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Filosofia

As relações entre o Homem e o Estado e a legitimação


da sua autoridade segundo John Locke

O problema da legitimidade do Estado assume particular relevância no início da


Idade Moderna, com a progressiva secularização da vida político-social.

Secularização: é a progressiva diminuição da importância da religião na vida


comum das sociedades.

Foi com este objectivo que J. Locke publicou, «Dois Tratados sobre o Governo Civil».
No primeiro Tratado, recusa a doutrina do direito divino dos reis e no segundo,
propõe uma explicação sobre a origem, os limites e os fins do poder civil,
subordinando a acção política do Estado ao consentimento dos cidadãos e
justificando a desobediência civil.

Sociedade sem Estado ou Estado da Natureza

Locke começa por questionar como seria a vida sem Estado, chamando Estado de
Natureza a esta situação imaginária.

Estado de Natureza: designa a situação hipotética em que os seres humanos


viveriam sem leis impostas por um governo e sem submissão a ninguém, regendo-
se apenas pela lei natural, que é o conjunto de leis estabelecidas por Deus e que todos
os seres humanos têm inscritas na sua consciência.

Características da sociedade sem Estado ou Estado de Natureza:

1. Os seres humanos são livres e iguais, por isso,

 têm os mesmos direitos;

 não há qualquer hierarquia entre eles;

 não há nenhuma autoridade superior à vontade individual e, portanto,


ninguém tem o direito natural de dar ordens e de subordinar outrem;
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 somente o consentimento voluntário legitima que um indivíduo submeta


alguém à sua autoridade.

2. Todos os indivíduos têm direito à vida, à liberdade e à propriedade.

3. Embora o Estado de Natureza seja um estado de Liberdade, não é um estado de


ausência de leis, pois:

 os seres humanos devem reger-se pela Lei Natural, instituída por Deus;

 segundo essa lei, ninguém deve prejudicar a saúde, a liberdade e a


propriedade de outrem;

 os seres humanos estão obrigados a preservar a vida, a sua e a dos outros.

Do Estado de Natureza à Sociedade Civil: o «Contrato Social» como


fundamento da autoridade do Estado
Ora, se no Estado de Natureza os indivíduos são livres, por que razão decidem abdicar
dessa liberdade e constituir a Sociedade Civil e o Estado?

Sociedade Civil: é uma comunidade organizada politicamente, visando a


realização de valores e fins comuns.

No Estado de Natureza ninguém tinha poder para garantir o cumprimento da lei


natural, nem existia nenhuma autoridade para julgar com imparcialidade os
transgressores. Os indivíduos ficam por isso entregues à sua liberdade, pois os limites
impostos são muito fáceis de transpor.

Por isso, os indivíduos decidiram abdicar de certas liberdades e celebrar um


Contrato Social através do qual cedem o seu poder ao Estado, incumbindo-o de
fazer e executar as leis necessárias à preservação dos direitos de todos,
constituindo assim a Sociedade Civil e o Estado.
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Contrato Social: é o acordo pressuposto entre indivíduos que livremente e de mútuo
consentimento, prescindem de certas liberdades em troca da protecção do Estado.

Foi, portanto, a necessidade de assegurar a protecção da vida, da liberdade e,


sobretudo, da propriedade, que determinou a passagem do Estado de Natureza à
Sociedade Civil, sendo o consentimento mútuo a base da legitimidade da
autoridade do Estado.

Estado que, nos termos do Contrato Social, assume as seguintes obrigações:

o assegurar o respeito pela lei natural;

o repor a ordem infringida, punindo os infractores;

o fazer as leis necessárias para garantir o bem comum;

o impor o cumprimento das leis;

o proteger os direitos individuais;

o governar segundo as leis estabelecidas;

o julgar e fazer reinar a justiça;

o defender a paz, a segurança e o bem comum;

o respeitar a finalidade para que foi instituído, não exercendo o poder


de modo absoluto e discricionário nem sendo mais poderoso do que
os indivíduos que serve;

Por sua vez, ao decidirem prescindir de parte dos seus direitos com a intenção de
garantir a protecção da vida, da liberdade e da propriedade, entregando-os ao
Estado, os indivíduos reconhecem-lhe o direito de exercer sobre eles a sua
autoridae, aceitando a correlativa obrigação de obediência.
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ESTADO NATURAL

Vantagens: Liberdade individual (cada indivíduo é senhor de si, sem sujeição a


ninguém); Propriedade privada (fundada no trabalho e no direito de usufruir dos seus
frutos).

