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Efeitos da rescisão antecipada do contrato de experiência

[...]

III. Formas de cessação do contrato de experiência

Deve se destacar, a princípio, que diferentes serão as verbas trabalhistas a receber


pelo empregado, conforme o seu contrato de experiência tenha findado no seu
termo, ou tenha sido rescindido antes do prazo. Mostraremos aqui, a princípio, as
verbas a que o obreiro teria direito quando findo o contrato de experiência e, a
posteriori, será esplanada a diferença entre o que um empregado em regime de
experiência tem a receber quando demitido antecipadamente, de forma motivada
ou não, e o empregado cujo referido contrato terminou.

O fim normal de todo e qualquer contrato baseado em prazo é o advento do seu


termo final. Com a extinção do contrato de experiência (na verdade de
qualquer contrato por prazo determinado), o empregado tem direito a receber
algumas verbas trabalhistas. Entendemos, inclusive, ser direito do empregado
recebê-las mesmo quando do contrato de experiência advém contrato por prazo
indeterminado. A respeito dos direitos a receber, as palavras sempre claras de
Sérgio Pinto Martins:

“No término normal do contrato de trabalho por prazo determinado, o empregado


tem direito ao levantamento do FGTS, 13º salário proporcional, férias
proporcionais. Não há direito a aviso prévio, pois as partes sabem de antemão
quando é o término do pacto, nem há pagamento da indenização de 40% do FGTS,
pois a iniciativa do rompimento não foi do empregador”.

A outra possibilidade de extinção dos contratos por prazo determinado, de que é


espécie o contrato de experiência, é a sua rescisão antecipada. Tal rescisão pode
ser motivada ou não. O art. 481, da CLT, como vimos, manda aplicar os princípios
que regem a rescisão dos contratos por prazo indeterminado, quando estivermos
diante de rescisão antecipada de contrato de experiência, ou qualquer outro
contrato por prazo determinado. Assim, temos que, em sendo o caso de rescisão
imotivada, hão de ser observados os princípios e serem pagas as verbas
trabalhistas como se estivéssemos diante de dispensa do empregado sem justa
causa. Havendo motivo para a rescisão antecipada, aplicam-se as regras
pertinentes à dispensa com justa causa.

A questão da motivação para a rescisão antecipada, pelo que se vê é de suma


importância, na medida em que influi diretamente nos direitos trabalhistas que o
empregado deve, ou não, receber. E a dúvida que aqui se apresenta é justamente a
de se saber quais seriam os motivos justificáveis para a rescisão antecipada. Com
efeito, as hipóteses elencadas no art. 482, da CLT, hipóteses nas quais o
trabalhador é despedido por justa causa, são os motivos em que se podem
considerar como aptos a motivarem a rescisão antecipada do contrato de
experiência.

Interessante questão a ser enfrentada nesse contexto é a de se saber se, em caso


de ser verificada a inaptidão do funcionário, antes do término do contrato de
experiência, tal fato se constituiria em motivo justo ou relevante para a rescisão
antecipada. É imprescindível perceber que esta é a finalidade do contrato de
experiência: atestar a capacidade ou a aptidão do trabalhador na função que irá
exercer. Entretanto, não se pode deixar de notar que o trabalhador tem o direito de
exercer a função para a qual foi contratado, sendo certo notar que, como já se viu,

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acaso o empregador demita um trabalhador, rescindindo o seu contrato de
experiência, deverá arcar, por exemplo, com a indenização do art. 479, CLT, a
título de sanção por não ter respeitado o citado direito do obreiro. Já que, a
princípio, não há direito a aviso prévio para o trabalhador em contrato por prazo
determinado, faz-se mister que o mesmo cumpra o seu contrato até o fim, em
homenagem ao princípio da continuidade do emprego.

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Fonte
FILHO, Giovani Magalhães Martins. Efeitos da rescisão antecipada do contrato de
experiência. Disponível em: <http://www.fiscosoft.com.br/main_index.php?
home=home_artigos&m=_&nx_=&viewid=130277>. Acesso em: 06 mar. 2007.

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