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OPINIÃO OPINION 1535

Ectoparasitoses e saúde pública no Brasil:


desafios para controle

Ecoparasitoses and public health in Brazil:


challenges for control

Jörg Heukelbach 1
Fabíola Araújo Sales de Oliveira 1

Hermann Feldmeier 2

1 Fundação Mandacaru. Abstract Parasitic skin diseases such as scabies, pediculosis, tungiasis, and cutaneous larva
Rua José Vilar de Andrade
migrans are hyperendemic in the numerous poor communities in Brazil and are commonly as-
257, Fortaleza, CE
60833-830, Brasil. sociated with considerable morbidity. However, programs to control ectoparasites are non-exis-
samsa@mcanet.com.br tent in the country’s public health system. Due to neglect of these diseases by the population it-
2 Institute of International
self and health care professionals, the diseases’ highly contagious characteristics, and lack of ef-
Health, Center for
Humanities and Health fective treatment and/or presence of animal reservoirs together with a complex life cycle, effec-
Sciences, Faculty of Medicine, tive control of ectoparasites is an enormous public health challenge. This article discusses poten-
Free University of Berlin.
tial measures to control parasitic skin diseases in affected communities, based on mass treat-
Fabeckstrasse 60-62, 12203,
Berlin, Germany. ment, health education, and (when applicable) eradication of animal reservoirs.
feldmeier.fuberlin@t-online.de Key words Ectoparasitic Infestations; Vulnerable Group; Urban Health; Health Surveillance

Resumo Doenças ectoparasitárias como a escabiose, a pediculose, a tungíase e a larva migrans


cutânea são hiperendêmicas em inúmeras comunidades carentes no Brasil, e não raramente as-
sociadas à severidade considerável. Entretanto, programas que priorizem o controle de ectopara-
sitas não existem em nível de saúde pública no país. Como conseqüência da alta contagiosidade,
de manejo inadequado, de negligência tanto da população como dos profissionais de saúde e/ou
da presença de reservatórios animais, além de ciclos de vida complexos, o controle efetivo das ec-
toparasitoses é um desafio para a saúde pública. Aqui discutimos possíveis medidas de interven-
ção para o controle de doenças ectoparasitárias em comunidades afetadas, baseadas em trata-
mento em massa, educação em saúde e, caso se aplique, na erradicação dos reservatórios ani-
mais.
Palavras-chave Ectoparasitoses; Comunidades Vulneráveis; Saúde Urbana; Vigilância Sani-
tária

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Introdução carentes no Brasil, sendo que crianças apre-