Limitações/ insuficiências: Não existe um juiz imparcial com autoridade para julgar
os transgressores da Lei Natural; Falta uma autoridade para punir e repor a
ordem

SOCIEDADE CIVIL/ESTADO

Vantagens: Existência de um poder com legitimidade reconhecida para assegurar


a protecção dos direitos naturais; Possibilidade de fazer leis consensuais para
garantir o bem comum.

Limitações/Insuficiências: Limitação da liberdade individual; Abuso do poder por


parte do Estado e uso da autoridade para além dos limites previstos no Contrato
Social (contra a vontade da maioria).

Por isto, podemos concluir que para Locke:

 a constituição da Sociedade Civil e do Estado assenta num Contrato Social


que estabelece os direitos e os deveres de ambas as partes;

 o Estado exerce o poder por delegação dos indivíduos constituídos em


Sociedade Civil;

 o fundamento da autoridade do Estado é o consentimento mútuo dos


indivíduos;

 o exercício do poder só é legítimo nos termos do Contrato Social;

 o abuso de poder por parte do Estado, desvincula os cidadãos do dever de


submissão à sua autoridade, legitimando a desobediência e a rebelião contra
o Estado.
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Os ideais de liberdade e igualdade na sociedade


moderna

Embora os seres humanos tenham de viver em comunidade, os seus interesses são, muitas
vezes, antagónicos: há, por um lado, o individuo e os direitos que lhe são inerentes e, por
outro, a necessidade de cooperar para fins sociais.

Este conflito está no centro da filosofia política moderna. Desde John Locke a Stuart
Mill várias concepções se desenvolveram, produzindo uma revolução nos conceitos de
liberdade e igualdade política que se foram traduzindo em reformas jurídico-políticas,
modelando as sociedades democráticas e liberais em que vivemos.

De um modo geral, a liberdade consiste em poder fazer tudo aquilo que não prejudica o
outro; este pode ser visto como um limite à minha liberdade porém é igualmente uma
garantia – princípio da reciprocidade

A liberdade política está associada a um conjunto de direitos: de expressão, de reunião, de


manifestação, de circulação, de propriedade entre outros.

A igualdade política, que se traduz no direito de voto, de participação cívica, de igualdade


de acesso ao desempenho de cargos políticos, etc, é reconhecida nos textos constitucionais e
nas restantes leis que regem os sistemas democráticos. Todavia, a igualdade económica e
social ainda é um objectivo por realizar.

Muito tem sido feito para tentar concretizá-lo. As revoluções liberais, em especial a
Francesa, bem como a Declaração Universal dos direitos do Homem instituíram os
princípios da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade como direitos humanos
fundamentais.

Porém, continuamos a viver num mundo profundamente desigual. Dado que compete ao
Estado não só zelar pelo bem-estar dos cidadãos, mas também uma distribuição mais justa
dos direitos e dos benefícios sociais, a questão da justiça social é moral e politica relevante
nos nossos.
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A Teoria da Justiça de John Rawls

É neste contexto da definição dos princípios básicos que deverão presidir à constituição de
uma sociedade justa e das condições da sua realização que se situa o filósofo contemporâneo
John Rawls.

Na sua obra, Uma Teoria da Teoria da Justiça, onde propõe uma concepção de sociedade
justa, com base no desenvolvimento teórico do Contrato Social. Esta teoria tem pontos de
contacto com a filosofia moral de Kant e com as teorias contratualistas. O seu propósito, é
elaborar uma teoria alternativa às concepções utilitaristas muito em voga, que permita
conciliar direitos iguais numa sociedade desigual sem limitar os direitos individuais. Ele
reivindica uma estruturação social revolucionária que abala as estruturas consequentalistas e
utilitaristas, aproximando-se do pensamento kantiano.

