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PRAZO PROCESSUAL
1. Conceito: “período em que o ato processual da parte pode ser validamente
praticado” (Orione);
“é o espaço de tempo em que o ato processual da parte podeser validamente
praticado” (Humberto Theodoro Jr.).
“distância temporal entre os atos do processo” (Ada, Cintra e Dinamarco);
“o processo não é uma coisa feita, um caminho que se deva percorrer, senão
uma coisa que se deve fazer a o largo do tempo. Os prazos são pois, os lapsos
outorgados para a realização dos atos processuais” (Couture, citado por
Humberto Theodoro Jr.);
“é a fração ou delimitação de tempo dentro do qual deve ser praticado o ato
processual, assegurando que o processo se desenvolva através do iter
procedimental” (J. E. Carreira Alvim).
Intervalo de tempo que deve ser observado para a prática de um ato
processual.
2. Termos: “marcos (limites) que determinam a fração chamada prazo” (Alvim).
Dies a quo = termo inicial (v. 241, CPC) – “momento a partir do qual o ato pode
ser
praticado”; dies ad quem = termo final – “momento até quando o ato pode ser
praticado” (Greco). Estas idéias valem para o prazo aceleratório, não para o
dilatório, na terminologia de Ada, Cintra e Dinamarco, e Alvim. Ver também 177,
CPC.
3. Classificação dos prazos processuais:
3.1. legais, judiciais e convencionais: quer resultem da lei, de
determinação
do julgador ou da vontade das partes (“quanto a fonte” segundo Greco Filho). 2
Humberto Theodoro Jr. só classifica nestes termos, entendendo que dilatório e
peremptório são termos que dizem com a natureza dos prazos. O prazo “residual”,
ou supletivo, como quer Ernani Fidélis dos Santos – art. 185, CPC
3.2. comuns e particulares: os primeiros “são aqueles estabelecidos
simultaneamente para as duas partes, correndo a um só tempo para ambas”,
enquanto os segundos “são aqueles abertos no interesse de uma só das partes”
(Orione). Exs.: comum – prazo para recurso quando há sucumbência recíproca;
particular – prazo para contestar. Alvim ainda se refere ao prazo
especial estabelecido beneficiando alguma das partes, como, por exemplo,
os prazos do art. 188 do CPC.
3.3. próprios e impróprios (ou programáticos, na linguagem de Alvim):
os primeiros são os “fixados para as partes”, enquanto os segundos são
“concedidos ao juiz e aos demais auxiliares da justiça” (Orione). Em relação aos
primeiros, ocorre a preclusão, o que não acontece nos segundos, cujo
descumprimento enseja tão somente providências administrativas, sem
conseqüências processuais. Exs.: próprio – prazo para resposta ou recurso;
impróprio – arts. 189 e 190, do CPC.
3.4. dilatórios ou peremptórios: classificação adotada pelo CPC, no
sentido de que os primeiros “são os prazos fixados pela lei, mas que admitem a
sua ampliação ou redução, quer por decisão judicial, quer por acordo das partes”,
neste último caso, quando observados certos requisitos (art. 181), enquanto os
5º período. Direito Processual Civil= Prazos
09/05/2007.
Acadêmica; Clotilde Maria Sloboda
segundos “são os prazos indicados por lei, que não podem ser modificados pela
vontade das partes ou por determinação judicial”, salvo casos excepcionais (art.
182) (Orione). A identificação decorre de construção
jurisprudencial. Greco sugere orientação geral considerando-se peremptórios “os
prazos que importam em ônus imediato e direto à parte, instruídos pelo interesse
público consubstanciado no andamento regular do processo e que têm como
fundamento o próprio equilíbrio do contraditório, como são os prazos para
responder e recorrer. Quando o prazo é instituído no interesse da parte, pode ser
entendido como dilatório, como, por exemplo, o prazo marcado pelo juiz para a
realização da perícia, mesmo porque o interesse púbico é no sentido de que ela
se realize de maneira correta e perfeita, sendo inconveniente a sua precipitação”.
