Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
desmantelo do
campo de espera
1ª Edição
Novembro de 2008
Primeira Edição
Poemas do
desmantelo do
campo de espera
Novembro de 2008
Desmantelo I: em levitação
Peso como a luz entre nomes. . . . . . . .11
Sobre as nuvens. . . . . . . . 12
Aromático. . . . . . . . 13
Névoa frater. . . . . . . . 14
Insone. . . . . . . . 15
Le cri de couer. . . . . . . . 16
“t” para Lispector . . . . . . . .16
Vôo silente. . . . . . . .17
Manhã-flor. . . . . . . . 18
Terra aranha. . . . . . . .19
Entredentes. . . . . . . .20
Gênesis. . . . . . . .21
Luminoso marco zero. . . . . . . .22
Céu perfumado. . . . . . . .23
Via láctea de estrelas. . . . . . . .24
Elevação à sombra. . . . . . . .25
Com saudade de si mesmo. . . . . . . .26
Espelhismos ao vento. . . . . . . .27
Fractalis. . . . . . . .28
À sombra. . . . . . . .29
PROVA 02
PRO
CBJE 10
Poemas do desmantelo do campo de espera
11
Márcio Leno Maués
SOBRE AS NUVENS
Um alvor de esquecimento
hoje se desrealiza por entre as nuvens silenciosas e,
anuncia-me dos escombros que passaram por ti sem antes avisar-me.
Eis o silêncio
que remove a pele exausta e comove-se branco e quase intocável
no fundo do espelho...
...e desespelha-se sob as sombras.
PROVA 02
PRO
CBJE 12
Poemas do desmantelo do campo de espera
AROMÁTICO
Desespelho-me aromático
para reencarnar rosas
onde passas
rápido como o neon
– um susto? –
sem sol e sem sul.
Nascem silêncios
sem limo e verbos
entre nós e o esquecimento
que habitamos tão distraidamente.
13
Márcio Leno Maués
NÉVOA FRATER
Um espasmo frater
perde-se em ecos
garganta adentro
nos dias de poesia.
Salivo nuvens-névoas
na epiderme
e nas entrelinhas fátuas do tempo
para inventar outros céus.
Sonolento,
repouso irisado e úmido em silêncio.
PROVA 02
PRO
CBJE 14
Poemas do desmantelo do campo de espera
INSONE
15
Márcio Leno Maués
LE CRI DU COUER
PROVA 02
PRO
CBJE 16
Poemas do desmantelo do campo de espera
17
Márcio Leno Maués
VÔO SILENTE
O mágico da plumagem
no teu vôo pássaro
inventa palavras aladas aos meus olhos
para cântaros à distância encher.
Pudéssemos
orquestrar o infinito que se desnatura hoje
(alheio aos uivos da poesia),
os púcaros da paixão,
em sobrevôos
por entre nossas relvas,
nunca mais chorariam silentes.
Murmurantes, se tanto,
deixariam o silêncio
outra vez.
PROVA 02
PRO
CBJE 18
Poemas do desmantelo do campo de espera
MANHÃ-FLOR
O pavor
Passará amanhã.
E o amor
Será sempre
pássaro em manhã-flor
19
Márcio Leno Maués
TERRA ARANHA
PROVA 02
PRO
CBJE 20
Poemas do desmantelo do campo de espera
ENTREDENTES
21
Márcio Leno Maués
GENESIS
Projeto-me em vôo
aos abismos sucessivos das noites e dias
para diluir as inquietações do percurso
até a gênese de tudo -
que se apresenta suspensa -.
Vertiginoso,
descubro-me
coração pulsante
houvesse lírios
no campo de esperas.
PROVA 02
PRO
CBJE 22
Poemas do desmantelo do campo de espera
Contempla-me um céu
povoado de olhos-estrelas com piscadelas marotas.
Propõe um brinde com a lua
que se desenha uma boca chinesa.
Vagalumes
são as únicas lanternas
a guiar poemas
que acendem os luminosos
dessa noite invernal aqui do norte no marco-zero,
ENTRE O 3 e o 0 (ZERO)
em TIC-TACS incansáveis
dos relógios-grilos.
23
Márcio Leno Maués
CÉU PERFUMADO
Murmuram noite
a pedra,
o sangue
e o tempo
que somem de ti
para sempre.
Ao fundo,
bem fundo,
olho no olho,
PROVA 02
PRO
CBJE 24
Poemas do desmantelo do campo de espera
25
Márcio Leno Maués
ELEVAÇAO À SOMBRA
PROVA 02
PRO
CBJE 26
Poemas do desmantelo do campo de espera
SAUDADE DE SI MESMO
De poro em pólen
constroem-se palavras-pétalas
sobre a pele (a sua)
desnudando-a em poemas.