A Teoria da justiça e o Utilitarismo

Rawls, tal como Kant, consideram a pessoa humana como sendo um ser simultaneamente
livre, igual e fim em si mesmo, recusando a sua instrumentalização. Vê o Homem como
um valor inabalável. Por isso, discorda completamente do Utilitarismo, criticando,
nomeadamente:

 a falta de um principio absoluto que servisse de critério universal para


decidir o que é justo e injusto;

 a subordinação do individuo a interesses sociais, não lhe reconhecendo


direitos fundamentais invioláveis;

 que não tivesse em consideração a forma justa ou injusta como a felicidade é


distribuída.

A escolha racional dos princípios da justiça social


O ser humano é um social; a vida em sociedade permite-lhe obter vantagens mútuas. Porém,
a existência de conflitos de interesses exige um conjunto de princípios que
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 sirvam de critério para a atribuição de direitos e de deveres;


 definam a distribuição adequada dos encargos e dos benefícios da cooperação
social. Estas são segundo Rawls as funções da justiça.

Para Rawls a sociedade é uma associação de pessoas que reconhecem o carácter


vinculativo de um determinado conjunto de regras e actuam em consonância com
elas.
Estas normas existem para cimentar um sistema de cooperação entre todos para o
benefício de todos. Numa sociedade existe uma certa identidade de interesses, pois todos
têm de ganhar com essa cooperação.

Os conflitos de interesses existem porque os sujeitos não são indiferentes à forma como
os benefícios acrescidos dessa cooperação são distribuídos.

Nesse sentido, Rawls pretende descobrir os princípios mais adequados para uma
organização político-social justa, ou seja, a melhor forma de distribuir esses
benefícios.

Desta forma, o papel da justiça é: repor as irregularidades, punir os criminosos,


distribuir e repartir equitativamente os benefícios.

Como chegar a um acordo unânime sobre os princípios que devem organizar as


sociedades acabar com os conflitos de interesses garantindo uma distribuição
equitativa das riquezas?

Esses princípios, formulados de maneira imparcial e universal, seriam aceites por pessoas
livres e racionais colocadas numa situação hipotética inicial de igualdade, e interessadas
em prosseguir os seus próprios objectivos. Chamou a isto a Posição Original.

A Posição Original é uma situação imaginária em que os parceiros são sujeitos


racionais/morais livres e iguais, colocados sob o efeito de um véu de ignorância –
descrição metafórica da barreira contra uso de interesses pessoais na determinação dos
princípios da justiça.

Sob o seu efeito, os indivíduos por não conhecerem nem as suas características pessoais,
nem os seus interesses e objectivos particulares, nem o seu estatuto social, nem o dos
outros, fariam sempre escolhas racionais e imparciais.
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Este acordo acerca das estruturas sociais básicas, seria estabelecido em condições ideais de
igualdade (pois cada indivíduo, por não saber se será favorecido ou desfavorecido pelas
contingências naturais e sociais e por estar preocupado em promover os seus interesses,
escolheria, para todos, o que pretendia para si próprio.

O acordo ou Contrato seria celebrado numa Posição Original, a coberto do véu de


ignorância, garantindo:

a imparcialidade - dado que ninguém está em condições de escolher de forma a


beneficiar os seus interesses.

a universalidade - dado que é aceite e reconhecido por todos como sendo a escolha
que melhor serve os seus interesses.

Assim se justifica concepção de justiça como equidade, defendida por Rawls. A teoria de
Rawls é abstracta e impossível e colocar em prática, mas esse também não é o seu objectivo.
Trata-se de um argumento racional e lógico do qual devem derivar os princípios de
justiça.

Ele acredita que a partir de uma situação deste tipo, um sistema social pode satisfazer os
requisitos de justiça.

Os princípios da justiça ou de uma sociedade bem ordenada

Colocados numa Posição Original, os seres humanos escolheriam dois princípios


fundamentais:

Primeiro Principio - O princípio de liberdade igual para todos

“ A sociedade deve garantir a máxima liberdade para cada pessoa compatível com
uma liberdade igual para todos os outros;

“ Assegurar as liberdades básicas: liberdade política, de religião, de reunião, de


pensamento e de opinião, liberdade de expressão, etc. e a liberdade da pessoa
(direito à integridade pessoal; à propriedade; protecção face a detenção e prisão
arbitrárias).
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“ Este principio não pode ser violado a favor da utilidade social, por isso, em caso de
conflito de interesses, este princípio tem prioridade.

