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C on du tor

Con t or es de
V eic ulos de
EEmergência
mergência
MÓDULO 4
RELACIONAMENTO
INTERPESSOAL E
CONVÍVIO SOCIAL NO
TRÂNSITO
APRESENTAÇÃO
Como você estudou nos módulos anteriores, a legislação de trânsito brasileira regu-
lamenta aspectos importantes para a circulação de veículos de emergência. A Direção De-
fensiva orienta a forma e técnicas mais seguras de condução dos veículos para minimizar os
riscos de acidente. Os Primeiros Socorros são ferramentas importantes para garantir a vida
dos envolvidos em situações com vítimas.
Neste módulo, você é convidado a refletir sobre as relações interpessoais, a postura
mais adequada, as causas que podem levar ao conflito e possíveis atitudes que o previnem,
resultando em uma relação harmoniosa, um convívio de respeito, tolerância e de cuidado
com o outro.
Neste momento inicial, você deve saber que a implementação de uma capacitação
pode almejar transformações a partir da atuação consciente do próprio participante que,
uma vez conhecendo seus recursos pessoais, replaneja sua estratégia comportamental, vi-
sando ao melhor ajustamento a si mesmo, com aqueles com que convive e às circunstân-
cias que cercam seu trabalho.
Ou seja, somente o próprio agente de Segurança Pública pode modificar o seu com-
portamento. O trabalho de capacitação limita-se a criar situações que facilitem a mudança
de comportamento, no sentido de conscientizar e de qualificar profissionalmente, mas so-
mente haverá sucesso se você estiver disposto à reflexão e mudança de atitude, em busca
do melhor desempenho na missão de conduzir veículo de emergência.

Objetivos do módulo
Ao final do estudo deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Desenvolver o comportamento solidário no trânsito;
• Valorizar a responsabilidade do condutor em relação aos demais atores do proces-
so de circulação;
• Respeitar as normas estabelecidas para a segurança no trânsito;
• Identificar o papel dos agentes de fiscalização de trânsito;
• Reconhecer a importância do atendimento adequado às diferenças e especificida-
des dos usuários;
• Identificar características dos usuários de veículos de emergência.
• Refletir sobre o comportamento e a segurança na condução de veículos de emer-
gência e sobre os cuidados especiais e atenção que devem ser dispensados aos pas-
sageiros e aos outros atores do trânsito, na condução de veículos de emergência.

Estrutura do módulo
Este módulo possui as seguintes aulas:
Aula 1 – Comportamento e segurança na condução de veículos de emergência
Aula 2 – Comportamento solidário no trânsito
Aula 3 – O condutor e os demais atores do processo de circulação
Aula 4 – Normas de segurança no trânsito e os agentes de fiscalização de trânsito
Aula 5 – Atendimento aos usuários
AULA 1
Comportamento e segurança
na condução de veículos de
emergência

Todas as relações interpessoais de- peração entre as pessoas, resultando no au-


senvolvem-se a partir da interação entre as mento da qualidade desse trabalho.
pessoas.
Em compensação, sentimentos nega-
No ambiente de trabalho há situa- tivos, como antipatia e rejeição, resultarão
ções de relação pré-determinadas, em que em distanciamento dos envolvidos e, por
necessariamente ocorrerão interações nas consequência diminuição da qualidade do
quais serão essenciais à comunicação, à co- serviço e provável queda na produtividade.
operação, ao respeito, etc. Porém, segundo
Assim, o seu comportamento irá
Moscovici (1995), quando se trata de pesso-
definir sua interação com o outro.
as, é difícil prever resultados de forma ho-
mogênea. Assim, à medida que as relações Além das questões relacionais defini-
se desenvolvem, inevitavelmente, podem das pelo seu comportamento, esse também
surgir sentimentos diferentes daqueles pre- deve ser seguro, pois existem muitos riscos
vistos. na condução de veículo de emergência.
Nesse sentido, sentimentos positivos Conheça, agora, alguns conceitos
provocarão o aumento da interação e coo- para serem tomados por base.
1.1 Comportamento preventivo versus
comportamento de risco
Reflita: o maior responsável, pois o ato de conduzir
um veículo é muito complexo e exige sua
Você é um Agente de Segurança Pública.
total atenção e cuidado. Destacando ainda
Qual deve ser seu papel no trânsito?
que, quanto maior o risco apresentado pe-
O seu comportamento depende da los fatores veículo e via, maior deverá ser o
sua personalidade, pois você recebe a in- seu cuidado como condutor de veículo de
fluência externa, mas toma suas decisões emergência.
baseando-se também em suas crenças pes-
Assim, mantenha o comportamento
soais.
preventivo, evitando os riscos desnecessá-
Entre os principais fatores que in- rios, pois de outra forma poderá vir a tornar-
fluenciam nos acidentes de trânsito atente- -se estatística comum, o que não é esperado
-se para: o condutor, o veículo e a via. De e tampouco aceito de um Agente de Segu-
maneira geral, você enquanto condutor, é rança Pública.

1.2 Emergência
Observe o que Bruk (2009) escreve so- É importante destacar que na
bre emergência: análise documental sobre emergência,
• Situação crítica, acontecimento pe- principalmente no documento intitulado
rigoso ou fortuito, incidente, casos Política Nacional de Atenção às Urgências
de urgência, como atendimento rá- http://portal.saude.gov.br/portal/arqui-
pido de uma ocorrência. vos/pdf/Politica%20Nacional.pdf (Brasil,
• Situação que exige providências 2006), aparece, muitas vezes, a expressão
inadiáveis. “equilíbrio emocional”, sem qualquer re-
• Diz-se de uma situação que exige cui- ciprocidade concreta que possa susten-
dados imediatos, podendo não estar tar como se adquire, como se desenvolve
em situação iminente de morte. ou se “aplica” equilíbrio emocional.

