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Na vulgata filosófica, Heráclito é o pensador do "tudo flui" (panta rei) e do fogo, que
seria o elemento do qual deriva tudo o que nos circunda.
Por seu desprendimento em relação ao poder e pelo desprezo que dedicava aos bens
materiais, Heráclito não era simpático aos efésios, que eram exatamente o seu oposto.
Foi, aliás, muito criticado por seus concidadãos quando conseguiu convencer o tirano
Melancoma a abdicar para ir viver nos bosques, em livre contato com a natureza[1].
Heráclito era acusado de desprezar a plebe, de se recusar a participar da política -
essencial aos gregos) - e de desdenhar os poetas, os filósofos e a religião.[2]
Nos últimos anos da sua vida, passou a viver ainda mais isolado, nas montanhas,
alimentando-se somente de plantas. Quando adoeceu, atacado por uma hidropisia,
Heráclito foi obrigado a voltar à cidade. Aos médicos, cujo conhecimento
ridicularizava, perguntou se seriam capazes de transformar uma inundação em seca,
aludindo à sua doença.[3] Os médicos não entenderam e acabaram sendo expulsos por
Heráclito. O filósofo resolveu então recorrer a um curandeiro que lhe aconselhou
imergir-se no estrume pois o calor faria evaporar a água em excesso que havia em seu
corpo. Foi um desastre: os cães de Heráclito não reconheceram o dono, inteiramente
coberto de excrementos, e o atacaram, causando a sua morte. É possível também que a
causa da morte de Heráclito tenha sido o sufocamento sob esterco de vaca. O historiador
Neantes de Cízico (século III a.C.) afirma que, tendo sido impossível retirar o corpo de
sob o esterco, lá permaneceu.