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Por que empregados comprometidos se acidentam?

Grandes avanços foram alcançados na gestão de segurança no trabalho no que


diz respeito aos aspectos ambientais, tecnológicos, legais e organizacionais nos
últimos anos e isso fez com que os índices de acidentes fossem reduzidos de forma
significativa no Brasil e no mundo.
No entanto, os acidentes ainda acontecem e deixam líderes e profissionais da
prevenção preocupados e com respostas divergentes na tentativa de elucidar as
questões baixo.
 Por que a empresa tem tantos programas de prevenção, procedimentos,
investimento em tecnologia e em sistema de gestão, mas ainda continuam alto
índice de acidentes de trabalho?
 Por que empregados comprometidos que passaram por treinamentos
introdutórios, treinamentos de reciclagem periódica, mobilizações e DSS se
envolvem em acidentes de trabalho?
 O que ainda podemos fazer para evitar acidentes de trabalho?
As respostas para estas questões estão relacionadas aos fatores humanos.

Chamamos de “comportamento de risco” atos, atitudes e ações cotidianas


que abrangem o comportamento de cada indivíduo dentro de uma situação. No
ambiente laboral, consideramos os comportamentos dos trabalhadores perante os
serviços diários.

Tais ações podem gerar incidentes ou mesmo graves acidentes, colocando em


risco a saúde e integridade física dos trabalhadores. É importante que você entenda
que o comportamento de risco é algo individual, ou seja, ele varia de pessoa a
pessoa, pois ele depende diretamente das ações de cada um.

Isso significa que sempre que você ou um colega de trabalho ou um visitante


se comportar provocando um incidente ou agir de forma não segura, ele está pondo
em prática o comportamento de risco.

A Teoria da Compensação do Risco desenvolvida por John Adams é uma


teoria do comportamento social, a compensação do risco descreve o efeito que
acontece quando as pessoas percebem uma mudança nos riscos que enfrentam.
A Teoria de Compensação de risco afirma que as pessoas fazem ajustes ao seu
comportamento de acordo com a percepção do nível de perigo e que, na maioria das
vezes, quando estes perigos são percebidos a ser menor, as pessoas tendem a ser mais
ousadas.
A sensação de que eles estão mais seguros, tornando-os menos cauteloso em suas
ações em busca de algum tipo de recompensa, muitas vezes podem gerar acidentes.
Elementos da Teoria

Percepção do Perigo - Capacidade de interpretar os perigos nas atividades


cotidianas e desenvolver medidas de controle;

Propensão a Correr Riscos - Tendência de realizar ação ou omissão que gera


maior exposição aos riscos;

Recompensas - Obtenção de algum tipo de benefício pela ação ou


comportamento;

Acidentes - Perdas pessoais, financeiras, materiais ou ambientais;

Comportamento Equilibrado - Procedimento de alguém face a estímulos ou a


sentimentos e necessidades ou uma combinação de ambos.
Exemplo da Aplicação da Teoria

Descrição: João Paulo é um soldador com 10 anos de experiência, seu


supervisor, ás 15h o Sr Ricardo lhe informa que existe uma entrega importante
para aquela tarde de sexta-feira e que lhe exigiria mais dedicação e a
realização de algumas horas adicionais, mas se ele concluísse com êxito a
tarefa na sexta, poderia ficar o sábado todo de folga.

Percepção do Perigo - João Paulo conhece bem as atividades de solda,


trabalha em uma baia sozinho e acredita que nada pode ocorrer de errado
(autoconfiança);

Propensão a Correr Riscos - Joao teve um estimulo para correr riscos e tem
a convicção de que nada dará errado (motivo para se expor mais);

Recompensas - Passar o sábado todo de folga lhe parecia muito bom, tempo
para futebol, amigos e até mesmo passar a tarde toda com a namorada
(percepção de ganho);
Comportamento Equilibrado - Alguns passos mais demorados do procedimento de
solda foram negligenciados (descumpriu procedimentos);

Acidente -. As 16:30h o Sr Ricardo foi avaliar a evolução do trabalho do João Paulo e


foi atingido por fagulhas de solda, pois para ganhar tempo João Paulo não colocou o
biombo de proteção (lesão pessoal).

Comportamento de Risco mais frequentes


- Realizar intervenção em máquinas, equipamentos e sistemas sem bloqueio de energia;
- Improvisar ferramentas, acessórios pata execução de trabalho “gambiarras”;
- Realizar atividades sem estar autorizado e capacitado;
- Negligenciar procedimentos de segurança;
- Realizar intervenção em máquinas, equipamentos e sistemas sem bloqueio de energia;
- Sentir muito seguro e subestimar as normas de segurança (autoconfiança);
- Burlar sistemas proteção de máquinas, equipamentos e sistemas;
- Ultrapassar a capacidade de sistemas e equipamentos;
- Levantar peso de forma ergonomicamente incorreta;
- Realizar brincadeiras de mau gosto dentro do ambiente de trabalho;
- Utilização de ferramentas e equipamentos defeituosos;
- Desatenção ou ritmo acelerado de trabalho.
Como educar as pessoas? Como comprometê-las com o processo? Como melhorar
o controle dos riscos? Como motivar para a prevenção?

O comportamento seguro de um trabalhador, de um grupo ou de uma organização


é definido como sendo a capacidade de identificar e controlar os riscos presentes numa
atividade no presente, de forma a reduzir a probabilidade de ocorrências indesejadas no
futuro, para si e para os outros.

