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Empresa estatal

Empresa estatal é um termo genérico, não técnico, usado para designar empresas em que o
governo detém parte ou todo o capital social.

Segundo o artigo 1 da Lei nº 2/81 “são empresas estatais as unidades socioeconómicas,


propriedades do Estado que as cria, dirige e afecta os recursos matérias, financeiros e
humanos adequados à aplicação do seu processo de reprodução no cumprimento do plano, no
sentido de consolidar e aumentar um sector estatal que domine e determine a economia
nacional”. Empresas estatais se regem pela Lei 2/81, pelos respectivos regulamentos internos
e por demais legislação que lhes for especialmente aplicável.

Quanto à sua personalidade e capacidade jurídica, as empresas estatais, gozam de personalize


e capacidade jurídica. A gestão económico-financeira das empresas estatais realizam-se de
acordo com o próprio plano da empresa estatal, isto é, impõe-se as empresas estatais que
trabalhem vinculadas a um plano em que se definem correctamente as metas de produção, os
meios e capacidade que dispõem.

Em relação as empresas públicas gozam de personalidade jurídica e sua capacidade


compreende todos direitos e obrigações necessárias à prossecução do seu objecto, como tal
fixado nos respectivos estatutos.

Formas de criação e extinção da empresa estatais


As empresas estatais de âmbito nacional são criadas por decreto do conselho de Ministros,
enquanto as de âmbito local são criadas por diploma ministerial (art. 6 nº 2 e 3) tendo em
consideração o contexto político-económico em que foi aprovada a lei 2/81, ao Estado era
atribuída, como tarefa prioritária, a organização do sector produtivo de modo a assegurar a
direcção centralizada da economia, promover a sua gestão planificada, desenvolver e
consolidar o sector estatal de produção o qual devia ser dominante e determinante nos
domínios económicos fundamentais, facilmente se compreende que no mesmo diploma legal
não se faça qualquer tipo de referencia ao modo de extinção das empresas estatais, tidas então
como um do elementos fundamentais na edificação da sociedade socialista..
Órgãos das empresas estatais e a participação dos trabalhadores
O artigo 14 da lei 2/81 estabelece que as organizam-se e funcionam a todos os níveis
de acordo com o princípio de unidade política e económica das decisões do centralismo
democrático, da direcção e responsabilidade individuais conjugadas com a participação dos
trabalhadores. Dai que a direcção de cada empresa estatal seja exercida pelo respectivo
director geral. Sempre que a dimensão da empresa, ou a importância de certas funções
justifique, o director geral pode ser assistido por mais directores, nomeados, sob proposta do
director geral, por despacho do dirigente do órgão central do aparelho do estado que
superintende o ramo ou o sector de actividade. O director geral para além, de ser apoiado na
tomada de decisões e sua implantação por um colectivo de direcção, poderá convocar
reuniões com trabalhadores a ampla discussão de assuntos relativos à empresa.

A tutela e a intervenção do governo


De acordo com o artigo 7 nº2 da lei 2/81 ”as relações das empresas estatais de âmbito
nacional e suas delegações com os órgãos só aparelho de Estado a nível da província e de
distrito serão de informação, coordenação e em nenhum caso de subordinação de hierarquia”.

Está também em causa um controlo de tutela e não um controlo de relação hierárquica. É que
os poderes hierárquicos são exercidos, no interior da mesma pessoa colectiva, pelos órgãos
superiores sobre os órgãos subalternos, sendo tal ideia incompatível com qualquer ideia de
autonomia, antes manifestando um poder direcção próprio de suprema hierarquia. Os poderes
de tutela, pelo contrário, exercem-se sobre pessoas colectivas autónomas, significando um
poder de fiscalização, de orientação compatível com a autonomia da entidade tutelada. Assim
sendo, o mesmo manifesta-se. Desde logo, pelo facto de competir ao órgão central do
aparelho do Estado que superintende o ramo ou sector de actividade, não só nomear, como
mandar cessar as funções e demitir o director geral da empresa estatal, assim com os próprios
directores (art. 17)

Podemos distinguir as empresas estatais em dois tipos: empresa pública e sociedade de


economia mista.

