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Filosofia politica

Introdução

Neste presente trabalho irei falar sobre filosofia politica onde falarei da vida e obra do Santo
Agostinho e de seguida irei falar da Politologia Agostiniana-a

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Filosofia politica

Vida e Obra de Santo Agostinho

Era filho de Patrício, burguês pagão e de Mónica que foi educada por pais cristãos. Santo
Agostinho passou toda a sua infância em Tagasta e aí frequentou os estudos primários. Apoiado
por Romariano, o seu mecenas, e amigo do pai, vai para Cartago no ano de 371 fazer os estudos
superiores. Aí levou uma vida dissoluta arranjando uma amante que lhe deu um filho chamado
Adeodato ( dávida de Deus ). Quando era estudante em Cartago descobriu Cícero que foi o seu
guia filosófico. Tomou contacto com o cepticismo da “ Nova Academia “ e estudou ainda as
correntes estoicas e epicuristas. Aderiu durante vários anos à corrente maniqueísta pois era a que
lhe dava uma pista para a explicação do Problema do mal.

Em 376 com 22 anos , Agostinho iniciou a sua carreira de Professor de Retórica em Cartago.
Em 384 partiu para Roma onde foi ensinar retórica. Um ano depois transferiu-se para Milão onde
foi professor e onde encontrou o bispo Ambrósio de quem se tornou amigo. Os sermões de
Ambrósio cativaram de tal modo Agostinho que este se converteu ao catolicismo. Depois retirou-
se com a mãe e o filho para uma propriedade no campo, Cassicíaco, perto de Como onde escreve
alguns diálogos filosóficos. Em 387, Agostinho e o filho são baptizados na catedral de Milão.
Em 391 regressa a Tagasta e aí foi convidado para ser sacerdote auxiliar do Bispo Valério.
Depois de ter sido ordenado acabou mais tarde por vir a assumir as funções de Bispo de Hipona.
Agostinho aproveitou ainda todo o tempo livre que dispunha para combater as heresias em voga
no seu tempo: donatismo, maniqueísmo e pelagianismo. Acabou por falecer no ano de 430
com os Vândalos a invadirem o Norte de África e a cercarem Hipona por terra e por mar.

Santo Agostinho deixou-nos uma vasta obra na qual se misturam temas filosóficos,
teológicos e ontológicos. Dos livros que escreveu destacam-se os seguintes:

Obras autobiográficas e de correspondência – Confissões, As retratações, As cartas

Obras filosóficas – Diálogos Contra Os Académicos, De Beata Vita , De Ordine, De


immortalite animal, De Musica

Obras apologéticas:- A Cidade de Deus

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Além destes livros deixou-nos ainda vários sermões e também escritos contra os diversos
grupos heréticos do seu tempo: maniqueus, Donatistas, Pelagianos e arianos.

Maniqueísmo – sincretismo religioso no qual se misturam elementos de várias religiões:


judaica,gnóstica, cristã e budista. Trata-se de uma teoria dualista pois admite a existência de dois
princípios criadores: O do Bem e o do Mal ou das trevas

Donatistas – Os donatistas consideravam inválidos os sacramentos ministrados por


pecadores mesmo que estes se tivessem arrependido. A Igreja devia ser formada por Santos e não
por pecadores.

Pelagianismo-doutrina – que negava a existência do pecado original. O que salva o homem


é o seu mérito e não a graça de Deus.

Arianismo – esta seita entendia que Jesus Cristo, embora Deus, não tinha natureza divina.

Os temas mais importantes do pensamento filosófico de Santo Agostinho são Deus e a Alma.
Nos Solilóquios ( cap II, 7 ), Santo Agostinho declara: “ Desejo conhecer Deus e a Alma. Nada
mais? Absolutamente nada “ . Há no entanto outros temas como o Homem e o Mundo, o Tempo,
O livre Arbítrio, o Cepticismo, a Felicidade, o Amor que têm o seu interesse e se relacionam com
a filosofia.

