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Introdução
Mundo Antigo:
O Código de Hamurabi (2.300 a.C.) já exercia certa regulamentação do
comércio se preocupando-se com a prática do lucro abusivo e
resguardando certos direitos do consumidor. Na Índia (1.800 a.C.) o
Código de Massú previa pena de multa e punição, além de ressarcimento
de danos, aos que adulterassem gêneros ou entregassem coisa de
espécie inferior à acertada, ou ainda, vendessem bens de igual natureza
por preços diferentes.
Mundo Clássico:
No Direito Romano, o vendedor era responsável pelos vícios da coisa, a
não ser que estes fossem por ele ignorados. Porém, no período
Justinianeo, a responsabilidade era atribuída ao vendedor, mesmo que
desconhecesse do defeito.
Idade Média:
Na França de Luiz XI (1481) punia-se com banho escaldante aquele que
vendesse manteiga com pedra no interior para aumentar o peso, ou leite
com água para aumentar o volume.
Independência Americana:
Nos Estados Unidos, em 1773, em seu período de colônia, o episódio
contra o imposto do chá no porto de Boston (Boston Tea Party) é um
registro de uma manifestação de reação dos consumidores contra as
exigências exorbitantes do produtor inglês, pois a própria revolução
americana foi contra o sistema mercantilista de comércio britânico
colonial da época, no qual os consumidores americanos eram obrigados
a comprar produtos manufaturados na Inglaterra, pelos tipos e preços
estabelecidos na metrópole.
A Revolução Industrial:
Com o advento da Revolução Industrial no início do século passado, os
negócios jurídicos para aquisição (compra e venda) de produtos e a
contratação, utilização e prestação de serviços no âmbito mercadológico
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começaram a sofrer proeminentes transformações. O desenvolvimento
tecnológico à produção em série fez desaparecer, quase por completo, a
fabricação artesanal de bens; aquela relação individual, de confiança
mútua, que se verificava entre os integrantes do mercado, este muito
restrito, que se destinava basicamente à satisfazer às necessidades
básicas do ser humano, como alimentação, vestuário, higiene, saúde,
etc. Essa transformação gerada no plano do liberalismo decorrente da
própria Revolução Francesa, levou as pessoas físicas, destinatárias desse
mercado industrial, a uma situação insustentável em face dos abusos
que se verificaram, quer no campo econômico, como nos planos político
e jurídico.
O Consumerismo:
Diante disso, como visto em outras áreas de relações humanas
(empregados e empregadores no setor trabalhista; população e Estado
(monarca) no plano dos direitos políticos; camponeses e proprietários
agrícolas, quanto à exploração da terra e dos produtos na agricultura,
etc.), tivemos o surgimento de um movimento social organizado,
denominado “consumerismo”, fruto do “mercado de massa”, exigindo-se
respeito à dignidade e à satisfação de necessidades jurídicas mínimas do
consumidor, totalmente vulnerável na relação jurídica mantida com o
fornecedor dos produtos e serviços. Nos países mais avançados
economicamente, como os Estados Unidos e diversos países da Europa
ocidental, o consumerismo solidificou-se após a Primeira Grande Guerra.
No Brasil, porém, o mencionado movimento começou a ganhar força
depois da Segunda Grande Guerra, coincidindo com o nosso
desenvolvimento e expansão industrial.
A Selva:
O norte-americano Upton Sinclair, em 1906, escreveu um romance
chamado “The Jungle” (A Selva) que serviu para despertar no povo de
seu país o mais vivo interesse pela problemática do consumidor. Neste
trabalho Sinclair retratava o modo pelo qual a indústria alimentícia
americana cometia certos abusos, vendendo carne moída misturada com
pedaços de tecidos e pães mofados, além de outros exemplos. O impacto
de sua novela foi tão grande que inspirou a criação de leis e órgãos nos
EUA para defesa do consumidor.
O Período Pós-Guerra:
Após o Segunda Guerra, com o surgimento da mídia e conquistas
tecnológicas, despontou o movimento em prol dos direitos do
consumidor. A partir da década de 60, houve a consolidação do Direito
do Consumidor nos Estados Unidos e em 1973, em Genebra, reconheceu-
se pela Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas o Direito do
Consumidor como direito fundamental do homem.
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Cláusula Rebus Sic Stantibus:
Também após o período pós-guerra acontece o ressurgimento da clásula
rebus sic stantibus, o que enfraquece o princípio da força obrigatória dos
contratos. Esta restauração se deu sob o nome de “teoria da imprevisão”
e visava a quebra do princípio do “pacta sunt servanda”. Esta quebra
possibilitou o surgimento do Direito do Consumidor, que se
fundamentava a partir da responsabilidade civil objetiva e do
reconhecimento dos interesses e direitos difusos.
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Proteção Jurisdicional do Consumidor
Noções Iniciais:
A proteção do consumidor é um dos aspectos mais relevantes do acesso
do cidadão à justiça e não pode ser encarada desligada desta proteção
mais ampla, face ao disposto no art. 5.°, incisos XXXII e XXXV, da
Constituição Federal. O grande mérito do Código de Defesa do
Consumidor em comparação com o próprio Código Civil, foi o fato dele,
ao mesmo tempo que reconhece os direitos básicos do consumidor,
também outorga-lhe instrumentos processuais necessários e
indispensáveis para a tutela jurisdicional desses direitos.
Formas de Proteção:
Na tutela dos direitos do consumidor em juízo, verifica-se a existência de
duas formas, com modelos processuais bem distintos:
Noções Iniciais:
A defesa, em juízo, do consumidor individualmente considerado deve ser
buscada com lastro no processo civil tradicional, consoante as
disposições previstas no Código de Processo Civil, ao que se soma alguns
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dispositivos específicos assegurados no Código de Defesa do
Consumidor, tais como:
a) direito à inversão do ônus da prova;
b) direito de demandar no foro do domícilio do consumidor;
c) desconsideração da personalidade jurídica da empresa;
d) vedação à denunciação da lide e do chamamento ao processo.