Segundo Principio - Princípio da igualdade

A sociedade deve promover a distribuição igual da riqueza. As desigualdades


económicas devem ser distribuídas de forma que:

 Proporcionem a maior expectativa de benefício aos menos favorecidos - Princípio


da diferença

 A sociedade deve promover a distribuição igual da riqueza, excepto se a


existência de desigualdades económicas e sociais beneficiar os mais
desfavorecidos. - Princípio da vantagem mútua. Esta é a solução ideal para
harmonizar os interesses.

 Contribuições marginais dos mais ricos - incorporação do princípio da


fraternidade.

 Dar atenção especial aos que nasceram em posições sociais menos


favorecidas, corrigindo a influência destas contingências de forma a procurar
uma maior igualdade - Princípio da compensação

 estejam ligados a funções e posições abertas a todos, em situação de igualdade de


oportunidades - Princípio da igualdade de oportunidades

 As desigualdades económicas e sociais devem estar ligadas a postos e


posições acessíveis a todos em condições de justa igualdade de
oportunidades.

 Não é justa a sociedade que permite que os que têm mais talentos naturais
e condições para os desenvolver tenham mais vantagens a não ser que essas
vantagens contribuam para o benefício de todos.
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Assim, para Rawls:

! o Primeiro Princípio exige a igualdade na atribuição dos direitos e deveres


básicos, enquanto o Segundo afirma que as desigualdades económicas e
sociais (que ocorrem na distribuição da riqueza e do poder) são justas apenas
se delas resultarem vantagens compensadoras para todos, em particular
para os membros mais desfavorecidos da sociedade.

! a obtenção de maiores benefícios económicos e sociais não pode servir de


justificação para a violação do direito a iguais liberdades básicas;

! o direito a liberdades básicas iguais é a base da «coexistência pacífica» e


da tolerância e só pode ser limitado quando entrar em conflito com
outras liberdades básicas;

! uma sociedade é justa quando opta por um princípio geral de distribuição


igualitária (ainda que não haja injustiça no facto de alguns conseguirem
benefícios maiores que outros, desde que a situação das pessoas menos
afortunadas seja, por esse meio, melhorada).

Os dois princípios básicos que correspondem aos princípios da justiça escolhidos


pela posição original são a liberdade e a diferença.
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A experiência e o juízo estético


O diálogo que estabelecemos com o mundo é sempre assinalado por um cunho valorativo.
As situações por que passamos e os objectos que nos rodeiam podem ser apreciados
segundo várias perspectivas, perspectivas essas que se situam muito para lá do mero “para
que serve”.

A experiência estética é um estado afectivo de agrado e de prazer, ou também de


desprazer suscitado pela apropriação subjectiva e desinteressada de um objecto, seja a
contemplação da natureza, seja a durante a criação ou a contemplação do objecto
estético.

Certos acontecimentos naturais, o desabrochar de uma flor, o pôr-do-sol, uma bela


paisagem, apresentam algo que nos impressiona e provoca profunda admiração, chegando
a esquecer-nos de nós mesmos de tão fascinados que estamos. Emoções semelhantes nos
assaltam quando observamos determinadas formas de arte. Quando produzimos uma obra
de arte também passamos pela contemplação, pois colocamos nela os nossos sentimentos, a
nossa dedicação, tempo e a mensagem que pretendemos transmitir ao mundo.

O termo objecto estético tem dois sentidos:

Objectivo designa obras de arte ou elementos da natureza capazes de


provocar uma experiência estética;

Subjectivo designa as representações mentais dessas obras ou objectos


naturais. Isto inclui recordações ou memórias que eventualmente nos possa
trazer, despertar determinado tipo de pensamentos/emoções…)

Na verdade, quando nos colocamos perante os objectos podemos assumir:

 atitude técnica, quando os «olhamos» como algo útil, mediata ou imediatamente.

 atitude teórica, quando procuramos compreender;

 atitude religiosa, quando os «olhamos» como sinais ou símbolos de uma outra


realidade mais perfeita e original que transcende a realidade mundana;
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 atitude estética, quando os «olhamos» para sentir simplesmente o prazer do acto de


observar.

A atitude estética é uma atitude desinteressada, fixada apenas no sentimento de


prazer proporcionado pela percepção do objecto.

