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1 INTRODUÇÃO
O adicional de periculosidade está previsto no art. 193 da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), considerando atividades e operações perigosas aquelas que, por natureza ou
métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do
trabalhador a inflamáveis, explosivos ou energia elétrica, roubos ou outras espécies de
violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. Este estudo
se deterá no armazenamento de líquidos inflamáveis em recinto fechado.
O direito ao adicional de periculosidade foi instituído, inicialmente, para os
trabalhadores que exerciam atividade no setor de energia elétrica, por meio da Lei nº 7.369, de
20 de setembro de 1985, a qual foi recentemente revogada expressamente pela Lei nº 12.740,
de 8 de dezembro de 2012, que deu nova redação ao art. 193 da CLT.
A caracterização e a classificação da periculosidade se dão por meio das Normas
Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE).
A Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, do MTE, em sua Norma Regulamentadora
nº 16 (NR-16), considera perigosas as atividades e operações realizadas no transporte e
armazenamento de inflamáveis líquidos e gasosos liquefeitos, e de vasilhames vazios não
desgaseificados ou decantados, assegurando a todos os trabalhadores que operam na área de
risco adicional de 30% (trinta por cento) incidente sobre o salário.
Assessoria e Consultoria em Segurança do Trabalho
3 - ÁREA DE RISCO
A NR-16 considera área de risco toda a área interna do recinto em que são
armazenados vasilhames que contenham inflamáveis líquidos ou vazios não desgaseificados
ou decantados.
A orientação jurisprudencial contida na OJ nº 385, da SDI-1 do colendo Tribunal
Superior do Trabalho, consagra o entendimento de que toda a área interna do edifício é
considerada de risco diante da simples presença de líquidos inflamáveis no interior de sua
prumada. Nesse sentido, colaciona-se o elucidativo aresto abaixo transcrito:
Adicional de periculosidade - Devido - Armazenamento de líquido inflamável no prédio -
Construção vertical.
“É devido o pagamento do adicional de periculosidade ao empregado que desenvolve suas
atividades em edifício (construção vertical), seja em pavimento igual ou distinto daquele onde
estão instalados tanques para armazenamento de líquido inflamável, em quantidade acima do
limite legal, considerando-se como área de risco toda a área interna da construção vertical”
(DJe, TST, 9/6/2010, p. 1, grifo nosso).
A interpretação do dispositivo supracitado traduz como operação perigosa toda a
atividade exercida em construção vertical, independentemente das atividades desenvolvidas
pelo trabalhador. Nesse sentido, já decidiu a 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª
Região, no Recurso Ordinário nº 0258900-26.2009.5.02.0024, cuja ementa transcrevo abaixo:
RECURSO DE REVISTA - ADICIONAL DE PERICULOSIDADE - CONSTRUÇÃO
VERTICAL - ARMAZENAMENTO DE LÍQUIDO INFLAMÁVEL NO PRÉDIO - ÁREA
DE RISCO. A jurisprudência desta Corte vem se firmando no sentido de que fazem jus ao
adicional de periculosidade todos aqueles empregados que laboram no prédio onde se
armazena combustível, ante o fato de que uma eventual explosão no recinto coloca em risco
não só aqueles empregados que trabalham diretamente na área onde se localiza o tanque de
combustível, mas também os empregados de outros andares, por ficarem sujeitos ao impacto
do eventual acidente na estrutura do prédio. Inteligência da Orientação Jurisprudencial nº 385
da SBDI-1 do TST. Recurso de revista conhecido e provido.
Assessoria e Consultoria em Segurança do Trabalho
6 - CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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descomplicadas. São Paulo: Método, 2015.
CONSULTOR JURÍDICO. Disponível em: <www.conjur.com.br>. Acesso em: 4 maio 2014.
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MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Normas Regulamentadoras nºs 16 e 20.
Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/portal-mte/>. Acesso em: 3 dez. 2014.
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PALÁCIO DO PLANALTO DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Disponível em:
<www.planalto.gov.br>. Acesso em: 13 out. 2014.
SALIBA, Tuffi Messias; CORRÊA, Márcia Angelim Chaves. Insalubridade e periculosidade:
aspectos técnicos e práticos. 12. ed. São Paulo: LTr,2013