Você está na página 1de 6

Comportamento Organizacional - UVB

Aula 02- Desenvolvimento


Histórico do Comportamento
Organizacional
Objetivos da aula:
Apresentar ao aluno à evolução da disciplina e seu grau atual
de desenvolvimento. Contextualizar os períodos históricos que
envolvem o Comportamento Organizacional.

As origens
A maioria dos autores concorda que o estudo do Comportamento
Organizacional teve origem durante a evolução da sociedade
industrial, notadamente a partir do início do século XX. À medida que
as atividades humanas envolvem mais indivíduos e maiores volumes
de recursos, a sua organização oferece novos e crescentes desafios.
Assim é nas grandes corporações industriais que se tornou patente a
necessidade de compreender o comportamento humano no âmbito
das organizações.

A publicação em 1776 de “A Riqueza das Nações”, de Adam Smith,


marca para muitos autores o início da Revolução Industrial; de fato,
neste livro surgem pela primeira vez o “princípio da especialização”
e o “princípio da divisão do trabalho”, que viriam a constituir as bases
do pensamento administrativo por várias décadas.

Anos depois, Charles Babbage estendeu o conceito de especialização.


Em seu livro “On the Economy of Machinery and Manufactures”, de 1832,
Babbage afirmou que os princípios de especialização seriam aplicáveis
também ao trabalho intelectual, conceito desconhecido na época.

Faculdade On-line UVB 13


Comportamento Organizacional - UVB

Finalmente, Robert Owen foi um pioneiro ao enfatizar, no início


do século XIX, as necessidades humanas dos empregados. Suas
propostas estavam um século à frente dos seus contemporâneos:
regulamentação dos horários e condições de trabalho, educação
pública para todos, refeitórios nas fábricas e envolvimento das
empresas em projetos para o bem-estar da coletividade.

Estes autores lançaram as bases dos estudos organizacionais, que


experimentariam enorme evolução a partir do início do século XX,
com o advento da chamada Escola Científica de Administração.

Os clássicos: Taylor e Fayol


O americano Frederick Winslow Taylor foi o primeiro a dar
tratamento científico aos problemas referentes à organização do
trabalho O pensamento de Taylor foi elaborado em torno de três
eixos principais.

Em primeiro lugar está a distribuição das tarefas, estabelecendo-


se diversos escalões intermediários entre a direção da empresa e o
operário que realiza o trabalho material. A segunda vertente básica
do chamado taylorismo é o estudo detalhado dos movimentos
e tempos necessários para realizar as tarefas, divididas em seus
componentes mais elementares. Intimamente relacionado com o
anterior está o terceiro fator: o estudo das máquinas necessárias para
o processo produtivo e sua localização correta, com o objetivo de
obter o máximo rendimento.

Quase ao mesmo tempo em que Taylor realizava seus estudos nos


Estados Unidos, surgiram na França os de Henri Fayol. A análise de
Fayol teve um enfoque oposto ao de Taylor; enfocou a estrutura
organizacional da empresa, começando pela cúpula desta. Destacou
que a função de alta direção da empresa é quase exclusivamente
administrativa e fixou princípios da administração.

Faculdade On-line UVB 14


Comportamento Organizacional - UVB

As concepções tayloristas e fayolistas (a chamada escola clássica de


administração de empresas) partem de um princípio muito simples,
no que diz respeito à psicologia do trabalhador: o comportamento
do homem frente ao trabalho é guiado unicamente pelo interesse
material. Por isso, para que o trabalhador se adapte ao trabalho como
um mero prolongamento da máquina - requisito imprescindível para
se conseguir a maior produtividade possível - é necessário dar-lhe um
incentivo, mediante aumento dos salários ou melhoria das condições
de trabalho, como por exemplo, a diminuição da jornada.

Os “pré-humanistas”
A Administração Científica, a Escola Clássica e a Escola da Burocracia
simplesmente desconsideravam o fato dos seres humanos serem
“animais sociais”. Apenas por volta dos anos de 1930 este conceito seria
plenamente incorporado à teoria das organizações, porém já no início
do século XX alguns teóricos chamavam a atenção para a influência
das dinâmicas sociais sobre o desempenho das organizações.

Esses escritores discutiram um amplo espectro de tópicos de


administração, incluindo as responsabilidades sociais da administração,
a filosofia de administração, a clarificação de termos e conceitos de
negócios e princípios organizacionais. As contribuições de Chester
Barnard e Mary Parker Follet tornaram-se trabalhos clássicos nessa área.

Chester Barnard, o último presidente da New Jersey Bell Telephone


Company, publicou seu livro-referência The Functions of the Executive
em 1938. Ele delineou o papel de um alto executivo: formular o
propósito de uma organização, contratar pessoas-chave e manter as
comunicações organizacionais.

Mary Parker Follet no seu Dynamic Organization, de 1942, estendeu o


trabalhodeBarnardporenfatizarassituaçõescontinuamentemodificadas
que os administradores enfrentam. Duas de suas contribuições-chave,

Faculdade On-line UVB 15


Comportamento Organizacional - UVB

a noção de que os administradores desejam flexibilidade e as diferenças


entre motivar grupos e indivíduos, assentaram os fundamentos para a
moderna abordagem da contingência.