Nascem fluxos-floemas
incrustando nos olhos (os meus)
e olores de uma saudade de si mesmos
ao relento
no trajeto até o céu enlunado de ais.
27
Márcio Leno Maués
ESPELHISMOS AO VENTO
Arfantes,
os olhos prendem o poeta ao tempo:
espelhismos ao vento talvez digam mais
sobre a sangria que esse verbo hemorrágico – o coração –
(soluçante e subterrâneo)
debruça sobre páginas afora.
Nervos melânicos – palavras –
sobre a pele incinerada,
o tempo sub-reptício
comovem.
PROVA 02
PRO
CBJE 28
Poemas do desmantelo do campo de espera
FRACTALIS
amores em fractais.
Devoro a brevidade
pela tarde toda
ao relento
em algodonosas sensações de junho.
Esse amor em mim,
é por ti hoje
a fatuidade
que me refaz
em parábolas
farfalhando lírios e brotos,
estremecendo o peito
e, confundindo-me
a serenidade de um rio
(e seus orvalhos)
À SOMBRA
À sombra de um rio
de mim mesmo parte o sol.
E, nele outras claras partidas,
idas e vindas do céu ao chão
entre amares e amores.
PROVA 02
PRO
CBJE 30
Poemas do desmantelo do campo de espera
“Os vocativos
são o princípio de toda poesia”.
(Adélia Prado)
31
Márcio Leno Maués
PROVA 02
PRO
CBJE 32
Poemas do desmantelo do campo de espera
SOL’ÁGUA
33
Márcio Leno Maués
ABSINTO
Talvez seja
o absinto que carregas nos olhos
o sensor que me embriaga,
(pelos olhos também).
PROVA 02
PRO
CBJE 34
Poemas do desmantelo do campo de espera
SOPRO CINZAMETÁLICO
35
Márcio Leno Maués
TANTO MAR
A lua
que tive nos braços
e, espelhou-se
de puro desalinho
PROVA 02
PRO
CBJE 36
Poemas do desmantelo do campo de espera
ESPELHO LÍQUIDO
37
Márcio Leno Maués
SOLSTÍCIO
PROVA 02
PRO
CBJE 38
Poemas do desmantelo do campo de espera
Mais um deserto
desenha-se em ecos nesta manhã.
Tempo e movimento
seduzem os cílios no ritmo das cortinas.
Navegar na memória hoje
são só silvos
que dedilham as nervuras da saudade
e o coração vitrificado pelo frio
tirando o sorriso do caminho.
39
Márcio Leno Maués
OLHOS DE DOMINGO
Folhas em branco
aos domingos
são imensos
olhos azuis.
Poemas nascem
como doces ciscos de saudade
que os alegram em vermelho.
PROVA 02
PRO
CBJE 40
Poemas do desmantelo do campo de espera
e olhos de neblina.
41
Márcio Leno Maués
FEBRE A TROIS
Febril,
febril
degelei o passado.
PROVA 02
PRO
CBJE 42
Poemas do desmantelo do campo de espera
ECLIPSE
43
Márcio Leno Maués
NERVURAS EM CONTORÇÕES
PROVA 02
PRO
CBJE 44
Poemas do desmantelo do campo de espera
SOL EM CHUVERNO
À janela do tempo
tem a névoa nimbando suavemente um céu
que, se emoldura estátua no chuverno
sob o naco de sol
quase irrespirável do fim da tarde, quase noite.
Chama-me estrela
ignorando o frio
e agudece outras estrelas ao sul
para se salvar
como quem anoitece em Pessoa.
45
Márcio Leno Maués
POEMA INACABADO
PROVA 02
PRO
CBJE 46
Poemas do desmantelo do campo de espera
BRISA LICOROSA
47
Márcio Leno Maués
REBRILHO
Os céus intangíveis
no fundo dos olhos que rebrilham, para se doar e receber
o que entorpece meus ângulos,
movimentam-se aquáticos
rumo à montanha de poeira que se forma atrás de ti.
Curvam-se (ante mim)
astros,
calor
e oceanos
à espera de paisagens outras
que me levem adiante,
a outras indecisões,
a outra incisão na retina laminada
que se abre em asas
e inoculada de pesadelos.
PROVA 02
PRO
CBJE 48
Poemas do desmantelo do campo de espera
49
Márcio Leno Maués
PROVA 02
PRO
CBJE 50
Poemas do desmantelo do campo de espera
ESPELHOS
Entre espelhos
meu corpo estilhaça humores idos.
