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Alianças e choques Internacionais no período anterior à

Guerra:

O clima internacional na Europa era carregado de antagonismos que se expressavam na


formação de alianças secretas e de sistemas de alianças, tornando a ameaça de uma guerra
inevitável.

O desenvolvimento desigual dos países capitalistas, a partir de fins do século XIX, levara países
que chegaram tarde à corrida neocolonialista internacional, como a Alemanha, a reivindicarem
uma redivisão do território econômica mundial; tendo se acentuado a rivalidade pela luta por
mercados consumidores, pela aquisição de matérias-primas fundamentais e por áreas de
investimentos. Essa rivalidade na época do imperialismo refletiu-se em âmbito mundial devido
à interdependência criada entre as economias das diversas regiões do mundo pela expansão
do capitalismo. Daí o caráter mundial do conflito. Existiam inúmeros pontos de atrito entre as
potências, os quais geravam antagonismos, os principais eram:

1° – o conflito anglo germânico: a Alemanha, unificada tardiamente e tendo se desenvolvido


“rompendo etapas” no final do século XIX, já desalojara a Inglaterra da sua posição de “oficina
do mundo”, mas não possuía colônias, áreas de investimentos e outros mercados
correspondentes à sua pujança econômica, daí a política agressiva expressada também na
corrida navalista, o que foi considerado uma ameaça à secular hegemonia marítima inglesa;

2° - o franco-alemão : girando principalmente em torno da questão da Alsácia-Lorena,


territórios franceses anexados à Alemanha em 1871. Os alemães se opunham também à
penetração francesa no Marrocos, o que “ameaçava” a “paz mundial” com os incidentes de
Tânger (1905), Casablanca (1908) e Agadir (1911);
3° - o áustro-russo: acentuado quando os russos, afastados do Extremo Oriente após a derrota
para o Japão em 1905, voltaram as atenções para os Bálcãs, onde a política russa foi de apoio à
Sérvia, foco de agitação nacionalista anti-austríaca;

4° - o russo-alemão : em torno do controle dos Estreitos de Dardanelos, já que a rota do


expansionismo russo cortava a do imperialismo alemão (Berlim-Bagdá);

5° - o áustro-sérvio: nos Bálcãs, a Sérvia fomentava as agitações nacionalistas dentro do


Império Áustro-Húngaro, sendo constante fonte de atritos, levando quase ao conflito em 1908
quando a Áustria ocupou a Bósnia-Herzegovina e em 1912 quando exigiu a independência da
Albânia.

Foi esse último foco de atrito que provocou o início do conflito, em 1914.

No plano ideológico a época se caracterizou pela intensificação dos nacionalismos, os quais


serviam para encobrir as ambições imperialistas. Podem ser mencionados o Pangermanismo
(desenvolvido na Alemanha e afirmando a superioridade da “raça” alemã), o Revanchismo
(dominando a França e com idéias de uma desforra contra a Alemanha por causa das perdas e
humilhações sofridas em 1870) e o Pan-Eslavismo (difundido na Rússia e atribuindo aos russos
a função de “proteger” os demais povos eslavos).

Para sustentar o nacionalismo agressivo e o imperialismo beligerante, os países


empreenderam a corrida armamentista. Intensificou-se a produção de armas e munição,
desenvolveu-se a construção naval, aumentaram-se os exércitos: era a Paz Armada.

“Se a Alemanha fosse extinta amanhã, depois de amanhã não haveria um só inglês no mundo
que não fosse rico. Nações lutaram durante anos por uma cidade ou um direito de sucessão -
não deveríamos nós lutar por um comércio de duzentos e cinqüenta milhões de libras? A
Inglaterra deve compreender o que é inevitável e constitui sua mais grata esperança de
prosperidade. A Alemanha deve ser destruí da “ (Trechos de The Saturdaw Review, citado por
BLRNS, E.. MCNALL, . op. cit., pág. 784.)
“Um país desfibrado está à mercê do primeiro que chegar, um pais armado, anima do pelo
espírito militar e pronto para o combate, está certo de impor o respeito e de evitar os horrores
da guerra.”

(Afirmativa de Paul Cambon, diplomata francês, em 1909.)

Essa atmosfera de tensão explica a formação de dois sistemas de alianças. Um, a Tríplice
aliança, aparentemente mais coesa, agrupando Alemanha, Áustria-Hungria e Itália. O único
ponto fraco era a Itália, por ser incerta sua atitude na ocasião de um conflito e também por
estar se aproximando das potências da Entente Cordiale. O outro sistema era a Tríplice
Entente, formada de uma aliança militar (a franco-russa) e dois acordos (a Entente Cordiale -
franco-inglesa — e o Acordo anglo-russo). Os vínculos entre tais países eram mais frágeis do
que aqueles que entrelaçavam o “sistema alemão” e tinha contra si a fragilidade social, política
e econômica da Rússia, sendo também difícil prever o comportamento da Inglaterra antes de
iniciar-se um conflito armado.

O sistema de alianças secretas gerou um mecanismo tal, que bastava um incidente para
desencadear um conflito generalizado. E foi o que ocorreu em julho de 1914, quando o
Arquiduque, herdeiro do trono austríaco, Francisco Ferdinando, foi assassinado em Sarajevo
por um estudante da Bósnia-Herzegovina (província austríaca reivindicada pela Sérvia).

A partir daí os acontecimentos se precipitaram:

1 - a Áustria, apoiada pela Alemanha, enviou um ultimatum à Sérvia, o qual, não sendo
atendido integralmente, levou os austríacos a declararem a guerra;

2 - a Rússia mobilizou as tropas em defesa da Sérvia, recebendo um ultimatum alemão para se


desmobilizar;
3 - a 1 ° de agosto a Alemanha declarou guerra à Rússia e, dois dias após, à França;

4 - imediatamente a Bélgica foi invadida, ignorando a Alemanha a sua neutralidade, o que


levou em 4 de agosto, a Inglaterra a declarar-lhe guerra;

5 - a Itália se omitiu, embora pertencesse à Tríplice Aliança, argumentando que o seu


compromisso com a Áustria e com a Alemanha previa sua participação apenas no caso de tais
países serem agredidos.

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