Empresa pública
É a pessoa jurídica de capital público, instituído por um Ente estatal, com a finalidade
prevista em Lei. A finalidade pode ser de actividade económica ou serviços públicos.

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Tambêm é a pessoa jurídica criada com força de autorização legal, como instrumento de
acção do estado, dotada de personalidade de direito privado mas submetida a certas regras
decorrente da finalidade pública, constituídas sob qualquer das formas admitidas em direito,
cujo capital seja formado por capital formado unicamente por recursos públicos de pessoa de
administração directa ou indireta.

Empresas públicas são aquelas criadas por expressa autorização legal, se constituindo de
capital exclusivamente público, mas que se regem pelas normas comerciais e vêm para que o
Governo exerça atividades de caráter econômico ou execute serviços públicos, que o próprio
Estado considere, ou que interesse à coletividade. Vêm da Administração Pública Indireta e
são de Direito Privado. Por serem empresas públicas regem-se pelos ditames do Estado, que
as controla, porém acompanham a dinâmica comercial vigente. Têm muita semelhança com
as sociedades de economia mista, mas não os são, já que as empresas públicas não admitem
capital privado. Demonstram grande relevância ao Estado, pois este pode exercer
determinadas actividades com uma maior maleabilidade, sem estar preso a tantos aspectos
burocráticos.

Quanto ao capital, difere-se das sociedades de economia mista, porquanto nestas, ainda que a
titularidade também seja do Poder Público, o capital social é dividido também entre
particulares, que adquire suas quotas por meios da compra de acções. Empresa pública é a
empresa criada pelo Estado com capitais próprios ou fornecidos por outras empresas públicas
para a exploração de atividades de natureza econômica ou social.

Características das empresas públicas

• Pessoa jurídica - titular de direitos e obrigações próprios distintos da pessoa que a


instituiu;
• Pessoa jurídica de direito privado - entretanto incide, ao menos parcialmente, normas
de direito público a exemplo do concurso público para investidura no emprego
público e obrigatoriedade de realizar processo de licitação pública.
• Criação autorizada por lei específica
• Desempenho de actividade de natureza económica;
• O seu pessoal é ocupante de emprego público;
• Regime tributário - o mesmo das empresas privadas;
• Forma de organização - sob qualquer das formas admitidas em direito;

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• Composição do capital - a titularidade do capital é constituída unicamente por capital
público.
• Proibição de acumulação de cargos, empregos ou funções;
• Seus bens podem ser penhorados;

Doutrinalmente, a caracterização de empresa pública alcança-se na própria analise dos


termos integrantes da sua designação. Trata-se de uma empresa pública, é um substrato
empresarial sujeito a uma direcção e orientação pública. Empresa pública no direito positivo
moçambicano, pode definir-se como a entidade pública de tipo institucional e de substrato
empresarial. Não se devem entender empresas públicas como pessoas de direito público, se
com isso se quer significar uma sujeição estrita às normas de direito publico com a utilização
generalizada de poderes ou prorrogativas de autoridade.

Poderão ser antes caracterizadas com entidades públicas (de criação e tutela publica)
com capitais totalmente públicos. Por outro lado, não são consideradas, segundo o nosso
ordenamento jurídico, empresas públicas as empresas organizadas (na sua constituição e na
sua realização) segundo a forma de sociedade comerciais, sejam elas de economia mista,
sejam sociedades de capitais públicos. Tais empresas são juridicamente entidades privadas e
regem-se pelo direito comercial. A empresa pública revela-se de tipo institucional por
contraposição e entidades de tipo associativo. É que a empresa publica institui-se por um acto
de autoridade.

A estrutura empresarial existente nas empresas públicas

• No exercício directo de uma actividade económica social

• Na aplicabilidade de regras de economicidade e gestão empresarial

• Na aplicabilidade genérica das normas comuns em matéria fiscal, processual e de


trabalho

• No facto de o direito privado ser genericamente aplicável aos actos próprios da


actividade da empresa

• No reconhecimento de uma ampla autonomia administrativa, patrimonial e financeiras


às empresas públicas.

