TÍTULO PROVISÓRIO:

O desafio da inclusão: recrutamento e seleção de pessoas com deficiência

PROBLEMA DE PESQUISA:

Apesar de a primeira lei brasileira que contempla a inclusão de pessoas com

deficiência ter sido promulgada em 1989 (Lei 7.853/89), a discussão sobre o tema e a
concretização da inclusão, são questões desafiadoras para todos os setores da nossa
sociedade.

Em empresas com mais de cem funcionários, a contratação de pessoas com

deficiência é obrigatória, conforme a lei 8.213/91. Assim, recrutar e selecionar torna-se
uma peça chave no processo de inclusão.

Mais do que encontrar um “bom” candidato, é preciso dimensionar a questão da

inclusão. A acessibilidade da empresa será fundamental para que os contratados
possam executar suas tarefas profissionais e ocupar os espaços destinados a todos os
colaboradores, como refeitórios e auditórios. Além da questão da estrutura
arquitetônica, ainda há as possíveis e prováveis mudanças nas relações de trabalho e a
conseqüente mudança da cultura da organização.

O profissional que se propõe a realizar o processo de recrutamento e seleção de vagas

para pessoas com deficiência deve estar preparado para se defrontar com um desafio.
A idéia de que há um grande número de pessoas com deficiência disponíveis no
mercado de trabalho pode ser real, no entanto, ao analisar a qualificação e experiência
de parte dessa categoria de profissionais, percebemos que a formação educacional,
muitas vezes, se limita à conclusão do ensino fundamental. Os currículos dos
candidatos demonstram a dificuldade de acesso à educação, ao lazer e ao trabalho,
imposta pela cultura de exclusão de nossa sociedade. Quem está recrutando e
selecionando pessoas com deficiência deve ter esse aspecto bem claro, fazendo o
possível para adaptar os critérios de contratação: ter vagas adequadas à realidade
escolar e profissional de pessoas com deficiência faz parte do processo de inclusão e
acessibilidade da empresa. No entanto, não há porque conformar-se com tal formação
e qualificação. Estimular a capacitação de pessoas com deficiência através de projetos
na própria organização pode ser a solução. Nesse quesito, a empresa pode contar com
o apoio de organizações não governamentais que atuam disponibilizando cursos
profissionalizantes.

O mapeamento de perfil para vagas destinadas às pessoas com deficiência deve

considerar a acessibilidade física, bem como a acessibilidade à comunicação e à
informação. A palavra acessibilidade provém do latim accessibilitate, que significa
facilidade na aproximação, no trato ou na obtenção (Ferreira, 2004.). Portanto, não está
afeto apenas à eliminação de barreiras arquitetônicas, mas também a eliminação de
barreiras provenientes de (pré)conceitos. Além de rampas e elevadores, para que as
pessoas com deficiência possam ter autonomia no ambiente de trabalho, é necessário
contar com softwares de sintetizadores de voz, cartazes e placas em código braille,
intérprete de libras, entre outros.
Todos estes itens serão cruciais para que a empresa possa realizar a contratação de um
profissional com deficiência, e não uma deficiência que se adeque a um cargo.

Contudo, a sensibilização de todos os colaboradores, em especial aqueles que irão

trabalhar diretamente com as pessoas com deficiência é um dos caminhos para uma
inclusão que contemple toda a gama de fatores citados neste artigo. É comum que
surjam dúvidas e dificuldades nos relacionamentos com pessoas com deficiência:
deparar-se com deficiência do outro é deparar-se com nossas próprias deficiências ou
com o fato de que nós mesmos corremos o risco de perder um membro do corpo, um
movimento ou um sentido. Assim, é preciso que os gestores, e também os profissionais
de recursos humanos, estejam preparados para a mudança na dinâmica das relações na
empresa, preparados para ouvir e perceber as dificuldades dos colaboradores, bem com
localizar espaços de potencialidades de crescimento e amadurecimento nessas relações.
O recrutamento, seleção e contratação de pessoas com deficiência é a porta de entrada
para uma cultura de inclusão, que transcenda o plano organizacional, e se efetue em
todos os setores de nossa sociedade.