sentam taxas mais altas (Wilcke et al., 2002a). A
Doenças ectoparasitárias, como a pediculose, principal via de transmissão ocorre de cabeça
a escabiose, a tungíase e a larva migrans cutâ- a cabeça, sendo necessário um contato repeti-
nea (LMC), são muito comuns em comunida- do e prolongado para atingir taxas de transmis-
des carentes no Brasil. É freqüente a presença são significantes (Canyon et al., 2002). A trans-
de infestação severa e conseqüentes complica- missão por meio de fômites é bastante discutí-
ções. Apesar disso, programas de controle para vel. Alguns autores consideram que essa via de
essas doenças são quase inexistentes, e as mes- transmissão desempenha papel significativo
mas estão comumente sendo negligenciadas (Burkhart, 2003), porém, a sua importância em
tanto pelos profissionais e autoridades de saú- saúde pública ainda não está definida. Foi de-
de quanto pela população afetada (Heukelbach monstrado que a transmissão em escolas não
et al., 2003b). Como conseqüência, o controle ocorre livremente de uma criança para outra,
de ectoparasitas em populações carentes tem mas entre os amigos mais próximos (Burgess,
sido raramente debatido no Brasil e em outros 1995).
países onde doenças parasitárias são comuns O piolho do corpo foi relatado somente em
(Heukelbach et al., 2002). casos singulares no Município de São Paulo
Estima-se que até dois terços da populacão (Linardi et al., 1998), e não representa um pro-
de favelas de grandes cidades e de comunida- blema de saúde pública no Brasil. Como trata-
des carentes rurais são afetados por pelo me- mento, a desinfestação apropriada das roupas
nos uma ectoparasitose, mais comumente pelo é medida suficiente na maioria dos casos.
piolho, pelo ácaro Sarcoptes scabiei (“sarna”) A ftiríase (“chato”) é causada pelo parasita
e/ou pela pulga Tunga penetrans (“bicho de Pthirus pubis. A biologia desse parasita é seme-
pé”) (Wilcke et al., 2002a). lhante à do P. humanus capitis, sendo que aque-
le habita o pêlo da região púbica. Em casos sin-
gulares, o P. pubis pode também atingir outras
Pediculose, ftiríase e escabiose partes do corpo como a barba, os cílios, os pê-
los axilares e até o couro cabeludo. A transmis-
A pediculose é causada pela infestação pelo Pe- são ocorre por contato físico muito próximo,
diculus humanus corporis (piolho do corpo) ou principalmente contato sexual. Dados popula-
pelo Pediculus humanus capitis (piolho do cionais sobre a ftiríase são inexistentes no nos-
couro cabeludo). O tifo epidêmico (causado so país.
por Rickettsia prowazekii), a febre das trinchei- A escabiose humana (“sarna”) é causada
ras (causada por Bartonella quintana) e a febre pelo ácaro Sarcoptes scabiei var. hominis. O
recorrente (causada por Borrelia recurrentis) prurido cutâneo leva comumente a uma infec-
podem ser transmitidos pelo piolho do corpo ção secundária e é causado por uma reação
(Fournier et al., 2002). O piolho do couro cabe- alérgica a produtos metabólicos do ácaro. Glo-
ludo nunca foi descrito como vetor para essas merulonefrite aguda também foi associada à
doenças, entretanto, a transmissão da Rickett- escabiose (Burgess, 1994). A transmissão ocor-
sia prowazekii por esse ectoparasita foi de- re por contato direto, inclusive sexual. A trans-
monstrada em laboratório. É possível que o P. missão por meio de fômites pode ocorrer, po-
humanus capitis seja agente transmissor da rém em condições normais, o contato físico é a
rickettsiose em epidemias que foram princi- única via de transmissão de importância epi-
palmente causadas pelo P. humanus corporis demiológica (Burgess, 1994). Condições sócio-
(Robinson et al., 2003). econômicas precárias, aglomerações, não ade-
O piolho do couro cabeludo comumente rência aos tratamentos tópicos comumente uti-
causa infecções secundárias e foi considerado lizados e o desenvolvimento de resistência me-
uma das causas principais de impetigo nas po- dicamentosa são os grandes responsáveis pela
pulações de países em desenvolvimento (Bur- manutenção de altas taxas de prevalência, espe-
gess, 1995). As crianças infestadas podem apre- cialmente em populações carentes. Nesse meio,
sentar baixo desempenho escolar por dificul- a prevalência atinge cerca de 10% ( Wilcke et
dade de concentração, conseqüência do pruri- al., 2002a).
do contínuo e distúrbios do sono. Crianças com O controle efetivo da pediculose e da esca-
infestação severa também podem desenvolver biose em saúde pública deve ser baseado no
anemia devido à hematofagia do piolho (Linar- tratamento em massa associado à educação
di, 2002). em saúde. O tratamento em massa da escabio-
Taxas de prevalência do piolho de couro ca- se com ivermectina ou com piretróides foi de-
beludo podem chegar a 40% em comunidades monstrado como eficiente em comunidades

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carentes, a exemplo de estudos em uma aldeia to de benzila, amplamente utilizado no Brasil