1.3 Equilíbrio emocional


O equilíbrio emocional está direta- peranças, os desejos e as paixões
mente ligado à inteligência emocional que que formam suas prioridades;
conforme COVEY (2005) possui cinco ele-
• Autorregulação, ou sua capacida-
mentos comumente aceitos:
de de se gerenciar no sentido de
• Autoconsciência, isto é, sua capa- atingir sua visão e valores;
cidade de refletir sobre a própria
vida, aumentar o autoconhecimen- • Empatia, sua capacidade de ver
to e usar esse conhecimento para como outras pessoas veem e sen-
se aprimorar e até superar ou com- tem as coisas;
pensar fraquezas; • Habilidades de comunicação so-
• Motivação pessoal, que lida com cial, que lidam com a forma como
o que realmente te empolga - a vi- você resolve suas diferenças, os
são, os valores, os objetivos, as es- problemas, chega a soluções criati-
vas e interage de modo satisfatório tema é responsável pelo sucesso do
com os outros para alcançar os ob- traba-lho, permitindo o
jetivos comuns. distanciamento de con-sequências
Na prática, no cotidiano dramáti- mais graves, como a síndrome do
co das ações de Segurança Pública, esse esgotamento profissional denominada
Síndrome de Burnout. Se você
estiver sofrendo da Síndrome de
1.4 Síndrome de Burnout Burnout e estiver encarando o usuário do
trânsito, ou qualquer outro envolvido
A palavra burnout se origina de burn,
neste momento, de forma negativa,
que significa queima, e out, exterior. Os au-
tores que defendem a Síndrome de Burnout será muito difícil que sua atuação
como sendo diferente do estresse, alegam seja efetiva nos pa-drões
que essa doença envolve atitudes e con- necessários esperados. Os sintomas
dutas negativas com relação aos usuários, básicos da Síndrome de Burnout
clientes, organização e trabalho, enquanto estão associados às manifestações
o estresse apareceria mais como um es- de irritação e agressividade numa
gotamento pessoal com interferência na espécie de “exaustão emocional”, onde
vida do sujeito e não, necessariamente, na a pessoa sente que não pode mais
sua relação com o trabalho. Entretanto, a dar nada de si mesma. É expresso um
Síndrome de Burnout também pode ser a por comportamento negativista e uma
consequência mais depressiva do estresse “aparente insensibilidade afetiva”.
desencadeado pelo trabalho.
Você conhece a dificuldade de man-
ter-se equilibrado como agente de Segu- Importante!
rança Pública na condução de um veículo Para dar conta desse desafio diante das
de emergência, mas pense na importância situações-limite, você pode iniciar revi-
desse equilíbrio para cumprir sua missão de sando os seus próprios conceitos. O fa-
proteger vidas. tor que mais dificulta a solução de con-
Seu equilíbrio definirá sua atuação flitos de ordem psicológica é a negação
em situações normais de condução, usan- do problema e a recusa em encará-lo.
do a direção defensiva, estará agindo como Você precisa estar consciente de como
modelo de atitude no trânsito, mesmo em está agindo cotidianamente. Se perce-
situações limite, como em um acompa- ber que está fora de seu equilíbrio, com
nhamento tático, o atendimento de uma dificuldades de relacionamento, talvez
situação de emergência que pode ser um até com estresse muito elevado duran-
crime, um acidente envolvendo feridos, te a condução de veículo de emergên-
um incêndio, e tantos outros tipos de ocor- cia no trânsito. Cabe aí, a procura de
rências. ajuda.

1.5 Segurança
Existem diversos fatores que podem ma mais adequada de designar tal postura
causar riscos à segurança na condução de por grande parcela dos condutores. Tam-
veículos de emergência, entre estes a agres- bém o desrespeito e a agressividade entre
sividade, mesmo em pessoas que em situ- os usuários do sistema, culminando muitas
ações cotidianas costumam manter sempre vezes em agressões verbais, físicas e até as-
uma atitude tranquila. sassinatos.
Você percebe diariamente a violên- De olho na tela!
cia presente no trânsito, não só a questão Veja ao vídeo http://www.youtube.
dos acidentes causados pela condução com/watch?v=HXa8sElOwF0 que mostra o
ofensiva, isso mesmo, essa talvez seja a for- conflito entre dois condutores no trânsito.
1.6 Agressividade
Há várias teorias, como a Psicanálise, agressividade e suas causas. Por isso,
por exemplo, que buscam definir o termo tomaremos como conceito de
agressividade, contudo, nenhuma delas agressividade o seu significado no
apresenta uma verdade absoluta que dicionário que, segundo Bueno (2007), é a
defina em sua plenitude o termo capacidade de agredir.

Charge. Fonte: http://grooeland.blogspot.com.br/2008/09/sobre-o-trnsito-de-salvador.html

Após ver a charge, pense: de onde vem esse


comportamento tão agressivo, que transforma
cidadãos pacatos e tranquilos no trato social em
verdadeiros monstros ao dirigir?

