Você está na página 1de 3

Pensar ao contrário.

O que sugere o livro de Stalimir Vieira (Raciocínio Criativo na

Publicidade) é algo a se pensar. Aliás, esta é a grande sugestão deste livro. Mas não somente um

pensar a esmo, ou sem grandes direções, ou somente pela grande vontade de se criar algo, tem várias

etapas, ou cuidados que tem que ser tomados.

A princípio, a vontade, a paixão pelo que se faz é um dos motores da criação, sem paixão

realmente a vida que era para ser inclusa ali, acaba passando despercebida e trocada por processos

mecânicos. Curiosidade é outro ponto forte a ser desenvolvido, um profissional de criação que não é

curioso ao mínimo tem que repensar sua atividade como profissão ideal. Claro que isso tudo ainda não

sustenta o raciocínio criativo, há um aliar entre o briefing e a sua experiência de vida.

Por isso um profissional de criação deve ser curioso e apaixonado. Mas, principalmente,

um estudioso, buscar se informar, conhecer, querer se aprofundar, pode significar uma proximidade

mais fácil com os acertos em suas campanhas. Segundo João Anzanello Carrascoza, para argumentar:

[...] Os “criativos” atuam cortando, associando, unindo e, conseqüentemente,

editando informações que se encontram no repertório cultural da sociedade. A

bricolagem, assim como o pensamento mítico, é a operação intelectual por

excelência da publicidade. [...] (2007, p. 2).

Sim, isso está incluindo a sensibilidade de juntar isso a algo criativo. Ter essa

sensibilidade significa que não adianta apenas colocar táticas ou fórmulas aprendidas durante o tempo

de graduação para qualquer cliente, significa ter uma identidade com o cliente, uma intimidade com o

próprio briefing, saber que às vezes o plano sugerido pelo seu cliente é uma falácia e pode acabar mais

prejudicando do que colaborando com algo.

Um profissional de criação deve estar muito mais preocupado com o seu cliente do

necessariamente em ser genial. Como diz David Ogilvy (1987, 2ª Ed., p. 106) “[...] Em vez de dizer

‘Que anúncio inteligente’, o leitor diz: ‘Eu não sabia disso. Preciso experimentar esse produto. ’[...]”.

Não que não haja espaços para o “genial”, mas o que tem que se ter a total ciência é que estamos

tratando com pessoas, que pagam por isso e querem ter seu retorno.
O trabalho fica mais voltado a dar emoção a um conceito de marketing. Dar cara a uma

marca, fazer que ela seja lembrada por alguma característica dada através da publicidade. Mesmo que

isso seja um processo de estudo da marca e de sua comunicação, do briefing, e de tudo que se

aprendeu, alia-se outro ingrediente que é trabalhar com nosso inconsciente. Um dos problemas é que

acabamos batendo cabeça atrás da solução quando simplesmente ela está lá, esperando fermentar para

aparecer, então é de extrema importância conciliar consciente e inconsciente, pois é assim que idéias

surgem “do nada”.

Por fim, é importante ressaltar que não existe regra, nem padrão, modelo, paradigma ou

conduta correta. Existem sim, parâmetros que podem ser utilizados, mas o que irá valer no final, o que

é o “novo” é saber que tudo pode ser feito, desde que com argumentos válidos e no momento certo.
Referências Bibliográficas

VIEIRA, Stalimir. Raciocínio Criativo na Publicidade. 5ª Edição. São Paulo: Editora


Martins Fontes, 2007, 113p.
OGILVY, David. Confissões de um Publicitário. Trad. Sob a direção de Luiz Augusto
Cama. 2ª Edição. Rio de janeiro: Bertrand Brasil, 2001, 192p.
CARRASCOZA, J.A. Processo criativo em propaganda e intertextualidade. Intercom,
2007. 15p.

Você também pode gostar