51
Márcio Leno Maués
Para LEDUSHA
O peito, aço.
A noite escorrendo
por entre os dedos
longos e frios das horas.
Os olhos, só suspiros.
Logo, logo rudes os pássaros
estilhaçam a manhã aos meus ouvidos.
Vórtices,
volúpia
e vinho
bem cedinho.
PROVA 02
PRO
CBJE 52
Poemas do desmantelo do campo de espera
BEIJO EM ECOS
Seus lábios
sanguinários e alados
como o vôo do morcego,
deixam minha nuca
perdida em ecos.
53
Márcio Leno Maués
MEMÓRIA DO CORPO
PROVA 02
PRO
CBJE 54
Poemas do desmantelo do campo de espera
TEMPO EM MIMESE
Fisgar em mimese
o tempo que se desrealiza tênue
e em ecos entre os dedos,
desperta-me do silêncio.
Dele subjaz
um olhar de peixe no aquário das horas
- a própria vida –
para em seguida repartir-se
entre luas sonolentas
e o início de outro silêncio.
- o tocar-se dos cílios -
que só os olhos ouvem.
55
Márcio Leno Maués
HUMORES BIVITELINOS
Alba,
capturas do escuro
(que arfa nas costas)
as cânforas que o tempo reabsorve
em silêncio tão crível
quanto tatuar-me incensos versos
na pele incinerada.
Nigra,
farejas a terra
(absorvente dos pés)
onde recosta-se a rudeza
para num beijo estilhaçar-me no céu
que traga hoje
todas as luzes entre o chão e a solidão.
PROVA 02
PRO
CBJE 56
Poemas do desmantelo do campo de espera
EFEITO TYNDAL
57
Márcio Leno Maués
PALAVRAS EM PÚRPURA
PROVA 02
PRO
CBJE 58
Poemas do desmantelo do campo de espera
PULSOS
59
Márcio Leno Maués
PRETÉRITO-IMPERFEITO-TEMPO
Pretérito
segue-se
mais que imperfeito
o tempo.
PROVA 02
PRO
CBJE 60
Poemas do desmantelo do campo de espera
VENTO ÂMBAR-GRIS
61
Márcio Leno Maués
ABISSAL
PROVA 02
PRO
CBJE 62
Poemas do desmantelo do campo de espera
JOGO DA PAIXÃO
Porque me apaixonas
urge a ti vociferar.
Porque te apaixono
emerge em mim volatear.
Ata-me, então.
Converta-te em mim
sendo eu
suco refinado
do teu desejo.
63
Márcio Leno Maués
ALELUIA CLARICE!
PROVA 02
PRO
CBJE 64
Poemas do desmantelo do campo de espera
OBSCURO NADA
65
Márcio Leno Maués
Sou apenas
esquálida página
do que ditei para ti.
E, perdido em mim mesmo,
crio desvarios
em
risos
rios
de
giz
e
carmim.
PROVA 02
PRO
CBJE 66
Poemas do desmantelo do campo de espera
JADE
67
Márcio Leno Maués
CADAFALSOS
Naquele tempo
resisti às sombras,
houvesse forca
nos cadafalsos das horas,
houvesse um silvo apostrofado
em tua direção na despedida
feita de musgos e bolor.
Salvo, anoiteci palavra.
PROVA 02
PRO
CBJE 68
Poemas do desmantelo do campo de espera
BRASAS DE DENTRO
As pálpebras,
duras como pedras de gelo sobre os olhos,
guardam as luzes frias da noite
e as imagens de agora - águas, águas, águas...
Logo,
nos umbrais da retina,
surgem poemas flamejantes,
para amanhã bem cedinho
degelar o dia inteiro.
Com o hálito ainda túmido,
guardo-os sob nebulosas
nos estilhaços que restam da córnea
neste dia seguinte
para os cegos de amor.
São as brasas do coração, diria.
69
Márcio Leno Maués
AOS QUARTOS
Desperta-me o sol
em pedaços
sobre o lençol.
Um quarto
em brasa
e, os outros três quartos,
à tua espera.
PROVA 02
PRO
CBJE 70
Poemas do desmantelo do campo de espera
A PONTE
Que aquilo
que se enverede
pelos
desvãos
do tempo
crie em nós
fios coleantes
entre
o óbvio
e
o incomum.
71
Márcio Leno Maués
PROVA 02
PRO
CBJE 72
Poemas do desmantelo do campo de espera
MÉTRICA
73
Livro produzido pela
Câmara Brasileira de Jovens Escritores
Rio de Janeiro - RJ - Brasil
http://www.camarabrasileira.com
E-mail: cbje@globo.com