Politologia Agostiniana-a

Obra mais importante que nos permite analisar o pensamento político de Santo Agostinho é a
“ Cidade de Deus “, constituída por 22 livros. Os 10 primeiros livros são de carácter apologético
e através deles Stº Agostinho procura refutar a tese que imputava aos cristãos a responsabilidade
da queda do Império Romano. Os 12 livros seguintes são uma exposição de doutrinas cristãs. No
livro XIV, 28 Agostinho diz-nos que o bem e o mal deram origem a 2 cidades “ Dois amores,
fizeram as duas cidades: o amor de si até ao desprezo de Deus - a terrestre; o amor de Deus até
ao desprezo de si - a celeste “ Há portanto duas cidades: a Cidade terrena e a Cidade de Deus ou
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celestial. São duas cidades que sempre existiram desde o princípio do Mundo e que se misturam
e coexistem. Nem a Cidade terrena se confunde com o Estado nem a Cidade de Deus com a
Igreja Católica. Há bons e maus nas duas cidades. O que ama os bens terrenos pertence à
primeira cidade; o que ama a Deus pertence à segunda cidade. O termo cidade de Deus é usado
para designar aqueles que peregrinam neste mundo à espera do verdadeiro Bem que é Deus.

A origem do Estado

Para garantir a paz o homem é obrigado a associar-se. A primeira associação é a família


célula e núcleo fundamental da sociedade. O homem precisa viver em sociedade mas de um
sociedade fundada na justiça e no Direito. Só deste modo o Povo participa nos bens que ama
( C.D XIX )

Autoridade

Todo o poder tem a sua origem em Deus. Qualquer sociedade para se manter precisa de um
poder, de uma autoridade. Todo o poder deve ter como objectivo a Justiça que por sua vez tem o
seu fundamento no amor . A “ Justiça é a virtude que dá a cada um o que lhe pertence. Onde não
há verdadeira justiça não pode haver direito ( C.D XIX, 21 ). É também pela justiça que se chega
à concórdia ou paz “ A paz é a aspiração última de toda a natureza e de todos os homens, mesmo
os maus. “ ( CD, XIX, 12 ).

O poder é para Santo Agostinho um serviço prestado à comunidade. Seguindo de perto


Marcel Prélot no livro “ Doutrinas Políticas, Editorial Presença, a autoridade comporta 3 funções
: o serviço do mando( officium imperandum ), o serviço de providência ( officium previdendi ), e
o serviço de aconselhamento ( officium consulendi )

O que detém o poder deve em primeiro lugar saber mandar em si próprio para depois
mandar nos outros. Não deve ser orgulhoso, vaidoso ou ter a paixão de dominar. Em segundo

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lugar deve prever quais são os verdadeiros interesses do Estado e servir esses mesmos interesses.
Em terceiro lugar ser conselheiro do povo e considerar os súbditos como irmãos.

Formas do Poder

Santo Agostinho não prefere nem rejeita nenhum regime. O que interessa é que o detentor do
poder governe segundo os princípios da ética, da moralidade e da justiça e contribua para a
felicidade do povo. Como diz Marcel Prélot , que passo a citar “ desde que mantenha a justiça e
respeite a religião todos os regimes políticos se equivalem, possuem os mesmos direitos e a
mesma autoridade e podem exigir a mesma obediência. ( D.P.,268 )

Conclusão

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Neste presente trabalho conclui que Santo Agostinho foi mais filósofo e teólogo do que
propriamente político. No livro Cidade de Deus procurou demonstrar que a queda do Império
Romano se ficou a dever à perversão dos costumes e ao apego às coisas terrenas. Apresentou
depois os fundamentos de um Estado capaz de proporcionar a Felicidade Terrena e conduzir os
homens á verdadeira felicidade que é a Vida Eterna. Embora não tenha elaborado nenhuma
teoria política deixou-nos no entanto conselhos sobre a arte de bem governar. Explicou também
que é mais fácil administrar uma pequena comunidade do que um território de grandes
dimensões. Uma das causas da queda do Império Romano foi precisamente a dificuldade em
controlar a corrupção e a indisciplina. Disse ainda que uma guerra pode ser justa quando houver
que salvaguardar a Paz e a ordem pública.

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