Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. Introdução
O presente artigo tem como finalidade expor a importância da contabilidade como ferramenta
competitiva no mundo contemporâneo em que estamos inseridos e evidenciar o não
reconhecimento da profissão contábil, mesmo esta sendo tão antiga. Como relata Iudícibus
(1997, p.31) “A essencialidade e, por que não dizer, a extraordinária beleza desta nobre e
antiga disciplina são por poucos reconhecidas, e estes poucos são normalmente, pessoas de
grande experiência e descortino.”
Muitos usuários, tanto internos como externos, não têm explorado todo seu contingente de
informações. Seja por desconhecimento das informações que se pode obter ou por mera
subestimação da ciência. A segunda alternativa acaba se igualando à primeira, uma vez que o
agente subestimador não conhece sua importância em uma economia de mercado, como essa
que praticamente o mundo inteiro se encontra nesse século XXI.
Cabe, especialmente, aos profissionais da área mostrar que o contador não é um mero
“guardador de livros” e nem um profissional substituível por sofwares.
A contabilidade como ciência antiga e de eficiência comprovada não pode perder sua
importância real. E é diante da certeza de sua eficiência que procuramos evidenciar tal
importância ao longo do tempo em alguns lugares do mundo.
Para dar maior credibilidade ao tema desenvolvido no artigo, fora elaborado por intermédio
de pesquisas bibliográficas, a coleta de textos em livros e documentários encontrados de
alguns teóricos que abordam sobre o tema proposto no artigo.
2. A Origem da Contabilidade
Não há um conhecimento direto sobre quem inventou a contabilidade, mas sabe-se que é uma
ciência nobre e antiga que se confunde com a evolução histórica do homem, onde a própria
contabilidade conta essa história, com seus registros contábeis valiosíssimos para os
historiadores.
Podemos dizer que a contabilidade iniciou-se empiricamente com o homem primitivo. Sua
maneira rudimentar de contar já era um modo de inventário, pois tinha como objetivo o
controle do seu patrimônio, como rebanhos, fardos de alimentos, instrumentos de caça e
pesca e outros bens quantitativos. O que mostra que o homem da antigüidade já tinha a
preocupação com a riqueza e a propriedade (como acontece atualmente). Desde os
primórdios o homem teve que ir aperfeiçoando sua maneira de contabilizar, na medida em
que as atividades se tornavam mais complexas.
De acordo com a história da contabilidade, primeiramente esse processo de conta era feito na
memória dos homens, logo após surgiram as gravuras, no término da Era da Pedra Polida. Nas
gravuras continham figuras e numerais.
Há registros de 6000 anos antes de Cristo onde já havia uma fiscalização, que era realizada
pelo Fisco Real. No inventário egípcio, continha bens móveis e imóveis, e já era feito, de modo
primitivo, controles financeiros e administrativos.
Os Gregos evoluíram a forma de contabilizar dos Egípcios, em 2000 a.C. já havia apuração do
saldo com a confrontação de contas de Custos e Receitas e estenderam a escrituração contábil
para a administração pública e bancária.
O método das Partidas Dobradas teve origem na Itália, surgindo como conseqüência e
necessidade da Contabilidade de Custos. Nessa mesma região surgia uma das principais, talvez
a principal, escola de contabilidade, sendo esta a Escola Italiana, que será abordada no
segundo tópico desse artigo.
A contabilidade é representada por um vocabulário rico que se associa com sua evolução
histórica. Uma herança deixada nos primórdios da contabilidade e muitas vezes de origem
fascinante. Portanto, os profissionais contabilistas têm que se orgulhar de tal herança.
De acordo com Iudícibus (1997), a maior parte das palavras é proveniente de um período de
Renascença, período esse onde podemos citar fatos como: o primeiro registro de um sistema
completo de escrituração por partidas dobradas, em Gênova na Itália; e a ligação entre
contabilidade e a matemática com o livro do frei Franciscano Luca Pacioli – Summa de
arithmetica, geométrica, proportioni et proportionalitá – onde incluía uma seção sobre sistema
de partidas dobradas, e apresentava o raciocínio que se baseava nos lançamentos contábeis.
Palavras que resultam da Renascença: débitos, créditos, lançamentos de diário, razão, contas,
balancetes, balanços etc.
A palavra contabilidade surge na Itália com o termo contabilitá.
A palavra créditos, vem da mesma raiz da palavra credo, ou seja, algo em que se acredita,
como a profissão de fé cristã enunciada no Credo dos Apóstolos, também pode referir-se a
pessoas nas quais se acredita, como credores (depositando nelas confiança, emprestando-lhes
dinheiro). A origem latina é credere, cuja contração é cr, nos lançamentos de diário.