1.6.2 Fatores relacionados à agressividade


Uma grande discussão é sobre a Para Refletir...
agressividade ser inata ao ser humano ou O perfil geral cultuado e normalmen-
somente se tornando assim como resultado te esperado de você, um agente de Segu-
da influência do meio externo e de sua frus- rança Pública, seja pela sociedade, pela Ins-
tração. tituição, ou por você mesmo, é mais voltado
Para compreender mais sobre esta à luta ou à fuga?
questão, estude a seguir, dois fatores que Assim, diante de um estímulo, real ou
em algumas teorias largamente aborda- imaginário, de perigo, haverá respostas de
das em pesquisas apontam como possíveis ordem comportamental e fisiológica:
causas que interferem na agressividade em
relações interpessoais, para que você pos- Resposta Comportamental
sa identificar sua presença no dia-a-dia: o Alerta, luta, fuga e congelamento
medo e a raiva.
Resposta Fisiológica
Medo Aumento da frequência cardiorres-
piratória, midríase (pupila dilatada), piloe-
A emoção de medo e o sentimento
reção (ereção dos pelos), etc. Liberação de
que dele emana, embora subjetivos, surgem
cortisol e adrenalina
quando algo real e ameaçador ou imaginá-
rio, podendo ser fruto do condicionamento, Fonte: Sampaio, 2011 (adaptado)
estimula no nosso sistema nervoso, estrutu- Para Sampaio “o medo inato salva e o
ras que fazem desencadear respostas adap- medo condicionado escraviza”. Assim, dois
tativas a esses estímulos, que a fisiologia de- são os mecanismos de que dispomos para
nomina “reação de luta ou fuga”. responder à emoção de medo:
• O racional, gerido pelas informa- raiva é barulhento, enquanto aquele que
ções que chegam a nossa consci- está com medo é mais controlado e por ve-
ência; zes chora. Os gestos na raiva são de ataque
ofensivo, e no medo são de fuga ou defesa
• O irracional, formado por estímulos
do agressor.
do nosso passado evolutivo sem
que tenhamos consciência, geran- Na raiva, como também na emoção
do uma resposta mais rápida. do medo, há situações em que agimos pri-
meiro, pensamos depois. A sua agressivi-
Raiva dade inicial pode vir de sua natureza, mas
o limite de suas ações depende sempre da
Paralelamente à emoção do medo,
decisão tomada por você, podendo resul-
pode também surgir a emoção de raiva
tar desde a legítima defesa ao assassinato.
como uma forma de preparo para uma res-
(SAMPAIO, 2011)
posta de defesa agressiva, visando assegu-
rar a sobrevivência. Raiva é o compor- Importante!
tamento humano agressivo de ataque, Você também está sujeito a normas
podendo ser ofensiva ou defensiva. Surgi- de conduta e treinamentos que irão
da a partir do medo, é também subjetiva e condicioná-lo a determinadas ações
apresenta componentes comportamentais em resposta durante situações limite,
e fisiológicos. (SAMPAIO, 2011) assim é de sua responsabilidade pro-
Ainda para Sampaio (2011), os as- curar conhecer bem essas normas,
pectos comportamentais das emoções de mantendo-se atualizado e preparado
medo e raiva são bem distintos. Embora para responder de forma adequada
tenham a mesma origem, o indivíduo com ao momento.
AULA 2
Comportamento solidário no
trânsito

Como você já estudou anterior- De olho na tela!


mente, o seu comportamento em rela- Assista ao vídeo Cidadania e educa-
ção ao outro gera consequências po- ção no trânsito https://www.youtube.com/
sitivas ou negativas. Nesta aula, você watch?v=WNPvkczJsbQ&list=PLxy6MgLqb
estudará a base do comportamento soli- QrDbU8059JMDD68YFGvF6_vI relacionan-
dário, através da compreensão de como do-o com comportamento solidário e com
ocorre a convivência para oportunizar a sua atuação como agente de segurança
relacionamentos interpessoais saudá- pública, encarregado pela condução de veí-
veis e harmônicos. culos de emergência.

2.1 Convivência
Boff (2006) traz alguns princípios ne- O ser humano é um ser social, vive-
cessários para uma convivência saudável, mos em grupos. A relação com o outro é
que serão apresentados e comentados a parte essencial da nossa sobrevivência. Ao
seguir. mesmo tempo, somos todos diferentes, úni-
cos. Chamamos os outros de semelhantes,
Conviver significa... mas não totalmente iguais.
Viver em comum, ou seja, viver com Rousseau em seu livro “Do Contrato
o outro. Social”, afirma que a liberdade natural do
homem, seu bem-estar e sua segurança se- A forma de conviver pode variar mui-
riam preservados através do contrato social. to, mas sempre deve haver o respeito. O ou-
Tratava-se de um pacto legítimo pautado na tro, assim como você, possui seu espaço. Aí
alienação total da vontade particular como se apresenta uma grande questão:
condição de igualdade entre todos. (www.
“Como pode haver a convivência
ebooksbrasil.org)
sem invasão do espaço do outro?”
Para refletir... Visto desta maneira, a convivência
ocorre sempre no limite. Preciso ir até o
Aqui cabe um destaque para que
meu limite para alcançar o outro, mas sem
você reflita sobre a ideia apresentada por
ultrapassá-lo.
Rousseau e o trânsito, pois comparando-os
você terá a possibilidade de perceber que
“A MINHA LIBERDADE TERMINA ONDE
só é possível trafegar com segurança se as
COMEÇA A LIBERDADE DO OUTRO”.
normas legais e de conduta social forem se- Ditado popular
guidas, não é mesmo?
A convivência é a melhor forma de Assim quando o encontro tem êxito,
aprendizado. Você observa o outro, intera- os limites não são mais rígidos, não separam
ge, ensina e aprende, muda, se desenvolve. mais, tornam-se fluidos e negociados sauda-
Mas, para isso, você precisa estar disposto, velmente. Cada um retorna desse encontro
aberto à convivência, ao grande exercício enriquecido pela experiência no limite. Em
do despojamento de seus conceitos para última instância, você é responsável pelo
evoluir com o outro. (BOFF, 2006) aborrecimento.

Para refletir... Exemplificando...


Você percebe que não pensa mais so- Uma pessoa irritada é agressiva com
mente com os seus próprios pensamentos, você no trânsito, se você se sentir ofendi-
e sim, absorve e repete aquilo que se apro- do e responder de forma semelhante, terá
xima por todos os lados, seja pela cultura de permitido a invasão e a perda do seu equi-
massa ou mesmo de grupos que participa? líbrio, mas por outro lado, se você não res-
ponder à agressão, seu equilíbrio perma-
Quando você entra em um grupo as-
necerá a salvo.
sume um pouco da sua identidade. Você se
adapta inconscientemente ao meio que o Observe um esquema de resolução
circunda, pois precisa conviver com o outro. de conflito

