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Sessão Solene Comemorativa do 25 de Abril

Sr. Presidente da Assembleia Municipal


Srs. Deputados Municipais
Sr.ª Presidente da Câmara Municipal
Srs. Vereadores
Munícipes que nos honram com a vossa presença

Há 37 anos nasceu o dia inicial, inteiro e limpo. Em 25 de Abril de Abril de 1974,


pela mão generosa dos capitães de Abril, a poesia saiu à rua.
Tudo se tornou possível nesse dia refundador de uma nação que reencontrou a
liberdade, a dignidade e a paz.
Liberdade de expressão e associação;
Legalização dos partidos políticos;
Liberdade sindical;
Eleições livres;
Promoção da Igualdade de Oportunidades;
Paz.

Vivemos hoje noutro patamar de dignidade e bem-estar que só por ignorância


e má fé se pode negar.
Memória…
Lembro-me dos meus colegas de escola no Alentejo dos anos 60, descalços,
vivendo em casas sem água, sem luz, sem saneamento, às vezes sem janelas de vidro.
Das privações indescritíveis vividas pelo povo.
Dos relatos de perseguições e de lutas.

Sr. Presidente
Srs. Deputados Municipais

As dificuldades com que hoje nos confrontamos não legitimam a ideia de que
não valeu a pena, de que estamos pior.
Não é verdade.
Abril foi um passo de gigante.
Hoje, honrando Abril, temos a obrigação de prosseguir a luta de sempre por
mais liberdade, mais justiça, mais bem-estar e mais felicidade.
Na intervenção que tive o privilégio de proferir na Sessão Comemorativa do 25
de Abril no ano passado, na Trafaria, referi um conjunto de combates para que a
sociedade portuguesa é convocada, combates esses que mantêm agora, em Abril de
2011, toda a actualidade e pertinência, no contexto do programa progressista e
moderno que é o nosso.

Em primeiro lugar, é imperioso ultrapassar a crise financeira que se manifesta


agora, agravada, no que é referido como crise das dívidas soberanas.
A consolidação orçamental não é uma política de direita ou de esquerda. É uma
linha de orientação indispensável ao prestígio e ao futuro do nosso país na União
Europeia e na Zona Euro.
É preciso assumir medidas difíceis e exigentes para se sair da crise e se
restabelecer a confiança e os equilíbrios indispensáveis ao relançamento da economia.
Só com uma economia mais próspera, assente em empresas mais competitivas e
inovadoras e em trabalhadores mais qualificados e valorizados poderá ser produzida a
riqueza que permitirá novos patamares de desenvolvimento ao país.
Mas mesmo no contexto de austeridade e contenção em que vivemos agora e
viveremos nos próximos anos, mesmo que as privações atinjam sectores alargados da
população portuguesa, não é indiferente a orientação que a condução da coisa pública
vier a assumir.
Prosseguir Abril passa, essa é a nossa convicção, pela preservação, estabilização
e aprofundamento do Estado Social, garante fundamental dos princípios da justiça e da
coesão na nossa vida social.
Àqueles que entendem que o melhor estado é o estado mínimo afirmamos que
é o primado da lei e a autoridade do estado que equilibram as relações entre os fracos
e os fortes e asseguram a justiça.
Só os serviços públicos, universais e tendencialmente gratuitos asseguram o
bem-estar, a justiça e a mobilidade social.

A agenda progressista e moderna dos nossos dias valoriza a educação, a saúde


e a segurança social, rejeita a desregulação da legislação laboral, promove a
modernização do estado, valoriza a participação dos cidadãos na vida pública e a
reforma da justiça.
Uma justiça mais transparente e mais célere, garantida a todos.
Um estado moderno e simplificado, mais amigável e facilmente acessível, aos
níveis da administração central, desconcentrado e local, célere e transparente.
Um mercado de trabalho que promova o desenvolvimento e o sucesso das
empresas num quadro que favoreça a negociação colectiva e proteja os trabalhadores.
Uma segurança social pública, universal e sustentável.
Uma escola pública de sucesso e qualidade.
Um Serviço Nacional de Saúde consolidado, universal, tendencialmente
gratuito e visando patamares progressivos de qualidade.
Eis o programa de Abril.
Sr. Presidente
Srs. Deputados Municipais

Comemorar Abril é continuar o combate daqueles que, no Portugal


Amordaçado, souberam resistir e dizer não.
Comemorar Abril é projectar no presente e no futuro a luta de sempre da
humanidade pela justiça e pelo progresso.

Viva o 25 de Abril
Viva Almada
Viva Portugal

Almada, 29 de Abril de 2011

O Grupo Parlamentar do Partido Socialista na Assembleia Municipal de Almada

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