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A Visita Domiciliar

Guia prático de
tecnologias envolvidas

UNIFENAS

Prof. Dr. Miriam Graciano


O que é a VD?
• É uma importante atividade de Saúde
Pública.

• Constitui uma atividade de assistência à


saúde exercida junto ao indivíduo, à
família e à comunidade.

• Instrumento fundamental de intervenção


na Estratégia Saúde da Família.
Definição da OMS

Provisão de serviços de saúde por


prestadores formais e informais com o
objetivo de promover, restaurar e
manter o conforto, função e saúde das
pessoas num nível máximo, incluindo
cuidados para uma morte digna.
Por que o domicílio é
um lugar para
intervenção?
• Porque as pessoas tendem a enfrentar
melhor suas dificuldades quando estão
em seu próprio meio social, familiar ou
comunitário.

• Porque o domicílio é o lugar do cotidiano,


da realidade concreta, do mundo vivido.
Quais os objetivos de
uma VD?
• Para (re)conhecimento do território, são as VDs
exploratórias.
• Para acompanhamento dos pacientes e grupos
vulneráveis. Estas podem ser preventivas,
terapêuticas, reabilitadoras, acompanhamento
por longo tempo ou cuidados paliativos.
• Para permitir a aproximação da realidade do
sujeito e seu grupo familiar e reconhecer os
recursos que a família dispõe.
• Para identificar as características sociais,
epidemiológicas, os problemas de saúde, a
vulnerabilidade das famílias e estabelecer
condições protetoras.
• Para auxiliar a família a ajudar-se a si mesma.
Visita Domiciliar Fim Visita Domiciliar Meio
1. Busca ativa de demanda
1. Na propaganda política;
reprimida;
2. Na internação 2. Educação para a saúde
domiciliar; mais individualizada;
3. Na atenção domiciliar 3. Estimular o cuidado com a
terapêutica; saúde;
4. Na visita a clientes 4. Apontar necessidades de
acamados; ações de promoção à saúde
5. Estabelecer canais
5. Na atenção ao parto. permanentes de
comunicação.
Quando fazer a VD?
Grupos mais vulneráveis
• Paciente sem condições de acesso a USF;
• Paciente temporariamente acamado ou
restrito ao leito;
• Pacientes não aderentes ao tratamento;
• Jovens em situação de risco;
• Doenças crônico-degenerativas;
• Dependência física ou emocional;
• Idade avançada;
• Situações terminais;
• Pacientes com doença infecciosa crônica.
Mães Negligentes

• Cartão de vacina atrasado;


• Infecções de repetição na criança;
• Atraso de crescimento e
desenvolvimento infantil;
• Mães faltosas nas consultas de
puericultura;
• Mães faltosas nas consultas de pré-
natal.
Fases da VD.
Planejamento da VD
Preparo de todas as atividades que serão
executadas, tomando em conta:
• Tipo de visita.
• Características do indivíduo que será
visitado.
• Material necessário.
• Acesso ao local.
• Tempo para execução.
Execução da VD
Seja cordial!

• Demonstre estar disponível para o


paciente e compromissado em ajudá-lo a
resolver seus próprios problemas.
• Desenvolva uma boa comunicação.
• Cuidado com a sua apresentação pessoal.

Seja ético!
• A duração da visita deve ser compatível
com o alcance dos objetivos.

• Nada de “dar uma rapidinha”.

• Também não demore demais, para não


cansar ou aborrecer o paciente.

Use o bom senso!


Registro da VD
• As anotações devem ser feitas em
impresso apropriados, cadernos de nota e
posteriormente anexados ou transcritas
para prontuário do paciente.
• Não é permitido rasuras ou uso de
corretivos em prontuário médico.
• A caligrafia deve ser legível.
• Deve ser a datada e assinada pelo
acadêmico que a realizou.
Avaliação da VD
Realizada nas reuniões de equipe ou com
preceptores das atividades práticas,
discutindo-se as percepções em relação à
família, a real necessidade de
acompanhamento domiciliar e a
periodicidade de acompanhamento,
quando necessário.
Estou inseguro!