Sensibilidade estética

O contacto com os objectos faz-se através dos sentidos. Todos temos sensibilidade, isto é,
capacidade de receber informações e reconhecê-las como um conjunto de
determinadas características nos objectos.

Ora, a sensibilidade estética é a capacidade de perceber e apreciar as formas em termos


de um sentimento de agrado ou desagrado.

Esta sensibilidade existe em todos os seres humanos mas podemos apurá-la mediante o
contacto com os objectos. A partir desse contacto, podemos aprender a ver e a sentir,
descobrindo novas maneiras de olhar.

A educação da sensibilidade estética, sobretudo, em relação à arte, pode fazer-se a partir:

do contacto frequente com as obras de arte, aprendendo a captar aspectos cada


vez mais específicos (as propriedades físicas, as propriedades formais, o que é
surpreendente, inovador ou provocador);

de aquisição de conhecimentos sobre o autor e a obra, procurar enquadrá-la no


contexto histórico e social, compreender as correntes artísticas e cânones estéticos
que presidiram à sua criação, os meios técnicos usados, a biografia do autor, as suas
obras…

Se educarmos a nossa sensibilidade estética, poderemos aceder a experiências estéticas de


grau mais elevado.

O carácter heterocósmico da arte


Ao contemplar objectos artísticos, é natural o espectador ser invadido por uma onda
afectiva que o arranca das condições espácio-temporais do quotidiano que o transporta
para mundos heterocósmicos. Essa migração deve-se de alguma forma ao objecto
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contemplado. Uma obra de arte, uma música, uma peça de teatro possuem características
capazes de compelir o sujeito apreciador à evasão.

Teorias acerca do juízo estético: subjectivismo e objectivismo


estéticos
Chamamos juízo estético à expressão da apreciação dos objectos em termos de beleza.
“Que belo é aquele quadro!”

O que é determinante para a apreciação expressa no juízo estético, é a emoção que sentimos
quando observamos o objecto estético ou são as suas características?

A cada uma destas duas alternativas corresponde uma concepção acerca da natureza dos
juízos estéticos: subjectivista e objectivista respectivamente.

Subjectivismo Estético – defendido por Kant

De acordo com esta concepção os juízos estéticos são subjectivos.

A beleza depende dos sentimentos de prazer provocados pela contemplação


desinteressada do objecto estético.

Segundo Kant, quando afirmamos que um objecto é belo, o que estamos a dizer é que a
sua representação produziu em nós um sentimento de prazer. Sendo assim, o que
estamos a avaliar não é o objecto mas o sentimento que a sua representação provocou
em nós.

Por isso, para Kant, os juízos estéticos designam o modo como o sujeito é afectado pela
representação do objecto.

Em Kant o juízo estético, não expressa características do objecto mas refere-se ao


sentimento de prazer resultante da representação do objecto.

A esta capacidade de julgar o sentimento de prazer ou desprazer que acompanha a


representação de um objecto Kant designa de gosto.

Assim pode concluir-se que no subjectivismo estético de Kant, o juízo estético é um juízo
de gosto sobre o belo e é subjectivo.
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Em suma, o subjectivismo estético faz depender o valor estético dos objectos do


sentimento de prazer que a sua contemplação provoca.

Kant afirma que o juízo estético é :

 singular, pois refere-se apenas ao sujeito que ajuíza;

 universalmente subjectivo, pois deve ser válido para todos os sujeitos que
julgam desinteressadamente.

A tese de Kant é de que o juízo estético é subjectivamente universal, porém isso não
significa que exista consenso.

O Sublime em Kant

Sublime é aquilo em comparação com o qual tudo o mais é pequeno.

A palavra sublime significa elevado, superior, grandioso, por isso, a experiência do sublime,
segundo Kant, refere-se a um «sentir-se superado» por algo que nos ultrapassa de
maneira ilimitada

O sublime pode ser aquilo que é grande para além de toda a comparação, ou seja, o
infinitamente grande (sublime matemático) ou aquilo que excede infinita mente as
nossas próprias forças (sublime dinâmico).