“De um modo geral, peremptório é o prazo que a seu termo cria uma situação que
condiciona a própria função jurisdicional, tal como se dá com a revelia, a coisa
julgada e a preclusão pro judicato; e dilatório, aquele que põe em jogo apenas o
interesse particular da parte” (Humberto). Qualquer prazo, contudo pode ser
dilatado – o problema da justa causa (ex.: retirada e retenção de autos pelo
vencedor correndo prazo de recurso para o vencido). Para Alvim, Ada, Cintra e
Dinamarco,
dilatório é o prazo dentro do qual “não é permitida a prática do ato processual,
que somente pode ser realizado depois de ultimado o termo final. Assim, o prazo
para comparecer em juízo (CPC, 192) (...) a lei determina uma distância mínima,
evitando que o ato se realize antes do prazo” (Alvim). Em contrapartida, Ada,
Cintra e Dinamarco entendem que aceleratório é o prazo máximo para a
realização de um ato (em oposição a dilatório), enquanto chamam de ordinatório
o prazo dilatório na linguagem do CPC.
4. Contagem: ver 172 e seguintes do CPC. Exemplos: prazos em dias (CPC, 297
e 395), meses (1.165), anos (265, § 5o), horas (190), minutos (454 e 554). Os
primeiros são mais comuns e esta é a sua disciplina no CPC.
4.1. noções básicas:
− dia útil: (CPC, 172) é aquele onde “há expediente forense” (Theodoro Jr. e
Orione).
− feriados são os domingos e os dia assim declarados em lei (CPC, 175). Ver
Lei 9.093/95. “Feriados contínuos. Não se consideram férias, sendo inaplicável a
regra de suspensão dos prazos do artigo 179 do CPC. Excepciona-se, apenas, a
hipótese prevista no artigo 62, I, da Lei 5.010/66” (AGA 14763-SP, Rel. Min.
Eduardo Ribeiro)
− ponto facultativo: decretado pela autoridade competente administrativamente
para tanto, conforme a lei. Convém não existir vinculação do Judiciário ao
Executivo, nos termos da separação dos Poderes (CF, 2o). Equipara-se a feriado,
tanto que há plantão judiciário. O juiz não está vinculado ao ponto facultativo
decretado pelo prefeito, mas pode determinar o fechamento extraordinário do
fórum (art. 2o da Lei 1.408/51).
− dia sem expediente: é o dia não-útil. As leis de organização judiciária
disciplinam o expediente forense e normalmente não incluem o sábado como dia
útil. O feriado, o ponto facultativo e o dia em que o fórum extraordinariamente não
abriu também são dias sem expediente forense, dias não-úteis.
− as férias forenses suspendem o curso dos prazos nos processos que não
tramitam no período, voltando a fluir o prazo a partir do 1o dia útil seguinte (CPC,
173 e 179).
− feriados contíguos às férias, ou seja, os que eventual e imediatamente as
antecedam ou sucedam: quanto ao feriado antecedente, o mesmo não se inclui no
período de férias, incluindo-se, portanto, na contagem do prazo, que só se
suspende no 1o dia das férias, o mesmo não acontecendo com o feriado
subsequente, em face do disposto no art. 179, in fine. Jurisprudência assentada
no STJ e no STF. Confusão diante da ementa do RESP 56.799-RS, Rel. Min.
Sálvio de Figueiredo Teixeira. A ementa dá como regra a fluência do prazo tão
logo terminem as férias, mesmo que o primeiro dia subsequente seja feriado.
Entretanto, o voto nada diz a respeito disto, se referindo somente ao feriado
antecedente.
− se o final da contagem recair em dia não útil ou em dia em que o expediente se
encerre antes da hora normal, dá-se a prorrogação para o 1o dia útil seguinte
(184, § 1o, I e II). Dia em que o expediente termine mais tarde ou comece mais
cedo ou mais tarde: irrelevante.
5. Prazos em minutos e em horas = contagem minuto a minuto ou de hora em
hora (ex.: 454, 554 e 190).
6. Prazos em meses ou em anos. arts. 1o e 2o da Lei 810/49. O referencial é o
dia e o mês de início. Se não houver o dia correspondente no mês de vencimento,
o termo final prorroga-se para o 1o dia útil seguinte. Ex.: 983, caput, 1.161, 1.165
(meses); 701, 267, II (anos).
7. Contagem regressiva de prazos (ex.: CPC, 407).
8. Renúncia de prazo (CPC, 186)
9. Dúvida irremovível na verificação do prazo: in dubio, pela interpretação
liberal. É a orientação da jurisprudência.
10. Preclusão temporal automática: CPC, 183.