Narrar significa contar alguma coisa. A matéria básica da narração é o fato, o
acontecimento. Portanto, na idéia de narrar está implícita a idéia da ação, do acontecer. Assim, temos de considerar:
- o que narramos (o fato);
- com quem ocorreu ou ocorre (o protagonista); - como ocorreu; - quando ocorreu; - por que ocorreu; - o que ocorre a partir disso (a conseqüência desse fato).
Dessa forma, na narração, as capacidades de ordenação e de observação são
importantes, bem como a capacidade de interpretação, e sobretudo a imaginação. Literariamente falando, o escritor se revela pela sua capacidade de narrador, isto é, a capacidade de “inventar situações”, imaginar circunstâncias, encadear fatos. A narração é a essência do conto, do romance, da novela. São elementos de toda a narração:
1. A ordem do relato, que pode seguir o tempo cronológico ou o tempo psicológico.
2. O ponto de vista do narrador.
Deve-se levar em consideração se quem conta a história é seu personagem
(protagonista) ou se é alguém que a observou de fora, ou ainda se é alguém que a rememora. Se o narrador participou da história, ele usará a primeira pessoa. Se quem conta apenas narra o que viu ou soube, usará então a terceira pessoa. O narrador que conta a história como quem sabe toda a verdade (o fato todo) é chamado narrador onisciente. O enredo ou intriga é o encadeamento, a sucessão dos fatos, o conflito que se desenvolve. Quando o enredo apresenta situações conflituosas e antagônicas, chegamos à dramaticidade. As novelas e os romances, sobretudo as novelas de televisão, buscam justamente essa dramaticidade. A excessiva dramaticidade, no entanto, pode atingir um exagero de mau gosto, aquilo que chamamos de “dramalhão” e que pela carga demasiada de situações conflituosas pode atentar contra a verdadeira realidade. As situações dramáticas – de acordo com o envolvimento de seus protagonistas e com os riscos e conflitos que oferecem – podem ser as mais variadas: a vingança, a fuga, a perda de alguma pessoa, a imprudência com conseqüências, a transgressão de regras, o sacrifício da pessoa amada, a desonra, o assassínio, a revolta, etc. O tema é a matéria do enredo. Por exemplo, o tema da morte tem um tratamento e assume um caráter diferente em Machado de Assis (Memórias Póstumas de Brás Cubas) e em Murilo Rubião (O Pirotécnico Zacarias). O que importa aí é o ponto de vista do autor e o enredo.