O termo patrimônio originou-se junto com a idéia de herança, onde o legado deixado por uma
pessoa não era dissolvido, mas passado aos filhos ou parentes, essa herança era denominada
patrimônio, e logo o termo passou a ser utilizado para quaisquer valores, mesmo que estes
não tivessem sido herdados.
Dívidas, devedores, debêntures e débitos, são palavras que resultam da base debere, ou
dever, cuja contração é dr, nos lançamentos de diário.
O expoente mais importante dentro da contabilidade européia foi sem dúvida a escola Italiana.
A Escola Italiana foi de grande importância para a difusão de tal ciência pelo mundo.
Também foram italianos os primeiros grandes escritores contábeis, como Pacioli, Fábio Besta,
Giuseppe Cerboné, Gino Zappa, entre muitos outros.
Frei Luca Pacioli em sua grande obra de 1494 (Tratactus de Computis et Scripturis –
contabilidade por partidas dobradas), já tratava da teoria contábil do débito e do crédito,
inventários, livros mercantis, registros de operações, lucros e perdas, levando-se a acreditar
que nessa época já se formava o “corpo” da contabilidade que se conhece atualmente. Pode-
se dizer, portanto, que foi nesse período que a contabilidade mais evoluiu em sua teoria.
Os séculos seguintes foram caracterizados pelo avanço dessa teoria já consolidada e pela
implantação da prática.
No século XIX, período conhecido como científico, a teoria contábil avançou de acordo com as
novas necessidades que se apresentaram, mas foi nos EUA que a contabilidade evoluiu para a
prática.
Foi justamente este o maior pecado da Escola Italiana: o excesso de teoria. Os autores da
época, em sua maioria, preocuparam-se mais em mostrar a contabilidade como uma ciência
do que comprovar as idéias que surgiam. Consistia na difusão idealista, sem pesquisas. Muitas
das teorias não tinham aplicação e o uso exagerado das partidas dobradas inviabilizava a
flexibilidade necessária.
Todos esses pontos desfavoráveis da escola Italiana acabaram pesando demais até que por
volta de 1920 entrou em decadência.
Segundo Iudícibus (1997, p. 33) mesmo na Itália, nas faculdades do norte do país, muitos
textos apresentam influência norte-americana e as principais empresas contratam na base de
experiência contábil de inspiração norte-americana.
4. A Escola Norte-Americana
É importante salientar o porquê da teoria e prática contábeis terem avançado justamente nos
EUA, país geograficamente distante dos centros onde a contabilidade surgiu e se desenvolveu.
Como assevera Iudícibus, por volta de 1920 já surgiam nos EUA as grandes corporations, o país
enfrentava um desenvolvimento significativo, o mercado de capitais também se desenvolvia e
passou a existir também o investimento pesado em pesquisas.
Esses fatores associaram-se formando um verdadeiro campo fértil para o crescimento de uma
contabilidade nova, que se relacionava diretamente ao grau de utilidade, de praticidade.
No que se refere às pesquisas, pode-se dizer que não há nada mais positivo para evolução de
uma ciência que a pesquisa e os EUA não pecaram nesse sentido. Inédito no mundo, o
Instituto dos Contadores Públicos Americanos é um órgão de pesquisa contábil. O FASB
(Financial Accouting Standard Board) e o SÉC (equivalente a CVM do Brasil) têm contribuído
também para pesquisas sobre procedimentos contábeis.
Os livros didáticos americanos também são mais práticos, sendo que os autores partem dos
relatórios da contabilidade para a partir daí chegar aos detalhes dos lançamentos originários.
Porém, nem tudo foi positivo dentro da Escola Americana, esta apresentava alguns defeitos,
conforme relato abaixo:
1. Pouca importância atribuída à sistematização dos planos de contas, pelo menos nos livros-
texto;
2. Apresentação dos tópicos dos livros de forma não ordenada, dificultando distinguir, às
vezes, os de maior importância;
3. Pouca consideração – por parte dos cargos responsáveis pela edição de princípios contábeis,
pelo menos até pouco tempo atrás – pelo problema inflacionário, embora algumas das
melhores obras sobre “indexação” tenham sido escritas por autores americanos e alemães.
(IUDÍCIBUS, 1997)
Enfim, pode-se dizer que a Escola Americana, ao contrário da Italiana, preocupou-se com o
usuário da informação contábil. Os EUA continuando nesse ritmo acelerado de
desenvolvimento e dando prosseguimento ao investimento em pesquisas através de seus
diversos órgãos, como o American Institute of Certified Public Accountants, o Special
Commitees, a The Accounting Research Division, o The Accounting Principles Board, o Financial
Accounting Standards Board, a AAA (American Accounting Association) e o SEC (Security
Exchange Commssion), pode-se dizer que a ciência contábil seguramente continuará
evoluindo, beneficiando não só os EUA, mas o mundo inteiro.