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Empresa de economia mista ou sociedade de economia mista

É uma empresa cujo capital é maioritariamente detido pelo Governo, mas que tem sócios
privados e, geralmente, têm suas acções negociadas em Bolsas de Valores.

Algumas características:

• Autorizada por lei específica;


• Pessoa Jurídica de Direito Privado;
• Capital público e privado;
• Realização de atividade econômica, técnica, industrial ou serviço de interesse coletivo
outorgado ou delegado pelo Estado.
• São regidas pela CLT – Consolidação das leis Trabalhistas;
• Integram a Administração Indireta como instrumentos de descentralização.

SERVIÇOS PÚBLICOS
- Atividades de Competência privativa do Estados.
- São exercidas pela Administração Direta (Centralizada), que não podem ser
delegadas. Se relacionam com o poder de policia, segurança pública, educação, saúde,
habitação

Serviços De Utilidade Pública


- Atividades Exercidas por delegações do poder público.
- Delegados por concessão, permissão ou autorização.
- Exercidas pela Administração Indireta (Descentralizada).

Concessão
Procedimento pelo qual uma pessoa de direito público, denominada autoridade concedente,
confia mediante delegação contratual a uma pessoa física ou jurídica chamada concessionária
o encargo de explorar um serviço público, devendo esse sujeitar-se a certas obrigações

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impostas pelo poder público. Enquanto a Concessionária almeja o lucro o Estado busca a sua
finalidade que é uma boa prestação de serviços, mediante concorrência.
Exemplos:

• Fornecimento de energia elétrica.

• Abastecimento de água.

• Comunicações telefônicas.

• Rádio difusão.

Permissão
Procedimento pelo qual uma pessoa de direito público, denominada autoridade permitente
faculta mediante delegação a título precário a uma pessoa física ou jurídica, chamada
permissionário, a execução de obras e serviços de utilidade pública. Ou o uso excepcional de
bem público, podendo ser outorgado de forma gratuita ou remunerada, são despidos de
natureza contratual.

Privatização

Privatização ou desestatização é o processo de venda de uma empresa ou instituição do


sector público - que integra o patrimônio do Estado - para o sector privado, geralmente por
meio de leilões públicos. Ou

Privatização é um processo de venda de empresas estatais produtoras de bens e/ou de


serviços. Estes podem ou não enquadrar-se como sendo estratégicos e/ou essenciais (por
exemplo: fornecimento de água tratada e colecta de esgotos, de energia eléctrica, de telefonia
fixa, de gás canalizado, e outros). Há também sob a administração do Estado, instituições tais
quais o sector de previdência social.

Para compreender corretamente as privatizações, é necessário retroceder às doutrinas


económicas de Adam Smith, uma vez que as privatizações são uma re-leitura moderna
daquela doutrina. A doutrina da privatização foi ativamente praticada e promovida pelas
administrações Ford, Carter e Reagan nos Estados Unidos, e pela administração Thatcher no
Reino Unido. O interesse pelas privatizações no mundo emanou originalmente das iniciativas
de desregulamentação proclamadas e esposadas por essas administrações, que

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particularmente favoreciam a minimização do papel e das responsabilidades do Estado ou do
sector público da economia, e assim transferiram essa responsabilidade ao sector privado.

Os que se opõem às privatizações indiscriminadas de serviços públicos essenciais (as de


fornecimento de água e coleta de esgotos, as de geração, transmissão e de distribuição de
energia elétrica, as de telefonia fixa, as de gás canalizado e outras) argumentam que toda
empresa privada tem como principal foco o lucro, e este, muitas vezes, vai de encontro à
necessidade de prover pessoas de baixo poder aquisitivo com estes serviços fundamentais.

O Banco Mundial, no capítulo 6 de seu relatório Economic Growth in the 1990s: Learning
from a Decade of Reform de 2005, declara que muitos observadores questionam agora se a
privatização e a desregulamentação não teriam ido longe demais. A insatisfação actual não
está limitada a países como a Confederação Russa, onde poucos indivíduos privilegiados e
bem relacionados politicamente assenhorearam-se do controle de várias empresas a preços
vis. Segundo o Banco Mundial, numa pesquisa conduzida em 2002 em 17 países da América
Latina, dois terços dos entrevistados consideraram que "a privatização de empresas públicas
não foi benéfica" (43% a mais do que na mesma pesquisa em 1998) ".