Esquema de resolução
de conflito. Esquema de
resolução de conflito
De acordo com a figura 60, há, em ge- pela cultura, por exemplo, o dito popular
ral, três saídas para um conflito: “de que você não deve levar desaforo para
casa”, ou seguir o antigo código de “olho
• A procura de solução violenta
por olho, dente por dente”, lembre-se que
que gera reações violentas: rom-
a emoção, que nos foi colocada, também
pimento, dispensa, raiva, rejeições,
pode ser modificada.
agressões verbais ou físicas, ou
guerras. Assim, pode-se resumir os possíveis
papéis sociais dos indivíduos de uma comu-
• A procura de soluções pacíficas e
nidade em “vítima” (aquele que foi engana-
não violentas, através do diálogo do ou iludido), “algoz” (desumano, cruel) ou
direto com empatia, da negocia- “curador” (aquele que traz a cura). Dessas
ção, da mediação e da arbitragem. opções, em qual você entende estar o seu
• A passividade completa, sem papel principal?
nenhuma procura de saída. Este Lembrando que todos circulam pelos
laissez faire leva à situação de cri- três papéis, mas você, agente de segurança
se permanente ou prolongada, pública, que precisa vencer todas as dificul-
mágoas, ressentimento, relações dades relacionais para bem conduzir um ve-
interrompidas e congeladas. ículo de emergência com efetividade, deve
perceber a agressividade, controlando-a e a
Para Refletir... dissipando.
Agora que você já estudou as origens Assim você se afastará dos papéis de
da agressividade, já pode criar estratégias “vítima” e “algoz” e estará assumindo o pa-
de controle para sua canalização mais ade- pel de “curador”, afinal de contas você ocupa
quada. Quando surgir uma emoção, ditada o cargo de Servidor Público.

2.1.1 Por que conviver?


A convivência permite sentar juntos, Exemplificando...
coexistir, intercambiar. A convivência é uma
• Não julgar o condutor do outro ve-
experiência enriquecedora, pois lhe propor-
ículo, por sua condição financeira,
ciona conhecer o outro, seu perfil, sua postura
de gênero, idade, etnia, etc.
perante as situações, fazendo com que você
possa lidar melhor com as suas questões. Com esta postura você estará que-
brando preconceitos que só dificultam as
Você é responsável em fazer ou não do
relações entre as pessoas, e tornam a convi-
outro seu próximo. A partir desta ideia é pos-
vência insuportável.
sível seguir alguns passos rumo à convivência.
• Observar o contexto e ser um con-
Exemplificando... dutor que contribui positivamente
para o trânsito mais seguro.
• Se o condutor do outro veículo re-
aliza uma manobra errada ou até Agindo dessa forma, você demonstrará
mesmo de forma muito lenta, você observação participante e comprometida.
mantém a calma e entende que so- • Não alimentar uma atitude compe-
mos humanos e falhamos. Talvez titiva, e sim, cooperativa.
não ajude em nada uma reclama-
ção ou qualquer forma de manifes- Assim, você estará criando aliança
tação, podendo até provocar um com o outro.
risco ainda maior. • Ser cortês e educado.
Fazendo isto, você estará exercitando Promovendo a identificação com o
a compreensão em relação ao outro, exercí- outro. “Cortesia gera cortesia” (Provérbio
cio essencial na convivência pacífica. português).
Quando você está na condução de Conforme os escritos de Leonardo
um veículo, seja ele de emergência ou não, Boff (2006, p. 36), a convivência não apa-
você está sujeito a vários estímulos, afinal ga ou anula as diferenças, ao contrário,
de contas, os outros condutores, normal- é a capacidade de acolhê-las, deixá-las
mente também estão com pressa, e querem ser diferentes e, mesmo assim, viver com
a preferência, assim como você. elas e não apesar delas.
É normal que você tenha alguns im- A convivência envolve também a que-
pulsos negativos, seja estimulado a pensar bra de uma visão estruturalista e sistêmica,
em coisas desagradáveis, mas eis o momen- que apenas vê o funcionamento do sistema,
to em que precisa se conscientizar e lembrar sem perceber os atores concretos, carrega-
que também faz parte de um contexto. dos de emoção e de sentido humano, sem
os quais o sistema não funcionaria.
Você precisa se adequar aquele mo-
mento e não perder o verdadeiro foco do Aqui você pode imaginar os outros
seu objetivo, que é chegar ao destino da como máquinas, veículos feitos de lata e
forma mais segura e rápida possível, caso outros materiais, mas ali existem pessoas,
contrário, pode causar danos bem maiores lembrando que você também é um ser hu-
e, ao invés de ajudar, acabará por atrapalhar mano, e assim deve ser sua atitude, também
todo o processo. humana.
AULA 3
O condutor e os demais atores do
processo de circulação

Existe para você, agente de seguran- “posição de entrevista”, onde o agente fica
ça pública, uma postura diferenciada em na posição de pé com as pernas um pouco
relação ao cidadão comum, no sentido dos afastadas e as mãos à frente do corpo para
níveis de alerta que se mantém durante seu poder rapidamente sacar a arma, afastar-se
dia a dia. Mesmo em situações cotidianas, ou agir de forma a neutralizar uma ameaça
como por exemplo: escolher um lugar em (pronto para fuga ou luta).
um restaurante, onde por vezes procura
um lugar onde as costas ficam protegidas e
onde tenha uma visão geral, principalmente
dos acessos de entrada e saída do ambiente.
Quando em serviço, isso se intensifi-
ca, pois você fica identificado como agente
responsável pela segurança alheia, por ve-
zes armado, o que gera situações ainda mais
complexas.
No treinamento para abordagem
de pessoas ou veículos, uma das posições Policial Rodoviário Federal em “posição de entrevista”.
preconizadas para o agente é um tipo de Fonte: PRF
A postura na condução de um veículo Quando em situações-limite você
diferenciado, e destinado ao uso em situa- deve ter claro em sua mente que a referida
ções-limite, altera seu nível de alerta, geran- preferência poderá não ser atendida por
do uma prontidão permanente, elevando o algum condutor, e que haverá riscos imi-
estresse e a possibilidade de alteração sú- nentes, que sua perícia e atenção poderão
bita de humor, podendo resultar numa res- minimizar.
posta agressiva, que em algum momento Na função de condutor de veículo de
pode ser demasiada e gerar consequências emergência, você faz parte de uma equipe
negativas para você. composta por outros agentes de seguran-
ça pública e colaboradores, que interagem
As decisões que você toma em cada
durante os deslocamentos ou na adminis-
instante é que o levarão à conduta certa
tração e organização do trabalho. Essas re-
e justa ou à falha em sua missão de asse- lações dependerão muito de sua postura
gurar sempre a segurança dos cidadãos. e o tipo de interação que vai realizar. Além
No trânsito, os espaços são na imensa disso, você faz parte do sistema de trânsito,
maioria coletivos. onde todos têm objetivos comuns como
deslocar-se de um local para o outro. Esta
Parece haver também um permanen- interação resultará em um relacionamento
te embate por território ou vantagem, su- que da mesma forma dependerá muito da
premacia, o que pode levar à competição, sua atitude para funcionar no que se rela-
causando conflitos e riscos à segurança. ciona à segurança, como também numa
relação entre todos os envolvidos de uma
Importante! forma mais harmônica, ou seja, evitando os
Os veículos de emergência possuem conflitos desnecessários.
preferência garantida pelo Código de
Trânsito, mas isso não o torna superior Pense nisto!
aos demais. A conduta do agente de Uma estratégia possível é a de anali-
segurança pública tem que ser equili- sar sua forma de responder às situações que
brada para não assumir uma falsa con- se apresentam na condução do veículo de
dição de poder, principalmente fora das emergência para conscientizar-se do que é
emergências. positivo e do que pode melhorar.

