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POS GRADO: DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA

GRUPO: PORTO ALEGRE II

TRABALHO: A UNIVERSIDADE COMO ORGANIZAÇÃO: UM


ESTUDO SOBRE OS PROGRAMAS PROUNI E REUNI (Ministério da
Educação e Cultura do Brasil).

NOME: DEISE DILVANA FERNANDES


SEMINÁRIO: UNIVERSIDADE COMO ORGANIZAÇÃO
PROFESSORES: SILVINA STURNIOLO

Porto Alegre, Agosto de 2010.


A UNIVERSIDADE COMO ORGANIZAÇÃO: UM ESTUDO SOBRE
OS PROGRAMAS PROUNI E REUNI (Ministério da Educação e Cultura do
Brasil).

O presente trabalho irá abordar a temática Universitária Brasileira, no


momento atual de Neolibealismo, estudando a Reforma Universitária Brasileira que
vem ocorrendo nos últimos oito anos e na qual trás como seus principais programas
de Reforma o PROUNI E O REUNI.

Durante a evolução histórica da humanidade, a universidade acompanha as


mudanças políticas e sociais de cada época, mudando inclusive seu papel na
sociedade.

Com a atual política mundial capitalista, irão surgir os Estados Neoliberais


onde na qual a privatização é crescente, na qual culmina em perda da capacidade de
intervenção do Estado nas políticas estratégicas do país, ficando por parte dos
interesses das instituições privados o desenvolvimento econômico, de infra-
estrutura, de capital humano e social.

A América Latina não deixa de viver esse processo de capitalização, pode-se


observar claramente este processo no filme Granito de Arena, na qual retrata a luta
dos professores contra a privatização das escolas e universidades públicas na década
de 80 no México.

A Organização Mundial do Comércio No ano de 2000 a OMC, através do


GATS (Acordo Geral sobre o comércio de serviços), estabelece a classificação dos
12 serviços, com o objetivo da liberação do comércio e a eliminação de barreiras
comerciais., na qual, segundo o GATS, o Ensino seria um serviço, transformando
assim a educação superior em mercadoria educativa e conseqüentemente a liberação
do comércio através da eliminação de barreiras comerciais entre os países.

Na América Latina o que se observou em sua história recente foi sem dúvida
a diminuição do investimento nas Instituições de ensino públicas, através de várias
estratégias que podem ser observadas, conforme cita: Gentilli, Pablo: “Durante as
duas ultimas décadas, os regimes neoliberais estabelecidos na América Latina, tanto
por governos civís, como por governos militares, promoveram uma profunda
reestruturção de seus sistemas nacionais de educação;” Na qual o mesmo autor cita
como principais estratégias: Ajuste de Oferta, através da redução do investimento,
levando ao sucateamento da infra – estrutura e nos gastos com pessoal,
Reestruturação Jurídica, Profunda Redefinição do papel do estado do ponto de vista
educacional, na qual o Estado – docente, passa a Estado – avaliador, como uma
agencia fiscalizadora, determinando os graus de eficiencia e eficácia das instituições
de ensino.

Para Gentilli, Pablo: “O processo de impacto direto sobre todos os níveis do


sistema, implicou uma substantiva reconfiguração das fronteiras entre o público e o
privado na educação latino – americana, determinando, assim,complexa dinâmica
privatizadora.”

No Brasil. Nos últimos anos vem se tratando e discutindo sobre o tema


reforma universitária e este tem sido objetivo de ações políticas administrativas dos
governos, mas o que se vem observando é um incentivo á expansão do setor privado
e esta expansão está profundamente relacionada a interesses nacionais e
internacionais do capitalismo e Neoliberalismo, se relacionando também com as
interfaces sociedade civil e interesses de mercado, interesses esses que ocupam lugar
de destaque a relação público/privado, logo hoje se pergunta se o Ensino superior é
um bem publico ou um bem econômico.

