativa utiliza uma análise de forma estatística, numérica, dos dados
coletados. Ao observar uma subjetividade dos dados analisados, decorre na necessidade de
utilizar uma abordagem qualitativa. Com a finalidade de responder de forma clara e precisa a
pergunta da pesquisa, utilizando os objetivos para nortear o estudo.
Justifica-se a utilização do método de pesquisa exploratória, pois segundo Gil (2009),
tem como objetivo adquirir um maior conhecimento e familiaridade com o problema,
tornando-o claro e preciso. Seu planejamento “é bastante flexível de modo que possibilite a
consideração dos mais variáveis aspectos relativos ao fato estudado”. De acordo com
(MALHOTRA, 2008 P.73) o modelo analítico, “é um conjunto de variáveis e de seus inter -
relacionamentos, para representar no todo ou em parte, um sistema ou processo real”.
Segundo Malhotra (2008), a pesquisa exploratória tem como objetivo responder o problema
da pesquisa de modo com que as informações principais sejam definidas de forma objetiva,
facilitando o processo de pesquisa.

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A primeira fase da pesquisa buscou levantar dados para fundamentar a caracterização
do contexto ambiental e estrutural, como em identificar como é o processo de
internacionalização das empresas, sua importância, quais são as formas de uma
internacionalizar, os principais benefícios deste processo, a atividade internacional das
empresas, a importância das pequenas e médias empresas em Curitiba no comércio
internacional, ressalta-se que nessa etapa da pesquisa utilizou-se apenas os dados secundários.
Os dados de natureza secundária, utilizados nesse trabalho foram coletados junto: á
periódicos e revistas acadêmicas, jornais e revistas de grande circulação, boletins do Banco
Central, do Banco do Brasil, e do portal da Internet www.braziltradenet.gov.br, mantido pelo
Ministério da Indústria e Comércio do Brasil.
Para Lakatos (2000) as fontes secundárias possibilitam a resolução de problemas já
conhecidos e explorar outras áreas onde os problemas ainda não se cristalizaram
suficientemente.
Os dados primários foram colhidos através da administração de um questionário
elaborado pelos autores, através de revisão bibliográfica e de análise de dados secundários.
Para obter um universo de pesquisa confiável, foi solicitado ao Banco do Brasil uma lista das
pequenas e médias empresas de Curitiba, também foi consultado o cadastro das empresas no
site Brasil Trade Net.
Os questionários foram enviados via email através da ferramenta Google Docs, no
período quinze de setembro de 2010 à dezenove de outubro de 2010, deste total foi enviado
para 365 pequenas e médias empresas de Curitiba, tendo uma amostra recebida de 44
empresas que responderam.

4. RESULTADOS

4.1 QUANTIDADE DE FUNCIONÁRIOS DIRETOS DA EMPRESA

Quanto á quantidade de funcionários diretos da empresa, conforme gráfico 01, nota-se


que 51% possuem de 01 á 10 anos e 23% de 20 a 99 funcionários perante os 17% que detêm
entre 100 à 99 funcionários, já o índice de 5% ficou entre a faixa de 500 funcionários.
Percebe-se que este índice se dá pelo fato da pesquisa ser direcionada a pequenas e médias
empresas e pelo crescimento atual da abertura de pequenas e médias empresas em Curitiba.

GRÁFICO 01 - Quantidade de funcionários diretos da empresa


FONTE: Dados Primários.
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4.2 INÍCIO DO PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA EMPRESA
Quanto ao tempo de inícios do processo de internacionalização da empresa, gráfico 02,
nota-se que a maioria iniciou até 2006 com 66%, onde 6%, foi em 2007, 8% em 2008, 9%
em 2009 e 11% em 2010. Percebe-se que o índice de 66% que foi do período de até 2006,
teve como maior índice, o motivo da abertura do mercado brasileiro em 1990.

GRÁFICO 02 – Início do processo de internacionalização da empresa


FONTE: Dados primários.

4.3 RAMO DE ATIVIDADE DA EMPRESA


Conforme o gráfico 03, do ramo de atividade exercida pelas empresas, 43% das
empresas são do comércio, 34% são da indústria, 17% de serviços e 6% do agronegócio.
Assinala-se o fato de as empresas exportarem em sua maioria apenas bens, a exportação de
serviços ainda apresenta resultados pouco significativos para a economia do Estado. Desta
forma, vislumbra-se um grande potencial de desenvolvimento nas exportações de serviços e
na internacionalização de empresas prestadoras de serviços.

GRÁFICO: 03 - Qual o ramo de atividade da empresa


FONTE: Dados Primários.

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4.4 PERFIL DE ATUAÇÃO DE ATUAÇÃO NO MERCADO EXTERNO
Conforme gráfico 03 as formas ocorridas entre as modalidades de exportação via
exportação direta ou via agentes de exportação foram as mais adotadas com 94%. Além
destas, 6% das empresas optaram não terem nenhuma atividade regular de exportação e
importação, percebe-se, com o índice de 0% que há pouca procura por subsidiária própria de
venda ou produção, obtendo a mudança do modo de atuação no exterior através da abertura
de escritório de vendas e de centros de distribuição ou produção, pelo fato geralmente dos
elevados custos estruturais e burocracia internacional.
Outras vantagens que viriam como conseqüência da operação comercial realizada
dentro da hierarquia da empresa, seria que a empresa no exterior tem um melhor nível de
informações obtidas sobre o mercado, e o aumento no nível de confiança do cliente, uma vez
que a empresa estrangeira possui algum tipo de instalação no local. As empresas que investem
em escritório de vendas e centros de distribuição em outros países esperam aumentar sua
presença e competitividade nesses mercados.

GRÁFICO 04 - Perfil de atuação no mercado externo


FONTE: Dados primários.