Contrariamente ao belo (que definimos como o sentimento de comprazimento suscitado


pela contemplação da forma do objecto), o sublime é simultaneamente:

o sentimento de temor e de respeito suscitado pela incapacidade de imaginação,


para compreender aquilo que a excede em poder e grandeza;

sentimento de atracção e de sedução pelo objecto cuja representação determina o


espírito a pensar a própria natureza como totalidade (ideia de Mundo) e a
pensar-se a si mesmo como natureza supra-sensível.
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Objectivismo estético

 Os juízos estéticos são objectivos.

 A beleza depende das propriedades do objecto, independentemente do que sente


o observador.

O objectivismo faz depender o juízo estético de critérios objectivos, ou seja, faz


depender a apreciação estética de um conjunto de características existentes no objecto
estético.

Por isso, quando se trata de apreciar a arte, o que deve ser determinante são as
características formais do objecto.

O filósofo americano Monroe Beardsley identificou as qualidades estéticas gerais, da


independentemente da forma de arte e das diferenças de estilo, exigidas para se poder falar
de arte.

Partindo do pressuposto de que a função da arte é produzir experiências estéticas, afirma


que o valor de uma obra de arte depende da sua capacidade de produzir essas
experiências. Apesar de associar a obra de arte a uma experiência subjectiva de prazer, não
faz depender o juízo estético da subjectividade.

Uma obra de arte deve ter:

 qualidades estéticas gerais: unidade (homogeneidade), intensidade; complexidade


(composição da obra;

 qualidades regionais específicas de cada forma de arte (escultura, pintura, estilo,


época).
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A criação artística e a obra de arte

Há uma variedade de formas de arte: escultura, música, pintura, literatura, teatro, ópera,
dança, fotografia, arquitectura, cinema…

O que faz com que um certo objecto possa ser considerado uma obra de arte? O problema
da definição da arte é um dos problemas fundamentais da Estética.

O termo estética deriva do termo grego aísthesis, que significava sensação, e foi utilizado
pela primeira vez com o sentido que hoje tem por Alexander Baumgarten.

A Estética analisa a experiência estética em geral, discutindo problemas relativos

& à beleza - teoria do belo


& ao gosto - teoria do gosto
& à natureza da arte - filosofia da arte

Arte como imitação - mimesis

Uma obra é arte quando é produzida pelo ser humano como imitação da Natureza e da
acção. Isto é, quando os autores se limitam a reproduzir o que já existe,

Para Aristóteles todas as formas de arte são imitações. Cada forma e cada obra de arte,
distingue-se de todas as outras por usar:

meios diferentes: cores e figuras (pintura), ritmo (dança), harmonia (música),


palavras (literatura);

modos diferentes de usar os meios: narração ou representação, por exemplo, são


modos diferentes de usar as palavras;
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imitar coisas diferentes: a tragédia, por exemplo, imita as acções dos heróis.
Esta teoria prolongou-se no tempo e foi aceite por muitos pensadores e artistas que
consideravam a arte como uma espécie de espelho que, colocado diante da natureza,
reflectia a sua imagem. Neste caso o valor dependia do grau de fidelidade da
representação.

Arte como expressão (expressivismo)

Outra das teorias acerca da natureza da arte foi defendida pelo escritor russo Leon Tolstoi e
concebe a arte como uma forma de expressão.

Para o expressivismo, uma obra é arte quando expressa e comunica intencionalmente um


sentimento vivido pelo artista e quando provoca no público esse mesmo sentimento.

Os artistas usam a sua aptidão para expressar numa obra de arte, com palavras, desenho,
música, mármore, ou movimento, uma experiência de profunda emoção, comunicando-a
a um público no qual deve suscitar emoção idêntica.

O valor da arte depende da sua capacidade de comunicar e de suscitar a mesma emoção


na audiência.

Arte como forma significante - formalismo

Em 1914, o crítico de arte Clive Bell propõe a teoria da forma significante. Bell parte do
seguinte pressuposto acerca da natureza da arte:

Uma obra de arte é um objecto que provoca emoções estéticas no seu público.

Mas, para produzir emoções estéticas, a obra de arte têm de ter alguma característica
especial. Clive Bell diz que essa característica é a forma significante.

A forma significante é uma característica da estrutura da obra que decorre da relação


estabelecida entre as partes que a constituem.

Embora se possa aplicar a todas as formas de arte, a teoria formalista é usada sobretudo para
a pintura, onde a forma significante é definida como uma certa combinação de formas,
linhas e cores.

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