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Faculdade Novo Milênio

Curso de Graduação em Enfermagem

ANENCEFALIA
X
ABORTO
X
DOAÇÃO DE ÓRGÃOS E TECIDOS

Euzilene Martins da Silva


ANENCEFALIA
É uma má-formação rara do tubo neural acontecida
entre o 16° e o 26° dia de gestação, na qual se verifica
"ausência completa ou parcial da calota craniana e
dos tecidos que a ela se sobrepõem e grau variado de
má-formação e destruição dos esboços do cérebro
exposto" (AGOSTINHO, 1996).

Verifica-se portanto ausência dos hemisférios


cerebrais e dos tecidos cranianos que os encerram
com presença do tronco encefálico e de porções
variáveis do diencéfalo.
Em 1967 foi relatado o primeiro caso de transplante
de doador anencéfalo, mas a relação científica não
enfrentou de maneira alguma as numerosas questões
que tal procedimento levantava, limitando-se a
descrever os aspectos técnicos e observando que "os
recém-nascidos anencéfalos eram uma escolha
razoável como doadores para os transplantes infantis"
(AGOSTINO, 1996).
 A cada 1.600 crianças, uma nasce com anencefalia.
Cerca da metade nasce com vida. Dessas, a maior
parte morre em horas e apenas 8% sobrevivem mais
de uma semana (LOPES, 2006).

 No caso de doação de órgãos do anencéfalo, dias


podem fazer toda a diferença.
LEI 9.434, de 04/02/1997

Art. 3 - A retirada post mortem de tecidos,


órgãos ou partes do corpo humano destinados
a transplante ou tratamento deverá ser
precedida de diagnóstico de morte encefálica,
constatada e registrada por dois médicos não
participantes das equipes de remoção e
transplante, mediante a utilização de critérios
clínicos e tecnológicos definidos por resolução
do Conselho Federal de Medicina.
Resolução nº 1.480 do CFM, 08/08/1997

“Art. 1º - A morte encefálica será caracterizada


através da realização de exames clínicos e
complementares durante intervalos de tempo
variáveis, próprios para determinadas faixas etárias”.
[...]
“Art. 4º - Os parâmetros clínicos a serem observados
para constatação de morte encefálica são: coma
aperceptivo com ausência de atividade motora supra-
espinal e apnéia”.
Resolução nº 1.480 do CFM, 08/08/1997

Art. 5º. Os intervalos mínimos entre as duas


avaliações clínicas necessárias para a
caracterização da morte encefálica serão
definidos por faixa etária, conforme abaixo
especificado:
a) de 7 dias a 2 meses incompletos - 48 horas;
b) de 2 meses a 1 ano incompleto - 24 horas;
c) de 1 ano a 2 anos incompletos - 12 horas;
d) acima de 2 anos - 6 horas.
Resolução nº 1.480 do CFM, 08/08/1997

“Art. 6º - Os exames complementares a serem


observados para constatação da morte encefálica
deverão demonstrar de forma inequívoca:
a) ausência de atividade elétrica cerebral ou;
b) ausência de atividade metabólica cerebral ou;
c) ausência de perfusão sanguínea cerebral”.
Resolução nº 1.480 do CFM, 08/08/1997
Art. 7º. Os exames complementares serão utilizados
por faixa etária, conforme abaixo especificado:
a) acima de 2 anos - um dos exames citados no Art.
6º, alíneas ``a’’, ``b’’ e ``c’’;
b) de 1 a 2 anos incompletos: um dos exames citados
no Art. 6º, alíneas ``a", ``b’’ e ``c’’. Quando optar-se
por eletroencefalograma, serão necessários 2 exames
com intervalo de 12 horas entre um e outro;
c) de 2 meses a 1 anos incompleto - 2
eletroencefalogramas com intervalo de 24 horas entre
um e outro;
d) de 7 dias a 2 meses incompletos - 2
eletroencefalogramas com intervalo de 48 horas entre
um e outro.
 Centros como SBP, Academia Brasileira de
Neurologia, Associação Brasileira de Transplantes de
Órgãos, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e até
mesmo representantes do CFM chegaram,
unanimemente, à mesma opinião do governo, de que
o bebê não nasce morto.
 "A atual resolução 1.752, do CFM, portanto, fere
princípios éticos e legais e deverá ser revista",
RESOLUÇÃO nº 1.752, do CFM 8/9/2004
Autorização ética do uso de órgãos e/ou tecidos de
anencéfalos para transplante, mediante autorização
prévia dos pais.