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Consumidor, pois trata-se de norma processual, que adquire vigência
imediata.
Profissional Liberal:
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Quando tratar-se de hipótese de ação promovida em face de
profissional liberal, fundada na conduta culposa ou dolosa, é
admissível a denunciação da lide e o chamamento ao processo.
Seguradora:
O art. 102, II do CDC somente admite o chamamento ao processo de
seguradora, quando o réu houver contratado seguro, porque isso se
mostra mais benéfico ao consumidor, constituindo-se garantia do
recebimento da indenização devida.
Noções Gerais:
Para evitar maiores indagações e interpretações extremamente díspares,
o legislador procurou, propositadamente, conceituar o que sejam direitos
difusos e coletivos - direitos metaindividuais, supraindividuais,
transindividuais (titulares indetermináveis ou dificilmente
determináveis), bem como direitos individuais homogêneos, fazendo-o
no art. 81, parágrafo único, incisos I, II e III, in verbis:
Interesses Difusos:
Basicamente, a distinção entre esses direitos está no fato de que os
difusos são caracterizados pela indeterminação dos titulares,
indivisibilidade do direito (o objeto do direito não pode ser cindido, ou
atende a toda sociedade ou não atende ninguém) e sua origem
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meramente factual. Por exemplo, o direito do consumidor de não ser alvo
de publicidade enganosa; de que os fornecedores se abstenham de
inserir cláusulas abusivas em contratos de adesão; não colocação de
produto nocivo à saúde no mercado de consumo; etc.
Interesses Coletivos:
Os interesses ou direitos coletivos, por sua vez, têm por característica a
possibilidade de determinação dos titulares, cujo espectro é menor do
que os direitos difusos. Também é de natureza, indivisível, pois todos os
integrantes do grupo, categoria ou classe serão alcançados do mesmo
modo. Sua origem decorre de uma relação jurídica que une os
consumidores ao fornecedor. Podemos exemplificar com os consumidores
contratantes de plano de seguro-saúde relativamente a determinada
cláusula contratual abusiva, no sentido de que ela ou é abusiva em
relação a todos ou não é em relação a ninguém do respectivo grupo.
Outro exemplo seria quanto aos consumidores assinantes de
determinado jornal, relativamente à imposição de pagar importância
complementar para continuar recebendo a assinatura já integralmente
paga, sob alegação, por parte da empresa, de que houve acréscimo de
caderno ao jornal; alunos de uma escola com relação à qualidade do
ensino. Portanto, consideram-se direitos insusceptíveis de apropriação
exclusiva por qualquer membro do grupo, classe ou categoria.
Procedimento Processual:
O procedimento processual para tutela jurisdicional dos direitos difusos e
coletivos encontra-se, basicamente, previsto na Lei da Ação Civil Pública.
A ele somará as disposições gerais previstas nos arts. 81 a 90 e 102 a
104, do CDC, mais a possibilidade de inversão do ônus da prova.
Considerando que a hipótese relativa aos direitos individuais
homogêneos não era regulada pela Lei da Ação Civil Pública, o CDC criou
procedimento processual próprio e específico para sua defesa em Juízo,
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conforme dispõe os arts. 91 a 100 do CDC. Na verdade, há perfeita
interação e harmonia entre as normas processuais previstas na Lei da
Ação Civil Pública e aquelas elencadas no Código de Defesa do
Consumidor (art. 90 do CDC e 21 da LACP). Um diploma completa o
outro.
Noções Gerais:
No processo civil clássico, em regra, há coincidência entre a legitimação
de direito material (art. 3.° do CPC e 75 do CC) e a legitimidade para
estar em juízo. Trata-se da denominada hipótese de legitimação
ordinária. Excepcionalmente, o Código de Processo Civil admite a
denominada legitimação extraordinária, permitindo que alguém, em
nome próprio, pleiteie em juízo direito alheio, nos casos expressos em lei
(art. 6.° do CPC).
Porém, o Código de Defesa do Consumidor optou por uma legitimação
concorrente e disjuntiva, onde cada legitimado, por si só, pode propor
ações coletivas, sem necessidade de autorização dos demais, admitido
eventual litisconsórcio facultativo.
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As Ações Para a Defesa do Consumidor
Regras Gerais
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pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a
obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento
do preceito.
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propositura da ação serão solidariamente condenados
em honorários advocatícios e ao décuplo das custas, sem
prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.
Ação de Regresso:
O artigo 13 do Código de Defesa do Consumidor relata que “aquele que
efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de
regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na
causação do evento danoso”. Assim a ação de regresso poderá ser
proposta em processo autônomo ou em respeito ao princípio da
economia processual, poderá prosseguir-se nos mesmos autos.
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Ministério Público:
Se o Ministério Público não for parte ativa da ação, é necessário a sua
presença como fiscal da lei (custos legis), sob pena de nulidade.
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Art. 95 - Em caso de procedência do pedido, a
condenação será genérica, fixando a responsabilidade
do réu pelos danos causados.
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manifestamente suficiente para responder pela
integralidade das dívidas.
As Ações de Responsabilidade
do Fornecedor de Produtos e Serviços
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ajuizamento de ação de indenização diretamente contra
o segurador, vedada a denunciação da lide ao Instituto
de Resseguros do Brasil e dispensado o litisconsórcio
obrigatório com este.
A Coisa Julgada
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da hipótese prevista no inciso II do parágrafo único do
art.81 ;
III - erga omnes, apenas no caso de procedência do
pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus
sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único
do art.81.
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