3.1 Tolerância
A convivência, o respeito, o pluralis- A tolerância é a capacidade de man-
mo do encontro das culturas no processo ter, positivamente, a coexistência difícil e
de globalização, não abolem conflitos e tensa dos dois polos, sabendo que eles
tensões que ocorrem entre pessoas e gru- se opõem, mas que compõem a mesma e
pos. Nem todas as coisas agradam a todo única realidade dinâmica. Boff (2006)
mundo. Nem todas as filosofias de vida e re-
ligiões respondem aos anseios das pessoas Para refletir...
e das comunidades concretas. No trânsito
• Em que momentos se faz necessá-
aparecem representantes de várias culturas,
rio ser mais tolerante?
podendo assim gerar conflitos. É aqui que
entra a tolerância. • Essa é uma tarefa fácil? Por quê?

3.2 Intolerância
A intolerância constitui uma das prin- Imagine agora alguns pensamentos
cipais causas de violência em nossos dias. que flutuam e passam por algumas cabeças
Assim é no trânsito. que conduzem veículos por aí:
“Os causadores dos problemas no trânsito • Então pense e use o bloco de no-
são os motoboys que ficam em zig-zag tas: qual foi a última vez que você
arrancando espelhos.” foi tolerante com alguém?
“Os causadores dos problemas no trânsito • Quem foi a pessoa com quem você
são os caminhões que andam devagar e exercitou a tolerância?
estragam as rodovias.” • Qual foi a situação?
“Os causadores dos problemas no trânsito • A pessoa percebeu a sua atitude?
são os carros de passeio que são guiados
por motoristas de final de semana”. Sempre que existe um conflito, exis-
tem ideias divergentes e pessoas que não
“Os causadores dos problemas no trânsito conseguem aceitar a opinião do outro, ou
são os ônibus e os táxis que não respeitam seja, que não são tolerantes. Ao aceitar e
ninguém.” respeitar o espaço do outro, você está exer-
“Os causadores dos problemas no trânsito citando a tolerância e, além disso, gerando
são os pedestres que se atravessam na bons sentimentos, demonstrando uma pos-
frente dos veículos.” tura socialmente adequada e respeitável.
Isso gera, do outro, no mínimo, respeito por
E assim pode-se continuar com mais você, afinal de contas, não se pode cobrar
acusações, mostrando que se busca como gentileza e respeito, sem primeiro ter de-
culpados de um problema bem complexo, monstrado esses sentimentos.
apenas o outro, gerando barreiras, conflito
e intolerância. Importante!
Você deve ser um agente de segurança
Para refletir... pública que, na tarefa de conduzir um
• Mas será que não existe uma par- veículo de emergência, independente
da atitude irracional de outros usuários
cela própria de responsabilidade
do sistema de trânsito, o faça da forma
sobre esses problemas?
mais segura possível, e que sua atitude
• Será que você consegue ser tole- seja um exemplo de conduta ética no
rante e aceitar que o outro também cuidado com o outro e na valorização e
merece tolerância de sua parte? preservação da vida.
AULA 4
Normas de segurança no
trânsito e os agentes de
fiscalização de trânsito

Você como agente de segurança pú- Nesta aula, você irá identificar seu pa-
blica responsável pela condução de veícu- pel de agente de Segurança Pública, como
los de emergência possui, como todos os condutor de veículo de emergência, em
indivíduos, condicionamentos adquiridos relação às normas legais e aos demais usu-
pela sua história pessoal, recebe influência ários e o papel dos agentes de Fiscalização
da lei que regulamenta sua atividade e se de Trânsito, destacando sua importância na
depara com inúmeras situações que exigi- prevenção de acidentes e manutenção das
rão sua decisão de como agir. condições mais seguras.