A Era do Comportamento
Os fundamentos psicológicos da Administração Científica só foram
realmente questionados a partir das experiências de Elton Mayo nas
oficinas da companhia Western Electric, no estado de Illinois, Estados
Unidos, entre 1927 e 1932. Mayo e seus colaboradores demonstraram
que a produtividade não se devia a causas materiais, mas sim às
relações sociais entre a direção da empresa e os trabalhadores e, em
conseqüência, à mudança entre os próprios trabalhadores.

Depois de longos estudos, Mayo e sua equipe chegaram às


seguintes conclusões: - o comportamento do trabalhador não é
simplesmente individual;
- há outras formas de motivação para o trabalho, além daquelas
reconhecidas pela escola clássica;
- além da organização formal, estudada racionalmente pela escola
clássica, existe uma organização informal - redes de amizade, liderança
pessoal, etc. - que afeta o funcionamento do grupo.

A Teoria de Motivação, de Abrahan Maslow (1943), sugeriu que os


seres humanos são motivados por uma hierarquia de necessidades
de diferentes tipos, a saber, fisiológicas, sociais e psicológicas.
Assim, as organizações burocráticas que procuravam motivar os
empregados por meio do dinheiro ou segurança no emprego,
confinariam o desenvolvimento humano ao nível mais baixo da
hierarquia de necessidades.

Douglas McGregor (1946), preocupou-se em comparar dois estilos


antagônicos de administração: de um lado, um estilo baseado na
teoria tradicional, mecanicista e pragmática (a que deu o nome de

Faculdade On-line UVB 16


Comportamento Organizacional - UVB

teoria X) e, de outro, um estilo baseado na concepção mais integral do


ser humano (a que denominou Teoria Y). A teoria Y considera que o
trabalhado é um fato natural, e que as pessoas podem ser motivadas
por meio de tarefas interessantes e desafiadoras.

Os teóricos modernos
A partir dos anos 50, surgiu um movimento no sentido de empregar
métodos científicos para estudar o comportamento humano nas
organizações. Vamos resumir rapidamente as principais contribuições
de alguns dos nomes mais destacados deste período.

Jacob Moreno foi o criador da sociometria – uma técnica analítica para


estudar o comportamento dos grupos. A partir de dados colhidos em
entrevistas e tabulados segundo a técnica do sociograma, é possível
identificar os padrões de relacionamento dentro de um grupo.

B.F. Skinner realizou pesquisas que demonstraram que o


comportamento é “função das conseqüências”; as pessoas adotam
preferencialmente comportamentos recompensados e evitam
comportamentos passíveis de punição.

David McClelland criou os testes de projeção, com o intuito de avaliar


a “necessidade de realização” das pessoas. Seu tabalho forneceu as
bases para métodos empregados em programas de adequação das
tarefas às pessoas e maximizar o seu potencial de realização.

Fred Fiedler estudou a liderança a partir de um enfoque situacional,


tendo desenvolvido uma teoria abrangente sobre o comportamento
de liderança. Seu modelo de contingência dominou a pesquisa sobre
liderança ao longo dos anos 60 e 70.

Frederick Herzberg enfocou a questão de “o que as pessoas querem


do seu trabalho?” Concluiu que a maioria das pessoas deseja trabalhos

Faculdade On-line UVB 17


Comportamento Organizacional - UVB

que ofereçam reconhecimento, realização, responsabilidade e


crescimento e só assim se sentem motivadas. Boa parte do interesse
atual em enriquecimento de tarefas e qualidade de vida no trabalho
se deve às pesquisas de Herzberg.

J.R. Hackman e Greg Oldham desenvolveram durante os anos 70


uma metodologia para a análise de fatores de trabalho e motivação,
fornecendo as bases para o planejamento do trabalho.

Tendências contemporâneas
Como vimos, o atual “estado da arte” do Comportamento
Organizacional engloba idéias introduzidas ao longo de mais de
100 anos. Cada época ou escola é uma extensão ou modificação
da anterior. E nem todas as idéias funcionam sempre; ao contrário,
nenhum conceito, por atraente que seja, pode ser aplicado a
qualquer organização.

É isso que entendemos como abordagem contingencial; não existe


“uma única melhor maneira” de administrar pessoas em uma
organização, nem um conjunto de princípios que possam ser aplicados
universalmente. As organizações são muito diferentes entre si, bem
como os seus colaboradores. Seria bem estranho se houvesse uma
“teoria universal” do Comportamento Organizacional!

As décadas de 60 e 70 assistiram ao surgimento de várias novas


teorias, que tiveram grande impacto sobre as práticas de gestão de
pessoas neste período. Já nos últimos anos, os pesquisadores têm se
dedicado ao aperfeiçoamento das teorias existentes e do refinamento
das técnicas para sua aplicação nas empresas.

Faculdade On-line UVB 18

Você também pode gostar