A questão dos "Monopólios Naturais

Uma das questões mais difíceis de serem equacionadas quando se adopta um programa de
privatização é a existência das actividades económicas que se constituem em "monopólios
naturais", também chamados de "monopólios de rede" (Network effects).

Os principais "monopólios naturais" são: fornecimento de água tratada e saneamento básico


(esgotos), de energia elétrica, de gás encanado, de telefonia fixa, transporte urbano sob trilhos
Metrô e algumas ferrovias, entre outros.

Estes sectores têm em comum certas características: são fundamentais para a vida econômica
e social de uma sociedade, apresentam significativas "externalidades" (isso é, qualquer
transação feita entre dois indivíduos afeta um terceiro, ou a própria coletividade -
beneficiando-os ou prejudicando-os), exigem grandes investimentos, de longo prazo de
maturação, que são específicos para cada atividade - isso é, não são "recuperáveis".

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Os problemas que surgem nas privatizações de "monopólios naturais", e suas possíveis
soluções, são de análise bastante complexa e têm que ser objeto de um artigo especial:
Monopólios Naturais (Natural Monopoly).

O programa de privatizações de serviços públicos em alguns países fornece-nos amplas


informações acerca das privatizações e de suas consequências. "Os resultados obtidos foram
muito variados, indo desde um grande sucesso na privatização dos setores de gás,
eletricidade e telecomunicações até um verdadeiro caos criado pelas privatizações das
ferrovias, e uma insatisfação pública generalizada em relação à privatização da distribuição
de água."

O sector de distribuição de água é o exemplo mais próximo que existe da definição ideal de
"monopólio natural" dos livros texto de economia. A infraestrutura necessária é especializada
e cara. Sua duplicação por potenciais competidores teria custos proibitivos, o que impede que
se possa contar com a competição normal para manter razoáveis os preços, e a qualidade do
serviço prestado.

Em alguns países a comparação do desempenho das empresas privadas com o sistema


anterior foi distorcida pela ocorrência de duas severas secas. As empresas privadas investiram
na redução de vazamentos do sistema e na expansão da capacidade de distribuição; uma
melhora importante foi a redução de perdas por vazamentos.

melhora importante foi a redução de perdas por vazamentos.

Efectividade e Repercussão

Em alguns países, essas vendas são polêmicas, pois sectores da sociedade, apoiados por
alguns economistas novo-keynesianos, como o "Prémio de Ciências Económicas" Joseph E.
Stiglitz citados pela wikepedia acreditam que essas privatizações podem se transformar numa
simples "apropriação" das riquezas do Estado por alguns grupos privados privilegiados - que
objetivam apenas obter lucro para si, nem sempre com isso aumentando o "bem-estar" da
população ou a riqueza do país. O teorema de Sappington-Stiglitz "demonstra que um
governo 'ideal' poderia atingir um maior nível de eficiência administrando diretamente uma
empresa estatal do que privatizando-a.

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Sectores que dão importância aos valores sociais argumentam que não se pode esquecer que a
eficiência é só uma das facetas dessa questão. E o que importaria, é saber qual seria o "real
benefício" que a população de um país efetivamente obtém de uma determinada atividade
econômica. As privatizações foram consideradas um "marco na superação da 'ineficiência
administrativa' em sectores-chave como o telefônico, a mineração e os transportes". Para seus
defensores, "as privatizações possibilitam um alívio para as contas públicas, ao mesmo tempo
em que resultam na submissão das companhias às regras de mercado, consideradas pelos
neoliberais superiores às da administração pública".

Bibliografia

COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 2003

Ricardo, David. Princípios de economia Política e tributação. Editora Nova Cultural


Ltda. Edição São Paulo – SP (1996)

http://www.webartigos.com/articles/37923/1/Administração/html

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