em Papua, Nova Guiné (Bockarie et al., 2000) e para o tratamento da escabiose, é irritante, po-
em uma comunidade de aborígines na Austrá- de causar dermatite e não é recomendado para
lia (Carapetis et al., 1997). A ivermectina de- crianças. Os piretróides, apesar do maior cus-
monstrou ser igualmente eficaz ao benzoato de to, têm a vantagem de ser menos irritante, de
benzila no tratamento da escabiose (Brooks & odor menos desagradável e podem ser aplica-
Grace, 2002); entretanto, a efetividade na co- dos em crianças pequenas, ao contrário da
munidade deve ser ainda melhor para a iver- ivermectina, contra-indicada em menores de
mectina devido à praticidade de uso e conse- cinco anos, crianças de peso inferior a 15kg,
qüente maior aderência ao tratamento. A iver- grávidas, nutrizes e indivíduos com afecções
mectina também é uma droga de alta eficácia do sistema nervoso central.
para o tratamento da pediculose (Glaziou et al., A ivermectina ainda não foi utilizada exten-
1994). sivamente em saúde pública no Brasil, porém
Em um estudo em uma comunidade de pes- vem sendo utilizada há anos em milhões de
cadores de cerca de 600 habitantes no Estado pessoas na África como tratamento em massa
do Ceará, baixamos a taxa de prevalência de contra filariose em áreas endêmicas, tendo se
pediculose ativa de 16 para 1% e da escabiose mostrado uma droga efetiva, segura e com pou-
de 4 para 1%, com tratamento em massa com cos efeitos colaterais (Stephenson & Wiselka,
duas doses de ivermectina no intervalo de dez 2000). A utilização da ivermectina, além da alta
dias (Heukelbach et al., submitted). praticidade, apresenta baixo custo.
A repetição da dose de ivermectina se faz
necessária pelo fato da droga ser eficaz somen-
te contra formas adultas dos parasitas, sendo Tungíase e larva migrans cutânea
que os ovos não são atingidos. Além disso, in-
divíduos que eventualmente tenham sido in- A tungíase é causada pela penetração e subse-
festados por fômites no intervalo entre uma qüente hipertrofia da fêmea da pulga T. pene-
dose e outra, são tratados com a segunda dose. trans na epiderme do hospedeiro. As áreas pre-
Especialmente no controle da escabiose, é ferenciais de penetração no homem são os pés
necessário o tratamento de todos os membros nas áreas interdigitais. Complicações comuns
da família do indivíduo acometido e dos par- incluem a infecção bacteriana secundária, a
ceiros sexuais, inclusive dos assintomáticos. perda de unha e a deformação de dígitos (Feld-
Nesse caso, não há necessidade de lavar e/ou meier et al., 2002, 2003).
tratar a roupa, pois o ácaro não sobrevive mui- Em comunidades carentes brasileiras, re-
to tempo fora do hospedeiro humano (Burgess, centemente foram documentadas taxas de pre-
1994). Infelizmente, o tratamento extensivo valência entre 34 e 55% (Carvalho et al., 2003;
aos contatos mais próximos do indivíduo aco- Muehlen et al., in press; Wilcke et al., 2002b).
metido raramente acontece, seja por falta de Animais domésticos e ratos são reservató-
informação da população, pela negligência dos rios importantes. Em um estudo em uma fave-
profissionais de saúde ou ainda pela não ade- la de Fortaleza, Ceará, 67% dos cães, 50% dos
rência do paciente ao tratamento tópico com gatos e 41% dos ratos capturados estavam in-
benzoato de benzila, substância que causa ar- festados com T. penetrans (Heukelbach et al.,
dor, de odor forte, que exige várias aplicações e 2003a). Em áreas rurais, os porcos também são
único medicamento para escabiose disponível reservatórios; porém, com o confinamento des-
nas farmácias básicas do SUS. ses animais às pocilgas, sua importância na
Para controlar a pediculose nas escolas, o epidemiologia da doença tem diminuído nos
simples tratamento e isolamento de crianças últimos anos.
afetadas não é suficiente. Como a sensibilida- É provável que ovos, larvas e pupas da pul-
de do diagnóstico clínico não é muito alta e por ga sobrevivam no meio ambiente por semanas
ser a ivermectina uma droga altamente eficaz ou até meses. Devido à existência de reservató-
contra a pediculose e outras parasitoses, de rios animais distintos e à sobrevivência da pul-
aplicação prática (dose única oral) e segura (ra- ga no seu habitat natural por tempo prolonga-
ros efeitos colaterais), recomenda-se o trata- do sem a necessidade de hospedeiro, o contro-
mento em massa de todas as crianças, indepen- le da tungíase torna-se um desafio particular
dente de exame clínico, com essa droga. O tra- (Heukelbach et al., 2002).
tamento baseado na aplicação de substâncias Além disso, não é conhecida nenhuma qui-
tópicas é particularmente problemático devido mioterapia eficaz para eliminar pulgas pene-
à baixa adesão e à presença de resistência do tradas, nem em seres humanos, nem em ani-
parasita a várias dessas substâncias. O benzoa- mais. O tratamento atual consiste na retirada

