Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução
A pesquisa
A experimentação e a aprendizagem
Essa relação pode ser pensada como uma situação proveniente de uma atividade
experimental, em que os alunos, diante de evidências observacionais, manipulativas e
procedimentais, chegariam a aprendizagens.
Entendemos que o professor, ao priorizar o desenvolvimento de habilidades no ensino
experimental, nas escolas de Ensino Médio, estará ressaltando a concepção de que o uso de
observações criteriosas e a manipulação de reagentes e instrumentos são condições necessárias para
a resolução de problemas de forma correta e única.
IV ENCONTRO IBERO-AMERICANO DE COLETIVOS ESCOLARES E REDES DE PROFESSORES QUE FAZEM INVESTIGAÇÃO NA SUA ESCOLA
A experimentação e a teoria
Uma das questões mais contundentes é que a maioria das atividades experimentais, nas
escolas de Ensino Médio, se fundamenta em princípios de verificação de teorias ou sua possível
descoberta a partir dos experimentos.
Barberá e Valdés (1996) alertam que um dos grandes equívocos da educação científica é
aquele que concebe a experimentação como atividade que comprova e recapitula a teoria, separando
em etapas sucessivas e estanques a atividade teórica da atividade experimental e atribui, ao mesmo
tempo, à atividade experimental a condição definitiva para comprovação da teoria.
Os posicionamentos que seguem deixam transparecer a dicotomia entre a prática e a teoria,
conforme mostrou o relato a seguir:
Eu penso que são muito importantes para nós porque o que aprendemos na teoria, em aula,
aprendemos na prática.
Entendemos que é impossível fazer experimentação sem estar alicerçado em teorias que
dêem suporte, pois essas teorias estão condicionadas às experiências passadas, às vivências, ao
conhecimento e às circunstâncias que cada aluno apresenta. Sendo assim, o aluno carrega consigo
condicionantes e interesses pessoais que irão influir de forma significativa, pessoal e isenta de
neutralidade nas observações e nas interações fenomenológicas advindas da experimentação. Por
isso, consideramos que os objetivos propostos para aprendizagem experimental podem falhar, se o
professor não considerar o conhecimento teórico e os saberes prévios que seus alunos apresentam
no momento da realização das atividades experimentais.
A separação entre a teoria e prática é evidenciada também em outro depoimento, que
reforça a crença no poder das atividades experimentais para perceber a teoria, a partir de situações
visuais.
É uma chance para vermos o que acontece, usando a teoria em algo prático ou que demonstre aquilo
que estamos aprendendo, ficando muito mais fácil a sua compreensão.
IV ENCONTRO IBERO-AMERICANO DE COLETIVOS ESCOLARES E REDES DE PROFESSORES QUE FAZEM INVESTIGAÇÃO NA SUA ESCOLA
A experimentação e a motivação
Existe uma crença muito forte no trabalho experimental como modo de melhorar a
aprendizagem em sala de aula. Isso seria resultado das situações propostas, quando atividades
experimentais são realizadas no laboratório, ou seja, o aluno, ao sair da sala de aula, interage com
colegas e professores, desenvolve atividades em outros ambientes, vivencia situações concretas e,
ainda, é estimulado e motivado a vivenciar situações imaginárias.
Assim se manifestam os alunos a respeito das aulas experimentais realizadas fora da sala de
aula:
Este tipo de aula, além de ser interessante, também nos tira um pouco da rotina da sala de aula.
Adoro as aulas, pois com elas saímos do cotidiano da sala de aula.
O relato do aluno evidencia a questão ”do sair da rotina, do cotidiano” como uma situação
diferente daquela estabelecida em sala de aula, ou seja, para o aluno é mais prazeroso, motivador e
também provocador de curiosidade a prática de novas experiências em outros ambientes que não
lhes sejam rotineiros.
Argumentamos que novas experiências também podem ser realizadas na sala de aula,
utilizando-se para isso a leitura de uma notícia de jornal ou revista e até a demonstração de um
fenômeno. Consideramos que ambas situações não passam de processos informativos se não vierem
acompanhados de momentos que valorizem a problematização, a inter-relação entre os conceitos em
estudo e os pontos de vista dos alunos.
A preocupação com a aprendizagem pode ser observada, no depoimento abaixo, quando o
aluno faz referência a uma aula não formal que pode possibilitar aprendizagens:
Acho esta aula interessante para nós podermos aprender de uma maneira não formal.
A aula não formal, mencionada pelo aluno, quando realizada em ambientes especializados,
isto é, o laboratório de Química, permite uma interação maior entre os alunos e alunos e
professores. Geralmente as turmas são menores e, de certa forma, existe uma pluralidade muito
grande de níveis de aprendizagem, ritmos e interesses que facilitam a socialização dos argumentos e
das discussões oriundas dos temas que estão sendo estudados.
Outro depoimento associa a aula experimental com a condição de ficar mais próximo do
fenômeno, do manusear e do experimentar, e em desfrutar situações diferentes da vivência diária.
Na minha opinião, as aulas de laboratório são muito úteis. Com elas aprendemos muito,
podemos entrar em contato com produtos químicos e materiais que ainda não conhecemos.
Acabamos conhecendo, mexendo com ele e nos informamos sobre o que realmente tal produto traz
de novo.
O aluno considera a aula experimental como um agente motivador para que novas
aprendizagens aconteçam e assim estabelece um vínculo com situações do seu dia-a-dia, trazendo-
lhe esclarecimentos que lhe poderão ser úteis como fontes de informação.
A origem dessa motivação para aprendizagem é apresentada de forma externa ao aluno,
valorizando muito mais a questão utilitarista e lúdica da aprendizagem, em detrimento da
possibilidade de uma experimentação que envolva integração com discussões, análise e
interpretação de resultados.
De outra forma, podemos identificar no depoimento que o aluno referencia as questões do
“entrar em contato”, “acabar conhecendo” como situações motivadoras para realizar a atividade
experimental. São atividades que provocam mudanças de atitudes nos alunos e, de certa forma,
induzem-nos na busca de novos significados para os problemas, envolvendo-os no trabalho
experimental.
IV ENCONTRO IBERO-AMERICANO DE COLETIVOS ESCOLARES E REDES DE PROFESSORES QUE FAZEM INVESTIGAÇÃO NA SUA ESCOLA
Conclusões
REFERÊNCIAS