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Desafios para lidar

com mitigação de causas e adaptação


aos efeitos de mudanças de clima:
subsídios ao debate sobre metas
e objetivos mensuráveis
Resumo - Pontos-chave para discussão
Resumo - Pontos-chave para discussão
• O objetivo final da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – UNFCCC (acordo
multilateral ambiental em vigor desde 1994) é “a estabilização das concentrações de gases de efeito estufa na
atmosfera num nível que impeça uma interferência antrópica perigosa no sistema climático”.

• Existem duas maneiras para alcançar esse objetivo: limitando ou reduzindo emissões antrópicas de gases
de efeito estufa por fontes e preservando ou aumentando sumidouros e reservatórios de gases de efeito estufa.

• O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática) recomenda que o aumento da temperatura
média do planeta seja de no máximo 2o C, com relação aos níveis pré-industriais, para impedir interferência
antrópica perigosa no sistema climático.

• Para que a concentração de gases de efeito estufa seja estabilizada, as emissões devem atingir um pico
nos próximos 10-12 anos e cair drasticamente após esse período. Até 2020, as emissões de gases de efeito estufa
dos países do Anexo I devem ser reduzidas em 25-40% (níveis de 1990) e as emissões globais devem ser
reduzidas em 50% com relação ao ano 2000, até 2050.

• TODOS os países-parte da UNFCCC têm compromissos (descritos no Artigo 4 da Convenção), mas cabe
aos países desenvolvidos, de acordo com o princípio das responsabilidades comuns porém diferenciadas, liderar o
combate às mudanças climáticas.

• O Primeiro Período de Compromisso (2008-2012) do Protocolo de Quioto (CP1) com seus compromissos
quantificados de limitação e redução de emissões (metas) para os países desenvolvidos é um primeiro passo, mas
participação mais ampla e ações de mitigação mais ambiciosas são necessárias para prevenir e diminuir a
interferência antrópica perigosa no sistema climático.

• Até a COP-15 (2009), os países negociarão quais ações ou compromissos de mitigação mensuráveis,
reportáveis e verificáveis apropriados nacionalmente deverão ser considerados e adotados no pós-2012, pois na
COP-13 (dezembro/2007) concordaram em intensificar a implementação da Convenção para alcançar o objetivo
final da Convenção de acordo com seus princípios e compromissos, considerando o desenvolvimento econômico e
social e a erradicação da pobreza como prioridades globais.

• O regime pós-2012 deve, então, prever novos compromissos de mitigação (sendo eles quantificáveis ou
não), inclusive para os países em desenvolvimento, respeitando os princípios da eqüidade e justiça, das
responsabilidades comuns porém diferenciadas, as respectivas capacidades e circunstâncias nacionais.

• Uma pré-condição política para os países não-Anexo I assumirem novos compromissos é que os países do
Anexo I fortaleçam e aprofundem seus compromissos.

• O debate não é meramente sobre aceitar metas ou não, mas qual será o “menu” de compromissos
disponíveis para os países.

• Alguns dos diferentes tipos de compromissos propostos para o regime pós-2012, que podem ser
analisados a partir de sua eficácia ambiental, eficiência econômica e do princípio das responsabilidades comuns
porém diferenciadas:

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• Anexo I
o Metas de emissão nacional absoluta legalmente vinculantes
o Metas de intensidade
o Metas de emissão absoluta legalmente vinculante com preço teto (price cap)
o Abordagens setoriais
o Cooperação tecnológica

• Não Anexo I
o Metas de emissão nacional absoluta legalmente vinculantes
o Metas de emissão absoluta legalmente vinculante com preço teto
o Metas de intensidade
o Metas duais
o Metas “sem perda”
o Metas setoriais
o MDL Expandido
o Políticas e medidas de desenvolvimento sustentável (SD PAMs)

• Para o Brasil é importante a discussão de opções de mecanismos para assegurar e apoiar a


redução de emissões de gases de efeito estufa mediante a redução de desmatamento de florestas
tropicais. De acordo com a Comunicação Nacional do Brasil (1990-1994), 75% das emissões de gases de
efeito estufa do país são provenientes do desmatamento e conversão de áreas florestais em sistemas
agropecuários. Além disso, o Brasil está entre os dez maiores emissores mundiais de gases de efeito
estufa.

• Em 2006, o governo brasileiro apresentou uma proposta para reduzir emissões do desmatamento
dos países em desenvolvimento. Ela se baseia na idéia que os países desenvolvidos assegurarão
incentivos positivos, por meio de um fundo voluntário, para os países em desenvolvimento que
demonstrarem, de maneira transparente e crível, uma redução das emissões do desmatamento como
conseqüência de seus esforços voluntários. Entretanto, o governo federal jamais fixou uma meta ou
objetivo mensurável para orientar as ações nacionais, estaduais e municipais, bem como do setor
privado, em torno de um parâmetro aceito pela sociedade brasileira como expressão de conservação
florestal desejada. A proposta brasileira refere-se a uma “linha de base”, ou seja, tendência histórica de
desmatamento, em relação à qual se avalia o resultado de esforços e políticas destinadas a diminuir a
conversão de florestas.

• O Brasil deve começar a considerar que tipos de ações serão postas em prática para desacelerar o
crescimento, estabilizar e reduzir suas emissões de gases de efeito estufa nos diversos setores, ainda
mais porque, apesar da grande maioria das emissões de gases de efeito estufa do país serem
provenientes do desmatamento, há a tendência de crescimento relativo das emissões associadas ao uso
de combustíveis fósseis.

• Por que o país não pode ter metas relacionada a emissões de gases de efeito estufa? O Brasil
possui metas para várias áreas, como, por exemplo, meta de inflação, meta de exportação, meta de
superávit primário, meta de redução da mortalidade infantil, meta para saneamento básico, etc. Metas e
objetivos mensuráveis são instrumentos de controle social, de transparência, que auxiliam a
governabilidade e o rumo das políticas e das atividades sócio-econômicas.

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