Já mais recentemente, falando especificamente de Brasil, no governo de


Fernando Henrique Cardoso, ouve uma ostensiva restrição ao crescimento e
investimento das instituições públicas e forte incentivo as instituições privadas,
como pode-se observar nos indicadores da década de 90, onde as instituições
privadas passaram de uma representação de aproximadamente 30%, para 70% das
instituições de ensino superior, e como pressuposto para esta estratégia política,
destacou a importância deste setor para a melhoria da qualidade de ensino, onde na
qual a modernização do país passaria pela qualificação dos recursos humanos, a
transformação do cidadão brasileiro sobre os pilares de competência e
empregabilidade, fortalecendo o capital industrial brasileiro, impondo desta forma
valores mercantis nas instituições de ensino superior.

O atual governo, de Luis Inácio Lula da Silva, busca ampliar o setor publico
e logo ao iniciar este governo elegeu como tema fundamental a reforma
universitária, o que se observou até então foi a criação do SINAES (Sistema
Nacional de Avaliação do Ensino Superior), Lei n 10970 de 02/12/2004 que dispões
sobre os incentivos á inovação a pesquisa científica e tecnológica, Institui o
PROUNI e atualmente os debates e incentivos ao sistema de cotas.

Segundo JUNIOR (2006): “As bases do pacto social da coligação que


conduziu Lula á presidência, e que apresentam sérias conseqüências para a política
de ciência, tecnologia e inovação tecnológica e para a esfera educacional,
especialmente para a educação superior”

Ainda segundo o mesmo autor “nenhuma grande ruptura, antes, a quase


continuidade defendidas e postas em prática pelo governo anterior (FHC), mais uma
vez no mesmo diapasão das teses definidas pelos organismos financeiros
multilaterais.”

Ou seja, manteve-se o incentivo a privatização do ensino superior e intitulou-


se que haveria maior eficiência gerencial dos recursos públicos se entregues ao
gerenciamento de empresas privadas, onde na qual o ensino superior deveria ser
cada dia mais, um espaço da iniciativa privada e não do Estado.

Ao analisar a Proposta atual da Reforma Universitária Brasileira, a partir de


2005 o Governo Federal Implanta o PROUNI (Programa Universidade para todos),
que consiste basicamente em bolsas de estudos para alunos pobres em escolas
superiores e universidades privadas, que em contrapartida ganham isenção de alguns
tributos federais. O PROUNI, conta com um sistema de seleção, o ENEM. Além da
compra de bolsas integrais em Instituições particulares, além do FIES, que financia a
mensalidade de alunos, em instituições particulares, que não se enquadram nos
quesitos de seleção do ENEM.

Neste panorama, desde 2005, observa-se um significativo crescimento de


matriculas de estudantes no Ensino Superior, aumento ainda mais a participação das
instituições privadas no cenário da Educação Superior no Brasil.

QUADRO DE BOLSAS PARCIAIS E TOTAIS DO PROUNI

ANO VAGAS NO PROUNI

2005 112.000

2006 138.666

2007 163.854
2008 225.005

2009 247.643

2010 241.442

TOTAL 877.944

MEC – SITE

http://prouniportal.mec.gov.br/index.php?
option=com_content&view=article&id=137:quadros-informativos&catid=26:dados-
e-estaticas&Itemid=147

Desde quando o PROUNI ainda era Projeto de Lei, sofreu criticas em


detrimento de privilegiar o setor privado da Educação, analisando a atual situação de
bolsista por categoria administrativa das IES, este quadro fica evidente. Como se
pode observar no quadro abaixo ilustrado:

Bolsista Prouni 2005/2010

Bolsista Porcentagem Categoria Administrativa

368.653 49% IES com fins Lucrativos

208.256 28% IES Entidade Beneficente


de Assistência Social

171.840 23% IES sem fins lucrativos,


não beneficente

39 Não Informado

Estima-se por críticos, entre eles Maria Inês Marques, da direção do


Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes–SN),
afirma que com o ProUni, o governo federal tomou a decisão de beneficiar
empresários da educação em detrimento do ensino público, gratuito e de qualidade.
Estudo, feito pelo próprio Andes, revelou que o governo pode deixar de arrecadar
R$ 4 bilhões em quatro anos. Com apenas um quarto disso, seriam criadas 400 mil
vagas nas universidades federais em apenas um ano. O MEC estima que criará esse
mesmo número de vagas em quatro anos de ProUni.
Na época, alguns críticos afirmaram que o programa era a “bóia de salvação”
do setor privado. Maria Inês lembra que as faculdades pagas sofriam com vagas
ociosas e com a inadimplência de alunos. Segundo dados do próprio MEC, 20,2%
das vagas, no ensino superior privado, estavam ociosas em 1998. Em 2004, esse
número subiu para 49,5 % do total.