É esta competência que deve ser desenvolvida e estimulada nos processos


educativos para que os comportamentos seguros sejam mais frequentes nas frentes de
trabalho, as ações de conscientização, fiscalização e gestão por consequência também
são importantes para eliminar os comportamentos de riscos e privilegiar o
comportamento seguro nas organizações como forma de prevenção de acidentes do
trabalho.

A preocupação com prevenção de acidentes do trabalho deve estar nas pautas


estratégicas de todos na empresa, pois estamos falando de preservar a integridade
das pessoas, principal ativo das organizações.
Importância dos comportamentos seguros
Quando há uma falha, um incidente, um acidente, ou mesmo, quando
alguém fica acometido por uma doença ocupacional a quem compete a
responsabilidade destas situações?
Todas as pessoas nas organizações devem atuar como catalisadores em
termos de segurança do trabalho. Mas qual o significado do termo
catalisador? Ele vem da química. É um composto que objetiva acelerar a
velocidade das reações entre as substâncias, mas sem causar alterações.
Situações de risco dizem respeito a todos, independentemente do setor
que atuam, se a empresa pegar fogo tudo pode vir a queimar e não
somente o setor onde o foco do incêndio iniciou.
Somos todos responsáveis pela segurança do trabalho, cada qual na sua
especificidade e área de conhecimento.
Há diferença entre falar de comportamento seguro e de
comportamento de risco?
Sim, e a diferença está em mudar o foco, o modelo mental ou a forma
das pessoas verem o assunto. Comportamento de risco sugere noção de
tendência para algum perigo.

Comportamento seguro significa:

✓ Criar condições para que as pessoas conheçam os riscos, aos quais


estão exposta, e as formas de evitar lesões e perdas, sintam-se
identificadas com e motivadas pela ideia de que prevenir é realmente
melhor do que remediar.

✓ Ter atitude segura significa pensar, sentir e agir com segurança


sempre que o indivíduo se encontrar numa situação de risco.
Prevenir implica em agir não apenas em relação aos problemas
existentes (doenças, acidentes), mas buscar a origem das causas que
decorrem estes problemas.

Prevenir tem relação com ensinar:

Ensinar alguém a trabalhar com consciência de segurança passa,


necessariamente, por ensinar esse alguém a conhecer criticamente sua
realidade, a fazer escolhas em relação a elas, considerando as
consequências para si e para aqueles que o cercam. ... O processo de
conscientização e educação com foco na prevenção não pode ficar
restrito ao nível da obediência e do controle.
Sinalizar
Sinalizar é comunicar, indicar, advertir, alertar que há algum fator,
elemento ou situação que carece de maior atenção por parte de
quem transita naquele local.

A Norma Regulamentadora 26 – Sinalização de Segurança, Publicação


D.O.U., pela Portaria nº 3.214, de 08 de junho de 1978, no item 26.1.1
deixa claro que seu objetivo é fixar as cores que devem ser usadas nos
locais de trabalho para prevenção de acidentes, identificando os
equipamentos de segurança, delimitando áreas, identificando as
canalizações empregadas nas indústrias para a condução de líquidos e
gases e advertindo contra riscos.
Erro humano
Errar é humano! Você concorda ou discorda dela? Parcialmente ou na íntegra?
Geralmente ele está associado à desatenção, negligência, falta de sinalização,
treinamentos ineficazes, fadiga, baixa iluminação ou ruído excessivo... São muitos
os fatores que o desencadeiam.

Classifica dos erros humanos em três níveis:

Erros de Percepção: são erros devidos aos órgãos sensoriais, como falha em
perceber um sinal, identificação incorreta de uma informação e outros.

Erros de Decisão: são aqueles que ocorrem durante o processamento das


informações pelo sistema nervoso central, como erros de lógica, avaliações
incorretas, escolha de alternativas erradas e outros.

Erros de Ação: são erros que dependem de ações musculares, como movimentos
incorretos, posicionamentos errados, trocas de controles, força insuficiente ou
demora na ação.
Outras condições podem desencadear ou agravar erros através de treinamentos
deficitários, instruções erradas, fadiga, monotonia, estresse, aspectos físicos
ambientais deficientes, organização do trabalho inadequada sem respeitar pausa.

a) Outras causas de acidentes e erros do trabalho são situações bem


rotineiras como lubrificar, ajustar e limpar máquinas em movimento;
b) improvisação ou mau emprego de ferramentas manuais;
c) usar máquinas sem habilitação ou devida autorização;
d) imprimir excesso de velocidade ou força;
e) brincadeiras e exibicionismos;
f) excesso de confiança;
g) manipulação insegura de máquinas, ferramentas, produtos químicos;
h) não usar equipamentos de proteção individual;
i) desatenção à sinalização; uso de roupas inadequadas ou de acessórios
desnecessários;
j) transportas ou empilhar de forma insegura;
k) despreparo para o trabalho;
l) desconhecimento dos riscos.
As causas que desencadeiam ou potencializam erros são inúmeras e envolvem
falhas humanas, de equipamento ou ambas.

Um componente qualquer, homem ou equipamento, pode falhar de cinco modos:


1. Falha de Omissão, quando não executa ou executa apenas parcialmente uma
intervenção, tarefa, função ou passo.
2. Falha na Missão, quando executa incorretamente uma intervenção, tarefa,
função ou passo.
3. Falha por Ato Estranho ou Ação Estranha, quando executa uma intervenção,
tarefa, função ou passo que não deveria ter sido executado.
4. Falha Sequencial, quando executa uma intervenção, tarefa, função ou passo
fora da sequência correta.
5. Falha Temporal, quando executa uma intervenção, tarefa, função ou passo
fora do momento correto.
A falha humana tem destaque especial, pois pode ocorrer mediante uma situação
técnica, por descuido ou de forma consciente.

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