Art. 1º Uma vez autorizado formalmente pelos pais, o


médico poderá realizar o transplante de órgãos e/ou
tecidos do anencéfalo, após o seu nascimento.
Art. 2º A vontade dos pais deve ser manifestada
formalmente, no mínimo 15 dias antes da data
provável do nascimento.
Portaria GM/MS nº 487, de 02/03/2007

Dispõe sobre a remoção de órgãos e/ou tecidos de


neonato anencéfalo para fins de transplante ou
tratamento.

Art. 1º- A retirada de órgãos e/ou tecidos de neonato


anencéfalo para fins de transplante ou tratamento
deverá ser precedida de diagnóstico de parada
cardíaca irreversível.
Portaria GM/MS nº 487, de 02/03/2007

Art. 2º- O descumprimento desta Portaria constitui


infração nos termos dos arts. 14, 16 e 17 da Lei nº.
9.434, de 04 de fevereiro de 1997.

Parágrafo único. Os infratores estão sujeitos às


penalidades dos artigos citados no caput, bem como
às demais sanções cabíveis.
RDC nº 347, de 02/12/2003

[...]
4.1 Da captação
4.1.5 A idade do doador. 
4.1.5.1 O limite mínimo e máximo de idade para a
utilização do tecido para fins cirúrgicos e terapêuticos
fica a critério do responsável técnico do Banco de
Olhos.
[...] 
Portaria nº 1.686, 20/09/2002
C - Idade Limite do Doador:
a - Para tecido ósseo:
- Menor de 10 anos;
- Maior de 70 anos
b - Para tecido tendinoso:
- Menor de 18 anos;
- Maior de 55 anos
c - Para tecido ósteo-condral
- Menor de 10 anos;
- Maior de 45 anos
Bebê Arthur

No fim do ano 2005, o transplante de órgãos do


anencéfalo veio à tona com o caso do bebê Arthur, que
começou no Hospital Pró-Cardíaco, no Rio, e terminou
no Incor. Ele sofria de hipoplasia e morreu em abril, por
falta de doador (LOPES, 2006).

"Nos dois primeiros meses de vida, Arthur poderia ter


recebido o coração de um bebê com anencefalia",
lembra Barbero. "Depois disso, o bebê já estava grande
demais (o doador da criança só pode ser aquele com
peso igual ou até duas vezes mais que o receptor para
ser compatível)."
Referências
 LOPES, A.D. Governo contesta regra para anencéfalo Disponível em: <
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=38016>. Acesso em: 21
out. 2007.
 BRASIL. Portaria GM/MS nº 487, DE 02 março 2007. Dispõe sobre a
remoção de órgãos e/ou tecidos de neonato anencéfalo para fins de
transplante ou tratamento. Disponível em: <www.in.gov.
br/materias/xml/do/secao1/2592533.xml - 4k ->. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil Acesso em: 21 out. 2007.
 ______. Resolução do Conselho Federal de Medicina, nº 1.752, :
Autorização ética do uso de órgãos e/ou tecidos de anencéfalos para
transplante, mediante autorização prévia dos pais. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil Brasília, DF, n. 176, de 13 set. 2004.
Seção 1, p. 140. Disponível em:
<sctransplantes.saude.sc.gov.br/index2.php?
option=com_content&do_pdf=1&id=76>. Acesso em: 21 out. 2007.
 ______ Resolução da Diretoria Colegiada. RDC, n° 347, de 2 de dezembro
de 2003. Determina Normas Técnicas para o Funcionamento de Banco de
Olhos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 3
dez. 2003. Edição nº 235. Disponível em:
<http://dtr2001.saude.gov.br/transplantes/legislacao.htm>. Acesso em: 21
out. 2007.

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