4.1 Respeito aos outros.


Quando você era criança, provavel- Você é sempre respeitado em seu
mente ouviu de seus pais e foi orientado a dia a dia?
“respeitar os mais velhos”, não é mesmo? E Se não se sente respeitado, o que pode
hoje, de uma forma ou de outra, você espe- ser feito para que isso aconteça?
ra que as outras pessoas lhe respeitem. Mas, E no trânsito em especial, como
você já parou para pensar que esse senti- podemos manter o respeito?
mento precisa ser recíproco? Você respeita todas as pessoas com as
O que significa respeito? quais convive?
Veja, a seguir, alguns itens essenciais Preste atenção na história a seguir:
sobre respeito.
Boff (2006) ressalta que: Síndrome de Procusto

1. O reconhecimento do outro - ne- Na mitologia grega, um gigante cha-


nhum fim ou propósito, condição mado Procusto era muito hospitaleiro, con-
étnica, de gênero, econômica e so- vidava pessoas para passarem a noite em
cial é superior em dignidade ao ser sua cama de ferro. Nessa hospitalidade, no
humano; entanto, havia uma armadilha: ele insistia
que os visitantes coubessem com perfeição
2. A própria consciência - é a voz in-
em sua cama. Assim, se eram muito baixos,
terior que nos aponta o bem e nos
ele os esticava; se eram altos, cortava suas
desaconselha o mal, premiando
pernas.
com louvor o bem feito e castigan-
do com o remorso o mal praticado. Por mais artificial que isso possa
Podemos desobedecê-la, mas não parecer, será que você não gasta um bo-
destruí-la, cada pessoa sabe o bem cado de energia emocional tentando al-
e o mal que faz ou deixa de fazer; terar ou “enquadrar” outras pessoas de
3. Laicidade do Estado - liberdade formas diversas, embora menos drásti-
de crença religiosa aos cidadãos, cas?
numa sociedade autenticamente Não espera, com frequência, que os
democrática a laicidade deve ser outros vivam segundo os seus padrões ide-
sua constituição, tendo como va- ais?
lores fundamentais a liberdade de
consciência e a igualdade jurídica. A verdade é que grande parte dos
A laicidade remete à aceitação de atritos que existem nos relacionamentos
todas as religiões, pois aqui você acontece quando você tenta impor a sua
pode perceber esse princípio como vontade aos outros, buscando administrá-
um norte que o leva a respeitar as -los e controlá-los.
diversas crenças e assim respeitar É preciso entender que ninguém
a todas as pessoas, independente muda até que esteja disposto a fazê-lo e
das diferenças que tem de você. pronto para tomar as atitudes necessárias
Você, com certeza, sabe a importân- para efetuar a mudança. Por este motivo,
cia do respeito, principalmente quando se o resultado de seu “procustianismo” é sem-
sente desrespeitado por qualquer pessoa pre o mesmo, pode auxiliar estimulando e
ou circunstância. oportunizando ao outro, mas não impondo,
cada um tem seu tempo, não seguem e seu.
Para refletir... (SAMPAIO, 2011)
Mas, e quando o outro é o foco de Ao respeitar o outro você está de-
atenção, como você reage? monstrando um essencial valor: a tolerân-
Consegue separar a situação da pessoa? cia, além de sugerir, sem articular uma só
Consegue manter seus princípios mais palavra, que o outro lhe respeite e seja tole-
básicos? rante com você também.

4.2 Respeito às normas de trânsito


O Código de Trânsito Brasileiro em e entidades componentes do Sistema
seu Artigo 1º define que: Nacional de Trânsito, a estes cabendo,
no âmbito das respectivas competên-
“O trânsito, em condições seguras, é cias, adotar as medidas destinadas a
um direito de todos e dever dos órgãos assegurar esse direito.”
É neste sentido que você deve re- de risco extremo. Mesmo que o seu
fletir sobre seu papel em relação ao cum- impulso seja de utilizar estratégias
primento das Leis e normas de trânsito, pois de preservação da vida, usando o
ninguém está acima da lei e no seu caso, cinto de segurança, a cultura, que
como agente de Segurança Pública, é alvo o condicionou, será preponderante
da observação constante, e deve ser exem- nesse momento.
plo de postura ética.
Imagine agora a utilização do cinto Para refletir...
de segurança: O que lhe parece mais correto?
• Nandi (2011) em seu livro Cinto de Desobedecer à legislação arriscando
Segurança: Indispensável à vida, ainda envolver-se numa colisão e não es-
afirma: Com eficácia já comprova- tar protegido pelo cinto, ou então treinar e
da por inúmeras pesquisas, o cin- estar condicionado a retirar rapidamente o
to de segurança quando utilizado, cinto na hora do desembarque?
apresenta considerável redução no
Pense agora, sua Instituição possui a
índice de mortos e feridos em aci-
doutrina do uso do cinto de segurança?
dentes de trânsito. Resta-nos iden-
tificar o motivo pelo qual o cidadão Se a sua instituição possui uma dou-
brasileiro apresenta tamanha relu- trina, a sua decisão será pelo uso do cinto de
tância em habituar-se a usar esse segurança, mas se o seu condicionamento é
dispositivo, o qual tem como único de dispensar o uso, provavelmente sua de-
objetivo salvar -lhe a vida; cisão será de não usá-lo, podendo ainda, ir
aos poucos deixando de utilizar mesmo em
• A lei obriga o condutor a utilizá-lo
situações cotidianas, que não apresenta-
e também o torna responsável pelo
riam necessidade de desembarque rápido,
seu uso por todos os ocupantes do
mas que a cultura já o levou a permanecer
veículo, quando este estiver trafe-
sem o equipamento de segurança regula-
gando no trânsito, sendo esperado
mentar.
de um agente de segurança públi-
ca o exemplo para os demais; Importante!
• Existe uma cultura de que sob-risco Lembre-se, a sua atuação como agen-
de enfrentamento com indivíduos te de Segurança Pública condutor de
armados, por exemplo, o cinto po- veículo de emergência faz a diferença
deria ser dispensado, pois atrapa- na segurança e preservação da vida de
lharia na hora do desembarque; muitas pessoas, você é IMPORTANTE!
• Analisando novamente as ques- Conforme Chopra (2000), a nature-
tões referentes ao medo. Em um za essencial do ser humano é a potencia-
primeiro momento, quando apare- lidade pura, através dessa conscientiza-
ce o medo inato, por exemplo, na ção possuímos a capacidade de realizar
condução do veículo em condições se almeja.

