Você está na página 1de 2

102

VIOLAÇÃO DO SIGILO DE PROPOSTA


DE CONCORRÊNCIA

_____________________________

102.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS


DO CRIME

A norma do art. 326 do Código Penal: “devassar o sigilo de proposta de


concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo”, foi revogada
pela do art. 94 da Lei nº 8.666/93, que contém o seguinte tipo penal: devassar o sigilo de
proposta apresentada em procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo
de devassá-lo. A pena cominada é detenção, de dois a três anos, e multa.

A proteção incide sobre a lisura dos procedimentos licitatórios realizados pela


Administração Pública, a fim de preservar o sigilo das propostas apresentadas.

Sujeito ativo é o funcionário público encarregado do recebimento e guarda das


propostas. O não-funcionário pode ser co-autor ou partícipe do crime.

Sujeito passivo é o Estado e o licitante que vier a ser prejudicado com a quebra do
sigilo.

102.2 TIPICIDADE

102.2.1Conduta e elementos do tipo

A primeira conduta incriminada é a de devassar o sigilo da proposta. Devassar


significa conhecer, desvendar o conteúdo da proposta, não sendo necessária a abertura do
envelope no qual esteja contida. Claro que a norma se refere apenas ao conhecimento
indevido, porque haverá o momento em que a proposta deverá, no curso do procedimento
licitatório, ser, necessariamente, desvendada e conhecida pelos funcionários que dirigem a
2 – Direito Penal III – Ney Moura Teles

licitação.

A norma não exige que o agente, após devassar o sigilo, dê, a outrem, conhecimento
do conteúdo da proposta. Basta, portanto, a conduta do agente.

A outra conduta incriminada é aquela consistente em proporcionar à terceira


pessoa a possibilidade de promover a devassa, o conhecimento da proposta, quebrando,
assim, o seu sigilo. Cuida-se de conduta, positiva ou negativa, que dá ensejo a que alguém
conheça o conteúdo da proposta. É a contribuição para a ação de outrem.

O crime é doloso. O agente atua com consciência da ilicitude de seu comportamento


e com vontade livre de devassar ou permitir a devassa do sigilo da proposta, sem qualquer
outra finalidade especial.

102.2.2 Consumação e tentativa

A consumação acontece no momento em que o agente ou a terceira pessoa toma


conhecimento do conteúdo da proposta.

A tentativa é possível, em qualquer das duas modalidades, quando, por


circunstâncias alheias à vontade do agente, o sigilo da proposta não é desvendado.

102.2.3 Aumento de pena

Se o agente ocupa um cargo em comissão ou exerce função de direção ou


assessoramento de órgão da administração direta, de sociedade de economia mista,
empresa pública ou fundação instituída pelo poder público, a pena será aumentada de um
terço (art. 327, § 2º).

102.3 AÇÃO PENAL

A ação penal é de iniciativa pública incondicionada.

Você também pode gostar