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5 O PODER DA CRENÇA: ABORDAGEM COGNITIVA

Cada pessoa tem seu próprio conceito de mundo, o qual vem a determinar seu
comportamento. Segundo Oliver Socks, nós mesmos construímos o nosso próprio mundo,
utilizando a experiência, a memória, a classificação e o reconhecimento, de modo incessante.
A partir deste entendimento, podemos conceber um Homem suscetível à adaptação,
flexível, que rompe os grilhões dos traumas e conteúdos da fase pueril, e cujo mundo é
delimitado por suas crenças. Mas que permanece em desenvolvimento psicológico.
A causa dos problemas humanos está nas crenças irracionais, os quais guiam as
pessoas a um estado de não-adaptação ao seu meio ambiente. O indivíduo que é dominado por
elas é conduzido a adotar comportamentos inadequados, que podem prejudicar a ele mesmo.
A natureza das crenças influencia na formação de visões de mundo distorcidas, que
são um perigo para a saúde física e mental, tanto da própria pessoa quanto das que estão
próximas a ela.
As crenças podem constituir uma base de comparação, a qual as pessoas usam para
interpretar os acontecimentos. Por exemplo, as crenças tidas como verdades absolutas, são
incorporadas à cultura da sociedade, como a do branco bem vestido e do negro mal trajado,
que é vista como uma oposição bem X mal. E esse preconceito está tão arraigado à nossa
cultura.
Grande parte das crenças vêm a tornar-se parte do caráter do indivíduo, principalmente
as que se ligam a princípios morais. As crenças adquiridas na infância passam por uma
reformulação, para se reajustarem às novas visões de mundo. Há uma associação direta entre
as crenças e valores que a pessoa considera como seus e que orientam seus comportamentos.
Os valores das crenças professadas pelo indivíduo são idéias ou conjunto de idéias
com forte conotação emocional, e que orientam suas ações e decisões. São incorporadas desde
a infância e influem nas decisões. Podem ser independentes dos valores aceitos pela
sociedade, ou seja, o indivíduo pode ir ao sentido oposto ao bem comum.
Foi dito que na adolescência ocorre reformulação de crenças e valores. Essa
reformulação também pode ocorrer por toda vida, seja decorrente de traumas ou
transformações importantes no ciclo vital.
Quando um indivíduo apresenta duas crenças inconsistentes, ou inconsistências entre
crenças e comportamentos, ela vai experimentar um estado de tensão desagradável e querer
reduzi-lo, é a dissonância cognitiva.
As pessoas constroem suas crenças, opiniões e necessidades, por meio da comparação
com as alheias. A tensão pode originar-se de quando se nota a diferença entre o
comportamento e o que a sociedade idealiza oi reconhece como legítimo. A dissonância
cognitiva é a incoerência entre o que a pessoa professa e o que faz, e o indivíduo lutará para
tirar essa diferença.
Durante o desenvolvimento do indivíduo, suas interpretações do mundo se estruturam
progressivamente, construindo esquemas de pensamento. Quando a pessoa se depara com um
estímulo, interno ou externo, o psiquismo libera os esquemas de pensamento, para agilizar e
tornar eficiente o tratamento das questões e economizar energia psíquica.
Esses esquemas de pensamento servem para que toda vez que a pessoa se depare com
uma situação regular, ela já tenha uma espécie de padrão, diferente de quanto é atingida por
uma situação nova. O lado negativo é que pode levar as pessoas a procederem de forma
estereotipada, tornando-se assim, esquemas rígidos de pensamento.
Com o passar dos anos, esses esquemas rígidos de pensamento se acentuam e se auto-
reforçam. Podem gerar duas conseqüências notáveis, as quais geram inúmeros conflitos. São
eles os preconceitos e os pensamentos automáticos.
O preconceito faz com que o indivíduo note sinais que lhe provocam raiva, repulsa em
relação ao objeto. Um mecanismo psicológico de defesa que está geralmente presente é a
negação da realidade.
As pessoas constroem imagens mentais de indivíduos e lhes associam
comportamentos, bons ou maus. São por exemplo, comportamentos esperáveis associados ao
tipo físico, à ocupação profissional, etc.
Já os pensamentos automáticos são reações imediatas a um estímulo e que põe o
organismo em movimento, provocando emoções correspondentes. Os pensamentos
automáticos evocam preconceitos e vice-versa. Um mínimo gesto pode dar a entender que
uma pessoa é de um grupo social, por exemplo.
Há os pensamentos automáticos que são necessários À vida, indispensáveis, pois
permitem a agilidade de raciocínio, dão segurança. Porém, outros são nocivos, prejudicando o
bem-estar e a felicidade e gerando emoções negativas, ou a até provocando reações incorretas
ou que não são desejáveis pela sociedade.

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