Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
_____________________________
16.2 TIPICIDADE
Num e noutro casos o agente engana a pessoa com quem se casa. O outro é
ludibriado, aceitando o casamento que, em outras circunstâncias, não contrairia.
Na primeira modalidade típica o agente induz o outro a incorrer num erro essencial
sobre sua pessoa. Erro é a falsa percepção da realidade. A vítima é levada, pelo agente,
pelos mais diversos meios, a compreendê-la mal.
2 – Direito Penal III – Ney Moura Teles
Há erro essencial em relação ao agente quanto “à sua identidade, sua honra e boa
fama”. Outro é “a ignorância de crime, anterior ao casamento”. Pode o erro recair sobre
“defeito físico irremediável, ou de moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou
herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência”. Por
fim, quando o erro recai sobre a existência de “doença mental grave”.
Para realizar o tipo o agente deve induzir o outro contraente a uma situação de erro,
quer dizer, fazer nascer na sua mente uma compreensão equivocada sobre aquelas
circunstâncias do art. 1.557 do Código Civil. Na verdade, o agente consegue ludibriar o
outro, ocultando a verdade e alterando os fatos utilizando-se de meios fraudulentos.
Se o sujeito ativo não sabia que era portador de doença mental não podia, à
evidência, induzir a vítima a erro sobre isso. Se não tinha consciência de que era
ascendente do outro não podia, mesmo, ocultar o que não conhecia. O dolo é a vontade
livre de contrair casamento, mas alcança a consciência da situação que pode levar ao erro
essencial ou da proibição de casar.