4.3 Papel dos Agentes de Fiscalização de Trânsito


De acordo com o Código de Trânsito Ainda, o artigo 24, inciso VI, do mes-
Brasileiro em seu Anexo I, o Agente da Au- mo Código, define a função do Agente de
toridade de Trânsito é pessoa civil ou poli- Trânsito: executar a fiscalização de trânsito,
cial militar, credenciada pela autoridade de autuar e aplicar as medidas cabíveis, por
trânsito para o exercício das atividades de infrações de circulação, estacionamento e
fiscalização, operação, policiamento osten- parada, previstas neste Código, no exercício
sivo de trânsito ou patrulhamento. regular do Poder de Polícia de Trânsito.
A tarefa de fiscalizar, que em alguns através da orientação e auxílio aos
casos resulta em notificação e posterior usuários que transitam diariamente
multa, é o que mais é lembrado pela maio- pelas vias. Sua atuação organiza este
ria dos condutores que a significam apenas espaço complexo que é o trânsito.
como uma punição, criando a imagem do Socorre vítimas e auxilia usuários em
fiscalizador como carrasco. Mas a função da caso de acidentes. Atua ainda na si-
multa é na verdade preventiva e pedagó- nalização em locais de ocorrências
gica, pois serve para condicionar o usuário ou eventos, que assim necessitam de
ao cumprimento das normas, garantindo seu precioso trabalho. Infelizmente é
assim a segurança do trânsito e em última mais lembrado como um fiscalizador,
instância prevenindo conflitos, tumultos e mas que é na verdade um promotor
acidentes. de segurança, indispensável à fluidez
do trânsito e principalmente um cui-
Importante!
dador do outro, e como diz o Profes-
O papel de educador do agente Fis- sor Ricardo Balestreri (2003), “Um pe-
calizador de Trânsito também se dá dagogo da cidadania”.
AULA 5
Atendimento aos usuários

5.1 Pontos importantes da relação com os usuários


Lidar com situações de emergência próprias ações humanas, coloca esse tema
exige, sobretudo, uma ótima capacidade no centro das contradições do mundo con-
de lidar com mudanças, pois, nas situações- temporâneo.
-limite, o desafio é a superação da impotên-
Em muitas instituições, o desejo de
cia e o desamparo que, quase sempre, estão
aprimorar a qualidade do atendimento
presentes nas vítimas e também nas pesso-
se resume a muitas horas de “treinamen-
as envolvidas.
to de sorriso”, onde o segredo para satis-
Todo o trabalho com urgências e fazer as necessidades dos usuários se re-
emergências exige uma grande quantidade sume a um cumprimento caloroso e uma
de teorias e habilidades. É um saber entre a expressão alegre no rosto. Cortesia, boas
“cruz e a espada” com infinitas implicações, maneiras e educação, obviamente, são
exatamente por ser um assunto localizado essenciais, mas principalmente nesses
no limite entre a vida e a morte. A vulnera- casos, não são substitutos para a compe-
bilidade humana, diante da natureza e das tência e a capacidade.
5.2 Expectativas dos usuários
O usuário espera que você conheça as tranquila, sendo ágil nas suas ações, e ainda,
peculiaridades da sua função e que atue de esclarecendo todas as suas dúvidas sobre os
acordo com o previsto, proporcionando-lhe procedimentos.
confiança e segurança. Acredita que você
sabe como funciona toda a rotina de emer- Importante!
gência e que está apto a realizá-la da melhor Para atender a todas as expectativas
forma. Além disso, ele tem a expectativa de dos usuários é imprescindível que
que você o ouça, lhe preste atenção e en- você esteja preparado e equilibrado
tenda que ele está sob forte estresse, fa- suficientemente para conseguir se
zendo algo para satisfazer as necessidades colocar no lugar do outro. Utilizando
dele. Espera também que você esteja atento a empatia, será mais fácil exercitar a
e que entenda corretamente o que ele está tolerância, compreendendo seu ner-
lhe perguntando, e responda da forma mais vosismo, não deixando se influenciar
simples e clara possível. e mantendo mais uma vez o foco do
Na expectativa do usuário, você é seu trabalho: atender o usuário, con-
capaz de reconhecer as necessidades dele, duzindo-o da forma mais segura e rá-
atendendo-as sempre de forma segura e pida possível.

5.3 Atendimento X Tipos de usuários


Muitas vezes, o usuário está com pausada e em tom mais ameno,
acompanhantes: familiares ou amigos que evitando assustá-lo. Caso ele esteja
estão, naquele momento, naturalmente al- acompanhado de um adulto, dirija-
terados, visto o estado físico e emocional. -se ao adulto para fazer as orienta-
Mas é necessário, mais uma vez, manter-se ções de segurança e certifique-se
em equilíbrio, seguindo os procedimentos de que ele (o adulto) esteja em
e as normas de segurança, a fim de que o condições de segui-las.
objetivo seja atingido. Nos casos de acom-
• Usuário adulto – É essencial com-
panhantes, também é necessário manter a
preender que ele está tenso e es-
atenção e solicitar que o mesmo siga tam-
tressado, visto a situação de emer-
bém as normas de segurança previstas para
gência.
a ocasião, evitando transtornos desnecessá-
rios. • Usuário idoso – É necessário man-
ter o cuidado para lhe explicar todo
É essencial que o condutor esteja
o procedimento, respeitando-o e
preparado para atender a todos os tipos de
ouvindo-o, procurando mantê-lo
usuários, como crianças, adultos, idosos e
calmo, sendo também importante
pessoas com necessidades especiais, man-
não tratá-lo como criança, afinal
tendo o cuidado para respeitar suas limi-
ele tem mais experiência de vida
tações e, quando for necessário, solicitar o
do que você.
auxílio de algum acompanhante que possa
dar o suporte na comunicação e na assistên- • Usuário deficiente – É imprescin-
cia deste indivíduo. dível manter o respeito e procu-
rar atender de forma diferenciada
Veja, a seguir, alguns exemplos.
somente à necessidade, evitando
• Usuário criança – Nesse caso você infantilizá-los, o que poderá causar
precisa ter o cuidado de não dei- constrangimento desnecessário
xar transparecer o seu nervosismo, para ambas as partes, também em
utilizando uma linguagem mais alguns casos é importante, quando
este estiver acompanhados, soli- Importante!
citar a ajuda do acompanhante, Uma situação inesperada significa um
sempre de forma clara e precisa, momento de dor e sofrimento, mas
mantendo-os informados sobre também pode representar uma opor-
todos os passos que estão sendo tunidade de crescimento, contribuindo
tomados para a segurança e agili- para a formação de novas posturas em
dade dos procedimentos. relação à vida.