Além do PROUNI outro programa lançado, em 2007, foi o REUNI (Plano de


Extensão e reestruturação das Universidades Federais) um plano ambicioso, que
previa um investimento de Sete bilhões de reais em instituições publica, a fim de
ampliar as universidades e duplicar as vagas por essas oferecidas garantindo a
autonomia das universidades, mas tendo um rigoroso sistema de avaliação através
do CAPES e SINAES, na qual as universidades teriam metas a cumprir, para assim
garantir o repasse de recursos. Enfim o REUNI representa um poderoso indutor a
eficiência por um lado, trazendo a necessidade de Universidade como empresa,
baseada em planejamento estratégico, alcance de metas e concorrência para a
captação de recursos financeiros federais.

O que observa-se hoje é que o paradigma científico-acadêmico clássico, de


ensino e pesquisa foi substituído pela prevalência hoje de ciência dirigida pela
economia, em especial pelas empresas, surgindo desta forma a neoprofissialização,
onde na qual o capital humano deve, para suprir a necessidade de mercado, ser na
base do imediatismo, pragmática e eficientista, por uma competição desenfreada
pelas vagas do mercado.

Para BONVECCHIO (pg. 189): “Reduzidas a fabricas de estudantes, de


graduados, de administradores ou segundo o caso de desocupados, as universidades
se desenvolveram uma ação que freqüentemente se reduz a assistência social de
massas. Em tais estudos a formação, a ânsia por conhecer a realidade se se encontra
e desencontra-se com essa mesma realidade, são reduzidos a “pílulas” e privadas de
todo o poder liberador”

Já em relação à vinculação do ensino/pesquisa com empresas,


LLOMOVATTE,( pg. 452) aponta:

“Esta nova agenda da vinculação inclui entre seus temas a maior integração
da universidade nos processos de produção – como respostas as demandas mais
pontuais das indústrias, dos serviços e das necessidades de autofinanciamento de os
equipamentos de investigação das universidades”

Em suma, esse processo se caracteriza devido à emergência de um mercado


educativo composto pelas relações de oferta e demanda educativa, conseqüentes da
generalização das regras do mercado na sociedade.
CONCLUSÃO

Observando a evolução do Ensino Superior no Brasil, podemos analisar que


o Ensino Superior Brasileiro, segue as regras Neoliberais, ele está a cada dia mais
amarrado a interesses de empresas particulares, e a exigência de mercado, tornando
as universidades em verdadeiras fábricas de diplomas, impulsionadas pelo
“incentivo” do Governo Federal no seu programa PROUNI e REUNI cada vez mais
distantes de seu papel de interlocutor social, uma vez que precisam buscar capital,
para terem notas de eficiência e excelência fornecidas pelo MEC, com essas “boas”
notas atrair mais “clientes”, sejam alunos, seja o capital que através de serviços
prestados ao mercado, ás empresas privadas (pesquisas, por exemplo). Este
paradigma foi muito bem observado por GOMEZ, em: “se há perdido o consenso
social que se existia há quinze, vinte anos atrás sobre o rol social da educação
superior.” Ainda acrescenta:

“temos por um lado a demanda histórica que corresponde


a Educação Superior como instituição reprodutora da cultura e
conhecimento da sociedade e por outro a demanda do mundo
empresarial em relação ao que se é chamado a revolução
educativa, é dizer de fato que a educação deixou de ser uma
atividade até certo ponto inútil a produção, para passar a ser
fator produtivo por excelência.”

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