Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Talvez seja esse o mais importante segredo da boa gesticulação: não chamar a
atenção.
A vida toda ouvimos pessoas, especialistas ou não, comentando sobre a atuação dos
juízes de futebol, e é quase unanimidade julgar que o bom árbitro é aquele que não aparece
no jogo: acompanha todas as jogadas de perto, apita as faltas e até expulsa os jogadores
desleais, mas ninguém nota sua presença.
Com os gestos ocorre um fenômeno muito semelhante. Eles devem participar
ativamente da comunicação, destacando e complementando as informações importantes,
esclarecendo mensagens ocultas que não são transmitidas com palavras, mas sem que
sejam percebidos de maneira ostensiva.
Neste texto vou explicar como usar a expressão corporal de forma correta e, a partir
desses conceitos, você terá condições de aprimorar sua comunicação e entender por que os
gestos das outras pessoas, inclusive dos apresentadores de televisão, são executados de
maneira apropriada ou não.
A naturalidade
Atitudes desaconselháveis
Note que estou dizendo tratar-se de atitudes desaconselháveis, e não afirmando que
sejam erradas. Não existe nada tão errado em comunicação que não possa ser feito em
algumas circunstâncias.
É comum ouvir pessoas censurando o comportamento de alguns oradores como se
houvessem cometido o pior de todos os erros: "Polito, assisti a uma palestra com um
consultor que não sabia se apresentar. Virava e mexia e ele punha a mão no bolso".
Em alguns casos ocorreu de eu conhecer o palestrante que estava sendo criticado e
saber que ele era muito bom comunicador. Como, entretanto, alguns aprendem regrinhas de
conduta e se moldam totalmente a elas, caem no exagero de achar que qualquer
comportamento fora do padrão determinado constitui erro.
Por isso, nada de levar regrinhas ao pé da letra. Saiba que, embora algumas atitudes
sejam desaconselháveis, em certas situações, dependendo do ambiente e das
características de quem as utiliza, poderão até ser recomendáveis.
Alguns alunos do nosso curso de Expressão Verbal, por se sentirem bem com
determinados comportamentos, mas preocupados porque os julgam incorretos, questionam:
"Professor Polito, afinal, posso ou não agir assim?" Às vezes respondo que ainda não sei,
pois vai depender muito do seu estilo de comunicação. Isto é, não dá para colocar as
pessoas em fôrmas de certo e errado.
Considerando essa relatividade das regras, de maneira geral, não fale com as mãos
nos bolsos, atrás das costas, com os braços cruzados, apoiados por muito tempo sobre a
mesa, a tribuna ou a haste do microfone. Evite gesticular com as mãos abaixo da cintura ou
acima da cabeça.
Tome cuidado com a postura. Às vezes podemos nos sentir intimidados pelo tipo de
público que iremos enfrentar e acabamos por nos apresentar com a cabeça baixa, corpo
curvado, demonstrando excesso de humildade e com atitude perdedora, de alguém
fracassado. Por outro lado, corremos o risco de subestimar os ouvintes e, por isso, nos
apresentarmos com a cabeça levantada, olhando por cima da platéia, numa atitude que pode
aparentar arrogância e prepotência.
Outro comportamento que pode comprometer a qualidade da apresentação é o fato de
o orador se movimentar diante do público, de um lado para outro, sem objetivo, de maneira
desordenada.
Ao se posicionar, procure não ficar apoiado apenas sobre uma das pernas, muito
menos trocar com freqüência a posição de apoio, ficando ora sobre uma, ora sobre outra.
Não abra ou feche demasiadamente as pernas, pois a primeira posição tirará sua elegância e
esta última prejudicará seu equilíbrio e o deixará com a postura muito rígida.
Fique atento para os movimentos involuntários que podem desviar a atenção dos
ouvintes, como, por exemplo, coçar a cabeça, segurar a gola da blusa ou do paletó, mexer
na aliança, na pulseira, brincar com objetos como o fio do microfone, o laser point, a caneta,
o lápis e outras atitudes que possam tirar a concentração das pessoas.
E, para finalizar a relação das atitudes desaconselháveis, deixei por último o conselho
que considero mais importante: os dois erros mais comuns na gesticulação são a falta e o
excesso de gestos.
Como os gestos são importantes para ajudar na comunicação da mensagem, a sua
ausência pode prejudicar a qualidade da comunicação. Por outro lado, o excesso de gestos
pode desviar a atenção, dificultando a compreensão das informações. Todavia, é preferível
você não fazer nenhum gesto a se apresentar com gesticulação exagerada. Se você não
fizer gestos, mas apresentar uma boa mensagem, os ouvintes ainda conseguirão
acompanhar seu raciocínio. Se, entretanto, você exagerar com os movimentos, dificilmente
as pessoas poderão se concentrar nas suas palavras.
Um conselho final