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DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS

Dificuldades
Posse pode ser confundida com propriedade, sentido leigo. No sentido técnico-
jurídico é entidade distinta.

Conceito de posse art. 1196, CC.


Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de
algum dos poderes inerentes à propriedade.

Para que se tenha posse, necessário se faz a presença de dois elementos:


Corpus elemento material
Animus elemento subjetivo

Corpus
Glosadores: contato material com o objeto da posse
Savigny: faculdade real de dispor fisicamente da coisa (detenção)
Ihering: a exteriorização normal da coisa como para si ou a intenção de
proprietário.

Animus
Glosadores: seria a intenção de ter a coisa para si ou a intenção de proprietário.
Savigny: a intenção de dono, independente da convicção que o seja.
Ihering: a vontade de se tornar visível como proprietário.

O Código Civil adotou a teoria objetiva de Ihering para a posse, não explica a
detenção.

Detenção: tem ou não tem a proteção possessória?


A doutrina e jurisprudência são divididas Posse induz usucapião, detenção
não.

Posse é fato ou direito?


Os dois. É fato porque o possuidor exerce poderes sobre a coisa como se
proprietário fosse. E direito porque deste pode nascer um direito, que pode ser
exercido em face de outrem.

A reintegração de posse é uma forma pela qual aquele possuidor que


acabou sendo sem um bom motivo tirado de sua posse, ou seja, perdeu o ligação
de possuidor em relação a coisa que possuía, caracterizando assim o esbulho,
poderá reivindicar o seu direito a ter de volta a posse sobre a coisa.
Podemos aqui citar o que nos diz o Dicionário Jurídico sobre o esbulho e a
reintegração de posse, que será transcrito abaixo : " Esbulho. S.m. ( lat, de
spoliare) Dir. Civ. Ato de usurpação pelo qual uma pessoa é despojada, ou
espoliada, de coisa
de que tem a propriedade ou a posse...
Esbulho Possessório. Dir.Pen. Ato de invadir, com violência à pessoa ou
grave ameaça, terreno ou edifício alheio, para o
fim de apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa de outrem..."
{mospagebreak title=Reintegração}
2. Da reintegração
Quanto a Reintegração, é válida a seguinte definição :
" Reintegração na posse. (lat. Redintegratio possessione) Dir.Proc.Civ.
Objeto da ação que tem o possuidor para ver restituída a posse perdida por efeito
de esbulho. "

Esbulho

O esbulho acarreta a perda da posse contra a vontade do possuidor.


Quer a perda resultante de violência, quer de qualquer outro vício, como
a clandestinidade ou a precariedade; cabe a ação de reintegração de
posse. O esbulho resultante do vício da precariedade é denominado
esbulho pacífico. No tocante a clandestinidade, o prazo de ano e dia tem
início a partir do momento em que o possuidor toma conhecimento da
prática do ato. Nessa hipótese não há oportunidade para desforço
imediato, que deve ser exercido logo após o desapossamento, isto é,
ainda no calor dos acontecimentos.

Em várias situações pode ocorrer o chamado esbulho pacífico, resultante


do vício da precariedade. Quando o compromissário comprador deixa de
pagar as prestações avençadas, pode se ajuizar ação de rescisão
contratual, cumulada com ação de reintegração de posse. Na mesma
sentença, o juiz declara rescindido o contrato e manda restituir o imóvel
ao autor. Neste caso, porém, não pode a causa seguir o procedimento
especial das possessórias, mas o ordinário, e que não cabe a expedição
do mandado liminar de reintegração. Só a adoção de procedimento
comum torna possível a cumulação desses pedidos. Já decidiu o
Supremo Tribunal Federal ser desnecessária a prévia ou concomitante
ação de rescisão de compromisso para procedência da possessória.

De acordo com a Súmula 76 do Superior Tribunal de Justiça, “A falta de


registro do compromisso de compra e venda de imóvel não dispensa a
prévia interpelação para constituir em mora o devedor”. Há decisões no
sentido de que, mesmo em se tratando de comodato por prazo
indeterminado, torna-se desnecessária prévia interpelação, porque a
citação válida para o processo é a mais eficaz interpelação, mas não
poderá ser concedida a liminar de plano.

Com o passar do tempo a própria jurisprudência passou a não se prender


ao fator da necessidade da violência na perda da posse, entendendo que o
esbulho estará presente ainda que sua origem esteja na clandestinidade ou na
precariedade.
Se for uma posse clandestina que se tornou pública e ainda assim o
possuidor novo não deseja devolver a posse ao antigo possuidor, ou trantando-se
de um precarista que resiste a devolver a coisa que lhe foi entregue sob o título
precário, o esbulho estará caracterizado, mesmo sem o claro e específico
emprego da violência.
Para conseguir sucesso na ação de reintegração são necessários alguns
requisitos como a ocorrência do esbulho e que ele tenha existido a menos de um
ano e um dia.
Tais requisitos sendo preenchidos e apresentados de maneira que façam
com que o juiz se convença da verdade dos fatos, poderá ordenar a expedição de
mandado liminar de reintegração, para que a coisa esbulhada seja devolvida ao
legítimo possuidor, antes de que se tenha ouvido o praticante do esbulho.
No entanto se não achar conveniente tomar a atitude imediata, solicitará a
citação do réu para elaborar sua defesa pela prática do esbulho à posse, e dar
prosseguimento a ação.
3- Dos meios de defesa da posse
Nos é apresentado ainda que existem formas pessoais de manter-se na
posse, como nos é apresentado pelo próprio Código Civil, como vemos no artigo
1.210 que tomamos a liberdade de transcrever a abaixo :
" Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de
turbação, restituído no de esbulho, e segurado de
violência iminente, se tiver receio de ser molestado.
§ 1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se
por sua própria força, contanto que o faça logo;
os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à
manutenção, ou restituição da posse. "
O parágrafo primeiro nos mostra que o legislador permitiu ao possuidor
turbado ou esbulhado, através de meios próprios manter-se na posse, desde que
a atitude fosse realizada logo no início da perda da posse.
Os referidos atos defensivos não poderiam extrapolar ao necessário para a
manutenção ou restituição da posse. Existem ainda requisitos que devem estar
presentes para que seja justificada a prática da defesa própria como a repulsa
imediata diante do esbulho, ocorrer ofensa à posse, praticar os atos pelas próprias
mãos, entre outros.
DO INTERDITO PROIBITÓRIO

O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse
poderá impetrar ai juiz que o segure na turbação ou do esbulho iminente,
mediante mandato proibitório, em que se comine ao réu determinada pena
pecuniária, caso transgrida o preceito.

Esta ação é de preceito cominatório. Devem ser observados os princípios do art.


287 e nas execuções das obrigações de fazer e não fazer que contenham multa
cominatória (arts. 461, 461-A, 644 e 645).

Aplica-se no que for cabível ao interdito proibitório o disposto para as ações de


manutenção e reintegração de posse, inclusive quanto à concessão de medida
liminar.

4. Conclusão
Desta forma ficam demonstrados os meios de se reintegrar na posse,
mediante a ocorrência do esbulho, sendo este um ato ilícito, que deve ser repelido
para que o possuidor legítimo não seja prejudicado pelo oportunismo de terceiros.
O direito a defesa e preservação da posse está garantido em nossa
legislação, assim não pode ser desrespeitado,
violando as garantias à posse do legítimo possuidor.

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