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das pulgas penetradas com uma agulha estéril ça de animais vadios e onde o desconhecimen-
e tratamento de infecções secundárias com an- to acerca da importância do tratamento dos
tibiótico, medidas de pouca viabilidade para animais domésticos e limitações financeiras
tratamento de comunidades inteiras (Heukel- impossibilitam essas medidas. Conseqüente-
bach et al., 2001). mente, a educação em saúde, priorizando o uso
Como há uma aparente preferência da T. de calçados e um programa em parceria popu-
penetrans por solo arenoso e de pouca lumino- lação-governo de tratamento periódico dos
sidade, a pavimentação das vias públicas e a ci- animais domésticos, parece ser a melhor opção
mentação dos pisos das casas se apresentam co- para a prevenção da LMC.
mo importantes medidas de controle. Sanea- O tratamento do indivíduo acometido com
mento básico, principalmente coleta regular de LMC consiste na aplicação tópica de tiabenda-
lixo, certamente contribuirão para reduzir inci- zol, albendazol via oral ou ivermectina via oral
dência e severidade. Como essas medidas cla- (Caumes, 2003). Infelizmente, nenhuma dessas
ramente demandam um maior investimento drogas faz parte da lista de medicamentos es-
tanto da população como das autoridades lo- senciais do Ministério da Saúde.
cais, além de não serem factíveis em curto pra-
zo, levando-se em consideração a realidade po-
lítico-econômica brasileira, o controle ambien- Conclusão
tal com inseticidas seria uma outra opção. En-
tretanto, as áreas infestadas são geralmente de Parece óbvio que somente um esforço em con-
grandes dimensões e o custo do tratamento dos junto população-ações governamentais, in-
animais domésticos com inseticidas é conside- cluindo educação em saúde, saneamento bási-
rável. Obviamente, a eliminação da população co e tratamento em massa podem alcançar su-
de ratos não deve ser esquecida. cesso duradouro no controle das doenças ecto-
Não se pode ignorar a percepção da popu- parasitárias mais importantes em nosso meio.
lação em relação à tungíase. Comumente, essa O mapeamento de áreas endêmicas e de alto
ectoparasitose não é percebida como doença risco, a busca ativa de casos e o tratamento dos
(Heukelbach et al., 2003b). A educação em saú- contatos podem ser realizados em parceria
de deve priorizar – além de medidas gerais de com o Programa Saúde da Família e a Funda-
higiene – a prevenção secundária (educar a po- ção Nacional de Saúde, cujas ações se desen-
pulação para o auto-exame diário e para a reti- volvem no contato direto com a comunidade.
rada adequada das pulgas penetradas com ins- Conceitos como estigmatização, vergonha
trumento estéril). A prevenção primária (usar e negligência devem fazer parte da educação
sapatos fechados) é claramente não factível em em saúde tanto para as populações afetadas,
áreas endêmicas. como para os profissionais de saúde.
A LMC é causada pela penetração de larvas Apesar da dimensão do problema, o conhe-
de ancilostomídeos, normalmente de cães e cimento atual em relação às ectoparasitoses é
gatos, na pele do homem. A infestação ocorre ainda escasso. É indispensável não somente in-
após contato com solo contaminado com as fe- crementar o conhecimento sobre a epidemio-
zes desses animais. Como o ser humano não é logia das ectoparasitoses em nosso meio, como
o hospedeiro apropriado, as larvas não conse- também avaliar o potencial de inseticidas mo-
guem chegar a seu destino programado e con- dernos e a terapia medicamentosa no combate
tinuam migrando na epiderme durante várias à T. penetrans nos hospedeiros e no ambiente.
semanas. Como o prurido é intenso, a LMC co- A melhoria da qualidade de vida das popu-
mumente leva a distúrbios do sono e a infec- lações carentes no nosso país não se faz de um
ções secundárias. A prevalência da LMC em momento para o outro. Mas medidas de con-
uma favela de Fortaleza, Ceará, foi estimada trole efetivas e eficientes para as ectoparasito-
em 3% (Heukelbach et al., in press). ses são factíveis. Um programa de controle de
A infestação no homem é autolimitada e as ectoparasitoses incluiria também o controle de
larvas não se desenvolvem nesse hospedeiro verminoses intestinais pelo fato da ivermecti-
acidental; por isso, o tratamento de pessoas in- na ser também efetiva contra essas doenças. O
festadas não apresenta nenhum impacto na tratamento em massa com ivermectina a cada
transmissão da doença. O tratamento periódi- seis meses, associado à educação em saúde
co do reservatório animal – cães e gatos – com com participação popular é medida extrema-
anti-helmínticos é indispensável para o con- mente custo-efetiva. Em médio prazo, os cus-
trole dessa ectoparasitose. tos da assistência primária seriam reduzidos
O quadro é particularmente desafiador em pela queda na procura de atendimento atribuí-
populações carentes, onde é comum a presen- do às verminoses e ectoparasitoses. Como a

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qualidade de vida é dependente do nível de


saúde de uma população, seria mais um passo
no alcance de uma melhor qualidade de vida
para todos.

Agradecimentos

Esse trabalho foi apoiado pelo “Ärztekommittee für


die Dritte Welt”, Frankfurt (Alemanha).

Referências

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