5.4 Trauma
Outro elemento muito presente nas Leonardo Boff (2006), destaca que a
emergências é o trauma. compaixão possui dois momentos: o despo-
jamento envolve o esquecimento de si mes-
A palavra trauma provém do grego e
mo e dos próprios interesses para concen-
quer dizer ferida. No dicionário Aurélio (FER-
trar-se totalmente no outro, vendo o outro
REIRA, 1986) é conceituada, também, como
como outro e não como prolongamento de
uma “agressão emocional capaz de desen-
si mesmo ou do círculo do eu; do cuidado
cadear perturbações psíquicas e, em de-
que se expressa pela saída de si em direção
corrência, somáticas”. Cabe lembrar que, de
ao outro e se traduz em solidariedade, em
um modo geral, na área da saúde, a palavra
serviço e em hospitalidade para com o ou-
traumatismo é usada referindo-se ao aspec-
tro, capaz de superar preconceitos, interes-
to físico e trauma ao aspecto psicológico.
ses e medos.
Eventos adversos como denominado
E lembre-se que quando alguém es-
na defesa civil – incidentes críticos, revés, si-
tiver envolvido em uma situação-limite,
tuações-limite, acidentes, extremo estressor
como, por exemplo, ferido em um acidente
traumático, desastre – são expressões utili-
de trânsito, ou acompanhando alguém que
zadas referentes aos acontecimentos consi-
está em risco, a sua atuação poderá além de
derados traumáticos que, inevitavelmente,
salvar essa vítima dos males físicos, também
ocorrem na vida.
amenizar o trauma que o acompanhará
O trauma é uma experiência que atin- após o fato.
ge a capacidade de suportar um revés, traz a
Você faz a diferença na forma como
perda de sentido, desorganização corporal
essa situação ficará marcada interferindo na
e paralisação da consciência temporal. Além
vida do outro.
disso, pode deixar marcas que influenciam
a criatividade e a motivação para a vida,
pois produz bloqueios que se estendem por Para refletir...
toda a sua existência. De fato, trata-se de Assista ao vídeo “Pateta no trân-
um acontecimento muito difícil da vida da sito” https://www.youtube.com/watch?v=
pessoa. RMZ3bsrtJZ0 e reflita sobre as seguintes
Se você passou por situações-limite, questões:
pode ter sofrido um trauma que às vezes Quais as possíveis causas e
não percebe, mas que interfere em sua con- consequências do comportamento desse
duta atual, assim é importante para você, motorista?
um agente de segurança pública, procurar
Você se identifica com ele em algum
uma condição saudável física e emocional,
momento?
para poder atuar de forma efetiva na preser-
vação do bem maior, a vida, que afinal é sua Como é possível prevenir esse
maior missão. comportamento?
FINALIZANDO
Neste módulo, você estudou que:
• O trânsito é um espaço onde ocorrem diversas formas de relações interpessoais e
de convívio social. A sua atitude pode aumentar os riscos e ser um mau exemplo,
prejudicando assim a sua imagem e a de sua Instituição. De outra forma, a sua
atitude pode prover a segurança e ser um bom exemplo, estando de acordo com
a regulamentação e com a filosofia institucional de conduta para os Servidores
Públicos.
• O medo é um elemento determinante para a agressividade assim como a raiva.
Através desse conhecimento, a primeira barreira já foi transposta, cabe a você con-
trolar e dissipar a agressividade que o leva ao conflito e à dificuldade para as rela-
ções interpessoais saudáveis.
• A convivência, o respeito e a tolerância são atributos necessários para uma relação
interpessoal saudável, servindo aos usuários e suprindo suas necessidades, respei-
tando suas características próprias.
• Seu comportamento positivo irá humanizar o trânsito, que ainda em nossos dias,
tem como elemento principal o veículo, possibilitando assim um novo paradigma
focado no cidadão.
• Nas situações de emergência, de onde se origina muitos traumas, sua ação pode
minimizar o sofrimento das vítimas, no momento e após as situações-limites.
• Você tem como missão precípua servir e preservar o bem maior, a vida. No desem-
penho de sua profissão deve evitar colocar-se em risco, sua equipe e as demais
pessoas, mantendo sempre suas decisões voltadas à relação interpessoal equili-
brada e buscando a segurança e paz no trânsito, assim desempenhando verdadei-
ramente o seu papel de SERVIDOR.
GABARITO

MÓDULO 1 MÓDULO 3
1) c. ( X ) veículo automotor com capa- 1. V / V / F / F
cidade para até 9 ocupantes e PBT
2. Marque a alternativa correta nos
até 3500 kg.
itens que seguem:
2) d. ( X ) dispositivo luminoso verme-
a. ( x ) Abertura das vias aéreas.
lho e alarme sonoro.
b. ( x ) 60 a 100 bpm.
3) A - ( X ) o condutor de veículo de
emergência deverá apresentar, c. ( x ) Sinalizar o local.
além da carteira de habilitação 3 - ( x ) O torniquete é uma técnica em
original, o certificado do curso es- desuso na contenção de hemorra-
pecializado correspondente a este gias.
curso.

MÓDULO 2 MÓDULO 4
1) V / F / V / V
1- F/V/V/F
2) b) Seus sintomas básicos estão
2 - d) Para defender-se das condições associados às manifestações de ir-
adversas de veículo é importante ritação e agressividade numa espé-
fazer revisões periódicas e provi- cie de exaustão emocional.
denciar o reparo de peças danifica-
das. 3) b) 2 – 3 – 1 – 2 – 3
3 - a) Tirar o pé do acelerador e segu- 4) ( X ) O agente de Segurança Pública
rar firme o volante, até que a ade- é alvo de observação constante e
rência se restabeleça. deve ser exemplo de postura ética.

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