Como vou realizar uma VD pela


primeira vez?
• A visita deve ser sempre uma “entrada
consentida” no mundo existencial do outro.
• Nossa própria presença e o uso de
instrumentos de registro precisam ser
“autorizados”.
• Deve ser planejada e sistematizada em
reuniões semanais de equipe, quando se
decide que famílias visitar na semana
seguinte.
• Elaboração prévia dos objetivos da VD.
Ela reúne pelo menos três “tecnologias
leves” a serem aprendidas e
desenvolvidas:

• A observação.

• A entrevista.

• A história ou relato oral.


A visita domiciliar impõe a
capacidade de autodisciplina para
a observação, a habilidade
técnica para a entrevista e o
imperativo ético para a escuta da
história ou relato oral
Faça um checklist antes de
sair para realizar uma VD
Primeiro
Defina os objetivos da VD!

O que você vai fazer lá?

• Um primeiro contato?
• Fazer abordagem familiar?
• Avaliar adesão ao tratamento?
• Fazer orientações nutricionais?
• Orientar abandono do tabagismo?
• Classificar ou acompanhar idoso frágil?
Segundo
Reúna previamente todas as informações
possíveis sobre a família e o paciente.

• Converse com o ACS sobre o paciente e


sua família;
• Anote dados do SIAB e HIPERDIA;
• Anote dados do prontuário;
• Procure a localização exata da residência;
• Agende previamente a visita, informando
dia, horário e quem são os visitadores.
Terceiro
Separe os materiais apropriados para a
realização da atividade.

• Roteiro de VD;
• Formulários e questionários específicos,
• Prancheta, lápis, borracha e caneta,
• Caderno de notas,
• Estetoscópio, esfigmomanômetro, fita
métrica etc.
O roteiro de entrevista
• É nossa ancoragem teórica.
• Deve funcionar como um mapa para
localização de nossos objetivos.
• Por isso, deve conter questões-guia.
• Deve ser usado com espontaneidade.
• Jamais deve ser “lido” ou “recitado”.
Quarto
Não seja preconceituoso!
• Não vá com um modelo de realidade
pré-concebido.
• Esteja aberto a captar a verdade daquela
realidade única e não a verdade que você
acredita ou quer ver.
• Não vá pensando que esta família é igual
da Dona Fulana...
• Nem tudo é o que você vê, tampouco
como você vê.
• Devemos deixar de lado preconceitos e
mitos pessoais e olhar a realidade com
curiosidade respeitosa e espírito
investigativo.
• Não se apresse em fazer interpretações sobre
uma realidade que mal começou a conhecer.
• Não tente encaixar a realidade alheia em sua
própria realidade.
• Não espere encontrar somente o seu mundo.
• O encontro da realidade do outro redefine
nossa percepção de doença, morte, saúde e
vida.
• Esteja pronto para surpresas.
• Situações inesperadas durante a visita
deve ser considerada como bem-vinda.
• Como em uma viagem, explore o
inesperado e o diferente.
• A realidade que nos surpreende ou choca
tende a ser vista como um desvio ou
perversão.
• Mas, pode ser apenas um padrão de vida
diferente daquele ao qual estamos
habituados.
• Nosso papel é de educador e não de
moralizador.
• Lembre-se de que o que é de maior
interesse para nosso trabalho, pode-se
ocultar na primeira visita.
• Uma visita não é a busca de uma coisa
específica.
• Faça perguntas e reflita sobre as
respostas.
• Nunca faça comentários proibitivos ou
advertências punitivas.
• Olhe nos olhos e dialogue com o
paciente.
• No caso de idosos frágeis, internação
domiciliar ou cuidados paliativos no lar, é
fundamental a figura do cuidador.

• O cuidador pode ser um membro da


família ou comunidade que, idealmente
deve atuar como um colaborador para a
equipe de saúde e a família.

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