4.5 PARTICIPAÇÃO NO EXTERIOR NO TOTAL DA RECEITA BRUTA


OPERACIONAL DA EMPRESA
Conforme o gráfico 05, percebe-se que as pequenas e médias empresas Paranaenses
ainda detêm uma pequena participação no mercado internacional, onde apenas 10% da receita
bruta operacional são provenientes da participação no exterior, seguindo por 23% da receita
bruta acima de 60% referindo-se as grandes empresas, 21% de 11% entre 20% e 6% entre
21% a 40% das empresas.

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GRÁFICO 05 - Participação no exterior no total da receita bruta operacional da empresa
FONTE: Dados primários.

4.6 PRINCIPAL DESTINO DAS EXPORTAÇÕES


Verificou conforme o gráfico 06, que o principal mercado destino é a América do Sul
para 31% das empresas, o segundo mercado mais importante é a Europa com 26%, das
empresas, a Ásia com 20%, 11% na África, 6% nos Estados Unidos e 3% para Oceania e
outros. Percebe-se que a América do Sul obteve o maior índice pelo motivo das empresas
brasileiras optarem pelo mercado mais próximo pelo motivo do acordo Mercosul com o
Brasil, pela distância demográfica e pelos acordos e tratados tarifários. Europa ficou em
segundo lugar pelo motivo de ser um centro de distribuição dos produtos e ser um grande
comprador do Brasil principalmente de frutas e suco de laranja.

GRÁFICO 06: Principal destino das Exportações


FONTE: Dados primários.

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4.7 QUAIS OS PRINCIPAIS FATORES QUE MOTIVAM A EMPRESA A ATUAR NO
MERCADO EXTERNO
Com 37%, o acesso a novos mercados e crescimento potencial foi o principal fator
motivador para as empresas para atuarem no mercado externo, isso se deve ao fato das
empresas modernas, diversificarem seu nicho de mercado em busca de novos mercados,
tecnologias, parcerias e alianças, situações típicas do processo de globalização. A escolha por
um preço competitivo internacionalmente foi o segundo mais escolhido com 31%, sendo um
fator importante na escolha pelo processo de internacionalização, 17% foi explorar novos
mercado, 6% intenção estratégica, 6% foi vantagem tarifária entre Mercosul, relatando que
mesmo o Brasil sendo participante do Mercosul, as empresas não têm como principal
motivador ás vantagens tarifárias, e 3% foi á necessidade de estar próximo aos clientes.

GRÁFICO 07 - Quais os principais fatores que motivam a empresa a atuar no mercado


externo.

FONTE: Dados Primários.

4.8 PRINCIPAIS FATORES QUE LEVAM AS EMPRESAS A SE INTERNALIZAR


Conforme a amostra 31% das empresas tem como principal motivo á decisão de
entrar no mercado internacional, o acesso a novos mercados, e conseqüentemente para entrar
e permanecer no mercado internacional se faz necessário ter competitividade, onde foi a
segunda opção mais escolhida com 26%, com 19% o fator maior possibilidade de venda em

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mercados alternativos, a perda do mercado nacional obteve 8%, 6% adquirir qualidade e
tecnologia, 5% implantação da marca internacional e 3% sobrevivência no mercado interno.
Podemos observar que o motivo da perda do mercado nacional e a sobrevivência no
mercado doméstico foram os fatores menos importantes, isso revela o grau de interesse das
empresas em buscar o mercado externo não por questões de sobrevivência e concorrência,
mas pela escolha de buscar novos nichos de mercados, novas parcerias, fusões, na dinâmica
da conquista de ser uma empresa globalmente competitiva. Conforme o gráfico 08.

GRÁFICO 08 - Principais fatores que levam as empresas a se internacionalizar

FONTE:Dados primários

4.09 PRINCIPAIS FATORES QUE NÃO LEVAM AS EMPRESAS A SE INTERNALIZAR

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Os Principais fatores que levam as pequenas e médias empresas de Curitiba a não
atuarem no mercado externo são: falta de capacidade competitiva e falta de investimento,
conforme o índice da amostra de 30% cada. Isto ocorre devido ao tamanho da empresa, pois
atuar no mercado exterior exige um risco elevado, necessitando de um investimento para se
tornarem competitivas perante o mercado. Outros fatores também relativos são: falta de
experiência internacional conforme o índice da amostra de 25%, ausência de interesse no
mercado externo com 10% e, por último domínio de mercado internacional com 5%.
Desta forma podemos perceber conforme dados do gráfico 09, revelando que as
empresas muitas vezes não possuem capacidade competitiva e capital, justamente por
encontrarem barreiras para o acesso ao mercado externo.

GRÁFICO 09 - Principais fatores que não levam as empresas a se internacionalizar


FONTE: Dados primários.

4.10 PRINCIPAIS DIFICULDADES ENCONTRADAS PELAS EMPRESAS PARA


ATUAREM NO MERCADO EXTERNO
De acordo com o gráfico 09, Dos 52% da amostra são relativos à falta de
investimentos e capital, isso se deve principalmente em pequenas e médias empresas pelo fato
delas se terem dificuldades para sobreviver no mercado interno, pois é muito limitado pelas
instituições financeiras o crédito para que estas possam produzir, sem falar dos custos
elevados, a burocracia, a guerra fiscal, a legislação tributária e trabalhista, dificultando
obterem competitividade tanto no produto como em novas tecnologias. Em segundo lugar foi
à falta de experiência no mercado internacional com 20%, a formação de equipes e acesso a
tecnologia e aperfeiçoamento do produto ou serviços obtiveram ambas 14%.

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GRÁFICO 10 - Principais dificuldades encontradas pelas empresas para atuarem no mercado
externo.
FONTE: Dados primários.

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