5. A Contabilidade no Brasil
No Brasil houve influências tanto da Escola Italiana quanto da Escola Americana, sendo que a
primeira foi a que influenciou inicialmente o país, porém foi na Escola Americana que o Brasil
se baseou para formação da Lei das Sociedades por Ações, que ocorreu a partir da Resolução
nº 220 e da circular nº 179 do BC e para a implantação do ensino acadêmico.
A Escola de Comércio Álvares Penteado, criada em 1902, foi a primeira escola especializada no
ensino da contabilidade. Nesta instituição professores de grandes nomes, como Francisco
D’Auria, Frederico Herrmann Júnior, Coriolano Martins, abriram precedentes para a pesquisa
contábil. Segundo Iudícibus (1997), D’Auria teve o mérito de ser o mais “brasileiro” dos
autores famosos da época, no sentido de que conseguiu formar o que se poderia chamar de
embrião de uma autêntica escola brasileira, mas foi na Faculdade de Ciências Econômicas e
Administrativas da USP, fundada em 1946, que o Brasil ganhou seu primeiro núcleo efetivo,
propiciando o surgimento de escritos contábeis importantes por alguns desses mesmos
professores.
Vai mais além de acumular cifras para preparar um balanço para efeitos impositivos. Vai mais
além que registrar automaticamente uma ou várias operações: um software adequado pode
produzir melhores rotinas.
Entretanto, para que uma evolução concreta ocorra, em especial no Brasil, é necessário
investir na formação de tais profissionais e pesquisas, e não depender apenas de adaptações
de princípios norte-americanos. Institutos como IBRACON (Instituto Brasileiro de Contadores)
vê-se na necessidade de investir maciçamente em pesquisas mais aprofundadas de princípios
contábeis, porém isso exige recursos difíceis de serem obtidos. Ocorre a mesma necessidade
com Universidades dedicarem fundos e esforços à pesquisa contábil, no sentido de treinar,
manter e atualizar seu corpo docente, com a participação de docentes que se dediquem
inteiramente a tais pesquisas e à vida acadêmica, porém essa carreira não é muito atrativa
devido a remuneração que está abaixo do nível salarial do mercado.
Apesar das dificuldades e do caminho para o progresso contábil no Brasil ser muito longo,
temos muitas possibilidades de ascensão. Segundo Iudícibus (1997, p. 40):
Os sites também têm contribuído significativamente com a exposição dos relatórios contábeis
para os usuários externos e ajudado de maneira muito importante às pesquisas sobre os
assuntos contábeis diversos.
Mas o advento da tecnologia não substitui, de forma alguma, a figura do Contador, sendo esse
essencial para a empresa, primeiro porque é obrigatório, segundo porque nenhuma máquina
toma decisões, analisa fatores internos e externos, busca soluções nem mesmo pensa de
forma humana e flexível, portanto nada substitui o ser humano. É uma idéia errônea pensar
que máquinas substituem o homem, elas são feitas para o auxilio na profissão, para a agilidade
das informações, e nesse sentido cumprem muito bem com o seu papel.
7. Considerações Finais
Foi apontado também que a Contabilidade é uma ciência nobre e antiga e deve ser tratada
como tal, onde o contador tem o papel fundamental, mas ainda não totalmente reconhecido.
A Contabilidade evoluiu e ainda tem muito que evoluir, partiu-se de muitos povos e regiões,
mas esta ciência é uma só, baseada em princípios, postulados e normas. Usada por muitos,
porque no mundo em que vivemos a contabilidade se tornou um dos pilares que sustenta o
sistema capitalista.
8. Referências
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1997.
MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2003.
SCHMIDT, Paulo; et al. Fundamentos da Teoria da Contabilidade. 1 ed. São Paulo: Atlas, 2005
HENDRIKSEN, Eldon S; BREDA, Michel Van. Teoria da Contabilidade. 1 ed. São Paulo: Atlas,
1999
SÁ, Antônio Lopes. Teoria da Contabilidade. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2006
MARTINS, Eliseu; LOPES, Alexsandro Broidel. Teoria da Contabilidade: nova abordagem. 1 ed.
São Paulo: Atlas, 2005
SÁ, Antônio Lopes. História Geral das Doutrinas da Contabilidade. 1 ed. São Paulo: Atlas, 1997
Autor: Bárbara Bruna Mathias de Lima / Regiane Nascimento Santos / Jovana Rufino Barbosa