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A FUNÇÃO SOCIAL DO ELABORADOR DA

LEI MUNICIPAL
Vander Lúcio Gomes Penha

Com a Constituição Federal de 1988, ao Poder Legislativo foi dada a possibilidade de se


impor como o mais importante dos Poderes dentro do jogo democrático. Ulisses
Guimarães no seu discurso proferido quando da promulgação da Constituição em 5 de
outubro de 1988, disse que

“Nós, os legisladores, ampliamos nossos deveres. Teremos de honrá-los”


Para a Constituição Federal de 1988 o que mais importa é o cidadão e a sociedade,
depois vem o Poder e o Governo.
O Poder Legislativo Municipal tem a função social de agir a partir do que pensa a
sociedade, de acordo com o que pensa o cidadão. Não existe problema municipal que
não seja de responsabilidade da Câmara.
Lembrando, que todo poder emana do povo, que o exerce por meio de seus
representantes eleitos, no caso do Município, pelos Vereadores. Portanto, em verdade, o
povo é o super-legislador. Nas decisões que precisam ser tomadas a partir da sociedade
(Poder Legislativo) quem dá a palavra final é a sociedade e quem representa a sociedade
é o Vereador.
Mas para que isso funcione a discussão entre aqueles que exercem o Poder Legislativo
dentro da Câmara, ou seja, os Vereadores deve sempre ser relacionado ao “o quê” o
Governo, o Poder Executivo, o Prefeito pode fazer, e não com relação àquilo que no
entendimento dos Vereadores ele deveria fazer.
A função social do elaborador da Lei é a de criar melhores condições de vida para o
cidadão e para a sociedade.
A função de Legislar é a clássica função do Poder Legislativo, ou seja, se refere a sua
atividade de produzir leis. Mas o elaborador de lei não pode vê-la como uma mera peça
burocrática, é preciso fazê-la geradora de vida, geradora de avanço social, instrumento
para resolução de problemas sociais.
A lei deve buscar legitimar as ações governamentais que forem boas para a realidade
social do município, ações que vão influir na realidade social do Município de maneira
positiva.
“Só sabe fazer democracia, quem sabe fazer leis.”

“Não se pode só contar com a sorte ou com o acaso para que a lei
alcance seu objetivo e qualifique o ambiente que ela quer intervir.
É preciso planejamento, conhecimento do problema que se quer
resolver, a fim de possibilitar clareza ao texto que gera a respectiva
solução, determinação dos objetivos a serem alcançados, com a
dimensão mais precisa possível da realidade que se quer
transformar, levando em conta, inclusive, a disponibilidade de
instrumentos físicos, operacionais, tecnológicos e humanos, além
das variáveis culturais.” André Barbi.
Essa importância social inserida na prática de elaboração de leis é que deve ser vista e
entendida pelos Legisladores e pela população.
A função de legislar do Poder Legislativo não se restringe apenas em apresentar
projetos, se refere a todo processo de criação legislativa, ainda que, em decorrência da
natureza da matéria a iniciativa seja do Prefeito Municipal. Quando o Vereador recebe o
projeto para estudá-lo, está legislando, quando emite parecer nas comissões, está da
mesma forma legislando, quando discute projeto do Executivo em Plenário está
exercendo seu Poder de Legislar, quando vota o Vereador está legislando, cumprindo
sua missão constitucional.
É por isso que o Vereador deve sempre emitir sua posição com relação ao projeto que
esteja em votação por meio do voto, abstenção é inconstitucional, a previsão de
abstenção nos Regimentos Internos das Casas Legislativas é contra a Constituição
Federal. É como se o parlamentar naquele momento de omissão se recusasse a exercer a
função que lhe foi confiada por meio do mandato.
Dentro dos novos parâmetros estabelecidos pela legística, esse procedimento metódico
de elaboração de leis, a Lei tem que melhorar os indicadores da qualidade de vida da
população - essa é a lei boa.
Na Câmara Municipal o Vereador que quiser se firmar como um verdadeiro legislador,
ao pensar em legislar, ao pretender apresentar uma lei, ele deve primeiramente
identificar duas realidades – a realidade vivida e a realidade desejada. Avaliando se o
texto legal apresentado tem condições de efetivar essa mudança.
A lei deve sempre visar a solução de um problema: (problema – realidade vivida e
solução – realidade desejada), mas isso raramente é analisado, portanto, já se começa a
fragilizar a elaboração da lei no seu nascedouro.
Portanto,cabe a Câmara Municipal avaliar sempre se a lei interessa à sociedade e não se
a lei interessa apenas ao Prefeito, ao Governo. Quem deve analisar isso é o Vereador.

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