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3.

Poder Constituinte Originário:

Também é denominado de poder genuíno ou poder de 1º grau ou poder inaugural. É aquele capaz de
estabelecer uma nova ordem constitucional, isto é, de dar conformação nova ao Estado, rompendo com a
ordem constitucional anterior.

 Poder Constituinte Originário Histórico: É aquele capaz de editar a primeira Constituição do


Estado, isto é, de estruturar pela primeira vez o Estado.

 Poder Constituinte Originário Revolucionário: São todos aqueles posteriores ao histórico, que
rompem com a ordem constitucional anterior e instauram uma nova.

4. Poder Constituinte Derivado:

Também é denominado de poder instituído, constituído, secundário ou poder de 2º grau.

4.1.  Poder Constituinte Derivado Reformador:

É aquele criado pelo poder constituinte originário para reformular (modificar) as normas
constitucionais. A reformulação se dá através das emendas constitucionais.

O constituinte, ao elaborar uma nova ordem jurídica, desde logo constitui um poder
constituinte derivado reformador, pois sabe que a Constituição não se perpetuará no
tempo. Entretanto, trouxe limites ao poder de reforma constitucional.

4.2.  Poder Constituinte Derivado Decorrente:

Também foi criado pelo poder constituinte originário. É o poder de que foram
investidos os estados-membros para elaborar a sua própria constituição (capacidade de
auto-organização).

Os Estados são autônomos uma vez que possuem capacidade de auto-organização,


autogoverno, auto-administração e autolegislação, mas não são soberanos, pois devem
observar a Constituição Federal. “Os Estados organizam-se e regem-se pelas
Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição” (art. 25
da CF). Desta forma, o poder constituinte decorrente também encontra limitações.

 
O exercício do poder constituinte decorrente foi conferido às Assembléias legislativas.
“Cada Assembléia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do
Estado, no prazo de um ano, contando da promulgação da Constituição Federal,
obedecidos os princípios desta” (art. 11 dos ADCT).

É importante lembrar que também há o poder reformador para as Constituições


Estaduais. Estas são alteradas pela Assembléia legislativa, através de emendas.

 Discussão sobre a existência de poder constituinte decorrente nos Municípios e


Distrito Federal:

 Municípios: A CF/88 concedeu a capacidade de auto-organização


aos Municípios, ou seja, possibilitou que cada Município tivesse
a sua própria Lei Orgânica e que esta seria submissa à
Constituição Estadual e à Constituição Federal. Antes de 88, os
Municípios de determinado Estado eram regidos por uma única
Lei orgânica estadual.
Os Municípios são autônomos, uma vez que possuem capacidade de auto-organização,
autogoverno, auto-administração e autolegislação. “Promulgada a Constituição do
Estado, caberá à Câmara Municipal, no prazo de seis meses, votar a lei orgânica
respectiva, em dois turnos de discussão e votação, respeitando o disposto na
Constituição Federal e na Constituição Estadual” (art. 11, parágrafo único dos ADCT).

Os Municípios não tem poder constituinte decorrente, uma vez que são regidos por Lei
Orgânica e não por uma Constituição. Do ponto de vista formal, Lei Orgânica não se
confunde com Constituição. Há autores que afirmam que como as Leis Orgânicas são
Constituições Municipais, os Municípios foram investidos do poder derivado sob a
modalidade decorrente.

 Distrito Federal: Também é autônomo, uma vez que possui


capacidade de auto-organização, autogoverno, auto-administração
e autolegislação. O Distrito Federal, vedada sua divisão em
Municípios, reger-se-á por Lei Orgânica, votada em 2 turnos,
com interstício mínimo de 10 dias e aprovada por 2/3 dos
membros da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os
princípios estabelecidos na Constituição Federal (art. 32 da CF).
O Distrito Federal também não tem Constituição, mas sim Lei Orgânica, valendo o
disposto para os Municípios.

4.3.  Poder Constituinte Derivado Revisor:


Também chamado de poder anômalo de revisão ou revisão constitucional anômala ou
competência de revisão. Foi estabelecida com o intuito de adequar a Constituição à
realidade que a sociedade apontasse como necessária.

O artigo 3º dos ADCT estabeleceu que a revisão constitucional seria realizada após 5
anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos
membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral. O procedimento anômalo é
mais flexível que o ordinário, pois neste segundo exige-se sessão bicameral e 3/5 dos
votos.

Várias teorias surgiram em relação aos limites do poder constituinte revisor:

 Algumas apontaram uma ilimitação.

 Outras trouxeram condicionamentos formais: Condicionaram a instalação da


Assembléia Revisional ao resultado modificador da forma ou sistema de governo,
no plebiscito de 1993, conforme o previsto no artigo 2º dos ADCT. (O artigo previa
o plebiscito para o dia 07/09/93, mas ocorreu em 21/04/93).
Se o resultado fosse mantenedor, não haveria necessidade da revisão anômala. O resultado foi mantenedor,
porém o Congresso Nacional instalou a Assembléia Revisional e instituíram 6 emendas constitucionais
revisionais. O STF acolheu a posição de que o Congresso Nacional poderia instalar a assembléia revisional. Fez
uma interpretação literal do art 3º do ADCT, como se não tivesse relação alguma com o art 2º do ADCT.

 Prevaleceu a que trouxe os mesmos limites materiais impostos ao poder


derivado reformador, isto é, as clausulas pétreas.

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